Acampamento Intercontinental da Juventude do Fórum Social Mundial Porto Alegre

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1 Juventude E Integração Sul-Americana: caracterização de situações-tipo e organizações juvenis Acampamento Intercontinental da Juventude do Fórum Social Mundial Porto Alegre Relatório das Situações-tipo Brasil

2 Acampamento Intercontinental da Juventude Experiência de uma nova geração política Nilton Bueno Fischer - UFRGS (Coord.) Ana Maria dos Santos Corrêa Márcio Amaral Coordenação Apoio Setembro 2007

3 Sumário Apresentação Um estudo necessário: justificativa da situação-tipo Metodologia de pesquisa: condições do trabalho de campo AIJ: surgimento e construção de uma proposta Conceito de juventude COA: dinâmica interna A expressão pública da demanda O Acampamento Intercontinental da Juventude: uma demanda em perspectiva Mobilização para participação Análise do processo Considerações finais Notas Referências Bibliográficas Anexo I Anexo II... 45

4 Apresentação O objetivo do presente relatório é descrever e analisar a experiência do Acampamento Intercontinental da Juventude, compreendido como uma situação-tipo, ou seja, contexto a ser analisado a partir das categorias e elaborações dos agentes sociais envolvidos nesse processo. A proposta é compreender como diferentes demandas juvenis foram expressas e encaminhadas na decorrência do processo, percebendo também desdobramentos nos campos de resistência, participação, relações com o poder público e processo de identização 1 individual e coletiva. Algumas características apresentadas nessa situação-tipo influenciaram a leitura e a sistematização desta pesquisa. O Acampamento Intercontinental da Juventude está atrelado ao processo do Fórum Social Mundial, evento que denominaremos do mundo adulto e que tem profundas relações e interlocuções com a situação-tipo. Além disso, estamos falando de uma experiência com cinco edições 2, organizada por jovens ligados a diferentes experiências que discutiremos posteriormente, variando entre cinco e 11 dias de evento com a participação de um público estimado que variou de participantes na primeira edição para 35 mil na sua 5.ª edição, procedentes de diversos países. Embora estudada no período de 2001 a 2005, essa situação-tipo envolve uma interligação sócio-histórica das possibilidades e limites dos projetos de matriz socialista e da socialdemocracia, somada com a retomada das lutas anticapitalistas, revoluções culturais e do sonho de liberdade e paz tematizados em escala mundial nos últimos 20 anos. Nesse sentido, a situação-tipo pode ser encarada como expressão constituinte de uma geração que vive em um contexto de transformações das esferas sociais e políticas, com predomínio de um modelo econômico-social hegemônico (capitalismo) e com novos contextos de resistência a partir da queda do socialismo. Encarado como um território de experiências de novas práticas sociais, o Acampamento constitui um importante e relevante espaço agregador desses projetos. Iniciando-se com a apresentação da metodologia de pesquisa utilizada e recortes temáticos delineados, este relatório seguirá descrevendo o perfil dos jovens envolvidos no processo de organização do Acampamento, com conceituações sobre juventude, demanda expressa, processos de militância e protagonismo. Apresentará uma contextualização do surgimento do Acampamento e um resgate histórico e analítico do processo ao longo das edições, retomando relações com diferentes interlocutores e segmentos juvenis envolvidos. Seguiremos com uma análise de alguns conceitos relacionados com o processo (autogestão, horizontalidade, nova geração política, relação geracional e espaço de práticas sociais) e finalizaremos com algumas leituras e abordagens sobre todo o processo da situação-tipo. Tentaremos compreender a atual inserção dos jovens a partir das experiências vivenciadas no Acampamento, levando em conta também suas experiências anteriores (partidos políticos, movimento estudantil, pastoral e outros). Além de uma leitura analítica, apresentaremos elementos de subjetividade que julgamos fundamentais nesse processo, ao perceber o quanto a situação-tipo está expressa na história de vida dos jovens entrevistados, presente em palavras, ações, opções de futuro, em prosa e poesia. Temos clareza de que o objeto final deste relatório constitui um mapeamento inicial da situação-tipo. A partir deste trabalho, apontamos uma série de possibilidades de continuidade e aprofundamento, ressaltando a relevância deste estudo. 4

5 1 - Um estudo necessário: justificativa da situação-tipo O Acampamento Intercontinental da Juventude foi um espaço organizado por jovens durante a realização das edições do Fórum Social Mundial, caracterizando-se como um território juvenil de práticas e experiências em torno de um outro mundo possível, permeado de conceitos, práticas, críticas e construções que expressavam a grande diversidade que formava aquele espaço. A justificativa do Acampamento enquanto situação-tipo se fundamenta no fato de ser composto por uma convergência de diferentes agrupamentos juvenis, que podem ser aproximados em três campos de leitura: a) jovens de movimentos antiglobalização e anticapitalistas, expressos nas manifestações de Chiapas, Seattle, Gênova e Argentina; b) jovens de partidos e movimentos associados a um posicionamento político de esquerda (partidos políticos, movimento estudantil etc.); c) jovens de militâncias e organizações autônomas, ligadas às temáticas sociais e culturais específicas (Movimento Hip-Hop, Meninos e Meninas de Rua, Pastoral da Juventude, anarquistas etc.). Além desses, temos os jovens de Porto Alegre, de outras cidades e países, que tinham no Acampamento um local de encontro, de satisfação de curiosidade, de experiências de transgressão, mas não os consideramos relevantes para este estudo. Muito embora, vale considerar, esse tipo de jovem tenha tido mais evidência na mídia, dado ao jeito exótico de manifestar seus comportamentos. O Acampamento favoreceu a convergência desses diferentes grupos, mantendo sua identidade e posicionamento, não criando uma síntese única, mas uma leitura diversificada, fortalecida através de práticas sociais alternativas ao capitalismo que foram amplamente discutidas e postas em voga, caracterizando um espaço de congruência de intencionalidades, mas ao mesmo tempo de diálogo de diversidades. A reorientação das práticas dos organizadores durante a realização dos AIJ, por contrastes com suas trajetórias anteriores, tanto na militância partidária e estudantil e mesmo nos cursos universitários que freqüentavam, não foi sem custo, afetando tanto o plano pessoal como também o plano das inserções políticas. Isso se constatou nos diversos depoimentos durante as entrevistas quando esses jovens expressaram momentos de incertezas e revisão de suas práticas anteriores ao AIJ. Consideramos que essa situação-tipo sinaliza o surgimento de outra relação de militância e protagonismo juvenil, diferenciada das práticas tradicionais da esquerda, mais aberta, democrática (não representativa) e horizontal em sua organização, relacionada com ações práticas e concretas, possibilitando a participação de indivíduos sem ligação institucional, relacionada com uma nova cultura política, como a apresentada por Tirelli 3, com novas articulações em relação a estruturas tradicionais como partidos políticos, sindicatos, movimentos, Estado, entre outros. Em sua construção conceitual, vamos percebendo a influência e o acúmulo do movimento internacional de protesto contra as cúpulas capitalistas, constituindo uma continuidade do movimento global de resistência ao capitalismo. O fato de acontecer juntamente com o Fórum Social Mundial, evento de congregação de diversas experiências de esquerda do mundo, potencializava suas experiências e discussões. A relevância da situação-tipo estudada pode ser compreendida por dois fatores: a) por representar a organização política e social de jovens em torno da construção de um espaço de experiência de práticas anticapitalistas, convergindo em expressões de militância e resistência a um complexo sistema hegemônico no qual estão inseridos (capitalismo); b) por ter o reconhecimento do mundo adulto que interagiu com a juventude do AIJ e percebeu a potencialidade de uma nova geração política que representava entre 25% e 30% dos participantes do FSM e revelava também uma nova forma de fazer política, com mais ou menos consciência de todas as suas repercussões, conforme vamos trabalhar ao longo do texto. A relevância também se relaciona com uma categoria de análise que tentamos trazer para essa situação-tipo: tempo e espaço. O Acampamento transcende as noções de um evento episódico; ele se realiza com a média de duração entre cinco e 11 dias (variação conforme a edição), considerando elementos de convivência dos envolvidos nesse período e no processo de organização do Acampamento, que se torna um processo dinâmico que envolve os jovens o ano inteiro, em especial por parte dos membros do COAIJ Comitê Organizador do Acampamento Intercontinental da Juventude. 5

