A emergência e o significado de empreendedorismo social. Sílvia Ferreira Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
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- Lídia Alencastre Prada
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1 A emergência e o significado de empreendedorismo social Sílvia Ferreira Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
2 Schumpeter - uma teoria do empreendedorismo Definição: O empreendedor é o agente do processo de destruição criativa que, é o impulso fundamental que acciona e mantém em marcha o motor capitalista, constantemente criando novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados e, implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros 2 tipos de mudança Adaptação: a mudança que resulta de impulsos externos à economia Não é qualitativamente nova Estática, equilíbrio Desenvolvimento: a mudança que surge a partir de dentro da economia Surge o empreendedor como o actor económico que causa desenvolvimento Não permite atingir equilíbrio É um processo doloroso (falências, desemprego) Swedberg, Richard Social entrepreneurship: the view of the young Schumpeter, in Steyaert, Chris e Hjorth, Daniel (Orgs.), Entrepreneurship as Social Change, Cheltenham: Edward Elgar, 2006, pp
3 A função do empreendedor social é reconhecer quando uma parte da sociedade está bloqueada e fornecer novos modos de a desbloquear. Ele ou ela identificam o que não está a funcionar e resolvem o problema mudando o sistema, difundindo a solução e convencendo sociedades inteiras a darem novos saltos. Os empreendedores sociais não se contentam apenas em dar o peixe ou a ensinar a pescar. Eles não descansarão enquanto não revolucionarem a indústria da pesca (Bill Drayton, fundador da Ashoka)
4 O empreendorismo nos negócios político institucional social Papel de indivíduos e grupos na mudança de instituições, políticas, condições sociais políticos, profissionais, peritos, activistas
5 Tipologia das formas de empreendedorismo (Lévesque) Indivíduo Colectivo comunidade Racionalidade Risco Projecto Inovação Capitalista Individuo Formal (cálculo) Financeiro Individual (realização de si e da família) Sentido Schumpeteriano Social Individuo Comunidade Valor social para a comunidade Financeiro e social (reputação na comunidade) Envolvimento social Desenvolvimento local (interesse geral) Necessidades não satisfeitas + formas de organização Colectivo Individuo Colectivo Valor social para o colectivo (membros) Financeiro e social (reputação em relação aos membros) Empreendedor e colectivo Necessidades não satisfeitas + formas de organização
6 Relações inter-sectoriais e ES Sector privado Fornecimento de serviços Públicos por org. privadas Exigências de ética nos negócios Parcerias Público Privadas Exigências de eficiência Preferencia por escolha e competição Contratos com fornecedores privados e do TS ES Cooperação Estado/TS Responsab. Social das empresas Exigências de Prestação de contas Exigências de sustentabilidade Identificação de lacunas No fornec. serviços públicos Adaptado de Social Edge
7 4 escolas sobre o empreendedorismo social 1. Prioridade dada à geração de rendimentos para a resolução de problemas sociais (Institute for Social Entrepreneurs; empresas sociais EUA) (Young, 2003); 2. Ênfase dada à inovação na proposta de novas formas organizacionais e novas resoluções para os problemas (empresas sociais Europa) (Borgaza e Defourny, 2001); 3. Ênfase na inovação mas o/a empreendedor/a não esta inicialmente vinculado a nenhum tipo de organização (Dees, 2001; 2003); 4. Inovação no sentido da transformação sistémica (Ashoka: o empreendedor revoluciona) (Alvord et al, 2002).
8 3 tipos de empreendedorismo social 1. Combinação de empresas com impactos sociais e organizações sociais com métodos empresariais Os/as empreendedores/as usam competências e conhecimentos do mundo dos negócios para criar empresas que prosseguem fins sociais, sendo ao mesmo tempo sustentáveis no mercado 2. Inovação para impacto social Empreendedores sociais focam os problemas sociais, criam iniciativas inovadoras, constroem novas formas de organização social, mobilizam recursos em resposta a esses problemas e não aos ditames do mercado ou critérios comerciais. 3. Modo de catalizar a transformação social Ultrapassa a solução dos problemas que são a fonte de preocupação original e orientam-se para a mudança social. Procuram introduzir tanto mudanças de pequena escala que poderão desencadear mudanças maiores como mudanças de grande escala.
9 Tipos de empreendedorismo social 1 - Empresas com impactos sociais e organizações sociais com métodos empresariais Os/as empreendedores/as usam competências e conhecimentos do mundo dos negócios para criar empresas que prosseguem fins sociais, sendo ao mesmo tempo sustentáveis no mercado (Emerson & Twersky, 1996). Exemplos: organizações sociais que criam empresas usando estas para gerar emprego ou rendimentos que servem fins sociais Organizações lucrativas podem doar parte dos seus lucros para organizar actividades sociais ou servir fins sociais. Os recursos são gerados em actividades lucrativas e sustentam as actividades sociais
10 Tipos de empreendedorismo social 2 - Inovação para impacto social Focam-se inovações e formas de organização social que têm consequências nos problemas sociais, sem atenção à viabilidade económica de acordo com os critérios dos negócios (lucratividade) Empreendedores sociais focam os problemas sociais, criam iniciativas inovadoras, constroem novas formas de organização social, mobilizam recursos em resposta a esses problemas e não aos ditames do mercado ou critérios comerciais. Def. de empreendedor social (Dees) Empreendedores como agentes de mudança Adoptar uma missão para criar e manter valor social Reconhecer e procurar novas oportunidades Processo contínuo de inovação, adaptação e aprendizagem Não estar limitado pelos recursos existentes Prestar contas com transparência dos resultados
11 Tipos de empreendedorismo social 3 - Modo de catalizar a transformação social Ultrapassa a solução dos problemas que são a fonte de preocupação original Produz pequenas mudanças a médio prazo, que ecoam nos sistemas existentes para catalizar mudanças de maior escala no longo prazo Originam mudanças de maior dimensão no contexto social no qual os problemas estão encastrados e reproduzidos Estes empreendedores sociais têm de perceber os problemas imediatos mas também os sistemas sociais mais amplos e suas interdependências. Assim, podem introduzir novos paradigmas como pontos de alavanca que podem levar a uma sequência de mudanças que se reforçam mutuamente, criando e sustentando formas de organização social transformadas As transformações sociais sustentáveis incluem tanto as inovações para impacto social como a preocupação pelos recursos.
