O BRINCAR E SUAS IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL DENTRO DO PROCESSO GRUPAL (2012) 1
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- Camila Ferrão Silva
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1 O BRINCAR E SUAS IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL DENTRO DO PROCESSO GRUPAL (2012) 1 FERREIRA, Marilise 2 ; GRASSI, Marilia G. 3 ; OLIVEIRA, Vânia F. 4 1 Trabalho de Pesquisa _UNIFRA 2 Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil 3 Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil 4 Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil mary_f100@hotmail.com; mariliaguedesgrasssi@hotmail.com; vfoli@hotmail.com RESUMO Este trabalho foi realizado durante o estágio básico II e pensado a partir de uma intervenção grupal em uma escola da cidade de Santa Maria, RS. O público-alvo foram alunos do quarto ano do turno da tarde. Dentro deste grupo foi focado o brincar pela sua importância no desenvolvimento geral dos participantes.tanto em um grupo quanto através do brincar, habilidades como de criatividade, espontaneidade, interação, aprendizagem, são potencializadas. Portanto, realizou-se práticas de intervenção de grupo utilizando aspectos da aprendizagem, percebendo como são dadas as relações dentro do grupo através do brincar. Palavras-chave: intervenção grupal; brincar; desenvolvimento; aprendizagem. 1. INTRODUÇÃO O estágio foi realizado em uma escola estadual de ensino básico em um bairro da cidade de Santa Maria, RS. Em 10 encontros foram realizadas atividades diversificadas com foco no brincar das crianças e suas implicações no desenvolvimento destas, objetivando a intervenção grupal. A técnica utilizada no grupo foi a de grupos operativos. Segundo Pichon-Rivière (1988) estes se caracterizam por centrarem-se, de maneira explícita, em uma tarefa que pode ser vinculada a uma aprendizagem. Essa tarefa implica outra a qual aponta para uma ruptura de estereótipos, já que estes dificultam a aprendizagem e a comunicação. Como coordenadores de grupo é importante a consciência da importância desse papel dentro dele. Pichon-Rivière (1988) aborda que o coordenador ajuda os participantes a refletir, operando no campo das dificuldades da tarefa e da rede de comunicações. Estes têm como seu instrumento a assinalação das situações manifestas e a interpretação da causalidade subjacente.
2 Portanto, buscou-se a temática do brincar para ser desenvolvida nesse grupo. De acordo com Maluf (2004) o brincar é fundamental para a criança, pois brincando ela irá se desenvolver permeada por relações do cotidiano e, assim, formar sua identidade, imagem de si própria e do mundo que a cerca. Segundo Fontes (1994) a estrutura interacional de um grupo não apenas permite, mas estimula para que ocorram fantasias inconscientes. Cabe lembrar o quão importante é em grupos com crianças, por exemplo uma exploração e um trabalho em cima das fantasias. Uma exploração através do brincar. Maluf (2004) destaca que a criança, através do brincar, apreende novos conceitos e adquiri informações. Isso contribui para a sua aprendizagem e para um crescimento saudável. Assim, o trabalho objetivou realizar uma intervenção de grupo, um grupo este fechado com foco no brincar. Foram realizadas dinâmicas que envolveram aspectos da aprendizagem, interação, criatividade, espontaneidade. Portanto, tinha-se a intenção de integrar o brincar dentro de um processo grupal, já que possuem fortes características em comum que, em união, se potencializam. 2. DESENVOLVIMENTO A formação de um grupo se faz importante no que diz respeito aos benefícios proporcionados pelo mesmo. Fontes (1994) aborda a teoria de Pichon-Rivière sobre os grupos operativos, descrevendo que as suas finalidades na realização das atividades estão centradas na mobilização de estruturas estereotipadas, dificuldades de aprendizagem e comunicação. Dificuldades advindas de uma ansiedade despertada por toda uma mudança. Dentro dos grupos operativos existem o desenvolvimento de papéis, cada qual com uma função diferenciada que vão circulando durante os encontros. Entretanto, a visualização destes pode não ser muito clara. Segundo Zimerman (2006), uma das características mais relevantes que envolvem o grupo é o desempenho de papéis e também as posições dos membros por parte de cada um. Dentre esses papéis há, por exemplo, o do bode expiatório, o porta voz, o radar, o investigador, o atuador pelos demais, o sabotador, o vestal e o líder. O coordenador torna-se, assim como os demais membros, peça fundamental para o desenvolvimento de um grupo. Fontes (1994) descreve que o coordenador, com toda a sua técnica, auxilia no vínculo entre o grupo e o campo de sua tarefa. Em uma situação triangular esse vinculo ocorre pela transferência. Berstein apud Osório (1986), dentro da teoria de Pichon-Rivière, aborda que um grupo operativo possibilita uma reaprendizagem quando rompe com estereótipos.
