DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO

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1 DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO ANO XLIV - VITÓRIA-ES, QUARTA-FEIRA, 09 DE JUNHO DE Nº PÁGINAS SMCS Composição, Diagramação, Arte Final. REPROGRAFIA Impressão 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª LEGISLATURA MARCELO COELHO (PDT) 1º Secretário DARY PAGUNG (PRP) 3º Secretário GABINETE DAS LIDERANÇAS MESA DIRETORA ELCIO ALVARES (DEM) Presidente RODRIGO CHAMOUN (PSB) 1ª Vice-Presidente DA VITÓRIA (PDT) 2º Vice-Presidente GIVALDO VIEIRA (PT) 2 o Secretário WANILDO SARNÁGLIA (PT do B) 4º Secretário REPRESENTAÇÃO PARTIDÁRIA DEM Atayde Armani PT Claudio Vereza DEM Atayde Armani, Robson Vaillant, Elcio Alvares, Theodorico Ferraço, Giulianno dos Anjos e Luciano Pereira. PT Claudio Vereza e Givaldo Vieira. PSB Paulo Foletto PR Doutor Rafael Favatto PDT Aparecida Denadai PSDB César Colnago PMDB Sérgio Borges PMN Janete de Sá PSC Reginaldo Almeida PP Cacau Lorenzoni PRP Dary Pagung PT do B Wanildo Sarnáglia Líder do Governo Paulo Roberto Vice-Líder do Governo Sérgio Borges PSB Paulo Foletto, Freitas e Rodrigo Chamoun. PR Vandinho Leite e Doutor Rafael Favatto. PDT Aparecida Denadai, Da Vitória, Doutor Wolmar Campostrini, Euclério Sampaio e Marcelo Coelho. PSDB César Colnago. PMDB - Doutor Hércules, Luiz Carlos Moreira, Sérgio Borges, Marcelo Santos e Luzia Toledo. PMN Janete de Sá e Paulo Roberto. PSC Reginaldo Almeida. PP Cacau Lorenzoni. PRP Dary Pagung. PT do B Wanildo Sarnáglia. Sem Partido Esta edição está disponível no site da Assembleia Legislativa Editoração: Simone Silvares Itala Rizk (027) (027) dpl@al.es.gov.br

2 COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO Presidente: Theodorico Ferraço Vice-Presidente: Claudio Vereza Efetivos: Doutor Wolmar Campostrini, Luzia Toledo, Luiz Carlos Moreira, Dary Pagung e Janete de Sá. Suplentes: Atayde Armani, Da Vitória, Rodrigo Chamoun, Freitas, Doutor Hércules, Vandinho Leite e Cacau Lorenzoni. COMISSÃO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE Presidente: Reginaldo Almeida Vice-Presidente: Luciano Pereira Efetivos: Paulo Roberto, Da Vitória, Doutor Rafael Favatto. Suplentes: Marcelo Santos, Rodrigo Chamoun, Doutor Wolmar Campostrini e Doutor Hércules. COMISSÃO DE CULTURA E COMUNICAÇÃO SOCIAL Presidente: Claudio Vereza Vice-Presidente: Cacau Lorenzoni Efetivos: Janete de Sá. Suplentes: Vandinho Leite, Freitas, Paulo Roberto, Doutor Rafael Favatto e Marcelo Santos. COMISSÃO DE EDUCAÇÃO Presidente: Vandinho Leite Vice-Presidente: Doutor Wolmar Campostrini Efetivos: Luzia Toledo, Sérgio Borges e Atayde Armani. Suplentes: Robson Vaillant, Da Vitória, Paulo Roberto e Rodrigo Chamoun. COMISSÃO DE DEFESA DA CIDADANIA E DOS DIREITOS HUMANOS Presidente: Janete de Sá Vice-Presidente: Doutor Wolmar Campostrini Efetivos: Luzia Toledo e Paulo Foletto. Suplentes: Paulo Roberto, Euclério Sampaio, Reginaldo Almeida e Luciano Pereira. COMISSÃO DE SAÚDE, SANEAMENTO E ASSISTÊNCIA SOCIAL Presidente: Doutor Hércules Vice-Presidente: Freitas Efetivos: Luiz Carlos Moreira, Rodrigo Chamoun e Doutor Rafael Favatto. Suplentes: Doutor Wolmar Campostrini, Janete de Sá, Sérgio Borges, Paulo Foletto e Paulo Roberto. COMISSÃO DE AGRICULTURA, DE SILVICULTURA, DE AQUICULTURA E PESCA, DE ABASTECIMENTO E DE REFORMA AGRÁRIA Presidente: Atayde Armani Vice-Presidente: Luciano Pereira Efetivos: Cacau Lorenzoni, César Colnago e Freitas. Suplentes: Robson Vaillant, Doutor Rafael Favatto, Janete de Sá e Da Vitória e Dary Pagung. COMISSÕES PERMANENTES COMISSÃO DE FINANÇAS, ECONOMIA, ORÇAMENTO, FISCALIZAÇÃO, CONTROLE E TOMADA DE CONTAS Presidente: Sérgio Borges Vice-Presidente: Atayde Armani Efetivos: Paulo Roberto, Euclério Sampaio, Doutor Rafael Favatto, Reginaldo Almeida e Wanildo Sarnáglia. Suplentes: Doutor Hércules, Robson Vaillant, Janete de Sá, Da Vitória, Luzia Toledo, Vandinho Leite e Theodorico Ferraço. COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Presidente: Aparecida Denadai Vice-Presidente: Theodorico Ferraço Efetivos: Luiz Carlos Moreira. Suplentes: Da Vitória, Robson Vaillant, Doutor Hércules, Cacau Lorenzoni. COMISSÃO DE SEGURANÇA Presidente: Da Vitória Vice-Presidente: Euclério Sampaio Efetivos: Marcelo Santos, Paulo Foletto e Luciano Pereira. Suplentes: Doutor Wolmar Campostrini, Theodorico Ferraço, Doutor Hércules, Paulo Roberto e Rodrigo Chamoun. COMISSÃO DE TURISMO E DESPORTO Presidente: Luzia Toledo Vice-Presidente: Freitas Efetivos: Claudio Vereza e Paulo Foletto. Suplentes: Wanildo Sarnáglia, Cacau Lorenzoni e Sérgio Borges. COMISSÃO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO, INCLUSÃO DIGITAL, BIOSSEGURANÇA E PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS Presidente: Paulo Roberto Vice-Presidente: Wanildo Sarnáglia Efetivos: Sérgio Borges. Suplentes: Luciano Pereira, Vandinho Leite e Doutor Hércules. COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA, DE DESENVOLVIMENTO URBANO E REGIONAL, DE MOBILIDADE URBANA E DE LOGÍSTICA Presidente: Marcelo Santos Vice-Presidente: Theodorico Ferraço Efetivos: Robson Vaillant e Doutor Hércules. Suplentes : Luzia Toledo, Atayde Armani, Luciano Pereira, Freitas e Luiz Carlos Moreira. DEPUTADO CORREGEDOR: CACAU LORENZONI Atas das Sessões...pág a 9530 DEPUTADO OUVIDOR: Publicação Autorizada...pág. 1 a 2 LIGUE OUVIDORIA Atos do Presidente Atos Legislativos Atos Administrativos...pág. 3 a 4 ouvidoria@al.es.gov.br

3 Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Diário do Poder Legislativo ATAS DAS SESSÕES DÉCIMA NONA SESSÃO ESPECIAL DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, REALIZADA EM 27 DE MAIO DE ÀS QUATORZE HORAS E VINTE E SETE MINUTOS, O SENHOR DEPUTADO CLAUDIO VEREZA OCUPA A CADEIRA DA PRESIDÊNCIA. A SR.ª CERIMONIALISTA - (MARIA ESPERANÇA ALLEMAND) - Senhor Deputado Claudio Vereza, telespectadores da TV Assembleia, senhoras e senhores, boa-tarde. É com satisfação que a Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo recebe todos para esta sessão especial de lançamento do relatório Impacto do Monocultivo em Direitos Humanos de Grandes Projetos - RIDH: O caso do Monocultivo de Eucalipto em larga escala no Norte do Espírito Santo, o Projeto Agroindustrial da Aracruz Celulose/Fibria e as comunidades quilombolas do Sapê do Norte. Convido o Senhor Deputado Claudio Vereza, proponente desta sessão solene, para os procedimentos regimentais de abertura dos trabalhos. (Palmas) (Pausa) O SR. PRESIDENTE (CLAUDIO VEREZA) - Invocando a proteção de Deus, declaro aberta a sessão e procederei à leitura de um versículo da Bíblia. (O Senhor Claudio Vereza lê Salmos, 55:22) O SR. PRESIDENTE (CLAUDIO VEREZA) - Dispenso a leitura da ata da sessão anterior. Informo aos Senhores Deputados e demais presentes que esta sessão é especial de lançamento do relatório Impacto do Monocultivo em Direitos Humanos de Grandes Projetos RIDH: O caso do Monocultivo de Eucalipto em larga escala no Norte do Espírito Santo, o Projeto Agroindustrial da Aracruz Celulose/Fibria e as comunidades quilombolas do Sapê do Norte, conforme requerimento de minha autoria, aprovado em Plenário. Devolvo a palavra à cerimonialista para que dê continuidade ao rito da sessão. (Pausa) A SR.ª CERIMONIALISTA (MARIA ESPERANÇA ALLEMAND) - Convido para compor a Mesa o Senhor Gilmar Ferreira, representante do Movimento Nacional de Direitos Humanos no Estado do Espírito Santo; a Senhora Gilsa Helena Barcelos, coordenadora dos trabalhos de elaboração do relatório Impactos do Monocultivo em Direitos Humanos de grandes Projetos; o Senhor Domingos Firminiano dos Santos, representante da Comissão Quilombola do Sapê do Norte, e o Senhor Bruno Alves de Souza Toledo, representando o Conselho Estadual de Direitos Humanos. (Pausa) (Tomam assento à Mesa os referidos convidados) A SR.ª CERIMONIALISTA (MARIA ESPERANÇA ALLEMAND) - Convido todos para, de pé, e voltados para a Bandeira, ouvirmos a execução do Hino Nacional. (Pausa) (É executado o Hino Nacional) A SR.ª CERIMONIALISTA (MARIA ESPERANÇA ALLEMAND) Convido para fazer uso da palavra o Senhor Deputado Claudio Vereza, proponente desta sessão especial. O SR. CLAUDIO VEREZA - (Sem revisão do orador) - Mais uma vez saúdo todos que acolheram o convite feito oficialmente pela Assembleia Legislativa. A execução do Hino Nacional faz desta sessão especial uma atividade oficial do Poder Legislativo do Estado do Espírito Santo. Agradeço imensamente a presença de todos. Imediatamente, após o primeiro contato com o Movimento Nacional de Direitos Humanos, acolhemos a ideia de apresentar nesta Casa o relatório elaborado pelo movimento e por uma equipe de trabalho. Saúdo-o por essa iniciativa. Após a Eco-Rio 92, a grande Conferência do Meio Ambiente que aconteceu no Brasil, ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, os processos de licenciamento para qualquer tipo de empreendimento econômico, de iniciativa industrial ou comercial, que por sua essência causassem impacto ao meio ambiente, passou a ser submetido a um relatório conhecido, hoje, em todo o Brasil como Relatório de Impacto Ambiental - RIMA. A Eco-Rio 92 trouxe esse ingrediente forte em benefício da sociedade brasileira e o mundo está preocupado com o meio ambiente. Antes de uma empresa ser implantada, ser construída tem de apresentar um relatório, que será analisado a partir da visão da empresa, para se saber ser dele consta algum aspecto que possa causar impacto ao meio ambiente. Esse relatório é analisado pelos órgãos públicos ambientais que emitem um parecer, no qual diz: O empreendimento pode se implantado, mas tem que tomar tais iniciativas. As chamadas condicionantes. Foi uma conquista importante adotada no mundo inteiro, no Brasil e no Estado do Espírito Santo, procedimento determinado por lei federal. Alguns municípios passaram a adotar, por sua vez, um novo dispositivo. O Município de Vitória, por exemplo, há muitos anos adota um relatório de impacto urbano, quando o empreendimento acontece dentro da cidade.