12 3 Formas básicas de inovação empreendedora Capacitação Trabalhar com grupos-alvo marginalizados para identificar as competências necessárias para a auto-ajuda e ajudar a construir essas competências. Presume-se que o aumento da capacidade dos grupos-alvo permitirá a estes resolver muitos dos seus problemas Disseminação de inovações Disseminação de inovações que respondem a necessidades. Essas inovações podem encontrar-se em outros sectores. Presume-se que informação e recursos técnicos podem ser reconfigurados e adaptados ao público-alvo tornando-os acessíveis a este. Construção de movimento Construir um movimento social que mobiliza as pessoas e constroi alianças entre grupos para desafiar elitas ou instituições. Presume-se que que aumentar a capacidade política dos grupos-alvo pode ajudar a resolver os seus principais problemas. Sarah H. Alvord, L. David Brown, and Christine W. Letts Social Entrepreneurship and Social Transformation: An Exploratory Study, Hauser Center for Nonprofit Organizations Working Paper No. 15.
13 Conceito: Inovação social Isabel André e Alexandre Abreu Uma resposta nova socialmente reconhecida que visa e gera mudança social, ligando 3 atributos: Satisfação de necessidades humanas não satisfeitas por via do mercado Promoção da inclusão social Capacitação de agentes ou actores sujeitos, potencial ou efectivamente a processos de exclusão/marginalização desencadeando assim uma mudança nas relações de poder É um produto e um processo Produto: uma metodologia que muitas vezes é transferível (inclusão pela arte, inclusão digital, etc) Processo: mudança social, inclusão social, mudança social Ímplica acção colectiva (e não acção individual) André, Isabel e Abreu, Alexandre, Dimensões e Espaços da Inovação Social, Finisterra, XLI, 81, 2006,
14 Inovação social vs Inovação tecnológica Inovações tecnológicas e económicas Estudadas na economia Os actores principais são as empresas, a motivação principal é o lucro Difusão pelo mercado Inovações sociais: -Organizacionais (melhoria ou criação org.) -Institucionais (modif. sistemas decisão, de poder, controle recursos) Estudadas na sociologia, ciência política, e outras Os actores principais são Estado, actores colectivos, associações, a motivação principal é responder a uma necessidade social e/ou provocar a mudança social Difusão pela institucionalização Crescimento económico como fim último Mudança social como fim último Inovações transferidas de um para outro campo Consequências preversas da inovação tecnológica na área social
15 Tipos de mudança social 1. Mudança emergente Ligada à aprendizagem quotidiana, processos adaptativos e irregulares de aprendizagem consciente e inconsciente - a forma de mudança mais comum 2 formas : a) Não consciente (identidades, lideranças, relações e estruturas pouco claros, ambientes incertos, sem crises ou bloqueios evidentes): caótica e acidental b) Consciente (quando identidades... são mais claros e o ambiente é estável e menos contraditório): mais progressiva 2. Mudança transformadora Ocorrendo em crises e bloqueios e implicando desaprendizagem Resultado de mudanças internas ou de mudanças no ambiente Implica a libertação de identidades e relações estabelecidos, geradores da crise e que bloqueiam a emergência de soluções Crises podem ser explicitas ou implícitas e a solução pode ser consciente ou inconsciente, passiva ou activa Mudança planeada Identificação consciente de problemas, de soluções/futuros alternativas, e formulação de planos Adequada quando problemas e oportunidade são visíveis e em situação de estabilidade de condições e relações ambiente externo e interno estável, coerente e predizível 2 formas: a) Abordagem baseada nos problemas (problema solução) b)abordagem criativa (imaginação de futuros e resultados desejados para uma nova situação) começa no futuro e planeia até ao presente Douglas Reeler, A Threefold Theory of Social Change and Implications for Practice, Planning, Monitoring and Evaluation, CDRA (Community Development Resource Association), Cape Town, 2007.
16 Ciclo do empreendedorismo, segundo a Ashoka 1º Percepção de um problema social e busca de soluções (identificação, caracterizaçãosolução) 2º Teste da solução (num grupo/local mais reduzido) 3º Aprendizagem (desenvolvimento da metodologia e acções de suporte técnico e financeiro) 4º Institucionalização (consolidação do modelo, ex. plano de negócios) 5º Estabelecimento e multiplicação do modelo
17 Robin Murray, Julie Caulier-Grice, Geoff Mulgan, The open Book of Social Innovation, The Young Foundation/NESTA,
18 As três crises Crise Financeira (2007/08) Crise Energética e Alimentar Crise económica Crise fiscal (dívida pública) Desemprego Medidas de austeridade Desregulação mercados Crise política Perda poder compra Aumento de Preços bens Alimentares e energia Aumento de preços Crise social Crise Ambiental Catástrofes Más colheitas Doenças ambientais
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