ÁREAS LEGALMENTE PROTEGIDAS
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- Aparecida Stéphanie Bugalho Lisboa
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1 ÁREAS LEGALMENTE PROTEGIDAS 9 A COBRA GRANDE, com nomes e formatos diversos, seja sob a forma de um ser encantado ou simplesmente um animal muito grande, aguardava o viajante em cada curva de rio da Amazônia. Se contrariada, podia atacar e fazer naufragar as embarcações, invadir as casas, comer gente e animais de criação. Mas podia ser com muito cuidado, evocada para revelar mistérios da floresta, a cura de doenças, a localização de pessoas desaparecidas ou os corpos dos afogados. Uma pessoa que vivesse muito, mais de cem anos, podia transformar-se em cobra grande e ir morar na mata, deixando em casa apenas alguns restos de pele ou escamas como pista de seu encantamento.
2 SINOPSE DO VÍDEO feito nas reservas e as ameaças de fora, principalmente a pressão dos madeireiros. Um artesão do Projeto Puxirum cabocla de exploração da madeira, produção de couro vegetal e extração de óleos. CONTEÚDOS DO VÍDEO fala do seu processo de trabalho com as madeiras mortas O engenheiro agrônomo Paulo Maia, gerente do Ibama em Cantando Borzeguim, de Tom Jobim, Almir Gabriel abre o galhos e troncos que caem naturalmente. Santarém, explica os critérios para a criação de uma nova programa que mostra algumas formas, como dizia o mestre Ao todo, 20% do território da Amazônia estão protegidos, unidade de conservação. Pode ser uma demanda da comu- > A HISTÓRIA DAS PRIMEIRAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Tom, de deixar o mato crescer : as Unidades de Conservação (UCs). São áreas legalmente protegidas que preservam a natureza e a cultura das comunidades tradicionais. mas isto ainda não é o suficiente para garantir a conservação da maior floresta tropical do mundo. A Unesco ampliou, em 2003, os Sítios do Patrimônio da nidade ou do próprio governo. Fala sobre sobre o ZEE, (Zoneamento Ecológico-Econômico), uma das estratégias para se trabalhar com macrorregiões. > CRITÉRIOS ADOTADOS > AS RESERVAS EXTRATIVISTAS RESEX O programa conta como surgiram as primeiras UCs, as diferentes modalidades criadas e os critérios que passaram a ser considerados: proteção dos recursos hídricos, preser- Humanidade e incorporou áreas da Amazônia como o Parque Nacional do Jaú. Em 1995 surgiu uma proposta inovadora, a dos corredores ecológicos, que buscam jun- O envolvimento das comunidades de dentro e de fora das UCs é fundamental. Um exemplo de projeto bem sucedido na área de educação ambiental, manejo e desenvolvimento > OUTRAS CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO > CORREDORES ECOLÓGICOS vação das espécies da flora e da fauna ameaçadas de tar várias áreas de proteção permitindo uma maior circu- sustentável é a reserva de desenvolvimento sustentável de > SÍTIOS DO PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE extinção, a manutenção do equilíbrio climático e ecológico. Em 1972, no Acre, foi escrito um novo capítulo da história das UCs: a luta dos seringueiros, que liderados por Chico lação dos animais. A diretora executiva da Fundação Vitória Amazônica, Muriel Saragoussi, mostra no mapa quais são as terras que fazem parte do Corredor Mamirauá, no Amazonas. Pesquisadores e ribeirinhos criaram um modelo de uso sustentável dos recursos. Na Resex Chico Mendes aprendemos a tirar o óleo da copaíba, mais > ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO > ENVOLVIMENTO DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS Mendes conquistaram uma nova categoria, a das Reservas Extrativistas (Resex). Essas reservas se estenderam para Ecológico, e explica a concepção deste trabalho. No segundo bloco, Almir vai até a Floresta Nacional do uma alternativa da comunidade. Na reserva de desenvolvimento sustentável do Iratapuru, no Amapá, a preocupação > EXEMPLOS DE PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL outras comunidades tradicionais que viviam do extrativismo. Tapajós, onde é desenvolvido um dos projetos do PPG 7 é com o melhor aproveitamento dos recursos as casta- O apresentador vai até a Reserva Extrativista Tapajós (Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais nhas que são exportadas para a França. Estes são apenas Arapiuns, onde um representante da comunidade fala sobre do Brasil). Um dos integrantes conta um pouco das ações alguns exemplos de que é possível desenvolver sem destru- o modo de vida dos moradores, o que pode e não pode ser desenvolvidas: atividade de pesquisa, ecoturismo, oficina ir a floresta.