4 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Qualquer empreendimento a ser implantado na cidade de Vitória, além do relatório ambiental, tem de apresentar o relatório de impacto urbano para saber em que afetará as pessoas que moram na cidade. Citaremos a experiência da cidade de Vitória. Recentemente, por exemplo, o empreendimento da Petrobras - aquele prédio enorme que está sendo construído na Avenida Nossa Senhora da Penha -, passou pelo relatório de impacto urbano. Houve reclamações e audiências foram feitas com os moradores do entorno da sede da Petrobras, na qual colocaram que estava faltando isso e aquilo, que precisava de área verde, de um parque, de uma pista lateral, etc. A Prefeitura, após as audiências, emitiu um parecer solicitando um relatório de impacto ambiental e um relatório de impacto urbano. O Movimento de Direitos Humanos percebeu que além desses dois relatórios, é preciso que seja feito um relatório de impacto sobre as condicionantes que envolvem o ser humano, ou seja, os moradores. Eles foram feitos, mas não dando ênfase, foco e prioridade ao que o movimento, agora, pretende que seja implantado no Brasil. Ele propõe que em todo o Brasil seja adotado um novo procedimento, um relatório mais avançado que o Relatório de Impacto Ambiental - Rima e o Relatório de Impacto Urbano - RIU. A partir de um estudo feito no Espírito Santo o movimento propõe em nível nacional que seja adotado o Relatório de Impacto sobre os Direitos Humanos RIDH, elaborado por uma equipe e será apresentado nesta tarde, aqui nesta Casa, mostrando essa experiência piloto. A proposta é no sentido de que no nosso País haja um terceiro relatório antes da implementação de qualquer projeto e de qualquer empreendimento, seja industrial, comercial ou portuário. O objetivo desta sessão especial é debater os pontos desse relatório. Mas, antes de prosseguir, saudamos todos que o elaboraram. Registramos a presença, em primeiro lugar, da companheira e professora Vera Simoni Nascif e da Senhora Dêise Muzzi, assessoras do Governo do Estado do Espírito Santo. Como a professora Vera não dispõe de muito tempo, preferiu não fazer parte da Mesa dos trabalhos desta sessão especial. Presente também o Senhor Olair José dos Santos, representando o Senhor Júlio Cesar Oliveira, chefe da Polícia Civil do Estado do Espírito Santo; o Senhor Luiz Alberto Cheles Ricart, coordenador técnico do Conselho Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Vitória; do Senhor Sebastião Ângelo de Moura, coordenador geral da Federação das Associações de Moradores e Movimentos Populares do Espírito Santo - Famopes; da Senhora Regina Maria da Silva, defensora pública estadual; da Senhora Andressa Bacchetti Pinto, representando o IEMA; da Senhora Magda Cristina Lamborghini, subsecretária de Estado de Segurança Pública e Defesa Social; o professor Pedro José Bussinger, representando o Centro de Apoio aos Direitos Humanos - CADH. Recebemos ofício da procuradora chefa Daniele Corrêa Santa Catarina, do Ministério Público do Trabalho; do desembargador Gercino José da Silva Filho, ouvidor agrário nacional e presidente da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo; dos Senadores Gérson Camata e Magno Malta, agradecendo o convite e justificando o não comparecimento, e da Senhora Sueli Passoni Tonini, diretora presidenta do IEMA, justificando a ausência e indicando a Senhora Andressa Bacchetti Pinto para representá-la. Registramos a presença da Senhora Edna Martins, representante do Fórum de Mulheres do Estado do Espírito Santo; da Senhora Tânia Silveira, assessora da Deputada Federal Iriny Lopes, e das mulheres camponesas representando as comunidades quilombolas, indígenas e camponesas, que estão em jornada. A Via Campesina ontem à noite realizou uma excelente audiência, com bons encaminhamentos, com o Governador Paulo Hartung. Presente também o Pastor Adair Cruz, sempre parceiro e presente nas atividades sociais do nosso Estado. Informamos que foram convidadas muitas autoridades e entidades estaduais e nacionais, como o Secretário Estado de Justiça; a Secretaria de Segurança, aqui representada; a Defensoria Pública Geral do Estado; o Presidente do IDAF; o Ministério Público Federal; o Procurador-Geral do Estado; o Ministério Público Estadual; a Defensoria Pública da União; o Comandante Geral da PM; o Superintendente do INCRA; o promotor do Ministério Público Federal de São Mateus; a Petrobrás; o Ministro Chefe da Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial; o Ministro do Gabinete de Segurança Institucional; o Ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos; o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional - IPHAN; o Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, presente; o Bispo Dom Zanoni de Castro de São Mateus; as empresas Aracruz Celulose S.A./Fibria, Visel, Garra e Plantar. Foram enviados convites à bancada federal; à Ambitec; à Rede Social de Justiça; ao Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos; à Comissão Pró- Índio de São Paulo; à Koinonia; ao Movimento de Moradia; ao Movimento Paz no Campo, e a todos os cursos da Universidade Federal do Espírito Santo, incluindo os campi dos Municípios de Alegre e de São Mateus. Enviamos carta aos militantes dos direitos humanos, às pastorais sociais, entre outros, além de enviarmos por meio de mala direta a cinco mil endereços. Então, a sociedade capixaba, através de seus representantes, foi avisada sobre a realização desta audiência pública. Estão presentes também representantes da Fase, dos tupiniquins e guaranis e da Comissão de Mulheres Indígenas. Presente o cacique guarani Antônio Carvalho, mais conhecido como Toninho, da Aldeia Boa Esperança, e representantes do Diretório Central dos Estudantes -

5 Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Diário do Poder Legislativo DCE da Universidade Federal do Espírito Santo. (Muito bem!) Concedo a palavra ao Senhor Gilmar Ferreira, representante do Movimento Nacional dos Direitos Humanos no Espírito Santo. O SR. GILMAR FERREIRA (Sem revisão do orador) - Cumprimentamos o Senhor Deputado Claudio Vereza, proponente desta sessão especial; a professora Gilsa Helena Barcelos, e o Senhor Bruno Alves de Souza Toledo, presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos. Esta será uma das poucas vezes que nós e Bruno não falaremos do sistema prisional, pois quase sempre participamos das mesmas mesas de debate. Cumprimentamos o companheiro Domingos Firminiano dos Santos; o cacique guarani Antônio Carvalho, mais conhecido como Toninho, e em seu nome os povos indígenas; o companheiro Sebastião Ângelo de Moura, e a sociedade civil organizada, formada por diversos organismos de mobilização. Inicialmente registramos nossos agradecimentos, nossa solidariedade e o nosso reconhecimento aos professores e aos profissionais que incansavelmente durante todo esse tempo trabalharam junto com a professora Gilsa Helena na produção desse relatório. Esse tema tem sido bastante atraente para nós representantes do Movimento dos Direitos Humanos, pois compreendemos que o modelo econômico de desenvolvimento que se baseia nos grandes projetos industriais, sejam eles energéticos, minerais, agroindustriais e de infraestrutura, têm desafiado, sobretudo, as organizações de direitos humanos. Resolvemos aceitar o desafio e dizer à população que somos muito críticos, mas também temos capacidade de construir junto com a sociedade, pois queremos discutir direitos humanos em outro patamar. Então, aceitamos a proposta de elaborar uma estratégia política metodológica para que pudéssemos enfrentar os impactos negativos, as violações e as experiências que esse tipo de empreendimento vem trazendo. Essas demandas todos os dias chegam às nossas entidades levadas por organizações da sociedade civil, vitimadas por esse modelo de desenvolvimento que não considera os direitos humanos. Em nosso País, a partir do acúmulo de várias propostas que esse tema tem proporcionado ao longo dos anos, sobretudo após a Eco-Rio 92, diversos fóruns vêm discutindo o tema e pensando numa proposta capaz de pensar desenvolvimento em outro contexto, e não mais só baseado na lógica do EIA- Rima, ou seja, no contexto daqueles que todos os dias têm seus direitos violados por esses e outros empreendimentos. Foi pensando nisso que a 9.ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos, realizada em 2004, aceitou o desafio dessa proposta. Portanto, a ideia de propor o EIDH/RIDH vem para dizer, de forma muito efetiva, que queremos construir uma proposta análoga ao EIA-Rima, porque compreendemos que ele, como tal, já não dá conta dos desafios dos novos tempos. Nesse sentido, o EIDH/RIDH vem para dizer que é preciso, efetivamente, considerar os direitos humanos nas suas diversas manifestações, nos seus diversos aspectos. E o que estamos propondo é exatamente inserir no debate nacional e no ordenamento jurídico nacional esse debate como forma de compreender este momento que estamos vivendo. Esse estudo é parte de uma longa caminhada. E com ele queremos provocar o Ministério da Justiça, os órgãos de Estado, o Governo Federal e todas as organizações, para que efetivamente busquemos elementos capazes de atender aos desafios que os tempos modernos nos impõem. Essa pesquisa que estuda os impactos da monocultura do eucalipto, sobretudo os impactos sobre a população indígena e a população quilombola do Sapê do Norte, é parte de um projeto amplo. Quatro experiências foram desenvolvidas pelo projeto do Movimento Nacional dos Direitos Humanos: uma no Estado do Espírito Santo, que investiga a monocultura do eucalipto; outra no Estado de Minas Gerais, que investiga os impactos do plantio da cana-de-açúcar em grande escala; outra no Estado do Rio Grande do Sul, que também investiga a monocultura do eucalipto, e a quarta no Estado do Maranhão, que investiga os impactos do plantio da soja em grande escala. O estudo da monocultura do eucalipto nos Estados do Espírito Santo e do Rio Grande do Sul mostra que essa prática traz impactos para todos nós. Mas queremos medir os impactos em realidades diferentes, na do Espírito Santo e na do Rio Grande do Sul, porque a monocultura do eucalipto, como parte de uma política desenvolvimentista e com o apoio estatal, é tratada da mesma forma nos dois estados. Recebemos todos os dias demandas das comunidades do Sapê do Norte e das entidades ligadas aos direitos humanos. Por isso o Programa Nacional de Proteção ao Defensor dos Direitos Humanos também é parceiro na produção e na construção desse evento, pois atua denunciando, reivindicando e orientando as comunidades afetadas. O Movimento Nacional de Direitos Humanos - MNDH-ES e o Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra/Espírito Santo CDDH-ES, respectivamente propositores e executores do presente estudo, entendem o mesmo como uma contribuição modesta, mas centrada no viés dos direitos humanos. É preciso compreender que esse exercício significa a tentativa de experimentar uma nova metodologia e acumular conhecimento para a proposição de novos instrumentos, de novo marco legal, onde os direitos humanos sejam protagonistas do momento histórico em que vive o País. A Declaração dos Direitos Humanos, instituída em 1948, que tem como princípio universalizar os direitos humanos, determinou que esses direitos seriam iguais para todos, independente