6 Ao longo das edições e a partir dos documentos e depoimentos dos jovens, vamos percebendo um considerável crescimento do Acampamento, tanto como proposta (objetivos e realizações) como em aspectos quantitativos e sua conseqüente complexidade. De um lado, o número de participantes como os na primeira edição até os 35 mil na quinta edição, representando um crescimento de 1.400%. De outro, as demandas do Acampamento relacionadas à materialidade, com o objetivo de garantir a infraestrutura do espaço e todos os serviços derivados disso (alimentação, saúde, segurança, feira, projetos alternativos de geração de renda, construção etc.). Com relação ao espaço, temos duas considerações importantes. A primeira, o Acampamento acontece dentro de um espaço público de Porto Alegre, um parque no centro da cidade, envolvido pela dinâmica urbana, freqüentado por famílias nos fins de tarde e finais de semana, por moradores de rua, pessoas da periferia, entre outros. A segunda, o Acampamento torna-se um território juvenil diferenciado, com organização e gestão semelhantes às de uma cidade, com sistemas de segurança, alimentação, comércio solidário, espaços bioconstruídos e plano diretor de ocupação dos espaços. Não é um território fechado, embora demarcado, mas com uma porosidade, que se relaciona com a cidade e seus moradores. Esses são os elementos que constituem a situação-tipo que iremos analisar no seguimento do texto. É importante destacar que, perante o grande número de participações no Acampamento (35 mil jovens na última edição) e de representações juvenis presentes (grupos, movimentos e indivíduos), analisamos o processo a partir de um grupo específico de jovens que organizou o Acampamento e suas edições, formando o COA (Comitê Organizador do Acampamento) e estava presente em todo o processo e em todas as edições nacionais. O número elevado de participantes e organizações dificultariam a elaboração de um recorte representativo da experiência, indo além das possibilidades de tempo e espaço que esta pesquisa compreende. Entendemos que, ao trabalharmos com o COA e outros interlocutores, nos aproximamos do objetivo proposto, que é compreender a situação-tipo por meio dos agentes sociais envolvidos no processo. 2 - Metodologia de pesquisa: condições do trabalho de campo Procedimentos Como afirmamos anteriormente, ao realizarmos a primeira coleta de dados para estudo dessa situação-tipo, percebemos que precisaríamos fazer um recorte em relação ao objeto de pesquisa, visto que o Acampamento, por sua dinâmica, envolveu uma série de segmentos e organizações juvenis brasileiras e de outros países, além do significativo número de participantes envolvidos. Relacionando isso com os limites da pesquisa (tempo, foco, objetivo) e com os poucos dados estatísticos disponíveis sobre número de participantes e organizações, bem como referências e cadastros, sentimos a necessidade de restringir o foco de pesquisa a atores mais relevantes nesse processo. Dentro desse universo, estabeleceu-se um recorte específico a fim de circunscrever melhor nossa análise. Focamos como objeto para análise o Comitê Organizador do Acampamento Intercontinental da Juventude 4, formado por jovens de diferentes comissões que organizavam o Acampamento. Para estabelecer esse objeto, levamos em conta dois fatores centrais: primeiro, não tínhamos meios para trabalhar com a grande diversidade de jovens que participaram do Acampamento pela sua dimensão e para não correr o risco de ampliar demais os focos e possibilidades de pesquisa; em segundo lugar, tínhamos interesse no processo de construção do Acampamento, como foi se estabelecendo enquanto proposta que nascia de demandas específicas, e nesse sentido esse grupo é o que tinha melhor domínio dessa abordagem por ter vivenciado o processo do Acampamento desde o início. Nossa proposta como pesquisa era perceber a dinâmica desse processo em torno de uma demanda específica, buscando compreender conceitos, motivos, movimentos, ações propostas, direitos reivindicados, entre outros elementos. Sendo assim, restringimos nosso foco de pesquisa mais ao processo do Acampamento (surgimento, organização, experiências, práticas, desafios 6

7 etc.) do que aos inúmeros grupos e organizações juvenis participantes. Como contraponto a essa visão apresentada pelos jovens, buscamos interlocutores na mídia, entrevista com representante do fórum, entidades e movimentos em paralelo à organização, e fontes escritas, como bibliografia e estudo documental. Sendo assim, definimos os seguintes passos para organizar nosso trabalho de pesquisa: Entrevistas individuais e coletivas: totalizando 15 horas de entrevistas (sete horas de individuais e oito de coletivas) com jovens integrantes do Comitê Organizador do Acampamento Intercontinental da Juventude, jovem representante do Movimento Hip-Hop, grupo ligado à diversidade sexual, grupo pastoral e membro integrante do COI e COB do FSM. Entrevistas virtuais: devido ao grande interesse manifestado por outras pessoas e organizações ligadas ao processo do Acampamento em contribuir neste processo, elaboramos um instrumento virtual de pesquisa com algumas perguntas de orientação para serem escrita na forma de um relato. O instrumento se faz necessário devido à distância que alguns desses participantes se encontram de Porto Alegre, alguns até na Europa, o que inviabiliza outro meio de pesquisa. Dos 15 s enviados recebemos somente o retorno de uma pessoa que foi integrante do COA e trouxe importantes elementos para a nossa análise. Os demais manifestaram o recebimento do material, sem entretanto enviar retorno com conteúdo solicitado. Pesquisa documental: tendo visitado o acervo de documentos do Acampamento, localizado no Instituto de Arquitetos do Brasil (Porto Alegre), na guarda de membros do COA tivemos acesso a um grande número de documentos na forma de relatórios, projetos, entrevistas, jornais, textos formativos e informativos, científicos, s, fitas de vídeo, fotografias, panfletos e outros, alguns em estado precário de conservação e organização. A maior parte do material que analisamos estava na forma virtual e foi gentilmente disponibilizada. Não existe arquivo organizado do material do Acampamento; a maior parte do que existe se encontra em poder dos próprios participantes das comissões do Acampamento. Mesmo o escritório do Fórum Social Mundial não possui acervo sobre o Acampamento. Clipagem nos periódicos de imprensa: coletamos notícias dos jornais Zero Hora e Correio do Povo acerca do Acampamento nos anos de 2001, 2002, 2003 e O acervo pesquisado encontra-se no Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, totalizando 178 ocorrências registradas por fotografia digital. Isso representou 60 horas de trabalho para coleta, sistematização e extração dos dados para serem incorporados neste relatório. Pesquisa virtual: coleta de dados, conteúdos e informações disponibilizados na internet em diversos sites com ocorrência do tema, pesquisados nos meses de maio e junho. Pesquisa de palavras recorrentes: com base nos documentos disponibilizados e na transcrição das entrevistas, realizamos uma pesquisa de ocorrência de termos e conceitos mais utilizados, a partir do radical da palavra e complementos. Essas palavras foram escolhidas pela sua incidência e repetição nos diversos documentos que serviram de apoio para este relatório: documentos enviados pelo representante do COA, pelos textos derivados da transcrição das entrevistas e também pela cópia de parte da clipagem feita nos jornais de Porto Alegre (Zero Hora e Correio do Povo). Na execução das tarefas da pesquisa, tivemos dificuldade de acesso a algumas pessoas referenciais de alguns grupos e organizações juvenis, devido ao tempo de ocorrência da última edição do Acampamento (2005) e o distanciamento dessas pessoas das temáticas e organizações de origem, algumas se encontrando até fora do país. Muitos contatos foram estabelecidos virtualmente e por telefone, mas sem sucesso para a participação na coleta de dados. Pensamos que esse recorte consegue nos dar uma visão ampla sobre o Acampamento, valorizando-o como expressão juvenil e problematizando a imagem que foi transmitida pela opinião pública acerca dessa situação-tipo a partir do que era divulgado na mídia gaúcha. Os jovens do Comitê Organizador tinham clareza de que a proposta do Acampamento não atingia os jovens como um todo, pois era necessária uma disposição à auto-organização e à participação que não estava presente em todos os participantes do Acampamento. Isso é possível verificar pelas incidências na mídia, que muito divulgou opiniões de jovens porto-alegrenses que vinham no Acampamento procurando as festas e baladas, como na internet (opiniões transcritas em sites de relacionamento), pelas entrevistas e avaliações a que tivemos acesso. Nossa intenção é valorizar a experiência e problematizar o seu estereótipo. 7

