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1 (N\. t.,s6 azt,p utnrrt43 r14% PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N /001 Taperoá RELATOR : Miguel de Britto Lyra Filho, Juiz de Direito Convocado. APELANTE: Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. ADVOGADO: Breno Wanderley César Segundo. APELADA : Mônica Fernandes Vilar. ADVOGADO: João Pinto Barbosa Neto. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO REQUISITOS PREENCHIDOS APLICAÇÃO DO ART. 550 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 VINTE ANOS DE POSSE ININTERRUPTA, MANSA PACÍFICA E COM ANIMUS DOMINI COMPROVAÇÃO DESPROVIMENTO DO RECURSO. - Os requisitos para que se adquira um imóvel, através de usucapião extraordinário, previstos no Novo Código Civil de 2002, vigente na época da propositura da ação, são a posse mansa, pacífica e ininterrupta sobre o bem, com ânimo de dono, por, no mínimo, 15 anos, a teor do art , do Código Civil Brasileiro. Comprovada a presença de todos esses elementos, impõe-se a procedência do pedido. VISTOS, relatados e discutidos estes autos. ACORDAM, os Desembargadores da Primeira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, negar provimento ao recurso. RELATÓRIO Trata-se de Apelação Cível interposta pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, contra sentença da Comarca de Taperoá, lançada na Ação de Usucapião Extraordinário, movida por Mônica Fernandes Vilar, que julgou procedente o pedido, declarando a aquisição da propriedade mediante usucapião em nome da promovente.

2 Não se conformando com a sentença vergastada, a recorrente manuseou o presente recurso apelatório de fls. 101/105, pugnado pela reforma do decisum, alegando, em síntese, que o imóvel foi objeto de enfiteuse, sendo, impossível o reconhecimento do usucapião. Por fim, requer a total reforma da decisão recorrida. Contra-razões ofertadas às fls. 108/110. Instada a manifestar-se, a Procuradoria de Justiça opinou pelo desprovimento do apelo (fls. 116/118). VOTO: MIGUEL DE BRITTO LYRA FILHO Relator Analisando os fatos e os documentos juntados aos autos, não merece prosperar o apelo. Trata-se de usucapião extraordinário, proposto com fundamento, no tocante ao tempo da posse exercida pela apelada, há mais de vinte anos, contando com a posse de seus antecessores. O animus domini da apelada é incontestável frente à prova testemunhal colhida aos autos, isso é, a posse foi exercida com base na propriedade; caracterizando de forma contínua, mansa e pacífica. Sabe-se que o instituto da usucapião é fenômeno jurídico que se aperfeiçoa com o decurso de determinado lapso de tempo atendida as demais exigências legais. É, portanto, fato anterior à propositura da demanda. A sentença de procedência do pedido ali proferida tem por finalidade declará-lo, servindo de título ao registro no cartório imobiliário. Sabido é que, em se tratando de usucapião extraordinário, seus requisitos encontram-se previstos no art do CC de 2002, antigo artigo 550 do CC de 1916, sendo que este é de ser observado "in casu", posto que em se tratando de direito material, referido diploma encontrava-se em vigor quando da propositura da presente ação. Sobre o tema, a lição de Washington de Barros Monteiro: "A posse ad usucapionem deve ser ininterrupta e sem oposição, além de exercida com ânimo de dono (quantum possessum, tantum praescriptum ). Tais requisitos são indispensáveis, cumprindo assim ao autor, que pretenda reconhecimento do usucapião, demonstrar que sua posse sobre o imóvel, exercida animus domini, durante o prazo legal, nunca foi interrompida, nem sofreu o- 2

3 posição ou contestação de quem quer seja.0 espaço de tempo, no usucapião extraordinário, é o decurso de vinte anos. A posse deve ter atravessado todo esse lapso de tempo de modo contínuo, não interrompido e sem impugnação. (..) O usucapião repousa em duas situações bem definidas: a atividade singular do possuidor e a passividade geral de terceiros, diante daquela atuação individual. Se essas duas atitudes perduram contínua e pacificamente por vinte anos ininterruptos, consuma-se o usucapião". I Com efeito, restou demonstrada através de certidão do Cartório de Registro de Imóveis, contidas nos autos de fls. 15, que o imóvel em questão, já descrito no processo, não está registrado em nome de nenhuma pessoa, consta em um arrolament / de bens deixado por Celestino Fernandes. Outro ponto relevante, comprovando a posse pacifica, contínua e boa fé, está contido através da provas testemunhais que afirmaram que o imóvel em litígio era ocupado pela apelada há mais de 20 (vinte) anos, contando com a posse de seus antecessores. Ademais, inexistem notícias nos autos de ter havido oposição à posse da apelada, entendendo ser a mesma mansa e pacifica já que: "Oposição no sentido que lhe emprestou o legislador, não significa inconformidade, nem tentativa com o fim de demitir de si à posse de determinado imóvel. Antes, isso sim, traduz medidas efetivas, perfeitamente identificáveis na área judicial, visando a quebrar a continuidade da posse, opondo à vontade do possuidor uma outra vontade, que lhe contesta o exercício dos poderes inerentes ao domínio qualificador da posse (Rer. Tribs. 457/252)". A alegação da apelante sob o argumento de que o terreno fora cedido mediante enfiteuse não procede. A enfiteuse é o direito real limitado que confere a alguém, perpetuamente, os poderes inerentes ao domínio útil do imóvel (posse, uso e gozo), com a obrigação de pagar ao proprietário uma renda (pensão, foro) anual, certa e invariável (CC/16, arts. 678 e 679). O Novo Código Civil não regulou esse ultrapassado instituto, proibindo a constituição de novas enfiteuses e subenfiteuses e subordinando as já existentes, até sua extinção, às disposições do Código anterior (art ). Sobre o instituto do aforamento ou enfiteuse, a lição de HELY LOPES MEIRELLES: "Enfiteuse ou aforamento é o instituto civil que permite ao proprietário atribuir a outrem o domínio útil de imóvel, pagando a pessoa que o adquire (enfi- 1 'Curso de Direito Civil', 1988, vol. 3, pág

