POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO: A EFETIVAÇÃO DA LEI Nº 9394/96.
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- Fábio Machado Pedroso
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1 POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO: A EFETIVAÇÃO DA LEI Nº 9394/96. Resumo STIVAL, Maria Cristina E. Esper - PUCPR cristinaelias@terra.com.br GISI, Maria Lourdes, PUCPR maria.gisi@pucpr.br Eixo Temático: Políticas Públicas e Gestão da Educação. Neste artigo busca-se analisar a formação de professores do ensino fundamental face às mudanças das políticas educacionais, decorrentes dos 13 anos da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -LDB Lei nº 9394/96. Neste contexto, destaca-se o contido nos artigos nº 61 à 67 da referida Lei e as mudanças provenientes, depois da implantação, em que se configura um novo perfil de formação de professores, que exige uma análise aprofundada da identidade que se pretende construir. Demonstrando o caráter dessas políticas e do novo perfil dos profissionais da educação, num enfoque da flexibilização e a polarização das competências exigidas, busca-se refletir sobre a formação de professores decorrentes das questões legais implantadas. Considera-se que as políticas propostas para a formação de professores inviabilizam a construção da identidade do professor como profissional da educação, para constituí-lo como tarefeiro, a partir de uma formação aligeirada e desqualificada. O que se pretende é uma formação que possibilite aos professores compreender a realidade em que atuam e serem capazes de transformá-la. No entanto, as mudanças que estão acontecendo após a aprovação da LDB, estão muito distantes de contemplar uma formação profissional que possa atender as necessidades atuais da escola básica, ao contrário verifica-se novamente que os problemas da educação básica são considerados como de responsabilidade única do professor, não se questionando suas condições de trabalho e as condições de vida dos seus alunos, que em termos de capital social e cultural apresentam inúmeras carências. Para tanto, as mudanças somente poderão ocorrer mediante a organização interna da categoria, buscando identificar entre as perspectivas apontadas pelo MEC, as condições para a formação dos profissionais da educação, que sejam condizentes com as necessidades concretas da educação básica na atualidade. Palavras-chave: Políticas educacionais. Formação de professores. Educação básica Introdução
2 7093 O presente texto aborda a temática da formação de professores no Brasil, uma discussão que se fez presente na disciplina cursada no decorrer do doutorado em educação e em que foram abordadas temas tais como: formulação das políticas sociais; política educacional como política pública de natureza social; o papel dos organismos internacionais na formulação das políticas educacionais; políticas educacionais e as implicações para a educação superior e a avaliação das políticas educacionais e políticas de formação de professores para a educação básica, objeto deste estudo.tais discussões, durante do primeiro semestre do ano de 2009, levaram ao interesse de aprofundar a temática sobre a formação de professores, dada às discussões com abrangência nacional em fóruns da educação pelos pesquisadores e profissionais da educação. As discussões se referem à necessidade de repensar a formação de professores, a partir das mudanças decorrentes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº 9394/96 e do Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica 1 que pontuam determinadas mudanças no cenário educacional. Neste contexto destaca-se o contido nos artigos nº 61 à 67 da Lei nº 9394/96 e as mudanças decorrentes da sua implantação, em que se configura um novo perfil de formação de professores, que remete a identidade que se pretende construir com tais mudanças. Políticas de formação de Professores A década de1990 representa a preocupação com as mudanças no âmbito nacional da educação brasileira, em consonância com o plano de ação da Educação para Todos e do Plano Decenal, que fazem parte das reflexões e análises sobre qualidade da educação básica. Este interesse pode ser observado em Freitas: Também à época a qualidade da educação e da escola básica passa a fazer parte das agendas de discussões e do discurso de amplos setores da sociedade e das ações e políticas do MEC, que buscava criar consensos facilitadores das mudanças necessárias na escola Básica, principalmente no campo da formação de professores. Tais mudanças encontram no processo de elaboração e aprovação da LDB, em 1996, o marco da institucionalização das políticas educacionais que, e gestadas 1 A intenção é formar, nos próximos cinco anos, 330 mil professores que atuam na educação básica e ainda não são graduados. De acordo com o Educacenso 2007, cerca de 600 mil professores em exercício na educação básica pública não possuem graduação ou atuam em áreas diferentes das licenciaturas em que se formaram.