8 2.2 - Perfil dos participantes do Acampamento O número de jovens participantes do Acampamento indica o quanto essa experiência foi crescendo em participação e representação. Destaca-se o elevado contraste entre o primeiro Acampamento (2001) e o segundo (2002), mostrando crescimento de 500%. Nos seguintes, o percentual foi em torno de 50%. Se compararmos a participação dos jovens acampados com os participantes do fórum, teremos uma parcela de cerca de um terço dos participantes. TABELA 1 NÚMERO DE PARTICIPANTES JOVENS NAS EDIÇÕES NACIONAIS DO AIJ Ano Participantes N.º de Jovens no dias FSM (%) FSM Crescimento AIJ Crescimento (relação à edição (relação à edição anterior) anterior) , Fontes: documentos cedidos pelo COA; jornais clipados e pesquisas quantitativas realizadas pelo Ibase Os acampados representam a diversidade do AIJ Em sua origem, no primeiro Acampamento, eram em sua grande maioria brasileiros, predominando ainda a demanda por participação nas instâncias formais do FSM segundo os critérios clássicos de representatividade e delegação. Na dimensão concreta para a participação o Acampamento teve uma função mais de hospedagem possível para todos (diante dos custos e falta de outros locais para receber tantos jovens). No segundo AIJ, os acampados são oriundos de 43 países de todos os continentes e já com a marca de um significado político, para além da hospedagem, como uma cidade mesmo efêmera. Já no terceiro, consolida-se a marca de ser território, dessa cidade como espaço político, da diversidade cultural e também aumentando a representação internacional. No quinto Acampamento, a origem dos participantes continua representando uma enorme diversidade de locais; são provenientes de inúmeros países conforme pesquisa amostral realizada pelo Ibase 5. Predominou a tendência registrada também na composição daqueles que participaram no FSM: o país sede, Brasil, com 61,2%, seguido dos países do Prata, Canadá, Chile e Estados Unidos. Essa população juvenil representou, segundo essa mesma pesquisa, cerca de 22,5% do total do FSM. Além disso, há uma circulação de jovens provenientes dos mais diferentes coletivos, como Aldeia da Paz, Movimento Paulo Freire, que se alocam em inúmeros espaços criados, como o Laboratório de Conhecimentos Livres, o Espaço de Saúde e Cultura Ernesto Che Guevara, seguindo a tradição de 2003 a partir da Tenda Galáctica. Com base nesses dados, podemos imaginar a grande diversidade cultural que se formou nesse território, onde diferentes idiomas, trajetórias, inserções, costumes e identidades culturais se relacionavam e conviviam. A diversidade também é expressa pelas inúmeras experiências de militância e inserção dos jovens, ligados a movimentos internacionais anticapitalistas, movimentos sociais, estudantis e independentes, juventudes partidárias, juventudes ligadas a pastorais e Igrejas, 8

9 grupos e expressões culturais, entre outras identidades juvenis. São diferentes expressões juvenis que se manifestam: os intelectuais, os militantes, os poetas, os loucos, os mochileiros, turistas e curiosos, os estudantes e universitários, os festeiros, os engajados, os artistas, os místicos, pastoralistas e religiosos, os jovens da periferia, do hip-hop, os meninos e meninas de rua, os rebeldes, os punks e anarquistas, entre tantos outros, que tinham no Acampamento um espaço de reconhecimento de suas identidades e de construção de sua expressão, um espaço lúdico de festa, dança e arte, de resistência ao modelo capitalista neoliberal de sociedade, espaço de construção de práticas para além do teórico. Identificavam-se pela diversidade de possibilidades daquele território constituído Perfil dos jovens entrevistados Percebemos importantes características no perfil dos jovens que fizeram parte do Comitê Organizador e foram objeto de nossas entrevistas. A sua composição foi predominantemente de estudantes universitários, classe média, moradores de diversas regiões do estado do Rio Grande do Sul (poucos da capital), com larga experiência nas suas inserções junto ao movimento estudantil, com militância em partidos políticos (predominando o Partido dos Trabalhadores) e também com cargos exercidos na máquina pública de governos populares (municipal ou estadual). Existe uma proporção entre homens e mulheres e a maioria se encontra numa faixa etária entre 20 e 35 anos. A maioria desses jovens tem em seus pais 6 o registro de uma experiência de militância ligada a partido político e/ou movimento estudantil, o que representa um acúmulo nessa questão e um rompimento geracional, visto que ao longo do processo as relações de militância vão se modificando. Outro elemento que chama atenção é a migração: a grande maioria é proveniente do interior do estado, tendo vindo posteriormente para Porto Alegre motivada pela experiência do AIJ, da possibilidade de ampliação dos estudos acadêmicos e de conseguir trabalho A temporalidade Um importante item em nossa análise foi perceber a dimensão da temporalidade do Acampamento. Um perigo que corremos é percebê-lo como um epifenômeno, levando em consideração apenas os dias de realização, limitando-se a uma leitura superficial. O número de dias de realização do AIJ está associado com a representação que teve para diferentes segmentos da juventude: a) para alguns, mais ligados diretamente ao Comitê Organizador, os dias do AIJ eram um forte envolvimento permanente e uma mudança de cultura política ; b) para outros (e a grande maioria) era simplesmente um evento a mais. Nas palavras de um jovem entrevistado: Era o principal espaço de militância; (...) para todos os grupos e movimentos envolvidos com o FSM era, no final das contas, um apêndice de luxo em sua agenda ao invés de ser uma prioridade. Na síntese de poucos dias de realização do AIJ, em cada uma das suas edições, estava concentrada uma energia convertida em muitos e muitos dias de preparação e depois de avaliação. Mas, mais do que uma quantificação, essa energia estava associada com a categoria prática, ou como se percebe na fala dos jovens do COA: uma concretização das falas do FSM que seria experienciada nesse curto tempo para sinalizar a sua continuidade em tempos seqüentes e na forma de ações de efetiva intervenção na realidade (economia popular e solidária, alimentação alternativa etc.). A situação-tipo, pensada na forma de dedicação dos tempos dos grupos de jovens do AIJ, poderia ser lida de forma metafórica pela imagem de Saturno e seus anéis: o planeta (= o centro) estava preenchido pelo COA, com a dedicação exclusiva e total ao AIJ; o primeiro anel, pelos grupos culturais e de apoio (Hip-Hop; MNMMR; voluntários etc.) caracterizados pela disponibilidade e com entradas e saídas na dinâmica do AIJ; e um segundo anel, pelos visitantes, só acampados, curiosos etc. Essas classificações não têm a ver com ser ou não filiadas a partidos ou movimentos juvenis e sim com o grau de responsabilidade na gestão do AIJ. 9