6 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 de nacionalidade, raça, cultura e gênero de qualquer natureza, entre outros, e que deveriam proteger e garantir a dignidade humana. Determinou que os estados têm de dar condições para a efetivação dos direitos humanos em seu território. Neste sentido, parece-me fundamental discorrer sobre alguns temas: primeiro, o EIDH- RIDH precisa ter a capacidade de aceitar e enfrentar desafios impostos pelos novos tempos, numa perspectiva de que é preciso preservar a terra, a nossa biodiversidade e, sobretudo, garantir a continuidade da vida humana na Terra. Segundo, há outro aspecto importante que esse relatório precisa apontar, ou seja, que é um instrumento que estará à disposição dos movimentos sociais e dos órgãos estatais para que possamos propor, à luz desses estudos, novas políticas públicas e novas ações governamentais para que tenhamos os direitos humanos garantidos no Brasil. Desse relatório consta recomendações a todos os entes federados, a todas as instâncias de Poder e a todos os órgãos estatais no sentido de que, em sintonia com o novo momento em que vivemos na história do País, em sintonia com as novas demandas que o mundo moderno nos traz, é preciso ter capacidade de construir elemento novo para que pensemos na humanidade futura. Queremos efetivamente monitorar, acompanhar todo o desenrolar, toda a ação estatal e pública, para sabermos se pelo menos está havendo um mínimo de esforço para que as recomendações contidas nesse relatório sejam minimamente reconhecidas para que possam ser executadas na prática. Deixo registrado o meu abraço a todos que participam desta sessão especial, dizendo que aceitamos o desafio de construir uma nova política e os desafios deste momento novo, contemporâneo da história do Brasil. Para discutir o tema direitos humanos é preciso que o conjunto da população seja protagonista, para que a história não nos cobre e nem nos acuse de sermos omissos e responsáveis pela morte da biodiversidade, pelo assassinato do planeta Terra e da humanidade. (Muito bem!) O SR. PRESIDENTE (CLAUDIO VEREZA) Agradecemos as palavras do Senhor Gilmar Ferreira, representante do Movimento Nacional dos Direitos Humanos no Espírito Santo. Convido para compor a Mesa o cacique guarani Antônio Carvalho, mais conhecido como Toninho, da aldeia Boa Esperança, representando as comunidades indígenas. (Pausa) (Toma assento à Mesa o referido convidado) O SR. PRESIDENTE (CLAUDIO VEREZA) Informamos que o Pastor Adair Cruz representa o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, a Pastoral Indigenista e o Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Município de Serra. Registramos a presença, nesta sessão especial, de representantes do Conselho Regional de Serviço Social; da Senhora Luzia de Fátima Silva, representante do Movimento de Mulheres Camponesas; dos Senhores José Afonso e Aloir Rodrigues, representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Celulose; do Senhor José Marques Porto, conselheiro titular da Famopes no Conselho Estadual de Meio Ambiente; do Senhor Agamenon Benício de Novaes Lopes, assessor da Vereadora pelo Município de Serra, Senhora Lourência Riani; de representantes das comunidades quilombolas dos Municípios de Conceição da Barra e de São Mateus; da comunidade de Linharinho; do Senhor Joel Fanticeli, do CDDH do Município de Serra; da Senhora Renata Roubach, da ONG Feminista Sempre Viva; de representantes do Balcão de Direitos Humanos da Universidade Federal do Espírito Santo, acompanhado de diversos estudantes da UFES, e do Senhor Vitor César Noronha, diretor de movimentos sociais do DCE, da UFES. Presentes companheiros e companheiras integrantes de caminhada da Via Campesina, integrada pelo MST, pelo MPA e por outras entidades do Espírito Santo. O Movimento de Mulheres Camponesas também tem diversas representantes nesta sessão especial. Em mãos a justificativa do Padre Xavier, da Pastoral do Menor, dizendo da impossibilidade de participar da presente sessão, mas indicou o Senhor Wagner Henrique como seu representante. Passamos, agora, ao objetivo principal desta audiência pública, quando membros da Comissão do Relatório farão a sua apresentação. Fazem parte da comissão a companheira Gilsa Helena Barcelos, coordenadora dos trabalhos de elaboração do relatório Impactos do Monocultivo em Direitos Humanos de Grandes Projetos RIDH, e os companheiros Jeferson Gonçalves Correia, Winniwe Overbeek e Simone Raquel Batista Ferreira. (Pausa) Concedo a palavra à Senhora Gilsa Helena Barcelos. A SR.ª GILSA HELENA BARCELOS (Sem revisão da oradora) - Boa tarde a todos. Às comunidades quilombolas, em particular, queremos dizer que para nós é uma satisfação imensa poder dar a todos o retorno desse trabalho, que demorou um ano para ser realizado. Claro que ficamos angustiado quando vamos às comunidades para fazer entrevistas ou reuniões, pois acaba gerando expectativa. Perguntávamo-nos durante o processo: será que daremos conta do recado? Mas no final, num esforço coletivo muito grande, inclusive por parte dos colegas Antônio, famoso Antônio Sapezeiro; Kátia, e

7 Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Diário do Poder Legislativo Joice, além das pessoas citadas pelo Senhor Deputado Claudio Vereza, a equipe finalizou o estudo. O relatório tem dois volumes, contendo alguns anexos, por isso ficou um pouco denso. A proposta hoje é apresentá-lo da seguinte forma: farei uma pequena introdução e depois os outros colegas apresentarão alguns itens. Dividimos em partes, pois estabelecemos uma lógica nesse processo de investigação, pegando alguns eixos. Um deles, o impacto territorial e as consequências produzidas a partir dele. Discutimos, também, os impactos sobre o meio ambiente. Como o Deputado Claudio Vereza falou, existe o Relatório de Impacto Ambiental, já adotado por exigência legal, mas há uma avaliação não somente por parte da equipe que realizou o trabalho, mas comum a muitos pesquisadores, de que esse é um instrumento profundamente desgastado. Ele foi apropriado por grandes empreendimentos muitas vezes para legitimar a situação e viabilizar a implantação de grandes projetos. Hoje, infelizmente, esse instrumento não tem conseguido contribuir para a garantia de direito das populações e nem a preservação de ecossistemas e modo de vida dos moradores. Então, apesar de ter sido uma conquista da sociedade brasileira, infelizmente o Relatório de Impacto Ambiental é um instrumento desgastado e só é possível recuperá-lo como um instrumento de controle da regulamentação da ação de grandes projetos, caso se for repensado. Afinal, a forma como é aplicado hoje não atende aos interesses de comunidades locais. Por isso o EIDH/RIDH, como o Deputado Claudio Vereza falou, foi uma iniciativa do Movimento Nacional de Direitos Humanos que aconteceu em quatro Estados brasileiros. No Estado de Minas Gerais foram discutidos os impactos do plantio da cana-de-açúcar em larga escala. O segundo estudo, também já concluído, aconteceu no Rio Grande do Sul e também tomou como experiência o monocultivo de eucalipto em larga escala. Também discutiram a atuação da empresa Aracruz Celulose S.A./Fibria. Foi feito um estudo, mas com uma diferença: não trataram dos impactos sobre as populações tradicionais como tratamos aqui. No Estado do Maranhão foram discutidos os impactos da soja sobre comunidades locais. E no Espírito Santo, a discussão é com relação ao eucalipto sobre as comunidades quilombolas. O companheiro Gilmar, no final desta sessão especial, talvez fale sobre a escolha das comunidades quilombolas pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos. Sabemos que há uma série de impactos sobre diferentes populações. Por que veio com mais força a ideia de se trabalhar com as populações quilombolas? Talvez, no final, o relatório justifique a nossa apresentação e possa também ser parte dessa explicação. Então, a proposta é que a partir desses estudos, realizados em situações já citadas, trataremos do impacto que ocorreu no Espírito Santo, há quarenta anos. Ou seja, há quarenta anos esses projetos chegaram ao nosso território e desde aquela época a população convive com esse chamado projeto de desenvolvimento. A ideia é que essas experiências nos quatro Estados sirvam de argumento junto ao Estado brasileiro, pois falam da necessidade da implantação desse instrumento como de proteção dos interesses das populações locais. Que seja um instrumento que regule a ação dos grandes projetos em diferentes territórios do Brasil. A proposta é convencer, a partir desses estudos, o Ministério da Justiça da necessidade de implantação do REID/RIDH como uma exigência prévia quando da instalação de grandes projetos. No caso do Espírito Santo, para nós foi importante pensar o impacto sobre uma população local, com uma especificidade importante. São comunidades quilombolas, comunidades negras do Sapê do Norte que têm uma longa trajetória e uma identidade cultural muito forte. E, como começou, a partir de determinado período histórico, a surgir elaboração de instrumento de proteção dos interesses dessas populações locais, achamos que como jamais um EIA/Rima levará em consideração a adoção, por exemplo, de tratados internacionais, no nosso caso foi imprescindível a Convenção n.º 169, da Organização Internacional do Trabalho OIT, e o Decreto n.º 6040/2007, instrumentos jurídicos que tratam exatamente de populações tradicionais. No Espírito Santo o nome do nosso relatório é: Estudo e Relatório de Impacto em Direitos Humanos de Grandes Projetos. Estamos apresentando um relatório a vocês. Mas por que se trata de um estudo? Porque apresentaremos a ideia ao Ministério da Justiça. É o famoso EIDH/RIDH. Inclusive, ganhamos um cachorrinho no trabalho de campo e o batizamos com o nome EIDH/RIDH, para homenagear o nosso estudo. No Espírito Santo falamos do monocultivo de eucalipto em larga escala na Região Norte do Estado e discutimos a relação projeto agroindustrial da Aracruz Celulose S.A./Fibria e comunidades quilombolas do Sapê do Norte. A entidade proponente, conforme já foi dito, é o Movimento Nacional de Direitos Humanos. A entidade executora foi o Centro de Defesa dos Direitos Humanos CDDH, da Serra. As entidades financiadoras foram a Coordenadoria Ecumênica de Serviço e o Instituto Marista de Solidariedade. A equipe responsável está aqui e os companheiros que fazem parte do grupo que realizou o trabalho, todos falarão sobre o estudo. Alguns do grupo não puderam estar presentes, como Eduardo Moreira e Sandro Juliatti Silva, pois não tiveram como se desvencilhar do trabalho, mas fazem parte desse estudo, que tem como objetivo avaliar os impactos do plantio de eucalipto em larga escala sobre os direitos humanos. Que direitos são esses? Direitos territoriais, ambientais, culturais, sociais e

8 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 econômicos das comunidades quilombolas do Sapê do Norte. Local do estudo: Municípios de Conceição da Barra e de São Mateus, onde está localizado o território da comunidade de Sapê do Norte. O sujeito de pesquisa são as comunidades quilombolas. O período de realização desse estudo foi de dezembro de 2008 a dezembro de A metodologia adotada foram consultas bibliográficas - uma gama delas - o que é muito positivo. Foram feitos muitos estudos, teses, dissertações por parte de pesquisadores que têm se debruçado sobre a violação dos direitos humanos no extremo norte do Espírito Santo. Esse material foi importante. Fizemos consultas a documentos oficiais e sites, e fizemos várias entrevistas. O objetivo do relatório é avaliar os impactos sobre os direitos humanos. Para tanto utilizamos alguns marcos jurídicos, como a Declaração Universal de Direitos Humanos; a Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial; o Pacto Internacional de Direitos Humanos; o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos; a Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher; a Convenção n.º 169, da Organização Internacional do Trabalho Sobre Povos Indígenas e Tribais; a Convenção n.º 111, Sobre a Discriminação, Emprego e Ocupação, da Organização Internacional do Trabalho; a Declaração Sobre o Direito e Dever dos Indivíduos, de Grupos e Instituições de Promover e Proteger os Direitos Humanos e as Liberdades Fundamentais Universalmente Reconhecidas, e a Declaração Final dos Defensores dos Direitos Humanos, da 3ª Consulta Latino-Americana de Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos. O Brasil é considerado estado parte, é signatário desses tratados, ou seja, ele teria que respeitar os princípios consagrados presentes nesses tratados, nessas declarações e nessas convenções. Nos marcos jurídicos nacionais, utilizamos a Constituição Federal do Brasil, particularmente os artigos 215, 216 e 225, e o artigo 68 do Ato das Disposições Transitórias; o Decreto n.º 5.051, aprovado pelo Congresso Nacional em 2002 e promulgado em 2004 pelo Presidente da República; o Decreto n.º 4.887/2003, que regulamenta a demarcação de terras quilombolas no Brasil, e o Decreto n.º 640, que institui a Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais. Marcos jurídicos estaduais: a Constituição do Estado do Espírito Santo e a Lei Estadual n.º O relatório possui duzentas e treze páginas, que organizamos da seguinte forma: Introdução: Capítulo I, que trata apenas do empreendimento Aracruz Celulose S.A./Fibria, todo o processo de chegada dessa empresa ao Estado. Enfim, as articulações institucionais para a vinda da Aracruz Celulose para o Estado do Espírito Santo. O tipo e a quantidade de produção dessa empresa, seu processo de expansão, ou seja, o foco é a empresa Aracruz Celulose S.A./Fibria. O Capítulo II trata a questão territorial; o Capítulo III trata dos impactos ambientais, e o Capítulo IV trata os impactos sobre o trabalho, alimentação e o processo de criminalização, que será falado daqui a pouco. De todos os estudos de impacto ambiental que fazemos, apresentamos as recomendações finais. Pedimos um pouco de paciência, pois é um relatório denso. Fizemos uma reunião com a equipe e procuraremos ser rápido. Ficou combinado que será apresentado pelo menos em uma hora para que inclusive possam debater e questionar o que está sendo proposto. (Muito bem!) O SR. PRESIDENTE (CLAUDIO VEREZA) Convidamos para fazer parte da Mesa a promotora de justiça e dirigente do Centro de Apoio da Cidadania, Senhora Sandra Ferreira de Souza, representando o Ministério Público Estadual. (Pausa) (Toma assento à Mesa a referida convidada) O SR. PRESIDENTE (CLAUDIO VEREZA) Registramos a presença, nesta Casa de Leis, de alunos do Observatório dos Conflitos no Campo, da UFES; do Senhor Luiz Dalvi, representante da ONG Espírito Santo Contra o Crime, e do Pastor Silas, subsecretário de Ação Social de Vitória. (Pausa) Concedo a palavra ao Senhor Jefferson Gonçalves Correia. O SR. JEFFERSON GONÇALVES CORREIA (Sem revisão do orador) Boa tarde a todos os presentes, e cumprimentamos os que compõem a Mesa em nome do Senhor Deputado Claudio Vereza. Consideramos que seria interessante o debate desse trabalho com pessoas de vários segmentos da sociedade e autoridades, estas não presentes neste Plenário. Porém, ficamos tranquilo, pois nossa fala será registrada nos Anais da Assembleia Legislativa. O Senhor Eduardo Moreira - companheiro que infelizmente não pôde vir - é professor da Escola Família Agrícola de Burarama, do Município de Cachoeiro de Itapemirim. Ele contribuiu bastante quando dos estudos do capítulo que fala sobre a questão territorial. As comunidades quilombolas, hoje presentes nesta Casa de Leis, não estão neste Plenário por acaso. O surgimento dos quilombos no Brasil foi fruto de variadas formas de resistência contra a escravidão, contra a opressão sofrida pelos africanos e seus descendentes. A fuga é a mais comentada forma de resistência, mas os quilombos se formaram também com a ocupação de antigas fazendas e em terras doadas após a Abolição da Escravatura. Afinal, para onde iriam os antigos escravos a partir de 14 de