3 7094 desde o inicio da década, se aprofundam nos anos de FHC e fundamentam, posteriormente o Plano Nacional de Educação (PDE) do governo, em contraposição ao PNE da sociedade. (FREITAS, 2007, p.25) A educação brasileira na contemporaneidade é fruto de políticas neoliberais do governo federal, que aparentemente demonstra à população brasileira questões voltadas aos interesses ditos coletivos, mas que na realidade são características da globalização econômica com ações consideradas excludentes, ressaltando aspectos da cultura dominante, em especial, de países estrangeiros que já haviam ditado as políticas públicas, no decorrer da ditadura militar. Repensar, a formação do professor significa subsidiar com conhecimentos, práticas e políticas os processos de formação. Atualmente, a formação de professores e a capacitação em serviço vivenciam uma realidade totalmente diferenciada do que se pregava anteriormente em termos de capacitação. Uma formação continuada que visa valorizar o professor como sujeito crítico-reflexivo, aponta para a relevância da reflexão na ação, da reflexão sobre a ação e da reflexão sobre a reflexão na ação. (GHEDIN & PIMENTA, 2002, p.29). Ao se considerar esta dimensão da formação, se faz necessária uma reflexão das questões educacionais, e para isto cabe retomar a LDB, no seu artigo 61: A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. (BRASIL, 1996) O artigo abre possibilidade de aproveitamento de todo tipo de formação e experiência profissional, desconsiderando a importância da formação nos cursos de pedagogia e demais licenciaturas em Universidades com a devida formação em ensino, pesquisa e extensão. Numa outra indicação da Lei tem-se a preocupação com a formação superior de professores das séries finais do ensino fundamental e ensino médio, o que levou a busca por esta modalidade de formação por professores em exercício em cursos, muitos vezes à distância sem a devida qualidade de ensino, que se requer para formação de professores. Assim diz a Lei:
4 7095 A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (BRASIL, 1996) No que se refere ao ensino fundamental em seu artigo 62, a LDB define "como formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal". Para a formação desses "professores" leigos algumas iniciativas foram tomadas, entre elas, o Programa de Formação de Professores em Exercício (PROFORMAÇÃO) 2, financiado pelo Banco Mundial. A criação de Institutos Superiores de Educação e dos Cursos Normais Superiores e a manutenção da formação de professores das séries iniciais e da educação infantil, em nível normal médio, assim orientaram o processo de regulamentação da LDB. Para tanto Freitas, analisa que: A criação e expansão destes novos espaços de formação teve como objetivo central ampliar a oferta de ensino superior não necessariamente universitário- abaixo custo, criando novas instituições formadoras, específicas para formação de professores para todos os níveis inclusive em curso de pós-graduação. Como previa à época resolução do CNE 3 ). (FREITAS, 2007, p.30). Percebe-se, assim, que a escolaridade não é o critério fundamental de exigência, pois a Lei nº 9394/96 não deixa clara a questão sobre os institutos superiores de educação e sobre os cursos de pedagogia. Foram várias as proposições, sem destacar o verdadeiro papel da existência das instituições e sem garantir um curso efetivo de qualidade. A Lei determina no art. 62, que para os professores da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental é admitida como formação mínima para o exercício do magistério [...] a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (BRASIL, 1996). Já nas 2 Ressalta Brzezinski, 2008 que ao PROFORMAÇÃO conjugam-se outros programas emergenciais como a Licenciatura Plena Parcelada em Pedagogia. 3 Em 2003, Minuta de Resolução apresentada pelo CNE em consulta pública em seu site, estabelece que os ISEs, além do normal Superior e licenciaturas poderia abrigar os Curso de pedagogia licenciaturas e criava os bacharelado em pedagogia como complementação de 800 horas. Poderia ainda abrigar Mestrado, doutorado especialização, além da pós-graduação profissional. (FREITAS, 2007, p.25).