10 Outro achado dentro desse item está na dinâmica do tempo utilizada durante a realização do AIJ, ao longo de suas edições. Associamos o item perfil dos entrevistados com a categoria temporalidade como um elo que conecta a herança da militância desses jovens antes de seu envolvimento com o AIJ e como isso se desdobrou nas práticas organizativas durante o período de suas funções como membros do COA. A forma mais horizontal de gestão (autogestão) e a disponibilidade para a o diálogo e para as discussões e encaminhamentos, ao longo das realizações do AIJ, ainda mantiveram alguns vícios, como foi a herança de práticas políticas derivadas das militâncias anteriores (Movimento Estudantil, a UNE, a setorial de juventude dentro dos mais diversos partidos políticos e mesmo dentro da inserção em sindicatos), nas quais o tempo dedicado para as discussões e deliberações (na forma de assembleísmos, por exemplo) pode ter sido uma das forças determinantes para a não atração ou mesmo para a exclusão de outros jovens. Talvez isso tenha contribuído para a ausência de jovens de outras partes do mundo e mesmo do Brasil no COA. Num documento de avaliação do primeiro AIJ isso aparece de forma muito clara: Além de muitas brigas e divergências internas à juventude, essa crise de identidade também inviabilizou uma inserção dirigente da juventude nas instâncias de organização do FSM e uma dificuldade extraordinária de relação com os movimentos sociais que não conseguem identificar interlocutores legítimos e responsáveis pela organização do AIJ. A ausência de uma definição objetiva sobre a organização interna do COA também obrigou a todos a compartilhar um ritmo frenético e exaustivo de discussão, que acabou afastando organizações de juventude que não tinham condições de acompanhar 24 horas por dia a organização do Acampamento. Esse registro se relaciona com a realização do primeiro AIJ e serve como alerta ao anunciar um limite para a participação de outros jovens na composição do COA. Deve-se levar em conta que formulações iniciais do primeiro AIJ estavam ainda eivadas de componentes das militâncias anteriores desses jovens. Finalmente consideramos que o perfil dos jovens entrevistados do COA também se vinculava diretamente com sua condição de ser composto por gaúchos, por estarem mais disponíveis e próximos das etapas preparativas dos AIJ, além de uma visão estratégica a respeito do foco das lutas e bandeiras que serviriam como orientação para os jovens acampados. No texto de Kiko Netto (Democracia viva, Ibase, número 30), a decisão de que o COA seria de responsabilidade do Comitê de Juventude do Rio Grande do Sul, pois o Comitê Nacional de Juventude não conseguia atender a tarefa de operacionalmente acompanhar as relações internacionais e a dinâmica organizativa em Porto Alegre (p. 45). Outro elemento importante para o COA ser composto pela maioria de jovens gaúchos está na viabilização do Acampamento na sua materialidade, das condições de proximidade com contatos na máquina pública que pudessem agilizar certas decisões diante das necessidades de garantir um espaço com condições de morada para todos os acampados e também criar espaços para a realização de encontros, reuniões e expressões culturais diversas, algo que a distância de localização da logística do COA em outros estados, no mínimo, reduziria a sua capacidade de ação presencial de forma imediata perante as demandas O espaço e suas relações O Acampamento apresenta uma característica territorial que é interessante de ser analisada pelas abordagens que compreende. Enquanto espaço geográfico, foi realizado no Parque da Harmonia, área verde localizada no centro de Porto Alegre, metrópole com mil habitantes 7 em 2005, capital do estado do Rio Grande do Sul. A área ocupada pelo Acampamento e depois pelo próprio fórum é localizada à beira do Lago Guaíba, próximo à Usina do Gasômetro (centro cultural) e ao Centro Administrativo do Estado, compondo parte da orla do Guaíba. Próximo ao parque existe uma zona de periferia denominada Vila Chocolatão, área de invasão urbana. É ladeado por uma rua de acesso rápido (perimetral) que liga a zona sul ao centro da cidade. O espaço é intensamente freqüentado aos finais de semana pelos moradores da região, que têm nele um refúgio de natureza na cidade, além de ser espaço de habitação de muitos moradores de rua. Tradicionalmente, no mês de setembro ocorre nesse mesmo parque o Acampamento Farroupilha, evento que reúne diferentes centros de tradição da cultura gaúcha; esse acampamento trouxe importantes referências para a realização do AIJ no que tange à infra-estrutura. 10

11 Nesse espaço ocorreram quatro edições do AIJ, tendo uma variação de público de jovens na primeira edição para 35 mil acampados na sua quinta edição. Na primeira edição, o espaço foi pensado mais como lugar de infra-estrutura para os jovens participantes do fórum, camping e hospedagem, aglutinação das organizações de juventude representadas no evento. Entretanto, a partir do segundo AIJ, houve uma preocupação muito grande com a forma de ocupar esse espaço, sendo a sua ocupação planejada por estudantes de arquitetura, que levaram em conta a natureza dos espaços do parque, o fluxo de pessoas que transitavam em seu cotidiano, a localização e sua importância para a cidade, pensando uma forma mais auto-sustentável de ocupação do espaço. O fato de ocupar um lugar público da cidade traz uma visibilidade pública ao Acampamento. É um grande número de pessoas num espaço no coração da cidade, fazendo diferentes manifestações políticas, sociais e culturais, representando um retrato da diversidade, do exótico, do irreverente, da rebeldia e, em muitas situações, de transgressão. Esses elementos foram amplamente expostos na mídia, tornando o AIJ a referência estética do FSM. Fotos, matérias de jornais, imagens remeteram-se a essa diversidade visualizada naquele espaço. Ao tornar-se conhecido no cotidiano da cidade, tornou-se uma referência cultural, um espaço de curiosidade, de congregação de jovens da cidade que viam naquele espaço um território de liberdades, de festa, de badalação. Esse foi um elemento que fez com que o AIJ apresentasse outra faceta para a cidade, muitas vezes desfocada de sua proposta, mostrado como um novo Woodstock. É manifestada, entretanto, uma grande preocupação do Comitê Organizador acerca da imagem que o Acampamento ocuparia na mídia gaúcha. Assim, buscavam realizar um trabalho de assessoria de imprensa e isso foi constatado na clipagem dos jornais da época ( ) que evidenciasse a noção de espaço 8 a partir de duas perspectivas: a) espaço como território de experiências de um novo mundo possível, de debates, discussões, de construção de propostas, de festas, de expressão cultural, de práticas sociais; b) espaço como infra-estrutura, delimitação física, condições de habitabilidade, de outra ocupação do espaço, com bioconstruções etc. Esse registro se torna importante, pois se trata da incorporação de uma situação-tipo (o AIJ) para além da crítica ou dos estereótipos. Assim, a juventude, ao se manifestar no espaço público e através de programações efetivas, tende a superar o estereótipo do Acampamento como sendo um Woodstock da esquerda, mesmo através dos filtros de uma imprensa pouco sensível para revelar, com certa isenção, a riqueza da complexidade e do contraditório que representava aquele espaço. O Acampamento não deixava de se relacionar com o público, com a cidade. Em algumas práticas, envolvia os moradores de rua, dialogava com os moradores das vilas próximas. Era aberta a participação em todas as suas atividades, inclusive em sua organização, caso houvesse interesse. Havia, sim, inscrições, mas estas tinham o objetivo de melhor organizar e gerenciar o espaço. Vale aqui trazer um exemplo de um fato acontecido e narrado pelos jovens do COA que elucida o AIJ enquanto espaço público. Em sua segunda edição, houve no penúltimo dia a realização da muamba (ensaio em preparação ao carnaval) na orla do Guaíba, próximo ao Acampamento. Por uma decisão visando a segurança, os acessos do parque foram fechados para as pessoas que não estivessem com identificação do Acampamento (fita que era colocada no pulso). Houve uma grande reflexão do Comitê naquela ocasião sobre esse fato o fechamento de um espaço público da cidade, divergente da concepção de espaço que trabalhavam. O Acampamento se constituía como um espaço mais informal e democrático, mais legítimo das organizações que dele participavam. Enquanto o FSM em suas três primeiras edições era realizado dentro de uma universidade privada, com acesso através de inscrição, o Acampamento realizava-se em um espaço público, aberto à participação, visível ao cotidiano da cidade e integrando-se nele. 11