9 Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Diário do Poder Legislativo maio de 1888? Eles resistiram enquanto grupos de diversas formas. Reforçamos que não foi apenas fuga, isso ocorreu até a década de 60, mais ou menos. A ocupação da terra não se baseava no documento necessariamente, pois existiam muitas localidades e os nomes dos córregos sempre mudavam, por exemplo: Córrego São Domingos para Córrego do Angelim. Houve uma ação da Aracruz Celulose S.A./Fibria e do Estado na expropriação desse território. Caso bastante emblemático é o da Ilha da Marambaia, no Estado do Rio de Janeiro, ilha de engorda de escravos. O dono da ilha e dos escravos - que depois os vendiam em praça pública do Estado do Rio de Janeiro - quando acabou a escravidão olhou para os escravos e disse: Muito bem, volto para Portugal e vocês ficam aqui. Eles não fugiram, permaneceram lá e resistem até hoje; como resistem as comunidades quilombolas presentes neste Plenário. Essa é uma história bastante importante e pouco discutida no Brasil, e não é à toa. Trata-se de uma história importante, mas ainda pouco conhecida do povo brasileiro, já que por muito tempo a História oficial se silenciou em relação às comunidades quilombolas, tornando-as invisíveis. Havia uma lógica bastante corrente nas comunidades quilombolas Sapê do Norte antes da chegada da Aracruz Celulose: as comunidades quilombolas praticavam o uso comum da terra e sua sobrevivência era baseada no uso dos recursos naturais: rios, córregos e matas. Ou seja, a terra não era propriedade particular, mas um bem comum. No fim do período escravista, na região do Sapê do Norte, diversas fazendas se tornaram decadentes. Negros e seus descendentes africanos ocuparam as terras abandonadas, a chamada terra à rola. O Estado ignorou a existência dessas comunidades - discurso do vazio demográfico. Antes da chegada da Aracruz Celulose, segundo as comunidades, viviam cerca de doze mil famílias na região, porém sem garantia de direitos enquanto comunidades quilombolas. Esta Casa, no ano de 2002, criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito que apurou irregularidades na Aracruz Celulose, hoje Fibria, época em que colheu muitas informações. No final dos anos 1960 e nos anos 1970, houve um processo de expulsão da maioria dos quilombolas de suas terras pela ex-aracruz Celulose. Para exemplificar esse processo, citaremos o depoimento de uma das lideranças quilombolas, que falou sobre esse processo envolvendo um comerciante de São Mateus, chamado Pelé, e os militares Diz um trecho do depoimento: O Pelé foi usado para fazer esse tipo de transação de relação com a comunidade negra. Ele iniciou indo com o Tenente Merçon [...] Eles tinham algumas estratégias e uma delas, como disse inicialmente, é que falavam que o negro tinha que estudar, que dariam emprego para você na empresa. [...] Quando você fazia o jogo dele tudo bem, quando não fazia o jogo dele; ele ameaçava. Quando a terra não era legalizada ele (tenente Merçon) falava que a terra era do Estado e que tinha que pegar a terra porque o Estado vendeu aquela terra para a Aracruz. Era assim que falava. Tinha de sair porque aquela terra era da Aracruz. Essa ameaça até hoje é negada. Está na memória de vocês, mas isso é negado até hoje. Quando a terra não era legalizada, ele, o Tenente Merçon, falava que a terra era do Estado e que tinha que pegar, porque o Estado tinha vendido aquela terra para a Aracruz Celulose. Era assim que falava: Tinha de sair, porque aquela terra era da Aracruz. E não de Domingos Firminiano dos Santos, mais conhecido como Chapoca. E depois Manoel José Valentin, mais conhecido como Seu Miúdo, veio a esta Casa, prestou depoimento e não pôde vir mais, pois estava doente e logo depois morreu. Manoel - muito mais velho que Chapoca - disse: Aí, mudei para outro terreno, lá fora onde tinha um pedaço de terra(...) Novamente essa questão de terra rola, eram tantas terras que podia ocupar em negociação com outros companheiros. O Tenente Merçon me tirou de lá, ele falou que se eu não saísse que mandaria um tratorista passar em cima da minha casa. Disse a ele que não, que não queria que ele mandasse, queria que ele mesmo fosse. Disse Manoel, finado Miúdo, de São Jorge. Poderíamos, num primeiro momento, como tantas vezes é dito por outras pessoas que tudo isso não passa de uma grande mentira, dizer: Os quilombolas têm interesse nisso, então eles estão inventando essa história. Mas muitas pessoas contam essas histórias. Portanto, é mentira? Não sabemos se está visível para todos vocês. Não está. Não tem problema. Essa é uma cadeia dominial. O que é uma cadeia dominial? Para os que não sabem é quando se pega as certidões de registro das terras e vai até a origem. A origem sempre é o Estado do Espírito Santo, pois a partir da Constituição de 1891, primeira Constituição da República, toda terra, pelo Pacto Federativo, passa a ser dos Estados. Aqui vemos o caso do Senhor Antônio Alage, que nem sabia que o nome dele foi utilizado. Por que falamos que a ação foi da Aracruz Celulose, hoje Fibria, e do Estado? Porque se utilizou o nome de outras pessoas para legitimar, para legalizar essas terras. Vemos a denominação do imóvel como Fazenda Saber do Norte. Hoje esse imóvel tem oito mil e quatrocentos hectares, mas foi adquirido de várias formas. No caso de Antônio - não dá para ver muito bem -, ele adquire do Estado do Espírito Santo sem saber cento e setenta e oito hectares no dia 11 de novembro de É só ir ao Cartório de São Mateus que está lá registrado. A Divisão de Terras e

10 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Cartografia da Secretaria de Agricultura do Estado do Espírito Santo é quem legaliza. No dia seguinte Antônio Alage vende a terra. Por isso a empresa e tantos outros dizem: Não, nós compramos. Dizem que ele vendeu a terra para a empresa no dia seguinte por um valor sessenta vezes mais. Então, temos matrículas que variam: o valor de quarenta a oitenta vezes mais do que o primeiro valor vendido. É vendido para a Vera Cruz Agro-florestal, que depois foi incorporada pela Aracruz Celulose S.A./Fibria Esse é o caso do Senhor Antônio Alage, que nem sabia que isso foi feito com ele. É uma das pessoas que vivem no Sapê do Norte. Esse é um caso. Várias pessoas moravam nos cento e setenta e oito hectares, por isso que falamos que ocupavam as terras e não tinham documento. O Estado e a Aracruz Celulose produziram documentos para legitimar aquelas terras e expulsar as pessoas. Também consta da CPI da Aracruz, arquivada por esta Casa de Leis, o depoimento, que está no relatório do Senhor Orildo Antônio Bertolini ex-funcionário da Aracruz Celulose. Ele também diz que nunca esteve no imóvel Fazenda Sapê do Norte. Aqui na transparência está Córrego do Airi-mirim. Moradores de São Jorge, vocês conhecem Córrego do Airi-mirim? Muitas pessoas já moraram lá. José Geminiano continua morando lá. Mas é como se ninguém morasse ali. O Estado utiliza Orildo, funcionário da Aracruz Celulose. Ele diz: Olha, eu nunca pisei naquela terra, não sei nem aonde é, mas a empresa me pediu, eu nada recebi. Mas está na cadeia dominial que o Senhor Orildo requereu do Estado, pagou mil novecentos e setenta e cinco cruzeiros pela terra e a repassou à Vera Cruz Agro-Florestal, quatro dias depois, no valor de setenta e nove mil. E disse que nada recebeu e nunca esteve lá. Detalhe: as leis vigentes na época diziam que necessariamente para que uma pessoa física requeresse do Estado uma terra pública deveria ter moradia habitual e efetiva. Orildo Antônio Bertolini nunca esteve naquela terra. As pessoas que habitavam a terra foram expulsas, sim. Os documentos foram forjados, isso é ato de simulação. Isso é crime, passível de punição que não prescreve, que não caduca. Mostrarei mais adiante. Está aqui, não é novidade. Esta Casa, a Procuradoria-Geral do Estado sabe disso e o IDAF sabem disso e nunca fizeram nada. Seus representantes não estão presentes; mas os órgãos foram convidados. Não sabemos se já dissemos, mas de Orildo Antônio foram trezentos e noventa e cinco hectares, no Córrego do Airi-mirim. Aí, o Senhor Ivan de Andrade Amorim requere quatrocentos e oitenta hectares, no dia 12 de setembro de 1975, e no dia 24 de setembro de 1975 repassa. Comprou por dois mil e quatrocentos e vendeu por cento e cinquenta e dois mil à Vera Cruz Agro-Florestal. Ele também diz nesta Casa que nada recebeu. Disse: A empresa me pediu esse favor, eu assim fiz. Um acordo com a Aracruz Celulose, que mudou o nome, mas o seu passivo continua. Em acordo feito com os órgãos do Estado brasileiro manipularam essa compra de terra e a expulsão das pessoas de seu território. As posses não foram consideradas. O Estado brasileiro produziu um discurso de vazio demográfico: Lá não vive ninguém, vamos tomar conta. Não há invenção na fala das pessoas, que muitas vezes passam pelo constrangimento de ouvir que estão mentindo, inventando. Está claro. Há provas. Órgãos responsáveis por isso se silenciaram e continuam no silêncio. Foram convidados para estarem nesta sessão especial e não estão. A Aracruz Celulose S.A./Fibria e os órgãos do Estado legalizaram vinte e dois mil hectares de terras devolutas em nome de vinte e nove laranjas, que eram funcionários da Aracruz Florestal, que depois se tornou Aracruz Celulose. O Governo do Estado pode dizer: Afinal de contas, pode me dizer o que posso fazer juridicamente? Quem pode dizer? A Procuradoria-Geral do Estado. Em 2004, a Procuradoria-Geral do Estado recebeu um requerimento para anular esse processo. Afinal de contas, como uma empresa desse porte entra no Estado do Espírito Santo, pratica atos de simulação, comprovados aqui, de vinte e dois mil hectares? É importante dizer a todos os presentes que estamos tratando apenas desses atos simulados de matrículas, que chegaram até a origem. Quando chegam até a origem as cadeias dominiais conseguem identificar que as terras foram retiradas do patrimônio público do Estado do Espírito Santo. Mas, há outras cadeias dominiais, outras tantas que não chegam à origem, ou seja, não foi destacado do patrimônio público Estadual. Alguém adquiriu de forma ilegal e o IDAF sabe disso, assim como a Procuradoria-Geral do Estado, e ambos se silenciam. Em 2004, a Procuradoria-Geral do Estado recebeu requerimento em 28 de novembro de 2005, encaminhou-o ao IDAF, o instituto de terras do Estado, e ambos se silenciam. Em 2008, por intermédio do gabinete do Deputado Claudio Vereza é pedida informação sobre esse requerimento, que consta o número do protocolo no relatório EIDH/RIDH, e novo silêncio. É importante pensar que tais processos são passíveis de anulação, sim. Porque as irregularidades na aquisição dessas terras, os atos de simulação para legalizar as terras devolutas não prescrevem, não caducam, não têm o ato prescricional de dez anos. Há quem diz: Já se passaram dez anos, não se pode anular. Pode, sim. Está previsto no Código Civil de Não sou especialista em leis, mas precisei estudar um pouco sobre leis para chegar a essa compreensão e não consegui entender, pois há tanto marco jurídico e nada é feito. O que mais chama atenção é que a empresa continua recebendo empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES, órgão do Estado brasileiro, por exemplo, que não ouve as comunidades quilombolas, mas que continua a conceder empréstimos, mesmo com tantas irregularidades não apuradas.