4 teuta) ao senhorio direto uma pensão ou foro, anual, certo e invariável (CC, art. 678). Consiste, pois, na transferência do domínio útil de imóvel público a posse, o uso e gozo perpétuos da pessoa que irá utilizá-lo daí por diante". Em linguagem técnica, "aforamento ou enfiteuse é o direito real de posse, uso e gozo pleno da coisa alheia que o titular (foreiro ou enfiteuta) pode alienar e transmitir hereditariamente, porém com a obrigação de pagar perpetuamente uma pensão anual (foro) ao senhorio direto" (Direito Administrativo Brasileiro ed, São Paulo: Malheiros, 2001, p. 490/491). Na espécie, observa-se que a assertiva levantada pela Paróquia (apelante) não apresenta qualquer sustentáculo nas provas carreadas para os autos. Sequer acostou aos autos qualquer prova documental que comprove a existência da enfiteuse sobre o imóvel usucapiendo. Diante da ausência de prova de que a Paróquia seja realmente enfiteuta do imóvel em questão e, portanto, legitimado a transferir direito de posse e foro sobre i- móvel de terceiro, não há o que se cogitar sobre esse suposto direito real. O artigo do Código de Processo Civil que trata do ônus da prova é claro: "Art. 333 O ônus da prova incumbe: 1- ; - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Diante disso, e dos fatos trazidos na inicial, à incumbência era da apelante de comprovar tudo o que alegado e, visto que demonstrada a posse, a apelada preen- IIII cheu completamente os requisitos necessários para a declaração de usucapião da área em litígio. De acordo com o artigo 550 do Código Civil de Nesse sentido, já decidiu ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: "AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. REQUISITOS. ART. 550 DO CÓDIGO CIVIL (1916). Exsurgindo dos autos que os autores estão a exercer a posse sobre a área de forma exclusiva há mais de 20 anos, de forma ininterrupta, mansa e pacifica, impõe-se o acolhimento da pretensão aquisitiva, nos termos do art. 550 do Código Civil de 1916, aplicável à espécie. Recurso adesivo. Verba sucumbencial. Cuidando-se de sentença de sentença de procedência, nos termos do art

5 do CPC, descabe recurso adesivo. Negaram provimento ao recurso dos réus e não conheceram a apelação adesiva dos autores". 2 "USUCAPIÃO. QUALIDADE DA POSSE. PROVA. A posse ad usucapionem, depende do fator temporal e reclama exercício animus dom mi. Resta caracterizada a posse alegada por tempo superior ao necessário e é uníssona a prova do animus domini. Presente os demais requisitos de posse contínua mansa e pacifica. Apelo desprovido".3 Portanto, estão demonstrados os requisitos atinentes à aquisição de propriedade por usucapião extraordinário, pois a apelada, possui o imóvel objeto da lide há mais de 20 anos, com ânimo de dono, de forma mansa, pacífica e ininterrupta. Por todo o exposto, nego provimento à apelação, reconhecendo a aquisição da propriedade, pela apelada do imóvel descrito como usucapiendo nos autos, mantendo a sentença em todos os seus termos. É como voto. Presidiu a Sessão o Excelentíssimo Desembargador JOSÉ Dl LORENZO SERPA, que participou do Julgamento com este Relator, Juiz designado em razão do afastamento do ínclito Desembargador MARCOS ANTÔNIO SOUTO MAIOR, e com o Excelentíssimo Juiz CARLOS EDUARDO LEITE LISBOA, revisor, convocado para substituir o Eminente Desembargador MANOEL SOARES MONTEIRO Presente à Sessão, a Excelentíssima Doutora MARILENE DE LIMA CAMPOS DE CARVALHO, Promotora de Justiça convocada. Sala das Sessões da Primeira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa/PB, 19 de fevereiro de /100" //figd LYRA FILHO 2 TJ/RS, Apelação Cível N , Décima Sétima Câmara Cível, Relator: Elaine Harzheim Macedo, Julgado em 14/09/ TJ/RS, Apelação Cível N , Décima Sétima Câmara Cível, Relator: Elaine Harzheim Macedo, Julgado em 05/10/2004 5

6 TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordonadorla Judia!k Registrado em..j dire.4",