12 3 - AIJ: surgimento e construção de uma proposta O contexto do Fórum Social Mundial O FSM é fruto de um contexto histórico de fracasso do socialismo burocrático e da falência da socialdemocracia, da hegemonia do sistema capitalista, impondo políticas neoliberais e imperialistas em nível global, de uma cultura global de consumo exacerbado, gerando grandes desigualdades em escala mundial, conflitos e guerras por novos mercados e por petróleo, subdesenvolvimento e endividamento de diversas nações. Segundo as palavras de José Correa Leite (2003, p. 16): ao longo dos anos 1980 observamos uma pressão cada vez maior sobre as sociedades burocratizadas nucleadas pela União Soviética, um arrefecimento cada vez maior da luta antiimperialista na periferia (refluxo da revolução centro-americana e dos processos asiáticos) e das lutas dos trabalhadores nos países centrais. (...) O neoliberalismo ganha um novo alento, na virada para os anos 1990, com a queda do Muro de Berlim e o colapso da União Soviética, que tornam o deslocamento da correlação de forças avassalador e têm conseqüências políticas e ideológicas de curto prazo catastróficas para a boa parte da esquerda. Entretanto, experiências de resistência anticapitalistas, antiimperalistas e antineoliberais em nível global inauguram um novo tempo de resistência a esse sistema, testemunhado por manifestações como as promovidas em Chiapas (México, 1996) pelo Exército Zapatista de Libertação, que declara guerra contra o neoliberalismo e pela humanidade; os protestos em Genebra (Suíça, 1998) contra a OMC; as manifestações em Seattle (EUA, 1999); contra a reunião do G8 em Davos (Suíça, 2000); e contra as políticas do Banco Mundial e FMI em Washington (EUA, 2000), seguidas por manifestações em outras cidades do mundo. O Fórum Social Mundial nasceu na perspectiva de ser um processo catalisador dos esforços e lutas acumuladas pelos movimentos sociais, sindicais, eclesiásticos e camponeses, de organizações civis e setores políticos populares em nível global como resistência ao modelo capitalista, enfrentamento do neoliberalismo e oposição ao Fórum Econômico de Davos (reunião dos oito países mais ricos do mundo). Um evento que congregasse diferentes experiências de participação cidadã, de solidariedade e construção do destino dos povos, representando uma alternativa à política capitalista. Construção de um outro mundo possível. O FSM surge na seqüência das manifestações anticapitalistas e antiglobalização como uma expressão de resistência e de construção de novas possibilidades. É dinamizado principalmente por organizações brasileiras, tendo como sede a cidade de Porto Alegre por sua experiência de orçamento participativo e administração popular conduzida pelo Partido dos Trabalhadores. Convergem experiências de esquerda do mundo todo que são convidadas para o diálogo entre as diversidades. O primeiro FSM foi concebido numa lógica de representação, tendo como público-alvo a participação de delegados de organizações civis. Foi realizado no espaço de uma universidade privada (Pontifícia Universidade Católica) numa dinâmica de conferências, mesas-redondas, debates e manifestações. É um espaço de debate democrático de idéias, de reflexão e formulação de propostas alternativas ao capitalismo, buscando articular movimentos sociais, redes, ONGs e outras organizações da sociedade civil contra o imperialismo e as políticas neoliberais. Caracteriza-se pela pluralidade e diversidade, tendo um caráter não-confessional, não-governamental e não-partidário. O FSM é um espaço de convergência de experiências, não uma entidade nem uma organização ou movimento. Segundo Whitaker (2005, p. 202): Ele [o FSM] é somente um espaço aberto, em que a diversidade é um valor totalmente respeitado, no qual todos que lutam de alguma forma por um mundo novo das experiências na base da sociedade aos que procuram mudar as instituições internacionais podem intercambiar experiências, aprender uns com os outros, romper com os eventuais isolamentos ou as barreiras que tornam estanques as ações setoriais, articular-se nacional e planetariamente; tudo isso sem pretenderem ser cúpula de nada e sem correrem o risco de alguns dirigentes, que de repente surjam, lhes caiam em cima com documentos finais a serem votados ou aclamados, palavras de ordem, bandeiras unificadas de luta que não seriam senão novos pensamentos únicos querendo se impor. Essas reflexões têm também sua repercussão dentro dos jovens do COA de uma forma interativa, ora em adesão, ora em superação 9. 12

13 3.2 - O surgimento do AIJ: um processo histórico 2001 Nesse contexto de construção e participação do FSM é que surge a proposta do Acampamento Intercontinental da Juventude. Seu surgimento está atrelado a uma demanda de oferecer condições estruturais para a juventude participar do FSM, visto que a participação estava vinculada às organizações inscritas, e procurar inserir a temática da juventude em torno das pautas propostas pelo fórum. Seu processo de organização se inicia em dezembro de 2000, sendo definida a ocupação de uma área pública em Porto Alegre como proposta de encontro, convergência e organização das juventudes que desejavam participar daquele espaço. A expectativa inicial era de 800 pessoas acampadas, mas o número final foi de acampados, a grande maioria brasileiros. O espaço foi divido juntamente com o Acampamento dos Povos Indígenas. Diversas organizações do campo da Juventude, da Criança e do Adolescente, juventudes partidárias e jovens engajados estão construindo o Acampamento Intercontinental da Juventude. O objetivo é congregar a juventude, propiciando a participação no Fórum Social Mundial, constituindo-se em um importante espaço de mobilização da Juventude... As nossas mais diferentes matizes convergem no entendimento de que a juventude é um momento privilegiado na vida do indivíduo, é nesta fase que ocorrem as suas grandes opções. Compreendemos que essas opções de mundo devem ser disputadas. E mais, que devamos realizar disputa ideológica da juventude. (Primeiro Informativo do Comitê de Juventude Porto Alegre, 2000) Na citação acima aparecem dois conceitos importantes nesse processo. O primeiro é que a construção do Acampamento é dada por organizações do campo da juventude, principalmente partidária. A estrutura responsável pela organização intitulou-se Comitê de Juventude do FSM e era formada basicamente por juventudes partidárias e entidades juvenis, ligadas à lógica dessas organizações (constituíam o comitê jovem do PT, PC do B, PSTU, dirigentes da UNE, da Ubes, seguidos do MNMMR e do Movimento Hip-Hop). O espaço era muito partidarizado e seguia uma lógica de organização mais tradicional. Nas palavras de Ana Paula 10 do COA: Aí cheguei aqui, espaço superpartidarizado, que não era, aí me assustei, uma coisa de capa assim. O segundo elemento importante tem relação com o conceito de juventude que se expressa tanto nos preparativos do primeiro FSM e primeiro AIJ, diretamente relacionado com o entendimento de ser essa uma fase de grandes opções na vida e que estas devem ser disputadas no plano ideológico. O Acampamento surge como uma expressão de inserção juvenil dentro de um espaço construído pelo mundo adulto. A demanda é garantir sua participação e inserir suas pautas, dando visibilidade ao setor juvenil e garantindo a representação de suas organizações. Num documento identificado como sendo do Comitê de Juventude do Fórum Social Mundial isso se torna visível por meio das seguintes palavras: Propomos que as atividades culminem na apresentação de um manifesto da juventude contra o neoliberalismo, citando as resistências ao desmonte da educação, as alternativas de trabalho diferentes da lógica do capital, e a luta da juventude contra as opressões específicas; (...) queremos construir um calendário de mobilização intercontinental da juventude, com ações e campanhas unificadas. Esse era o desafio dos jovens dessa entrevista, pois traziam suas heranças e trajetórias de militância, encontravam uma estrutura que, no máximo, lhes concedia uma participação por representatividade e recebiam a pressão de seus pares para o clássico encaminhamento de unificação das lutas. Entretanto, o que se iniciou como um alojamento alternativo acabou se transformando em uma ação coletiva de muitos movimentos e organizações. Com pouca infra-estrutura, garantida com a parceria da prefeitura de Porto Alegre, recursos escassos e pouco tempo para sua organização, o Acampamento realizou-se com sucesso, mostrando grande potencialidade. A avaliação do processo leva a pensar na possibilidade de viver experiências transformadoras para a sociedade. Aqui surge uma crítica ao FSM, de ser um espaço de discussão teórica sem apresentar alternativas e experiências práticas, vivenciadas no cotidiano. A opinião pública, via mídia impressa 11, alimentava a discussão com certa ironia e descrédito sobre os objetivos e estratégias que a novidade do FSM e do AIJ iriam oferecer a seus participantes. A matéria abaixo reflete essa leitura do que esse evento estaria propondo aos jovens do AIJ: 13