11 Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Diário do Poder Legislativo No relatório também consta que nesta Casa, em 2004, foi lançado o Segundo Plano Nacional de Reforma Agrária, com a presença do presidente do INCRA, não do superintendente. A Secretaria de Agricultura esteve representada pelo Senhor Volmar Loss, que foi questionado se caso fossem averiguadas, como na CPI, irregularidades na aquisição de terras, o que seria feito. S. S.ª respondeu: Esse é um fato dado, não se discute. Deputado Claudio Vereza, tudo o que é filmado pela TV Assembleia e registrado por meio de notas taquigráficas neste Plenário fica arquivado nesta Casa? Se fica, basta saber quando foi lançado o Segundo Plano Nacional de Reforma Agrária e veremos que um funcionário da Seag disse que nada pode ser feito a esse respeito. Temos uma série de legislação que prevê titulação para as comunidades quilombolas e outras questões referentes aos direitos de todos vocês. O que não é possível compreender é que na Convenção n.º 169, da Organização Internacional do Trabalho - OIT, da qual o Brasil é signatário, está previsto que em toda e qualquer ação do Estado deve-se ouvir os povos afetados. Isso não é invenção de ONG internacional, como muitas vezes é dito. A Convenção n.º 169, da OIT, foi ratificada pelo Brasil em Genebra, aprovada pelo Congresso Nacional, tanto pela Câmara Federal quanto pelo Senado, em 2002, e promulgada pelo Presidente da República em Isso também não vem sendo seguido pelos órgãos públicos e muito menos pelas empresas que se instalam nas comunidades quilombolas de um modo geral, mais especificamente no Espírito Santo. Existem vários processos abertos pelo INCRA no Espírito Santo, chamados Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação, que trazem uma série de informações para qualquer pessoa que queira saber mais a esse respeito. Inclusive essas cadeias dominiais foram retiradas do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação de São Jorge, mas todos têm informações para quem quiser saber sobre o assunto. Temos uma série de ações contra os interesses das comunidades quilombolas, não apenas da bancada ruralista no Congresso Nacional, mas também desta Casa. Não há grandes problemas nisso, pois faz parte do regime democrático. Citamos esse fato no relatório. Qual o problema? O problema é: por que o Governo do Estado, que atua nesta Casa quase sem oposição, nunca recebeu os quilombolas? Colocamos lá várias pautas. O recém-criado Movimento Paz no Campo teve muitas pautas e já foi recebido pelo Governador do Estado, que falou que a questão quilombola é um gol contra. Recentemente S. Ex.ª promoveu no Plenário Rui Barbosa uma audiência pública. Consultamos os quilombolas e nenhum foi convidado. Nessa audiência pública estiveram presentes os Deputados Freitas e Paulo Roberto, que disseram que o Governo do Estado nada sabe a esse respeito. Está comprovado que sabem sim. Podemos falar muitas coisas, mas é só para entender que quando lemos os relatórios, as contestações, os processos administrativos que existem no INCRA, deles constam que a Aracruz Celulose S.A./Fibria não considera que as comunidades quilombolas se diferenciam de outros setores da coletividade nacional, pois não têm costumes e tradições próprias. Sabemos que a Aracruz Celulose nunca reconheceu as comunidades quilombolas. Pelos relatos dos próprios quilombolas - não foi possível citar no relatório -, nas recentes propostas de comodato de terra, foi dito: Nós emprestamos as terras a vocês, vocês a cultivam desde que não mantenham o nome quilombola. Parece que é isso. Há muito ainda o que falar. O relatório está pronto e depois será aberto à discussão. Gostaríamos de apresentar esse mapa em uma audiência pública promovida pelo Ministério Público Federal e pela Procuradoria-Geral da República, no Município de São Mateus, que também foi convidado para esta sessão especial, mas não compareceu. O Senhor Vailson Schneider, técnico do IDAF apresentou-me esse mapa. Ele disse: O que está em amarelo são áreas da Aracruz Celulose: dois mil, trezentos e noventa hectares somente no território de Linharinho. Disse também que eles não tinham conseguido encontrar a origem desses títulos nos processos do IDAF, órgão que trata de terras no Estado do Espírito Santo, e que pediram à Aracruz Celulose, mas ela não os enviou. O Estado trata a empresa numa relação de eu te peço, você me manda o dia que quiser. E nada é feito. Para finalizar, faço minhas as palavras de Sandro José Silva, que não está presente nesta sessão, a respeito de tantas coisas sobre os quilombolas que não são feitas, com o discurso de que não é possível. Sobre alguns direitos: Veremos que embora o art.68, bem como o Decreto n.º de 2003, seja parte de uma Política Pública de Estado, ou seja, seu efeito administrativo é idêntico à abolição dos negros escravizados, à política de distribuição de terras a imigrantes europeus, à isenção de impostos para exportação, os eternos créditos para o latifúndio e as políticas industriais do governo estadual, os efeitos democráticos de sua aplicação reacendem as brasas de um país racista acostumado ao trabalho servil e a desigualdade. Ou seja, os direitos de vocês são políticas públicas, que estão na Constituição Federal. Ninguém

12 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 está pedindo nada a mais, mas é tratado pelo Estado brasileiro como se fosse diferente. Continuando: Para chegar a esta conclusão é preciso desconstruir o imaginário de uma sociedade pacífica, (...) Paz no campo. (...) não violenta, em que impera a ordem. Então, alguém faz acontecer a desordem! (...) É preciso também desconstruir a forma com que a história da região do Sapê do Norte foi contada até o momento, submetendo as populações negras oriundas da escravidão a um silêncio e a uma invisibilidade institucional que desafia qualquer razão menos democrática. Várias vezes, entrevistando os quilombolas, perguntei: quando vão ao museu do Município de São Mateus, vocês se veem naquele lugar? Para quem não sabe, o museu tem expostas na sua parte de cima as figuras ilustres daquele Município. E embora a cidade tenha tido por dois mandatos um prefeito negro, não há um só negro naquela ala. A história dos negros está toda na parte de baixo. Dando continuidade à leitura: (...) Ao mesmo tempo é necessário considerar que o que uns chamam de paz, milhares já experimentaram como escravidão. Muito obrigado. (Muito bem!) O SR. PRESIDENTE (CLAUDIO VEREZA) Senhor Jefferson Gonçalves Correia, obrigado pela apresentação dessa parte do relatório que se refere ao território. A Presidência registra, com satisfação, a presença do Senhor Antônio Carlos, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, representando a superintendente Carol de Abreu. (Pausa) Concedo a palavra à Senhora Simone Batista Ferreira. A SR.ª SIMONE BATISTA FERREIRA (Sem revisão da oradora) Boa tarde a todos, especialmente aos meus amigos e amigas quilombolas. Apresentarei a parte relacionada à violação dos direitos ambientais desses grandes projetos de desenvolvimento que incidem há algumas décadas sobre territórios étnicos, quilombolas e também indígenas. Sobre a questão ambiental do território quilombola do Sapê do Norte no Espírito Santo reproduziremos as falas das pessoas, pois ninguém melhor do que elas para nos relatar os impactos que sofrem há tanto tempo. Para questionarmos um pouco esses projetos de desenvolvimento, falaremos sobre a visão da natureza com a qual trabalham. Os povos e comunidades tradicionais quilombolas, indígenas, de pescadores e de camponeses em geral têm a natureza como fonte da vida. A partir dessa relação com a natureza constrói seu modo de viver que se difere muito da visão da natureza de quem elabora grandes projetos de desenvolvimento, pois vê a natureza como mercadoria, como uma forma de acumulação de riqueza. Trouxemos os próprios quilombolas a esta Casa, tentando ilustrar um pouco esse modo de viver, que tem uma relação intrínseca com a natureza: uma relação de troca. Falaremos um pouco do que consta no relatório sobre alguns grandes projetos de desenvolvimento implantados no território quilombola de Sapê do Norte. Alguns licenciamentos antigos, os monocultivos de eucaliptos em larga escala destinados à produção de celulose, majoritariamente da empresa Aracruz Celulose S.A./Fibria; da Suzano Bahia Sul Papel e Celulose; da Cenibra, e inclusive da Vale, que também tem plantios antigos naquela área. É importante dizer que a autorização é dos anos 60, porque o mecanismo do EIA-Rima começou antes da Eco-Rio 92. A política nacional de meio ambiente é de 1981 e foi o que determinou a necessidade de se ter um estudo de impacto ambiental para os projetos de desenvolvimento degradante da natureza. A Eco-Rio 92 reforçou várias discussões, mas é bom colocarmos um marco legal. Outro licenciamento antigo, o do monocultivo de cana-de-açúcar em larga escala destinado à produção do etanol, que se encontra em expansão hoje no Sapê do Norte, tem o mesmo formato. Um empreendimento mais recente a que estamos assistindo e no qual vemos um processo muito semelhante ao que aconteceu na época da ditadura militar, é o licenciamento do gasoduto Cacimbas- Catu da Petrobras, que está atropelando as comunidades quilombolas sem consulta e sem esclarecimento nenhum. Estão cavando dutos nas terras, nos sítios, ao lado de farinheira, sem ao menos considerar que aquilo é território étnico, identificado e reconhecido pelo Estado brasileiro. O gasoduto está sendo construindo com o mesmo mecanismo de invasão, de imprensamento do eucalipto e da canade-açúcar. Embora existam tantas leis, tratados, decretos, na prática se não estivermos com os olhos muito abertos e bem organizados enquanto movimento social, esses grandes projetos passam também por cima das leis. Lamentamos muito que diversos atores citados nesse relatório como infratores desses direitos humanos quilombolas não estejam nesta sessão especial, pois gostaríamos muito de debater com eles esses casos. Eles se ausentam. Contudo, esse relatório