5 7096 disposições transitórias no inciso 4º consta que Até o final da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço. Esta dubiedade do nível de formação exigido foi motivo de preocupação dos professores que já se encontravam em exercício. E, ainda segundo o MEC o curso de pedagogia que desejava oferecer formação de professores, em nível superior, deveria fazê-lo mediante o curso normal superior. Esta modalidade passa então a ser ofertada, em todo o país por força das mudanças provocadas pelas reformas educacionais, amparadas pela LDB. Confome Brzezinski: Outros modelos de preparo professor previstos na LDB/1996 aceleraram a criação de instituições desobrigadas de realizar pesquisa, tais como: o Instituto Superior de Educação e a Escola Normal Superior. Desse modo, a formação extramuros da universidade, fica aligeirada, pois basta ao futuro professor ser treinado para transmitir conhecimentos em suas aulas. Diante desse quadro, a universidade consolida-se como instituição clássica de formação de professores na modalidade inicial compromissada com o desenvolvimento da pesquisa articulada, ao ensino e à extensão. (BRZEZINSKI, 2008, p.03) A autora demonstra que trata-se de uma legislação que possibilita a implementação em instituições privadas de ensino, numa visão equivocada. Portanto, a formação de professores, sem compromisso com a formação para a pesquisa e a extensão universitária. Para explicar, tal situação aponta a Kuenzer: Ao retirar da universidade a formação do professor, o governo nega a sua identidade como cientista e pesquisador, ao mesmo tempo em que nega à educação o estatuto epistemológico de ciência, reduzindo-a a mera tecnologia, ou ciência aplicada, ao mesmo tempo em que reduz o professor a tarefeiro, chamado de "profissional", talvez como um marceneiro, encanador ou eletricista, a quem compete realizar um conjunto de procedimentos preestabelecidos. Nessa concepção, de fato, qualquer um pode ser professor, desde que domine meia dúzia de técnicas pedagógicas; como resultado, destrói-se a possibilidade de construção da identidade de um professor qualificado para atender às novas demandas, o que justifica baixos salários, condições precárias de trabalho e ausência de políticas de formação continuada, articuladas a planos de carreira que valorizem o esforço e a competência. Ou seja, as atuais políticas de formação apontam para a construção da identidade de um professor sobrante. (KUENZER, 1999, p.16). No âmbito das atuais políticas públicas, entende-se que a formação docente está atrelada a um processo de aligeiramento e rebaixamento da formação, em que se privilegia a
6 7097 formação descomprometida com a pesquisa, a investigação e a formação sólida dentro da universidade. Retomando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, no que se refere aos profissionais da educação, no artigo 64, ressalta: A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (BRASIl,1996). Em relação aos chamados especialistas de educação, Paro (2001, p.60), diz que a LDB pouco inova com relação à legislação anterior. Segundo o autor, esta vinculação da formação dos profissionais, na graduação, ao curso de pedagogia, prolonga a nefasta associação com as atuais habilitações. Herdeira do tecnicismo educacional, esta concepção, insiste em propugnar por uma formação diferenciada para o ocupante do posto de direção, como se todos os educadores escolares, não devessem ser candidatos a uma eventual função diretiva na escola. Para destacar, tal discussão em face desta opção, outros desafios aqui se impõem na medida em que precisam ser discutidas também questões externas à formação inicial e continuada de professores, mas que interferem na qualidade da educação básica brasileira, entre elas a regulação e avaliação pelo Estado da formação de professores por meio de certificação de competências 4 e a criação de um órgão regulador da profissão, por integrantes da categoria profissional de professor. Tal certificação é considerada por Brzezinski: A certificação de competências do professor do ensino fundamental é uma das vertentes da arquitetada política educacional de Fernando Henrique Cardoso, configurando-se em perfeito mosaico de simultaneidade de ações: Parâmetros Curriculares Nacionais, Política do Livro Didático, DCN para a formação de professores e o sistema de avaliação de larga escala do desempenho de alunos, professores e instituições escolares. (BRZEZINSKI, 2008,p.10) Nesse sentido, de fato, qualquer um pode ser professor, desde que conheça algumas técnicas ditas pedagógicas, como resultado, destrói-se a possibilidade de construção da 4 Sistema Nacional de Formação continuada e certificação de professores, criado em junho pela Portaria n 1403(MEC, 2003).