14 Acampamento Antiglobalização A partir do próximo dia 25 ocorre em Porto Alegre o Fórum Social Mundial. E tem lugar para você. Você poderá discutir sobre as linhas da mão invisível do mercado com chilenos, japoneses, franceses, italianos, ou com um integrante da juventude do Exército Zapatista de Libertação Nacional do México ou das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc). É só aparecer no Acampamento Intercontinental da Juventude, do Fórum Social Mundial (FSM), de 25 a 30 de janeiro em Porto Alegre. Os organizadores pedem apenas que se levem barraca e vontade de bater na globalização. O acampamento, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, será o reduto mais agitado do FSM e certamente o mais divertido, já que formado por uns 3 mil jovens como você. O site do Fórum ( anuncia que você e sua turma poderão discutir seu papel na construção de um outro mundo e na derrocada do capitalismo. Parece exagero, mas a idéia é esta mesmo: radicalizar, como nos românticos anos 60. O FSM, promovido por entidades brasileiras com apoio do governo do Estado, é um evento contra o neoliberalismo, o nome de um balaio em que cabem muitas coisas e conceitos. Numa simplificação, neoliberal é quem acha que o mercado cuida de tudo sozinho, gera riqueza e se encarrega de criar condições para distribuir renda. O Estado (governo) só atrapalha. O fórum pretende dar bordoadas na globalização, no FMI, no Banco Mundial, e propor alternativas. As ONGs (organizações não-governamentais) chegam para brilhar em Porto Alegre (ZH, 19/1/01 Caderno Zerou, p. 8) Toda injustiça, em qualquer parte do mundo, nos indigna e impulsiona na construção de alternativas, na reflexão profunda sobre o futuro da humanidade e, principalmente, a agir inspirados pelos compromissos com a vida e não com o capital. Dançar, criar, ousar, pensar. A juventude tem seu próprio tempo, sua pauta e sua própria forma de se expressar. O Acampamento de Juventude é um espaço para fortalecer e unificar nossas ações. Não podemos permitir que pessoas percam a vida, vivam oprimidas e sejam exploradas somente para que os possuidores do capital engordem suas contas bancárias e continuem ampliando sua dominação planetária. (Convocatória do segundo Acampamento Intercontinental da Juventude 2002) No cenário mundial, pós-fsm 2001, três eventos são de grande influência na construção do segundo FSM e, conseqüentemente, do AIJ: a forte repressão às manifestações contra a reunião do G8 em Gênova, com a morte de um estudante (Carlo Giuliani); os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos; e a Revolta Popular na Argentina (panelaço) em dezembro. Esses eventos potencializam o FSM e o AIJ como espaços de discussão das alternativas de construção de um outro mundo possível. No Acampamento, há participação de jovens militantes que estiveram envolvidos nas manifestações na Itália e na Argentina. Influenciado por esse cenário, em sua segunda edição o AIJ dá um salto qualitativo e quantitativo muito relevante, constituindo a base organizativa e propositiva para as demais edições. Inicialmente, tem a intenção de consolidar uma participação da juventude no FSM mais independente e autônoma, sem perder a relação com o evento principal, constituindo um espaço referencial internacional para o movimento denominado nova geração política. Além de possibilitar a participação no FSM, o Acampamento cria uma dinâmica autônoma e inicia a construção de uma identidade própria, muito vinculada ao conceito de espaço. Nos textos dos membros do COA essa classificação fica bem evidente ao nomearem o primeiro AIJ como espaço cuja composição predominante era da juventude partidária e os seguintes como dos autônomos, ou seja, mais ligado ao conceito de nova geração política. A noção tão cara aos membros do COI do FSM sobre espaço passou a ser também parte do ideário e das longas discussões dentro do AIJ. Ao mesmo tempo que o AIJ incorporava e ampliava os protestos anticapitalistas que ocorreram em escala mundial, nos meses que precediam a sua realização, também estavam sendo implantadas as ações de autogestão desse mesmo espaço. A proposta era envolver os jovens acampados na dinâmica de organização do Acampamento, numa proposta de gestão horizontal e não vertical, de democracia direta e não representativa. Na homenagem ao jovem ativista de Gênova, denominando o AIJ como Cidade da Juventude Carlo Giuliani, seus organizadores procuravam construir uma identidade do próprio acampamento através de combinações entre a experiência do primeiro AIJ, os debates sobre autogestão do espaço, o laboratório de resistência 14

15 global, o ideário de uma nova geração política e as inúmeras expressões e manifestações culturais e políticas contra o capitalismo e em favor de um outro mundo possível. O crescimento quantitativo do segundo AIJ traduzia uma convergência de elementos favoráveis. Desde as manifestações e protestos internacionais e o episódio de 11 de setembro possibilitaram a presença, em Porto Alegre, de toda uma esquerda mundial. A presença da juventude em todos esses atos fortalecia a realização do AIJ e isso se verificou com a participação de representantes de 43 países e de todos os continentes. E foi a partir dessa convergência de fatores, quantitativos e qualitativos, que os jovens do COA tiveram de se debruçar fortemente em questões objetivas tais como as da gestão do espaço do Acampamento e nas ações que revelassem que esse outro mundo é possível de maneira concreta, com efetivas realizações de práticas sociais alternativas ao modelo neoliberal. Para essas ações planejadas o COA agiu desde março de 2001 na direção de preparar um espaço que abrigasse entre 10 mil e 12 mil jovens e criou três comissões para organização dessas práticas sociais, também chamadas de experiências alternativas de resistência : Comissão de Temática, de Comunicação e de Cultura, Infra-Estrutura e Planejamento. Ao mesmo tempo iniciou a vivência de valores fundamentais que caracterizam a denominação nova geração política : horizontalidade, ação direta e autogestão. Nas atividades formativas, coordenadas pelo COA, a categoria espaço passa a ter preferência nos debates e leituras. Em função da qualificada presença de jovens estudantes de arquitetura, essa categoria recebe um enorme empuxo em sua reflexão e também em sua aplicação (na construção e gestão do Acampamento como tal). Houve aí um raro aprendizado de parte das demais instâncias (comissões e grupos de trabalho) do acampamento na medida em que esse enfoque do espaço foi determinante para as demais ações da gestão, como reciclagem, comercialização, circulação, segurança etc. Os estudantes de arquitetura trouxeram uma noção de espaço para além da ocupação, trabalharam com a idéia de espaço como conceito, trazendo experiências de bioconstrução para as estruturas físicas do Acampamento, pensando na dinâmica de ocupação dos espaços das barracas e espaços de atividades, vias de circulação, infra-estrutura para alimentação, banheiros, reciclagem de lixo, entre outras práticas. A disposição do Acampamento por bairros influencia na sua dinâmica de organização, buscando mecanismos que contribuam na autogestão desses espaços, atribuindo responsabilidades de gerência aos acampados, não às comissões. Essa dinâmica de organização acabou por influenciar todo o trabalho das demais comissões. Ao mesmo tempo o conceito de juventude vai sendo tensionado pelos jovens, coordenados pelo COA: há um desgaste do conceito de juventude, pois os participantes desses debates relacionam a nomenclatura como sendo parte de uma engrenagem capitalista, associada com consumo, e também à condição subordinada dos jovens dentro das organizações partidárias (mesmo de esquerda). Assim, NGP1 12 (nova geração política), nomenclatura herdada dos movimentos juvenis internacionais, substituiria o termo juventude pelo seu desgaste, tanto no mundo capitalista (consumo) como no da militância política (progressista), por sua dependência e atrelamento aos quadros partidários existentes. No segundo AIJ são implementadas inúmeras experiências que atendem ao desafio que os próprios jovens se puseram: vamos tornar concretas as palavras do FSM de que um outro mundo é possível. Ao longo do tempo o território vai se alterando e formando uma cidade específica, com um plano diretor próprio e com demandas e serviços próprios de uma cidade (segurança, coleta de lixo, economia). Três eixos de ocupação são criados: 1) RESIDENCIAL: onde as questões emergiam do cotidiano; 2) CONVÍVIO: espaço de trocas de experiências e manifestações espontâneas; e 3) EIXO DE ATIVIDADES: abrigou debates, discussões e manifestações diversas: passeatas, atividades, bandeiras, música na madrugada, rádios comunitárias etc. Práticas implementadas: Os espaços de atividades foram bioconstruídos, resgatando práticas de construção culturais, mostrando um uso mais equilibrado dos recursos naturais; Unidade de reciclagem: coleta seletiva de todo o lixo, com planejamento do destino dos resíduos e envolvimento dos moradores do parque e de uma cooperativa de recicladores/catadores; Rádios Comunitárias e Livres: dividindo o mesmo espaço para informação e entretenimento dos acampados. Os meios de comunicação eram abertos, para os acampados poderem acessar e produzir informação; 15