13 Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Diário do Poder Legislativo não deixa de ser um documento que, esperamos, caminhe para efetivar esses direitos. Traremos um pouco dos impactos do monocultivo de eucalipto para a produção de celulose. Temos neste slide uma foto muito ilustrativa da situação de imprensamento vivida pelas comunidades quilombolas: duas crianças caminhando em direção à escola. O monocultivo de eucalipto convive com as pessoas diariamente. Está nos quintais das casas e muito presente. O imprensamento é uma expressão nativa, fala local, que expressa muito bem essa falta de horizonte em que as comunidades quilombolas foram colocadas. A seguir algumas falas dos quilombolas: Mata nativa! Tinha! Mata nativa! Quebrava, quebrava tudo! Mata purinha! Aí ela pegava com o correntão e quebrava tudo! E a gente, quando eles chegava assim, era paca, era tatu, era veado, era tudo, os bicho ficava entocado tudo, fazia dó, preguiça! Esse depoimento contestará o que a empresa afirma, de que nunca derrubou mata nativa, de que nunca desmatou floresta nativa, a floresta tropical. Continuando: Juntava aquela madeira, madeira de lei, que hoje é Cibá, Peroba, Braúna, Moíba, Sapucaia. Se tivesse num dia de neblina como hoje, botava óleo diesel pra poder queimar a madeira. Queimaram tudo! Tudo! Hoje os quilombolas são perseguidos pelos órgãos de proteção ambiental quando vão pescar, tirar um cipó ou quando vão caçar para comer. São eles os criminalizados pelos órgãos ambientais. Esse passivo, reforçando o que o Jefferson falou, não se apaga, mesmo porque não precisamos mais de leis. Já temos leis, como veremos no final, que deveriam ser usadas para fiscalizar a invasão do território do Sapê do Norte e a destruição socioambiental. Aterros e plantios em lagoas. Neste slide temos uma lagoa aterrada, com plantio de eucalipto. Outro depoimento de quilombola, diz: É, as lagoa, como tinha antigamente, que tinha muita criação, era gado, era de tudo! Porco, animal cavalar, tinha muito bicho que bebia água naquelas lagoa, entonce agora acabou, porque a Aracruz tomou conta, as firma foi tomando conta, acabando, aterrando! Aquelas caça, muito jacaré, irerê, qualquer passarinho tinha. E hoje a pessoa tá vivendo, não tem jeito, tudo apertado por causa dessa firma. Acabou peixe, acabou tudo. Então, vemos que a transformação da natureza em mercadoria acaba com uma gama de recursos, de elementos que sustentavam o modo de vida dessas comunidades, elas produziam o alimento, tinham água em abundância, mas lhes tiram a terra e envenenam os bichos. Os que hoje resistem e continuam morando na comunidade Sapê do Norte são uns heróis. São mais de quarenta anos de imposição de um modelo impactante, que não considera a vida humana. Mais uma imagem de outra lagoa. Algumas pessoas dessas fotos estão presentes nesta sessão e isso vai bem ao encontro da metodologia adotada no nosso trabalho, que é ouvir os quilombolas. Com relação ao plantio e às nascentes, diversas nascentes estão cobertas com plantio de eucalipto e recebem veneno periodicamente. Por um lado acaba com a mata ciliar, o que compromete toda a água que desce para os rios; por outro as terras ficam contaminadas. Mais um crime. Essa foto é de uma nascente, a fala se refere a ela: Hoje, quase não chove mais, mas na época que chovia, aqui tudo corria peixe, isso aqui, ó, animal atolava, você pode ver aqui [...]. Será que eles têm como provar que isso aqui não é a vazante do rio que esgota no Córrego dos Pretos? Isso aqui, ó, num precisa 50, não, 20 anos atrás isso aqui corria água direto! Isso aqui, ó, é local da água. Vem aqui e corta um pé desse, de eucalipto, que vem a VISEL e fala, e prende o cara, dizendo que não tá tendo respeito. Qual respeito que tá tendo aqui? Isso é o desabafo de uma pessoa criminalizada, perseguida constantemente no seu cotidiano e mostra o tamanho do estrago ambiental provocado pela empresa, que fica impune. Da mesma forma, onde existe plantio, há a drenagem para se conseguir plantar numa área que emana água, numa nascente que jorra água. Muitas vezes é preciso drenar para a terra secar, para o brejo secar para poderem plantar. Drenagem de cabeceira. Essa foto mostra a cabaceira do Córrego do Caboclo, um rio que alimenta o Córrego de São Domingos, o principal rio que atravessa o território de Linharinho e de outras comunidades. Disseram na entrevista: Tinha muita água, era muito fundo. A correnteza, você vê que era tão forte que o rio, o canal do rio era limpo! Porque a água tinha força de limpar, mas depois foi acabando a água, né,

14 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 e o rio foi aterrando! Porque plantaram eucalipto nas nascentes dos córrego tudo, né! Vemos perto da nascente o local cheio de água, num período de muita chuva em que o lençol freático subiu. Muitas dessas nascentes, no ano de 2001, afloraram em meio ao plantio de eucalipto. Quando o período está mais seco, às vezes não se consegue perceber que naquele local tem uma nascente. E do outro lado da estrada vemos as obras, os manilhamentos para drenagem dessa área de cabeceira, tirando a água para o plantio de eucalipto. Obviamente são inúmeros os impactos. Listamos alguns. Outro impacto gritante é o elevado uso de agrotóxicos nos monocultivos de eucalipto. Todo grande monocultivo apresenta um desequilíbrio ambiental, a planta não consegue se defender, não tem diversidade biológica, então, necessita de muito insumo químico. Por isso questionamos esse modelo de desenvolvimento baseado em grandes monocultivos, seja do que for, porque resulta no uso indiscriminado de agrotóxicos, de herbicidas, de vários tipos de venenos. Lerei um trecho do depoimento da mãe de duas crianças que foram envenenadas, depois de terem comido castanhas do Chapéu do Sol. Perto havia tratores da empresa Plantar que presta serviços à Aracruz Celulose e aplica veneno. As castanhas estavam contaminadas e as crianças morreram. Essa família é da comunidade São Jorge e a história é bem conhecida. No depoimento ela diz: A Aracruz é o bicho porque nós estamos aí, de cara pra cima. Meu filho vai fazer o quê? Já fez dez anos de morto. O bichinho botava sangue pisado! Vomitava, vomitava. O sangue, aquele sangue talhado. Talhado do veneno. E eu sem saber o que era. [...] Eu estou dando entrada [na Justiça] à toa. À toa! Já pegaram o laudo do meu menino de novo. [...]Eles queriam tirar nós daqui! [...] Eu disse: eu não vou! Porque é causa de morte, eu não vou porque isso é causa de todo mundo. Na foto Estela, a mãe das crianças. O texto é sobre a morte dos filhos de Estela, não só dos dela, mas dos sobrinhos também. Ela processou a empresa, que está até hoje impune. Agrotóxicos também contaminam os trabalhadores da empresa Plantar, que presta serviços à Aracruz Celulose. Essa imagem mostra a aplicação de agrotóxicos na cabeceira de um afluente do rio Angelim e no Córrego do Ricardo. Nesse texto, depoimento de uma pessoa que foi envenenada, dentre tantas que são envenenadas diariamente quando do plantio de eucalipto: O primeiro desmaio veio com uns... 4 meses eu senti... nós tinha batido veneno em dois talhão, e tava almoçando no meio dos dois talhão que tinha batido o veneno. Passado uns dois, três meses, outra vez eu dei outro desmaio! No campo também! O corpo ficou todo dolorido, o estômago ficou dias todo revoltado. E nisso, fui trabalhando até que o encarregado disse que eu não servia mais e que tinha que me mandar embora, como mandou! Aí pedi a ele que esperasse, que eu tava, ia fazer uns exames, mas ele disse que não, que a firma não tinha nada com isso. Esse depoimento é do Jovem, de Conceição da Barra. Vocês conhecem o Jovem? Ele está muito doente, processou a empresa e conseguiu indenização. Mas, no entanto, ela não vai trazer a saúde e nem a vida dele de volta. Essa é mais uma denúncia. O Jovem fala que eles comiam vestidos com a roupa que tinham usado para aplicar o veneno. Na maioria das vezes não tinham nem água para lavar as mãos. E ali mesmo onde aplicavam o veneno eles comiam, e comiam veneno junto. Na verdade, comiam veneno. Esse e outros casos foram objeto de um processo no Ministério Público do Trabalho. Alguns depoimentos foram feitos, fitas entregues e o processo engavetado. Então, é urgente! São condições trabalhistas, não só de impacto ambiental. O gasoduto Cacimba-Catu está sendo implantado agora. Esse empreendimento da Petrobras já obteve duas licenças: a licença prévia e a licença de instalação dos dutos. Só falta a última licença, a de operação. Ou seja, quando será dada a autorização para o gás passar pelo duto. Pelo que nos consta a Comissão Quilombola conseguiu segurar a licença de operação. A empresa não considerou que estava passando dentro de um território étnico quilombola, reconhecido, identificado. Inclusive, as comunidades quilombolas São Jorge e São Domingos têm relatórios de identificação territorial e delimitação feitos pelo INCRA. Em determinados sítios o duto passou ao lado de casas de farinha; embaixo de córregos, os córregos sumiram e as famílias estão lá. As pouquíssimas alternativas de renda, de alimentação estão minguando cada vez mais por causa do gasoduto. Essa foto é da comunidade quilombola São Jorge. Olhem bem a dimensão desse duto. Na comunidade quilombola São Jorge tiveram a insensibilidade de cavar buraco para o duto dentro do pátio da escolinha. Passaram com o duto dentro do pátio da escola da comunidade São Jorge e falaram com as crianças que não poderiam mais brincar ali, pois era perigoso.

15 Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Diário do Poder Legislativo Na comunidade São Domingos os dutos passaram no terreno do Senhor Renan, cavaram ao lado da farinheira, e ele não pôde mais fazer roça, não pôde mais arar a terra, a pouca terra que ainda tem. É uma falta de sensibilidade e de total desconsideração dos marcos jurídicos. Se é que servem para alguma coisa, têm que ser colocados em prática. Esse é o depoimento de uma pessoa da comunidade São Jorge: Você me entendeu agora? Ele vai vazar aqui, ele vai terminar aqui. Aí é que faz o vazamento no cano e você vem aqui para fazer o tapamento [...] esta tubulação vai aqui no chão por vinte anos, ele tem garantia por vinte anos. O gás que passa aqui dentro, como ele tem força! Se o eucalipto não prestava, agora sim! Porque eles não colocaram um cartaz aí escrito botafogo!? As crianças, nós vamos livrar da morte! Amanhã ou depois a gente pode morrer [...] e as crianças? Alguns marcos jurídicos já foram citados, mas quero somente dar destaque ao ambiental. Diz a Constituição Federal, em seus artigos 225, 215 e 261: Art. 225 Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida (...) Art. 215 O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e (...) protegerá as manifestações das culturas populares indígenas e afro-brasileiras (...). Art. 216 Constitui Patrimônio Cultural Brasileiro os bens de natureza material e imaterial, (...), portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira (...). Por falta de lei não é. Mais específico ainda é o artigo referente à área ambiental. Já em 1965, quando a empresa era a Aracruz Florestal, bem como a Ouro Verde, Vera Cruz, Brasil Leste Agro- Florestal, etc., se estabeleceram nos territórios quilombolas e também nos indígenas tupiniquins e guaranis já existia a Lei n.º 4.771/1965, e se chamava Novo Código Florestal. Um trecho da lei diz: Lei n.º 4.771/ Definir as áreas de preservação permanente (APP) e considerar sua destruição e/ou danificação como contravenção penal. A lei refere-se às áreas de preservação permanente, que deveriam ser intocadas para garantir, por exemplo, o fluxo de água e a proteção dos cursos hídricos. Encontramos nascentes, cabeceiras dos rios, vegetação ao redor de lagoas e rios, tudo o que as comunidades tradicionais conhecem bem. Se desmatar a cabeceira de um rio, a comunidade fica sem água para beber. Mas preservar não é bem o que os grandes projetos de desenvolvimento fazem. Aqui a empresa infringiu uma lei federal, embora tenha ficado impune. Mais uma vez vemos a impunidade! Política Nacional de Meio Ambiente. Lei n.º 6.398/1981: (...) Apresenta como instrumentos a avaliação do impacto ambiental e o licenciamento das atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. (...) Ou seja, nesse momento começa a ser considerada a necessidade de se ter um processo de avaliação de impacto desses grandes projetos de desenvolvimento. Foi aí que se pensou nos licenciamentos, embora o que assistamos hoje é a um processo onde se paga para poder poluir. Fazem as condicionantes e alguns perguntam: Quanto custa? Eu pago x e compenso ambientalmente, mas não questiono o teor do meu projeto. A proposta do relatório vai além. Você pode questionar inclusive o caráter do próprio projeto de desenvolvimento, o caminho que está sendo tomado, o modelo que está sendo construído e não somente o pagamento pelo impacto ambiental, o que vem acontecendo. O licenciamento é um jogo. Quanto você paga para poluir? Na maioria dos casos é o que acontece. A Política Nacional de Meio Ambiente também criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conama, cuja resolução diz: Resolução Conama n.º 1/ Define as diretrizes dos estudos de impacto ambiental e seus respectivos relatórios (EIA-RIMA) Então, como devem ser esses estudos de impacto ambiental para licenciar os empreendimentos? Inclusive sugiro que esse relatório