3 MERGULHANDO NO TEMA A natureza oferece bens únicos e insubstituíveis às sociedades humanas: purificação da água e do ar; polinização de plantas usadas na alimentação e da vegetação natural; dispersão de sementes; aumento da fertilidade do solo; controle de pragas e doenças; decomposição do lixo e da matéria orgânica; moderação de temperaturas extremas e da força dos ventos; proteção contra raios solares ultravioleta. A idéia de proteger os recursos naturais pela importância que têm para as pessoas é antiga. Na Idade Média foram criados os primeiros parques voltados para proteger espécies da fauna silvestre e seus hábitats,tudo isto visando o exercício da caça. Mas a idéia de reservar áreas especiais, para evitar que fossem destruídas, começou a ser debatida no Estados Unidos, na metade do século XIX, durante a corrida do ouro, em razão da degradação que tal atividade acarretava. Em 1872, o Congresso americano aprovou uma lei que separou 9 mil km para se constituir em um parque público que pudesse proporcionar lazer às pessoas. Foi então criado o Parque Nacional de Yellowstone, primeira área protegida oficialmente estabelecida para fins de conservação de espaços naturais. Esta iniciativa tornou-se um marco referencial na história das unidades de conservação e a criação de áreas protegidas passou a ser considerada a principal estratégia para conservação da biodiversidade. O pensamento norteador dessas ações e que serviu de modelo para o mundo era o de que o desenvolvimento acabaria por destruir o meio ambiente, salvando-se apenas aqueles espaços que pudessem ser protegidos por meio de legislação específica. A criação de parques nacionais como uma amostra representativa de diferentes ecossistemas seria a única forma de salvar pedaços da natureza, contra os efeitos irreversíveis do desenvolvimento urbano-industrial. Adotada em diversos países, a política de proteção legal de áreas especiais passou por importantes modificações em anos recentes. Além da beleza cênica, foram definidos objetivos mais amplos como a proteção dos recursos hídricos, a manutenção de estoques de espécies ameaçadas e do equilíbrio climático e ecológico, a preservação de recursos genéticos e a conservação da biodiversidade em seu estado natural. Corrida do ouro Em 1848, pepitas de ouro foram encontradas em um rio na Califórnia. A notícia se alastrou, atraindo mais de 100 mil pessoas de todas as partes dos EUA para a região. Biodiversidade Biodiversidade, ou diversidade biológica, pode se referir à variedade de organismos vivos, à variedade genética, ou à variedade de ecossistemas. PARA SABER MAIS > O conceito de área protegida foi consagrado pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) como uma área de terra ou mar, especialmente dedicada à proteção e manutenção da diversidade biológica e de recursos naturais e culturais associados e manejados por instrumentos legais ou outros meios efetivos. H ISTÓRICO DAS ÁREAS PROTEGIDAS NO B RASIL Cem anos depois da primeira experiência ocorrida no Estados Unidos, as unidades de conservação abriram um novo capítulo em nossa história; tornando o Brasil um dos principais protagonistas mundiais no setor. Na década de 1970, algumas áreas da região amazônica foram palco de conflitos entre fazendeiros e seringueiros: os primeiros, interessados em cortar a floresta para implantar fazendas de gado; e os seringueiros procurando manter as árvores que representavam seu meio de vida, a seringueira e a castanheira, e o ambiente no qual viviam. 95
4 Do conflito de interesses, constatou-se que quando as sociedades humanas dependem diretamente dos recursos naturais para obter a própria subsistência, elas desenvolvem práticas voltadas para assegurar que estes recursos não sejam exauridos ou destruídos. São pessoas que moram nas florestas, nas margens de rios e lagos, próximas a recursos que fazem parte da sua tradição cultural, e que retiram do ambiente praticamente tudo do que precisam para viver. Sob a liderança de Chico Mendes, em outubro de 1985, mais de cem seringueiros se reuniram em Brasília, vindos de diferentes partes da região amazônica e apresentaram ao governo uma proposta inovadora: autodenominaram-se guardiões da floresta e pleitearam a proteção do Estado para as áreas nas quais viviam havia gerações. À semelhança dos índios que têm reservas indígenas, definiram as suas como Reservas Extrativistas. Assim, a concepção de que era preciso proteger algumas áreas naturais para evitar que fossem destruídas foi acrescida de uma outra idéia: a de que era preciso proteger áreas nas quais grupos sociais vivem utilizando os recursos naturais como haviam aprendido com seus pais e avós, sem causar danos ao meio ambiente. Em 1990 foram criadas as primeiras Reservas Extrativistas, nos estados do Acre, Rondônia e Amapá e uma legislação específica foi definida para este tipo de área protegida. PARA SABER MAIS > Qual o principal significado da criação de Reservas Extrativistas? Até