16 Tecnologia de informação baseada em software livre; Laboratório de Resistência Global Projeto Intergalactika: espaço de encontro e troca de experiência dos diversos movimentos horizontais que se encontraram, tendo o Acampamento como espaço para suas discussões e ressonância para suas práticas. Inicia-se a formação de uma rede de movimentos e uma agenda global de lutas. Um ponto a ser destacado dentro da dinâmica do segundo Acampamento foi a inserção de uma atividade dentro da grade de programação do FSM, sendo realizado no espaço do Fórum (no campus da PUCRS) o Encontro Mundial da Juventude, que pretendia ser uma atividade para congregar para o diálogo diferentes organizações e movimentos de juventude, diferentes formas de protagonismo, com a intenção de construir instrumentos de organização da juventude internacionalmente. Entretanto, o encontro não conseguiu aproximar-se desse objetivo, entraram em conflito as diferentes dinâmicas dos movimentos internacionais anticapitalistas com as organizações brasileiras e destas entre si, o que dificultou o diálogo e a construção de consensos mínimos para efetivar uma organização mundial. É interessante perceber o contraste desse espaço, digamos, teórico de discussão dessa diversidade com a proposta de um espaço prático de partilha de experiências, o Laboratório de Resistência Global Projeto Intergalactika. Avaliado pelos organizadores como um dos espaços mais interessantes e produtivos do Acampamento, o espaço Intergalactika conseguiu dinamizar um diálogo que um evento formal não possibilitou, sendo o principal elemento para a organização posterior da Rede de Resistência Global. Essa diferenciação de teoria e prática é apontada como uma das mais importantes referências do Acampamento: o diálogo da diversidade se constrói sob a óptica de ações concretas, diretas e possíveis, saindo da lógica da discussão político-ideológica. Claro que esta também está presente, mas sob outro paradigma, que sustenta relações menos conflituosas. Mídia escrita: a opinião pública E do lado da mídia 13, da formação da opinião pública, o segundo AIJ é apresentado de forma mais respeitosa em seus objetivos e realizações e com algumas notas de comentário comportamental com relação à sexualidade (uso de preservativos): Jovem sonha com o possível Mais de 50 países estão confirmados para participar do 2. Acampamento Intercontinental da Juventude, no Parque da Harmonia, na capital. A cidade Carlo Giuliani será espaço de debates, oficinas, mostras de cinemas, shows e publicações. O objetivo do projeto é explicitar o lema Um Outro Mundo é Possível e garantir, além da hospedagem alternativa, espaço para discussões e integração de movimentos sociais e culturais. Queremos afirmar a possibilidade de introduzir a juventude nesse mundo de igualdades sociais que o fórum propõe, salienta Viliano Fassini, coordenador do comitê da juventude. Será proposto um novo estatuto, que mostrará o jovem como sujeito e agente de transformações, acrescentou o representante do Estado no acampamento, André Mombach. O responsável pela comissão da infra-estrutura e planejamento, Fernando Costa, garante aos hóspedes um posto de saúde com atendimento 24 horas, uma equipe de enfermagem da prefeitura e uma ambulância de socorro. O Corpo de Bombeiros colaborará com a segurança fornecendo uma viatura exclusiva. O acampamento abrigará um restaurante com os custos acessíveis. A alimentação será livre de agrotóxicos. A infra-estrutura não estará pronta e será construída por todos ao chegarem, explica Costa, destacando a separação do lixo. Os próprios participantes terão oportunidade de executar a triagem. (CP, 26/1/02, p. 9) 16

17 Jovem quer rebeldia não violenta A análise das conquistas do movimento de resistência global será a tônica dos debates que serão realizados no Acampamento Intercontinental da Juventude, montado no Parque da Harmonia, durante o II Fórum Social Mundial. (CP, 28/1/02, p. 6) Obs.: Traz André Mombach como do Comitê de Juventude do FSM. (...) Estado distribuirá 46 mil camisinhas (...) Do total, 12 mil camisinhas serão destinadas ao Acampamento Intercontinental da Juventude (...). (ZH, 23/1/02, p. 9) Uma estrutura organizativa em transformação É interessante nesta descrição do processo do AIJ fazer um resgate do histórico da formação dessa estrutura de organização e sua composição. No primeiro Acampamento, a estrutura responsável por sua organização intitulou-se Comitê de Juventude do FSM. Era formada basicamente por juventudes partidárias e entidades juvenis, fortemente influenciada pela dinâmica do movimento estudantil brasileiro. Nesse sentido, acabou reproduzindo em sua dinâmica uma lógica herdada desses movimentos: atos, marchas, plenárias, centrados na mobilização e na disputa política. A partir do segundo Acampamento, intitulou-se Comitê Organizador da Juventude e passou a incorporar mais movimentos e indivíduos. A concepção de comitê passa a ser caracterizada como um espaço plural, aberto e autogestionário. A proposta é sair de uma lógica de organização verticalizada para uma proposta horizontal e aberta. Nesse sentido, a possibilidade de ingresso de indivíduos não ligados a representações de grupos, movimentos e organizações constitui-se uma importante modificação na lógica de organização. Buscou-se formar um Comitê Nacional de Juventude, que apresentou dificuldades em conseguir acompanhar as relações internacionais e a dinâmica organizativa em Porto Alegre, fechando-se muito em questões e disputas internas das organizações brasileiras que o formavam. Chegou-se, então, ao entendimento de que o Comitê de Juventude do Rio Grande do Sul passaria a ser o Comitê Organizador do Acampamento (COA), tendo a responsabilidade operacional, logística e organizativa do Acampamento, e sendo o representante do processo nas instâncias do FSM. Os demais Comitês de Juventude estariam envolvidos em mobilizar as juventudes a participar do AIJ, propor atividades e pautas, incorporando-se na fase final ao Comitê Organizador do Acampamento e em sua dinâmica. Nesse processo, houve muitas críticas e resistências manifestadas por membros dos Comitês de Juventude organizados no país. A centralidade dos gaúchos era apresentada como vanguardista, não respeitando as pautas apresentadas nacionalmente e as construções coletivas. Também eram caracterizados como internacionalistas, influenciados pela dinâmica dos movimentos europeus, secundarizando as experiências de resistência latino-americanas em sua dinâmica e discurso. Alguns comitês chegaram a desarticular-se nesse processo. Entendemos que a centralidade do COA foi o que permitiu a potencialidade do Acampamento, por seu envolvimento no processo e a forma de implementar práticas como autogestão e horizontalidade, conforme trabalharemos mais adiante A dança é a da PAZ! A música é a da ESPERANÇA! A economia é SOLIDÁRIA! A alimentação é ECOLÓGICA e ORGÂNICA! O espaço é COLETIVO! As leis são o RESPEITO e a LIBERDADE! A cidade é a DAS CIDADES! Sua gestão é a da AUTOGESTÃO! Seu poder é a DI- VERSIDADE! Seu sonho é a realidade de UM OUTRO MUNDO POSSÍVEL! (Texto do terceiro Acampamento Intercontinental da Juventude FSM, 2003, Um processo em Construção: André Mombach) 17