7 7098 identidade de um professor qualificado, para atender às novas demandas, o que justifica baixos salários, condições precárias de trabalho e ausência de políticas de formação continuada, articuladas a planos de carreira que valorizem o esforço e a competência. A autora expõe que: É evidente que o modelo padronizado de ações e aferição de resultados das políticas de formação de professores de FHC e também do Governo Lula encontra razões no significado aqui explícito de competências, com base em estudos do modelo educacional francês realizados por Ropé e Tanguy (1997). Durante a gestão de Paulo Renato de Souza, o MEC valeu-se de expertises estrangeiros, entre eles os da França, cuja especialidade era questões de currículo, formação de professores e certificação de competências. (BRZEZINSKI, 2008,p.10) A valorização dos professores a o Sistema Nacional de Formação Continuada e Certificação de Professores, com ações propostas pela MEC, no governo Lula, tem como pretensão, à elevação progressiva da remuneração do trabalho docente, por meio da fixação de um piso salarial 5 [...] (MEC, 2003, p.7). Para legitimar, tal questão adotou-se o lema intitulado; seria investir na cabeça, no coração e no bolso do professor. Aspectos que reforçam a situação salarial atrelada à competência do professor, ou seja, caso demonstre na sua prática escolar, resultados satisfatórios o professor receberá benefícios, criando assim uma rivalidade e ansiedade no clima educacional. Retomando a LDB no Art ao se referir à valorização dos profissionais de ensino indica: 5 Em março de 2007, a proposta de piso salarial para os professores foi encaminhada pelo governo federal, em forma de projeto de lei, à Câmara dos Deputados. O projeto, de nº 619/2007, foi anexado ao de nº 7.431/2006, de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que já tramitava no Senado Federal. Ambos deram origem à Lei nº , de 16 de julho de De julho de 2008 a janeiro de 2010, prefeitos e governadores terão de promover ajustes na estrutura administrativa para conseguir pagar o valor total do piso. Os entes federados que comprovarem insuficiência de verba para oferecer os reajustes receberão complementação da União com recursos do Fundo da Educação Básica (Fundeb). 6 1 o A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino.(renumerado pela Lei nº , de 2006) Altera o art. 67 da Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, incluindo, para os efeitos do disposto no 5 o do art. 40 e no 8 o do art. 201 da Constituição Federal, definição de funções de magistério. 2 o Para os efeitos do disposto no 5 o do art. 40 e no 8 o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico. (Incluído pela Lei nº , de 2006)
8 7099 Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III - piso salarial profissional; IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; VI - condições adequadas de trabalho. (BRASIL, 1996). Os pontos destacados na LDB sobre a valorização do magistério, após 12 anos da sua aprovação, ainda não se fizeram sentir na íntegra, revelando o descaso do poder público com a valorização dos profissionais da educação, neste caso, os professores. Outro aspecto a considerar, é sobre a experiência docente colocada como pré-requisito para o exercício das funções do magistério, conforme o conteúdo do parágrafo único A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino neste artigo 67 se revela um ponto altamente positivo do ponto de vista das conquistas no âmbito educacional, assim como à determinação do inciso I, ao estabelecer o concurso público como norma para o ingresso na carreira do Magistério. Espera-se que a burocracia estatal, não exerça sua influência, no sentido de interpretar esse dispositivo como estímulo para impor mais um concurso com provas de conhecimentos no campo administrativo, pois o que realmente interessa é valorizar o concurso de natureza pedagógica, pois a escola tem função precípua pedagógica no que se refere às suas ações. As políticas atuais contemplam um Plano Nacional de Formação de Professores que consolida a Política Nacional de Formação de Professores, instituída pelo Decreto 6755/2009, e que prevê um regime de colaboração entre União, estados e municípios, para a elaboração de um plano estratégico de formação inicial para os professores que atuam nas escolas públicas. A ação está inserida como meta no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), em vigor desde abril de O Programa distribuirá bolsas aos alunos das licenciaturas e pedagogias das universidades públicas receberão bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento
9 7100 de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) para desenvolver projetos de educação dentro das escolas da rede pública. Entre as ações a serem viabilizadas pelo PDE, o Ministro da Educação: Fernando Haddad, apresenta como atribuições da universidade o papel formador de professores em cursos presenciais. Ocorre, entretanto, que as políticas educacionais adotadas pelo seu Ministério e financiadas por órgãos internacionais contradizem os discursos de Haddad, quando estimulam a oferta de cursos a distância, para formar professores na Universidade Aberta do Brasil (UAB) 7 a fim de que, até 2010, seja coberto o déficit de professores para a Educação básica. A grande preocupação Ministério da Educação está voltada ao incentivo da carreira do magistério nas áreas da educação básica, com maior carência de professores e que são prioritárias nas áreas de conhecimento de ciência e matemática de 5ª a 8ª série do ensino fundamental, e as áreas de física, química, biologia e matemática no ensino médio. Com essa mudança, prevê-se que a política de financiamento educacional brasileira ampliará. O montante de recursos, conforme a escala de implantação gradual do Fundo, prevista pelo governo federal, também terá um aumento significativo. A Emenda n. 53/06, ao instituir o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), representou um avanço em termos da implementação progressiva do direito à educação, pois incluiu o atendimento à educação infantil e ao ensino médio entre suas metas, mas é preciso que haja um controle rigoroso para que os recursos sejam aplicados, conforme o que se estabelece na legislação, em especial, no que diz respeito a valorização do magistério. Considerações Finais A implementação de políticas educacionais deve levar em consideração as rápidas transformações econômicas e tecnológicas do mercado de trabalho, que de forma perversa, acabam gerando a exclusão dentro e fora do universo escolar de estudantes das classes populares. A escola deve ser então, um espaço para análise da sua verdadeira função social e histórica, bem como da sua relação com os diversos problemas sociais, entre eles, a falta de perspectivas de emprego por parte dos adolescentes inseridos numa sociedade capitalista, cujo 7 O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) tem como prioridade a formação de professores para a Educação Básica. Para atingir este objetivo central a UAB realiza ampla articulação entre instituições públicas de ensino superior, estados e municípios brasileiros, para promover, através da metodologia da educação a distância, acesso ao ensino superior para camadas da população que estão excluídas do processo educacional.
10 7101 modelo econômico é excludente e fundamentado no pensamento neoliberal, que além de tudo combate a destinação de recursos para a implementação de políticas sociais. Tais questões levam a preocupação com a formação de professores, não só inicial, mas também a formação contínua dos professores, que deve ter como finalidade permitir ao docente repensar suas práticas e saberes através das situações cotidianas do contexto escolar. As mudanças que estão acontecendo após a aprovação da LDB estão muito distantes de contemplar uma formação profissional, que possa atender as necessidades atuais da escola básica, ao contrário se pensa em um sistema nacional de certificação de competências que embora não tenha sido consolidado na sua íntegra, a perspectiva que se coloca é a de avaliação do conteúdo da aprendizagem e do desempenho do professor como importante eixo de controle do trabalho docente por parte do Estado. Tal avaliação deve ser motivo de análises mais cuidadosas e, em especial, verifica-se que novamente se colocam os problemas da educação como única responsabilidade do professor, não se questionando suas condições de trabalho e as condições de vida dos seus alunos, que em termos de capital social e cultural apresentam inúmeras carências. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei de 20/12/1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasil In: Diário Oficial da União. Ano, nº 248, de 23/12/1996. BRASIL. Projeto de Lei n , de 3/6/2003. Dispõe sobre as Diretrizes da política nacional de formação, certificação e valorização do magistério público. Disponível em: < Acesso em: 10 jul BRASIL. DECRETO No 3.276, DE 6 DE DEZEMBRO DE Dispõe sobre a formação em nível superior de professores para atuar na educação básica, edá outras providências. Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos.Disponível em: Acesso em: 10 jul BRASIL-MEC. Lei n /01 - Plano Nacional de Educação. MEC. Brasília, BRASIL-MEC. Plano Decenal de Educação para Todos. Brasília, BRZEZINSKI, Iria. Políticas contemporâneas de formação de professores para os anos iniciais do ensino fundamental. Educ.Soc. v.29, n.105, Campinas Set./Dec FREITAS, Helena Costa Lopes de. As novas políticas de formação dos educadores. In: Formação do educador, Educação, demandas sócias e utopias. Ijuí: Editora Unijuí, 2007, 23.
11 7102 KUENZER, Acacia Z. As políticas de formação: a constituição da identidade do professor sobrante. educ. Soc. v.20 n.68 Campinas dez PARO. V.H. Escritos sobre educação. 1ª. edição, São Paulo-SP: Xamã, 2001, São Paulo: Cortez, PIMENTA, S.G.; GHEDIN, E. (Orgs.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
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