aquele momento, não se admitia que as pessoas vivessem em unidades de conservação. Segundo a ótica então vigente, as unidades eram criadas para proteger a natureza das ações predatórias das pessoas. A iniciativa dos seringueiros demonstrou, entretanto, que as populações que dependem dos recursos naturais e que utilizam tecnologias apropriadas contribuem para a conservação da natureza, especialmente porque sua sobrevivência está diretamente relacionada à manutenção dos recursos que utilizam. Além disso, ao assegurar que estes recursos sejam protegidos, também prestam um serviço ambiental ao país e ao planeta. Por estas razões, tais populações devem ter seus territórios protegidos e seus direitos assegurados. A consolidação de todas estas idéias ocorreu em 1992, com a assinatura da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), durante a Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, a RIO-92. A CDB reconheceu a distribuição desigual da biodiversidade no mundo e criou mecanismos internacionais para garantir sua proteção. Os países desenvolvidos, consumidores da biodiversidade e dos recursos genéticos, empobreceram sua biodiversidade enquanto suas economias cresciam. Por outro lado, os países tropicais, menos desenvolvidos, passaram a concentrar a maior parte da biodiversidade do planeta. Para equilibrar esta diferença, a CDB estabeleceu que os custos com a conservação da biodiversidade, assim como os benefícios advindos da comercialização de produtos, devem ser partilhados entre os países. Outro aspecto relevante da CDB foi a ampliação dos objetivos da conservação. A Convenção salientou a importância do uso sustentável da biodiversidade e também da justa e equilibrada divisão dos benefícios advindos desta utilização sustentável. O exemplo dos seringueiros e de outras populações que vivem dos recursos naturais, como os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os castanheiros e as mulheres quebradeiras de coco-babaçu foi reconhecido internacionalmente. A síntese desse processo histórico é o conceito de sistema de unidades de conservação que temos hoje: territórios criados pelo Poder Público que asseguram tanto a conservação da biodiversidade quanto o uso sustentável realizado pelas populações tradicionais. A POLÍTICA N ACIONAL P ARA AS U NIDADES DE C ONSERVAÇÃO PARA SABER MAIS > O Brasil dispõe de uma legislação específica, inspirada na CDB, para proteger territórios de interesse estratégico para o país. O Snuc (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) foi criado no ano de 2000 pela Lei Federal nº O Snuc regulamenta o artigo 225 da Constituição Federal de 1988, estabelecendo os critérios e as normas para a criação, implantação e gestão de áreas protegidas. No Brasil as áreas protegidas são denominadas Unidades de Conservação (UCs). A definição legal deste termo diz que são espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas, com características naturais relevantes. O Snuc procura assegurar ações ligadas à conservação de forma a: > contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos; > proteger as espécies ameaçadas de extinção; > contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; > proteger paisagens naturais e pouco alteradas, de notável beleza cênica; > proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; > proteger e recuperar recursos hídricos e ecossistemas degradados. CHICO MENDES, e o Parque Ambiental Chico Mendes, importante ponto turístico em Rio Branco/AC
5 FIQUE POR DENTRO O Snuc prevê que quando for necessária a desocupação de alguma área para a criação de unidades de conservação, deve-se garantir às populações tradicionais, cuja subsistência dependa da utilização de recursos naturais existentes no interior das unidades, meios de subsistência alternativos ou a justa indenização pelos recursos perdidos. Também são objetivos do Snuc promover a conservação da natureza no processo de desenvolvimento; além de proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica e de monitoramento ambiental; valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; favorecer condições e promover a educação e a interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico, bem como proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. A interação entre organizações não governamentais, organizações privadas e pessoas físicas é fundamental para a criação e gestão das unidades de conservação. Esse processo deve ser integrado com as políticas de administração das terras e águas, considerando as condições e necessidades sociais e econômicas locais. A criação de uma UC deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade. As unidades de conservação devem possuir um plano de manejo, que é a ferramenta que vai determinar o que deve ou não e o que pode ou não ser feito dentro da unidade de conservação. O Plano de Manejo deve conter o zoneamento interno e as regras de uso, conservação e recuperação das áreas no interior da