3 Além disso, esses grupos apontam como objetivo identificar os obstáculos que a tarefa oferece ao grupo. A aprendizagem se dá na soma da informação que cada um dos membros leva à tarefa. Outra característica é que nesses grupos leva-se em consideração o passado. Porém, se hierarquiza o presente focado na tarefa já visando um futuro (projeto-prospecção-progressão). A partir desse contexto de grupo operativo o brincar pode se tornar um tema para dentro dele ser trabalhado. Dessa forma, foi proposto dinâmicas que visavam não apenas a interação, mas também aspectos do ato de brincar, como o desenvolvimento psíquico e aprendizagem. De acordo com Maluf (2004) o brincar sempre foi e será uma atividade espontânea e prazerosa que possibilita acesso a todo e qualquer ser humano, seja de qual for a faixa etária, classe social ou condição econômica. Por ser uma atividade que muito pode ser explorada o brincar contribui no desenvolvimento físico, social, mental, emocional das crianças. Maluf (2004) também aborda acerca do importante benefício que está por trás do ato de brincar. Ela descreve que ele é importante, pois incentiva a utilização de jogos e brincadeiras, propiciando participação e engajamento. É uma forma de desenvolver a capacidade de manter-se ativo e participante. Como descrito anteriormente, a participação dos membros dentro do grupo é essencial para o desenvolvimento do mesmo. Um grupo ativo envolve engajamento e através dele se estimula relações, laços afetivos e desenvolvimento social. O brincar é importante para a criança, pois como abordada pela autora esta irá se desenvolver permeada pelas relações do cotidiano e, desta forma, vai construindo sua própria identidade e noção de mundo. De acordo com Maluf (2004) as crianças mostram que são dotadas de imaginação, inteligência e criatividade, desenvolvendo capacidades indispensáveis a sua vida como de atenção e habilidades psicomotoras. Dentro de um grupo podem ser desenvolvidas ou potencializadas muitas delas, pois dentro dele relações são trocadas, imagens são construídas e experiências são vividas. A idéia de envolver o brincar dentro de um grupo torna-se interessante pelo fato de um complementar a ação e os benefícios do outro. Biatner e Biatner (1996) apud Faleiros (2004) descrevem que é no encontro de pessoas que se dá a transformação, cabendo facilitadores auxiliarem nesse processo. É importantes serem espontâneos e criativos para que os membros se espelhem e possam também desenvolver essas habilidades. O brincar, além dos aspectos do desenvolvimento que este proporciona, também envolve prazer. Segundo Kishimoto (1998) o prazer é resultado de caráter livre, gratuito, podendo associar-se a toda e qualquer atividade. O brincar tem o poder de transformar, assim como um grupo. Ao mesmo tempo, torna-se algo muito
4 agradável por possibilitar liberdade de expressão, onde a pessoa sente-se aberta para ser espontânea e natural. Outro aspecto comum entre o ato do brincar e o grupo, é a aprendizagem. Pulaski (1980) descreve a aprendizagem como um processo constantemente renovado de síntese entre a continuidade e a novidade. A criança aprende lidando o novo e no grupo as novidades de intensificam, seja através de trocas afetivas, seja através da apreensão de novos conceitos e experiências. 3. METODOLOGIA A intervenção de grupo foi realizada com crianças de 4ª série do ensino fundamental do turno da tarde. O local de estágio foi uma escola estadual de ensino básico em um bairro da cidade de Santa Maria, RS. Para buscar alcançar os objetivos propostos neste trabalho, primeiramente, foi realizada uma visita com o objetivo de estabelecer um primeiro contato com o local, através de um diálogo com o professor responsável pela escola. Nos encontros posteriores, agora com os participantes do grupo, foi explicado acerca do trabalho ali a ser desenvolvido. Apresentamos algumas propostas de atividades, intenções e comprometimentos éticos por parte dos facilitadores como a questão do sigilo. Ou seja, foi estabelecido um contrato com os participantes. Também foi encaminhada uma autorização para os responsáveis para estes ficarem cientes do que ocorreria na escola e, assim, autorizarem (ou não) a intervenção. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir da intervenção de grupo realizada com foco no brincar foi observado a influência dos papéis, suas características e sua dinâmica dentro de um grupo. Além disso, identificou-se como se dão as relações entre os membros e o desenvolvimento de algumas habilidades. No início do grupo foi percebido que havia uma resistência por parte de alguns membros, o que até certo ponto é algo que faz parte de um processo grupal. Durante o decorrer dos encontros essa resistência, de modo geral, foi descrescendo, pois com diálogos, escuta, formação de vínculos ela ia diminuindo gradativamente. Papéis como o de porta-voz, sabotador, bode expiatório, foram explícitos em alguns participantes do grupo. Havia aquele que denunciava, mesmo que implicitamente, os anseios do grupo (porta-voz). Havia também aquele que resistia ao máximo em interagir com o grupo, querendo logo concluir a tarefa (sabotador), ou ainda, aquele que expressava uma
5 ansiedade, mas não era muito aceito pelo grupo sendo o depositário de grandes dificuldades (bode expiatório). Em muitas situações esses papéis permaneciam com os mesmos participantes durante vários encontros, em outras, eles circulavam. Percebeu-se que o brincar é algo que instiga as crianças. Elas se mostraram interessadas em participar das dinâmicas. Foi notado o quanto o brincar é importante no desenvolvimento infantil e também quando se fala em processo grupal, pois possibilita a potencialização de muitas habilidade da criança. Habilidades essas tais como de criatividade, espontaneidade, aprendizagem, interação, noções de convívio. Quando foi proposta a atividade do desenho a qual não deixa de ser uma brincadeira observou-se tamanha criatividade. Em uma simples folha de papél foi projetado sentimentos, vivências, aprendizados. Além disso, se mostraram espontâneos em vários momentos no grupo: nos comentários sobre o que fizeram durante a semana, ao propor ideias para o grupo, entre outros. 5. CONCLUSÃO Durante a intervenção notou-se o quão benéfico seria se nesses espaços (escola,por exemplo) se permitisse um momento dedicado a dinâmicas grupais com foco no brincar, pois foi percebido grandes benefícios. Elas contribuem para um bom desenvolvimento das crianças em termos de desenvolvimento. O desenhar, por exemplo, é uma atividade pedagógica, mas também não deixa de ser uma atividade com fins psicológicos por envolver a potencialização de habilidades que venham a contribuir em vários aspectos para a vida de uma criança. Nesse estágio foram realizadas práticas que envolveram o campo psicológico, percebendo como os membros de um determinado grupo se relacionam durante as atividades propostas. O mesmo possibilitou a união de um conhecimento teórico à prática, a observação das relações e dos vínculos, dinâmica de papéis, além de como se dá o processo de resistência. REFERÊNCIAS FALEIROS, E. A. Aprender a ser psicoterapeuta. Psicologia Ciência e Professião, Brasília, v. 24, n. 1, p , mar KISHIMOTO, T. M. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, MALUF, A. C. M. Brincar: prazer e aprendizado. 3ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
6 PICHON-REVIÉRE, E. O processo grupal. Tradução Marco Aurélio Fernandes, revisão Monica Stahel. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, PULASKI, M. A. S. Compreendendo Piaget: uma introdução ao desenvolvimento cognitivo da criança. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Copyright, OSÓRIO, L. C. Grupoterapia hoje. Porto Alegre: Arte Médicas, ZIMERMAN, D. E. Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
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