16 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 chegue ao Conama, porque historicamente é ele que propõe essas normas, para que também reflitam sobre a inclusão das pessoas que vivem nesses lugares onde os empreendimentos serão implantados. A Lei n.º 9.605/1998, de crimes ambientais, dispõe sobre sanções aos crimes ambientais. A lei, a grosso modo, dá nome aos bois, diz: Poluiu isso, a multa é x, a pena é tal. Muitas penas são de prisão, prevista na lei de crimes ambientais. Se tiverem curiosidade em ler a lei federal de crimes ambientais verão que várias coisas se encaixam perfeitamente na situação vivida hoje na comunidade quilombola Sapê no Norte, que também não está sendo respeitada. A Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos de Comunidades Tradicionais, Decreto n.º 6040/2007, objetiva reconhecer, fortalecer e garantir os direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais dos povos e comunidades tradicionais, ou seja, todos vocês, quilombolas, indígenas e camponeses. Ao elaborarem esse decreto, pensaram, em especial, nesses grupos que vivem orientados pela lógica de relação pessoal com o meio em que vivem, com o meio ambiente, com a natureza. A Convenção n.º 169, da Organização Estadual do Trabalho - OIT, sobre povos indígenas e tribais ratificada no Brasil em 2002, também traz alguns itens específicos relacionados ao meio ambiente, e ao ambiente em que vivem essas comunidades. Um deles é o art. 4.º, que determina: (...) Art. 4.º - Os Estados nacionais deverão adotar medidas especiais que sejam necessárias para salvaguardar as pessoas, as instituições, os bens, as culturas e o meio ambiente dos povos interessados. Quais sejam: os povos e as comunidades tradicionais no Brasil. O art. 7.º, diz: Os governos deverão zelar para que (...) sejam efetuados estudos junto aos povos interessados com o objetivo de se avaliar a incidência social, espiritual e cultural e sobre o meio ambiente que as atividades de desenvolvimento previstas, possam ter sobre esses povos. Os resultados desses estudos deverão ser considerados como critérios fundamentais para execução das atividades mencionadas. Destaquei aqui a afirmação de que os resultados desses estudos deverão ser considerados com base em critérios fundamentais para a execução das atividades mencionadas, pois infelizmente o que se vê não é isso. Volto a dizer: eucalipto, cana-deaçúcar, gasoduto. E, no Morro do Arara tem o caso do aterro sanitário, que está sendo implantado pela Ambitec na cabeceira do Córrego do Sapato, onde vivem famílias quilombolas num território identificado, reconhecido e delimitado pelo Estado brasileiro como quilombola. É impacto ambiental nos dois sentidos, pois além de instalar aterro sanitário na cabeceira de um córrego, ou seja, colocar lixo na cabeceira do córrego, estão colocando o lixo de nove municípios, salvo engano, na cabeça de populações tradicionais. Esse projeto de aterro sanitário, como o de eucalipto, o de cana-de-açúcar e o do gasoduto configuram o que se vem discutindo como prática de racismo ambiental. Toda atividade impactante, degradante causa doença. Todo lixo é jogado em locais onde existem populações - que alguém quer invisibilizar -consideradas pelo sistema hegemônico como inferiores. Então, passam duto de gás no local onde moram, joga-se lixo e todo tipo de agrotóxico na cabeça delas, que não tem problema. Não é isso? Não é isso não, mas essa é a visão do sistema hegemônico que temos que mudar. Esperamos que esse relatório não seja mais um documento que ficará na prateleira de algum órgão oficial, ou não, mas que de fato seja apropriado por essas comunidades como instrumento de luta. (Muito bem!) (Palmas) O SR. PRESIDENTE (CLAUDIO VEREZA) Agradecemos à Senhora Simone Raquel Batista Ferreira a apresentação de parte do relatório. Registramos a presença do Senhor Leonardo Grobberio Pinheiro, da Defensoria Pública Estadual, e a do Senhor Paulo Gobira, do programa Luz para todos. (Pausa) Concedo a palavra ao Senhor Winfridus Overbeek. O SR. WINFRIDUS OVERBEEK (Sem revisão do orador) Boa tarde a todos. Falaremos da criminalização dos quilombolas, assunto que interessa a muitos dos senhores. Há uma violência muito grande, muito constante. Falaremos rapidamente de dois outros direitos humanos importantes, que têm a ver com a criminalização: o direito ao trabalho e à alimentação. Sobre o direito ao trabalho, um dos acordos internacionais, no qual nos baseamos para fazer esse relatório, é o denominado Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais - PIDESC, que em seus artigos 6, 7 e 8 reafirma que o direito ao trabalho é essencial para a realização de outros direitos humanos e constitui uma parte inseparável e inerente da dignidade humana. Constatamos nesse trabalho, a partir do que ouvimos das comunidades quilombolas, que a perda

17 Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Diário do Poder Legislativo do território em função da implantação das monoculturas, sobretudo de eucalipto, é a principal causa do não cumprimento do direito ao trabalho. Antes do eucalipto havia diversas atividades de trabalho: agricultura, coleta, caça, pesca, criação solta de animais, artesanato, processamento de produtos, como de farinha e de outros produtos. Depois da chegada do eucalipto ocorreu uma redução muito grande dessas atividades produtivas. E aquelas ainda possíveis, como a agricultura, por exemplo, passou a ser muito mais difícil de ser realizada. E mais: começou uma perseguição à prática de diversas atividades como a caça, a extração de madeira para construir casas, a pesca, a criação solta de animais, costumes que sempre fez parte da vida dos quilombolas. Qual o resultado, hoje? As pessoas têm que praticar outras atividades de trabalho. E, com todas as restrições impostas e a perseguição ficou muito mais difícil ter uma melhor condição de vida. A Aracruz Celulose S.A./Fibria tem feito projetos sociais nas comunidades. Só que temos percebido que alguns desses projetos não foram efetuados, segundo lideranças quilombolas, e mesmo alguns fossem realizados, são projetos pontuais que não conseguem compensar as perdas que tiveram em relação às atividades de trabalho anteriores. Então, como é desenvolvido, hoje, o trabalho? Em São Domingos e em Santana, por exemplo, 34,8.% trabalham no facho - fabricação de carvão, coleta de lenha; 28,1% trabalham na roça, e 15,4% são assalariados, trabalham na empresa Plantar. São dados do INCRA, de Há bastante gente nesse trabalho assalariado que manuseia agrotóxico, trabalho perigoso, já comentado por Simone Raquel. A atividade mais importante, principalmente em São Domingos - uma realidade em muitas comunidades, principalmente na de Conceição da Barra - é o facho, pois cinquenta e sete por cento das famílias vivem da fabricação de carvão e trinta e sete da coleta de lenha. Em São Domingos apenas seis por cento das famílias têm como atividade principal a agricultura, a produção de farinha e o que produz na roça. Outro resultado da perda do território é a impossibilidade de se realizar os trabalhos tradicionais, e isso leva a alterações culturais, ou seja, a nova geração quilombola é praticamente obrigada a desenvolver uma atividade que podemos considerar subumana: a produção de carvão. O Estudo de Impactos sobre os Direitos Humanos constata uma explícita violação dos direitos humanos das comunidades quilombolas, que não têm direito a um trabalho digno. Lembrando que o Acordo Internacional ratificado pelo Brasil, diz: Toda pessoa tem direito a trabalhar para viver com dignidade. Quanto ao direito à alimentação, diz que a perda de terra com a contínua monocultura de eucalipto afetou muito a produção de alimentos das famílias quilombolas, trazendo insegurança alimentar. A Comissão Especial de Acompanhamento ligada a um conselho da Presidência da República, em 2008, foi às comunidades investigar essa situação. A conclusão foi que esse modelo implantado naquela região trouxe muitos impactos sociais, econômicos, culturais e ambientais graves e a perda do território mudou completamente a vida das comunidades, provocando insegurança alimentar. Recorreu-se ao programa de distribuição de cestas básicas, uma solução emergencial e não estrutural, mas que atingiu apenas sete das trinta comunidades e ainda de forma insuficiente. A comissão também constatou que as principais violações que causam insegurança alimentar continuavam ocorrendo tranquilamente como a não demarcação das terras, o não acesso à água suficiente e de boa qualidade, desemprego, degradação ambiental, falta de outros serviços básicos como saúde e a violação novamente do PIDESC, que garante o direito à alimentação. A comissão diz que é necessário garantir a posse definitiva da terra para que não falte espaço para plantar e criar animais. As poucas oportunidades de emprego e geração de renda geram situação de insegurança alimentar e nutricional. Isso compromete mortalmente a prática dos direitos humanos em relação à alimentação nas comunidades. (Muito bem!) O SR. PRESIDENTE (CLAUDIO VEREZA) Agradecemos ao Senhor Winfridus Overbeek, integrante da equipe que elaborou o relatório. Pedimos desculpas pelos telefonemas que estamos recebendo durante a sessão. Estão nos mantendo informado, pois alguns camponeses da Via Campesina ocuparam as dependências do Ministério da Fazenda nesta manhã, mas terão retornar ao Tancredão, onde estão acampados desde ontem à noite, pois acaba de chegar ao local um oficial de justiça com um mandado de reintegração de posse. Estão preocupados com a tropa de choque que poderá chegar e causar algum tipo de violência, por isso estamos recebendo vários telefonemas e, presidindo a sessão, é difícil nos ausentar para ir até lá segurar a barra com a polícia, ainda mais nesta cadeirinha. (Pausa) Concedo a palavra à Senhora Gilsa Helena Barcelos. A SR. a GILSA HELENA BARCELOS (Sem revisão da oradora) Comentaremos um dos pontos trabalhados no relatório: o processo de criminalização dos constrangimentos enfrentados pelos quilombolas no Sapê do Norte. Utilizamos um questionário do Programa Nacional de Proteção dos Defensores Públicos para entender um pouco esse processo de violação, até porque em função desse processo de criminalização maciça que vem acontecendo no Norte do Espírito Santo o programa acabou sendo acionado. Depois o Senhor Jassenildo Reis poderá falar sobre o assunto,