unidade de conservação e em seu entorno. A maior extensão de áreas protegidas estaduais por estado encontra-se na região Norte, que concentra 49% dessas áreas e 12% das unidades de conservação estaduais do país. Ali se concentram as unidades de conservação mais extensas (sete delas possuem mais de 1 milhão de hectares, sendo que a Área de Proteção Ambiental (APA) da Ilha de Marajó, no Pará, tem quase 6 milhões de hectares). C LASSIFICAÇÃO DAS U NIDADES DE C ONSERVAÇÃO PARA SABER MAIS > Para entender as diferenças entre as modalidades de unidades de conservação, é preciso entender dois conceitos que muitas vezes são confundidos: preservação e conservação. Preservação é o conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visam a proteção, em longo prazo, das espécies, hábitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais. Conservação é o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer às necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. A essência da diferença entre um conceito e outro é que o primeiro significa a proteção da natureza tal qual ela é, sem interferência humana; e o segundo implica em manejo por populações, desde que de forma sustentável. SERRA DO IMERI e ao fundo o Pico da Neblina no Parque Nacional do Pico da Neblina/AM. Cada categoria de unidade de conservação prevista no Snuc tem uma finalidade distinta e normas de uso e de conservação. Com base em tais conceitos, há duas categorias de unidades de conservação: de Proteção Integral ou de Uso Sustentável. VEGETAÇÃO de mangue da Área de Proteção Ambiental da Ilha de Marajó/PA Proteção Integral > têm como objetivo a preservação, ou seja, visam a manutenção dos ecossistemas sem a interferência humana, admitido apenas o uso indireto de seus atributos naturais. Há cinco tipos de Unidades de Conservação de Proteção Integral: > Estação Ecológica, com foco na pesquisa; > Reserva Biológica objetiva a preservação integral; > Parque Nacional protege espaços com beleza cênica; > Monumento Natural destina-se a proteger raridades naturais; > Refúgio da Vida Silvestre é espaço destinado à reprodução de espécies. Não há unidades de conservação desta categoria na região Norte
6 FIQUE POR DENTRO A fonte dos dados apresentados neste capítulo para as UCs federais é o Ibama e a lista foi atualizada em 01/03/2004. A fonte para as UCs estaduais são os órgãos estaduais de meio ambiente de cada estado da região Norte e os dados foram atualizados em 30/04/2004. Uso Sustentável > buscam a conservação dos recursos naturais, ou seja, visam a exploração do ambiente de modo a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos de forma socialmente justa e economicamente viável. Há sete tipos de Unidades de Conservação de Uso Sustentável: > Área de Proteção Ambiental visa disciplinar o uso do território; > Área de Relevante Interesse Ecológico refere-se a ecossistemas raros; > Floresta Nacional destina-se à exploração florestal sustentável; > Reserva Extrativista é utilizada por comunidades tradicionais; > Reserva de Desenvolvimento Sustentável serve para a preservação e utilização por populações; > Reserva Particular de Patrimônio Natural é área privada destinada à conservação da biodiversidade; > Reserva de Fauna faz-se o manejo de espécies. Não há unidades de conservação desta categoria na região Norte. A seguir são apresentadas as categorias de Unidades de Conservação definidas pelo Snuc e informações relativas a cada uma. Inclui apenas os estados da região Norte, excluindo, portanto, UCs situadas no Mato Grosso e no Maranhão que fazem parte da Amazônia Legal. As listas apresentadas não incluem as Reservas Particulares de Patrimônio Natural, pois tais dados não estão disponíveis. ESTAÇÃO ECOLÓGICA > Tem como objetivos a preservação do ecossistema e a realização de pesquisas científicas nesse caso sujeitas a condições específicas e restrições. Por se tratar de área de posse e domínio públicos, as terras particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional. Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso de: 1) medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados; 2) manejo de espécies com a finalidade de preservação da diversidade biológica; 3) coleta controlada de material com finalidade científica. RESERVA BIOLÓGICA > Tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais. As únicas alterações previstas, mediante autorização, são ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural e pesquisas científicas. Por se tratar de área de posse e domínio públicos, as terras particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. É proibida a visitação pública, exceto com objetivo educacional. PARQUE NACIONAL > Tem como objetivo a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Como a área é de posse e domínio públicos, as terras particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. A visitação pública e as pesquisas científicas estão sujeitas às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade e pelo órgão responsável por sua administração. As unidades desta categoria, quando criadas pelo estado ou município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal. MONUMENTO NATURAL > Tem como objetivo preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários, do contrário a área deve ser desapropriada. A visitação pública está sujeita a condições e restrições. O quadro a seguir apresenta um resumo das UCs federais e estaduais de Proteção Integral que totalizam 58 unidades, abrangem uma área de cerca de 30 milhões de hectares, o que representa 7,8% do território da região Norte. Os Parques Nacionais constituem a categoria de UC mais importante na região. U NIDADES DE U SO S USTENTÁVEL Resumo da UCs Federais e Estaduais de Proteção Integral da Amazônia UCs Federais Área em ha UCs Estaduais Área em ha Estações Ecológicas Estações Ecológicas Reservas Biológicas Reservas Biológicas Parques Nacionais Parques Estaduais Monumento Natural Reserva Ecológica Reserva Ecológica Subtotal Subtotal ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL > Geralmente são áreas extensas e com alguma ocupação humana, dotadas de atributos especialmente importantes para a qualidade de vida. Têm como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. As Áreas de Proteção Ambiental (APAs) podem ser constituídas por terras públicas ou privadas e, respeitando os limites constitucionais, áreas privadas podem ser utilizadas dentro dos limites da unidade de conservação. Nas áreas de domínio público, as condições para pesquisa científica e visitação são estabelecidas pelo órgão gestor da unidade enquanto nas áreas privadas cabe ao proprietário estabelecer essas condições, observando as restrições legais. Uma APA dispõe de um Conselho, presidido pelo órgão administrativo responsável e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente. ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO > Geralmente são áreas de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional. Tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. As Áreas de Relevante Interesse Ecológico (Arie) podem ser constituídas por terras públicas ou privadas e, respeitando os limites constitucionais, áreas privadas podem ser utilizadas dentro dos limites da unidade de conservação
7 FLORESTA NACIONAL > É uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. Como a Floresta Nacional (Flona) é de posse e domínio públicos, as terras particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. Nas Flonas é admitida a permanência das populações tradicionais que a habitavam quando foram criadas. A visitação pública e as pesquisas são permitidas, sujeitas às disposições legais. A unidade desta categoria, quando criada pelo estado ou município, é denominada, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal. A categoria mais representada do sistema de UCs, na região Norte, é formada pelas Florestas Nacionais e Estaduais. Além disso, duas outras categorias de florestas, com objetivos semelhantes, foram criadas no estado de Rondônia: Florestas Estaduais Extrativistas e de Rendimento Sustentado. RESERVA EXTRATIVISTA > Área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e na agricultura de subsistência e na criação, em reduzida escala, de animais de pequeno porte. Tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. É de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais, como disposto em lei, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. A Reserva Extrativista (Resex) é gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão administrativo responsável e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área. A visitação pública e a pesquisa científica são permitidas, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade. São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional. A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na área. RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL > Área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais desenvolvidos ao longo de gerações, adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham papel fundamental na proteção e manutenção da diversidade biológica. Tem como objetivos preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais. Como é de domínio público, as propriedades particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. A gestão é feita por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão administrativo responsável e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área. As atividades desenvolvidas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) devem obedecer às seguintes condições: 1) é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com o disposto no Plano de Manejo da área; 2) é permitida e incentivada a pesquisa científica voltada para a conservação da natureza, para a melhor relação das populações residentes com seu meio e para a educação