18 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 inserindo os nomes das pessoas perseguidas pelos defensores dos direitos humanos. Foram entrevistadas cinquenta e oito pessoas identificadas como pessoas perseguidas, processadas ou ameaçadas. Claro que existem mais, mas trabalhamos com as elencadas pela comunidade, pois é um processo de construção e elaboração do relatório. E, ao fechar o número de entrevistas, novas denúncias apareciam. Como tínhamos que fechar em algum momento o estudo, tivemos que deixar algumas pessoas de fora. A equipe do estudo identificou que existem formas distintas de perseguição, de constrangimento e de violação de direitos instaladas no Sapê do Norte. Uma delas é caracterizada pela perseguição, que acontece no cotidiano das pessoas que vivem na comunidade, tendo como principais agentes a Visel, empresa terceirizada de vigilância que prestou serviço à Aracruz Celulose S.A./Fibria, que hoje já não atua mais, pois foi substituída pela empresa Garra, hoje um dos principais agentes de perseguição a quilombolas no Sapê do Norte. Representantes do Movimento Paz no Campo - MPC e moradores de São Cristovão poderão depois nos falar de todo esse processo experimentado naquela comunidade e na de Serrarias. Há as ações planejadas da polícia em parceria com a Visel e a Garra. As ações que fazem parte da atividade cotidiana da empresa, do processo de perseguição, e as ações dessas empresas de vigilância em parceira com a polícia. Há ações pontuais, de grandes dimensões, com a polícia dentro das comunidades. Citaremos dois exemplos: uma aconteceu dia 14 de novembro de 2008, e outra recentemente, dia 11 de novembro de Houve ocupação e prisão em massa de pessoas da comunidade, que foram levadas algemadas para as delegacias, enfim, uma operação sofisticada. Identificamos também outra forma de ação: a de perseguição fora das comunidades de quilombolas. Às vezes eles atuam fora e acabam sendo perseguidos e presos por policiais. Identificamos uma ação específica ocorrida no Município de Linhares, no final de Há também as ações que terminam em ações criminais e vários quilombolas passam a responder processos e, em muitos casos, depois são presos. Muitas das que listamos antes resultaram em prisão e abertura de processos criminais. Leremos trechos de alguns depoimentos dessas pessoas criminalizadas, que nos falaram de sua indignação com relação a esse processo de perseguição. Um dos trechos, diz: Estava coletando pontas de galhos, quando chegou o Batalhão de Choque, com todo o armamento, gritando que nós deveríamos ir para a cadeia. Pegaram alguns companheiros e saíram arrastando. Teve outros momentos aqui na comunidade que eu fui abordado pela Visel, só pelo fato de estar pegando lenha para colocar no forno para fazer o beiju. Sempre eles chegavam dizendo que era para sair da área ou eles chamariam a polícia para me prender. Não queremos mais ser tratados como vagabundos. Estamos sendo pressionados pela empresa, que usa de todas as formas de agressão contra a comunidade. O entrevistado afirma que reconhece aqueles que o ameaçam: É a [age como] milícia da empresa. A visão que eles têm da ação da Visel e da Garra no seu território é uma ação de milícia, pois é uma empresa de vigilância e seus funcionários andam armados. Então, como reagir quando alguém aponta uma arma para você e o ameaça de morte? Outro depoimento de alguém de Roda D Água, diz: Primeiro eles prenderam os meninos, lá na área já perto da comunidade. Um grupo foi olhar os meninos presos, havia três carros da Polícia Militar. Quando eles chegaram de carro e começaram a efetuar disparos. Nesse momento, eu estava passando com criança para ir ao colégio estudar. Nesse momento, eu estava passando em frente à viatura, aí, eles mandaram parar, foi quando eu senti que eu levei um tiro por trás. Aí eu ouvi um policial gritando: Vamos embora que eu acertei um. Foram embora sem prestar socorro, me deixando no chão, caído e sangrando. [...] somos perseguidos pela Visel independente do que estamos fazendo. A gente sofre, somos presos, processados, mas a Visel (atualmente, a Garra) fica sempre impune. Nós queremos que ela pague por tudo que nos fez. Entrei com uma ação contra a polícia por causa do que fizeram, mas até hoje não tivemos resposta, nem para sermos ouvidos. Ou seja, não há eco nas denúncias das comunidades quilombolas. Outro acontecimento ocorrido em Linhares é interessante que saibam: No final de 2006, a empresa Aracruz Celulose, após a colheita de talhão de eucalipto no Córrego de Farias, em Linhares, propôs aos moradores

19 Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Diário do Poder Legislativo da região que fizessem a cata dos resíduos. Entretanto esses não se interessaram, dessa forma levaram ao conhecimento das comunidades quilombolas de São Domingos e de Santana. Aquela área havia sido liberada para as catas dos fachos, o que levou toda a comunidade ou parte dela e outras pessoas não quilombolas a fazerem a busca do material. No entanto, numa ação, ao que parece planejada, a empresa registrou ocorrências por furtos daquela madeira, levando à criminalização de oitenta e duas pessoas, a maioria quilombola. Ressalta-se que já havia uma decisão de um interdito proibitório que os quilombolas desconheciam, e impediam que os mesmo adentrassem àquela área, por isso a ação se deu neste momento por chamado Crime de Obediência. Ou seja, havia uma avaliação de que existia uma ação intencional para a prisão dos quilombolas. Criou-se uma situação para que eles fossem criminalizados. Trouxe algumas imagens do que aconteceu para mostrar. Esta imagem mostra liderança dos direitos humanos, Isaias, tentando intermediar o conflito. A outra fotografia mostra os quilombolas sendo presos. São fotos do Sandro Silva, de Relataremos outra ação policial: Em 11 de novembro de 2009, nova ação da polícia foi realizada no Sapê do Norte. A ação se deu por volta das 8h. Cerca de 130 policiais militares aportaram na Comunidade de São Domingos, municiados com armas pesadas, cães, cavalos e com o argumento de que possuíam um mandado, adentraram as casas e prenderam 39 pessoas, que foram conduzidas algemadas, inclusive um deficiente visual e um senhor de 83 anos, que veio a falecer 3 meses depois. Apreenderam várias ferramentas de trabalho, sendo facões, algumas motosserras, tratores, além de certa quantidade de madeira. As curiosidades ficam pela forma: primeiro, a Autora da Ação foi a Companhia de Polícia, ou seja, a Polícia Militar se fez parte Processual. Segundo, iniciaram a Ação Policial às 8h, alegando cumprir um mandado judicial, entretanto, este mandado só se daria a partir das 12h daquele dia, uma vez que este é o horário de abertura do Fórum, e o pedido não fora protocolado após a abertura daquele. Ou seja, o mandado só foi emitido ao meio dia e a ação começou às 8h, com cento e trinta policiais, cachorros e cavalos dentro da comunidade. Continuando o relato da ação: Terceiro, o mandado era de busca e apreensão de produtos provenientes de furto, e não de prisão, o que aconteceu sem qualquer motivo flagrante; (...) E, por fim, após prenderem e algemarem aqueles negros do quilombo - expressões usadas por alguns policiais - passaram na sede da empresa Aracruz Celulose - quem não sabe, fica naquele cruzamento que entra para Conceição da Barra - para pegar comida, se alimentaram e deixaram as pessoas, algumas algemadas, com os policiais, que estavam armados dentro do ônibus, antes de levá-las para a delegacia. Aqui mostra a ocupação policial da comunidade São Domingos, em 11 de novembro de Pessoas machucadas. O processo de criminalização enfrentado pelas comunidades quilombolas foi também observado pela Comissão Especial de Acompanhamento e Apuração de Denúncias Relativas à Violação dos Direitos Humanos à Alimentação Adequada, que Winniwe Overbeek mostrou na sua apresentação. O que a comissão observa? Existem sérios indícios de que as famílias que vivem em Sapê do Norte estão sendo criminalizadas injustamente por preconceitos que se evidenciam com a ação da promotoria de Conceição da Barra, que teria solicitado a busca dos quilombolas para interrogatório, que relatam terem sido pressionados pela promotoria a assumir a culpa por algo que não fizeram, sem ao menos ter sido feita a investigação dos fatos. Temos muita coisa a falar sobre uma das partes, mas temos mais informações sobre o processo de criminalização. Todos têm uma história para contar. A Senhora Terezina relata o momento em que os filhos foram presos, colocados dentro de um camburão, e o constrangimento que sentiu ao entrar desesperada no camburão, pois não sabia o que os policiais fariam com seus filhos. Há diversos relatos falando desse processo de violação de direitos feitos por pessoas da comunidade.

20 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 09 de junho de 2010 Quais as considerações finais constantes desse relatório? O caso do projeto agroindustrial da Aracruz Celulose S.A./Fibria e a sua relação com as comunidades quilombolas do Sapê do Norte desvendam uma gama de impactos sociais, ambientais, econômicos e culturais, constatados pelo estudo realizado. Primeiro: a perda do território, não foi a única, porém, constituiu-se numa das mais importantes, pois para esse povo é no território que reside a possibilidade de produção e reprodução do seu modo de vida.o plantio do monocultivo de eucalipto em larga escala levou à destruição da mata atlântica, à desertificação do solo e ao comprometimento dos rios e córregos da região. O uso de agrotóxicos no plantio de eucalipto produziu o envenenamento da fauna e da água, o que provocou o desaparecimento de animais silvestres e peixes, além de prejudicar a saúde dos moradores. Também envenenou seres humanos - como disse Simone levando-os à morte. No caso de envenenamento dos trabalhadores da Plantar, empresa terceirizada da Arcel/Fibria, as denúncias são feitas, mas não há investigações por parte dos órgãos competentes, contribuindo para que continue acontecendo e para que os culpados continuem impunes. Ou seja, o Ministério Público Estadual e Federal e os órgãos são acionados e percebemos que os processos não são encaminhados, param, demoram muito, enquanto aquelas populações e os trabalhadores continuam morrendo. Instituiu-se no Sapê do Norte, nos últimos anos, um processo sistemático de perseguição e criminalização das comunidades quilombolas. Corroborando isso, a Comissão Especial de Acompanhamento e Apuração de Denúncias Relativas à Violação do Direito Humano à Alimentação Adequada constatou em 2008, o seguinte: [...] a Comissão constata que os quilombolas que vivem na região estão submetidos a diferentes e sistemáticas violações de direitos humanos. Essas violações são produzidas pela conjugação entre atuação e especialmente omissão de diferentes agentes estatais, no âmbito dos três níveis de poder, em suas três esferas, constituindo-se em impeditivos a uma vida com dignidade das comunidades quilombolas. Os quilombolas não têm acesso aos instrumentos legais que poderiam proteger seus direitos. Há casos em que o Ministério Público Estadual aparece como denunciante de lideranças quilombolas, contribuindo para o seu processo de criminalização. Atesta a Comissão, que veio averiguar a questão da segurança alimentar, que há uma violação do direito humano das comunidades quilombolas no sentido de não terem acesso à justiça e a um tratamento igualitário. Estudo realizado observou impactos diferenciados sobre homens e mulheres, revelando que há importante componente de gênero a ser considerado quando se analisa a relação desenvolvimento econômico e direitos humanos. No caso dos quilombolas do Sapê do Norte, as mulheres vivenciaram diversas transformações nas suas relações de trabalho e nas suas relações familiares. Mulheres agricultoras e donas de casa são transformadas em trabalhadoras assalariadas pela empresa terceirizada da Aracruz Celulose e atuam na aplicação de veneno nas plantações de eucalipto. Conforme os depoimentos contidos nesse relatório, elas sentem os impactos dessa atividade na sua saúde. Há relato de mães que acompanham o processo de envenenamento de seus filhos. Estão presentes nesta Casa algumas mães e alguns pais que acompanham o envenenamento de seus filhos. Eles têm consciência dos impactos de tais atividades, mas não vislumbram alternativa de trabalho já que a família precisa da pequena renda recebida para sua subsistência. Mulheres quando não são criminalizadas têm de lidar com o processo de criminalização de seus filhos e companheiros, causando-lhes profundo sofrimento e impotência diante do poderio econômico. No mais, são elas que têm de lidar com a escassez de água, devido ao envenenamento, para preparar o alimento e lavar as roupas, e têm de fazer milagre para alimentar a família no final do dia. Anexamos a este relatório um estudo que fizemos tempos atrás sobre o impacto da monocultura sobre a vida de mulheres indígenas e quilombolas. Também constatamos que a ação da empresa não se deu sem resistência. Há um processo intenso de resistência dessas comunidades. Se há quarenta anos ela está intervindo nesse território, há quarenta anos essas comunidades resistem. Então, é importante frisar o que acontece em função desse poder, desse nível de aliança, uma aliança ampla que a empresa tem com os diferentes níveis de Governo, apenas um exemplo: com agentes do Estado. Findou a primeira década do século XXI e ainda não conseguiram que seus territórios fossem demarcados e titulados. A demora do Estado brasileiro em demarcar e titular o território quilombola tem contribuído fortemente para o processo de discriminação racial e criminalização em que essa população está envolvida. Sei que é uma situação delicada, mas as comunidades indicam uma série de aliados políticos: deputados estaduais, deputados federais e senadores que intervêm diretamente nesse território, numa aliança com o MPC e com a Aracruz Celulose para dificultar a vida dessas populações. Ou seja, há políticos que por interesses econômicos, políticos,

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