ambiental, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade; 3) deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a conservação; e 4) é admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo sustentável e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área. O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável define as zonas de proteção integral, de uso sustentável, de amortecimento e de corredores ecológicos. RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL > Área privada sobre a qual são estabelecidos limites de utilização, com o objetivo de conservar a diversidade biológica do local. Esta limitação é perpétua, ou seja, não pode ser modificada, e é feita através de um termo de compromisso assinado pelo proprietário da área, perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público. Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. O quadro a seguir apresenta um resumo das UCs federais e estaduais de de Uso Sustentável que totalizam 118 unidades, abrangem uma área de 47,7 millhões de hectares, o que representa 12,4% do território da região Norte. As Florestas Nacionais e Reservas Extrativistas são as categorias mais importantes. RESUMO DAS UCS FEDERAIS E ESTADUAIS DE USO SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA UCs Federais Área em ha UCs Estaduais Área em ha Áreas de Proteção Ambiental Áreas de Proteção Ambiental Áreas de Relevante Interesse Ecológico Florestas Nacionais Florestas Estaduais Florestas Estaduais Extrativistas Florestas Estaduais de Rendimento Sustentado Reservas Extrativistas Reservas Extrativistas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Subtotal O quadro abaixo resume a situação atual das UCs federais e estaduais de Proteção Integral e de Uso Sustentável. RESUMO DAS UCS FEDERAIS E ESTADUAIS DA AMAZÔNIA UCs Fed. Área em ha UCs Est. Área em ha UCs Fed. e Est. Área em ha % Região Norte P.Integral ,9 U.Sustentável ,4 Total ,3 Observe-se que as 27 APAs foram excluídas, pois muitas vezes outras UCs estão contidas nos territórios das APAs
8 DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A resposta é não. O planeta não suportaria. A solução está em se buscar o equilíbrio. Os países desenvolvidos devem diminuir o consumo e os países em desenvolvimento precisam crescer de forma a não esgotar os recursos da natureza. Para tal, é imprescindível que os países mais ricos auxiliem os países mais pobres no avanço tecnológico, para que o desenvolvimento sustentável possa acontecer. IMAGEM DE UMA QUEIMADA, seguida de desmatamento, um dos maiores impactos ambientais sofridos pelo ecossistema amazônico. Quando vemos imagens de animais que não conhecemos, de florestas que nunca visitamos, de rios nos quais nunca nadamos ou de montanhas e serras que nem imaginávamos que existiam, temos a sensação de que alguém está cuidando para que o planeta continue assim, bonito e selvagem, por muitos anos. Mas quando vemos árvores sendo derrubadas e florestas queimadas, animais fugindo e rios secando, ficamos cheios de dúvidas. Por que isso acontece? Será preciso tanta destruição para alcançar o progresso? Estas questões vêm preocupando a todos desde que se percebeu que o ritmo do progresso é mais intenso do que a natureza é capaz de suportar. A causa principal deste descompasso é o nível elevado de consumo, principalmente nos países desenvolvidos, levando a gastos não sustentáveis de energia, água, petróleo e outras matérias-primas. Por outro lado, os países em desenvolvimento, geralmente são os que ainda têm a natureza menos perturbada. Muitos países desenvolvidos atingiram essa condição exaurindo seus recursos naturais. Dessa forma nos perguntamos: será que os países em desenvolvimento precisam seguir o mesmo caminho para assim se tornarem mais ricos? DESMATAMENTO O estado de Rondônia foi responsável por 11,8% do total do desmatamento na Amazônia entre 1997 e 1998, e por 13,6% entre 1998 e 1999, só perdendo para o Mato Grosso e o Pará. Os três estados foram responsáveis por 83,5% do total desmatado na Amazônia entre 1998 e Rondônia possuía, em 1999, 11 Unidades de Conservação de Proteção Integral, 35 Unidades de Uso Sustentável e 24 Terras Indígenas. A eficiência das UCs é visível. Até 1999, 29% do estado já havia sido desmatado, mas percebe-se nas áreas protegidas e reservas indígenas uma redução significativa do desmatamento e da incidência de queimadas. Além disso, algumas áreas definidas como prioritárias em 1999 já haviam sido destruídas pelo desmatamento em Este caso demonstra a importância e urgência de criação de áreas protegidas na Amazônia, antes que a construção e a pavimentação de estradas facilite a ocupação desordenada e o desmatamento desenfreado. O ritmo do desmatamento na Amazônia tem sido muito superior à criação das unidades de conservação, resultando em pressões crescentes sobre áreas identificadas como prioritárias para a preservação e conservação dos recursos naturais
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