18 Nessa edição do AIJ há um aprofundamento nos conceitos e propostas, consolidando a sua identidade. Conseqüência da experiência do segundo AIJ e das relações estabelecidas, o Acampamento é reconhecido como parte do FSM pelo Comitê Organizador Internacional. As atividades desenvolvidas nos primeiros Acampamentos demonstraram mais do que suficientes argumentos para isso. Amplia-se territorialmente, envolvendo a orla do Guaíba, a Usina do Gasômetro e o Anfiteatro Pôr-do-Sol. Amplia o número de dias para 11, envolvendo o Fórum Mundial de Educação, e conta com 23 mil acampados. Há uma crítica interna do Acampamento enquanto evento apenas e abre-se um debate de consolidar o Acampamento como um processo e espaço do movimento dos movimentos. Rompe-se a concepção do Acampamento ligada à questão da faixa etária de juventude, ganhando força a idéia de concebê-lo como uma cidade, a Cidade das Cidades, espaço gestado, sim, pela juventude, mas que se constitui território, laboratório de práticas do outro mundo possível, no qual as alternativas seriam testadas na pressão do diaa-dia das relações sociais e suas contradições (retirado de um texto do COA). Com a nomenclatura de Cidade das Cidades já fica sinalizada a perspectiva de gestão do espaço e a identidade do Acampamento para além de ser somente um evento. Somando-se a isso se realiza concomitantemente o Fórum Mundial da Educação, que ampliou o período total do AIJ. O FSM e o Acampamento são um processo, não eventos, e esse processo somos nós. Ao invés de algo que acontece anualmente, trata-se do lento cultivo da articulação desses outros mundos que coexistem. Somos um movimento de movimentos, e qualquer lugar onde os nossos encontros acontecerem será uma Cidade das Cidades esse é o nome não de um lugar, mas da nossa reunião. (Convocatória do terceiro AIJ) Nesse reconhecimento do FSM o AIJ assume os eixos do fórum 14, a saber: Desenvolvimento democrático sustentável. Princípios e valores, direitos humanos, diversidade e igualdade. Mídia, cultura e contra-hegemonia. Poder político, sociedade civil e democracia. Ordem democrática mundial, luta contra o militarismo e promoção da paz. O AIJ, além dessa sintonia com a agenda do FSM, tem sua própria demanda e organização. Na continuidade do estabelecido desde seu início e já experimentado, durante o segundo AIJ ocorrem ações concretas derivadas desse ideário abstrato, além de ele se tornar um espaço mais flexível, mais aberto que o próprio FSM. Destacam-se as atividades de responsabilidade do Movimento Hip-Hop (realização do Seminário Nacional de Hip-Hop, evento que contribuiu para a articulação nacional do movimento) e também são contempladas as iniciativas relacionadas com a diversidade sexual por meio da criação de um espaço próprio dessas manifestações, muito ligado com as atividades realizadas no Planeta Arco-Íris, espaço da diversidade sexual organizado na Usina do Gasômetro, próximo ao Acampamento. Há também uma abertura do espaço do AIJ para os demais jovens da cidade, que circulam no Acampamento, freqüentam as atividades culturais e as feiras. É importante destacar que o AIJ se constitui como um território potencializador das expressões juvenis que participam de sua dinâmica. No Acampamento, grupos e movimentos juvenis encontram um espaço de reconhecimento e de possibilidade de expressão que não encontram na sociedade civil. São diversas atividades (encontros, seminários, marchas, reuniões etc.) concomitantes ao Acampamento, congregando diferentes expressões em torno de bandeiras comuns. Os conceitos que são colocados em prática no Acampamento (autogestão, economia solidária, horizontalidade etc.) também influenciam discursos e práticas de movimentos e organizações, que experienciam conceitos de outro mundo possível e os agregam em suas agendas e pautas. O Acampamento é concebido como espaço de troca, de câmbio entre as diversidades. 18

19 Práticas implementadas Definitivamente, o maior desafio do 3.º AIJ, planejado para ser uma cidade cosmopolita, poliglota, multicultural, multirracial e multissocial, era constituir mecanismos de participação direta onde seus cidadãos pudessem autogerir na plenitude sua existência efêmera. (Documento de preparação para o terceiro AIJ) A proposta de construção de uma grande cidade, com plano diretor próprio, que possibilitasse a autogestão direta e o exercício prático de conceitos move as práticas implementadas nessa edição. Algumas são mantidas do AIJ de 2002, mas novas são implementadas, a saber: Proposta de alimentação alternativa: feita por grupos da rede de economia; Implementação de moeda local: o Sol, que, além de facilitar o intercâmbio sociocultural, mostrou que outros sistemas econômicos são possíveis; Usina da Comunicação: acesso livre aos meios de produção de comunicação, estações de rádios livres e comunitárias; Software e hardware livres; Cultura: feita pela troca de experiências e visões de mundo dos diferentes participantes, de diversas origens, uma prática de que todos participaram como produtores de cultura; Gestão da cidade: os habitantes decidiam coletivamente sobre a gestão dos espaços, baseados em princípios de autogestão e horizontalidade; Espaços de convergência: cinco grandes espaços cobertos na orla do Guaíba, atividades organizadas pela convergência nos eixos de discussão do FSM; Rede de Resistência Global (RRG): diversos encontros para formar uma rede de resistências integrada por coletivos de diversas partes do mundo, relacionados com o processo de formação da Rede Mundial de Movimentos Sociais, com a intenção de integrar pautas e ações de resistência em escala mundial. Nesse sentido, o AIJ cria um símbolo que expressa as lutas dos movimentos, as identidades e valoriza as diferenças: a bandeira das bandeiras, um grande mosaico formado por bandeiras de todas as organizações presentes. Nessa edição a conjuntura é menos favorável ao apoio institucional ao AIJ, pois o governo estadual não está mais com o PT, havendo perdas de investimento financeiro e desemprego por parte dos jovens que eram profissionalizados em funções do governo. O investimento financeiro e estrutural é garantido pelo COI e pela prefeitura de Porto Alegre. Entretanto, mais do que apoio material, os organizadores do AIJ se ressentem de uma orientação mais cuidadosa por parte da Brigada Militar e por isso ocorrem incidentes de excesso e abuso da força policial. O diálogo com o Comando da Polícia Militar é estreitado por não haver interlocução do governo do Estado, e o resultado é uma ressentida repressão policial, diferente das outras edições. O mesmo ocorre em outras instâncias do AIJ. A expansão, pelo aumento desmesurado de jovens, leva a alguns limites. Há um reconhecimento dos jovens da cidade em relação ao Acampamento como sendo um espaço de festa, de permissividade, o que gera perda de engajamento dos participantes, como retratado pela mídia (ver abaixo). O crescimento do número de Acampados (23 mil) gera problemas bem reais na Cidade das Cidades, comprometendo a execução de algumas práticas alternativas. Há uma avaliação de que os acampados são vindos do mundo capitalista, portadores de vícios e costumes de uma cultura capitalista que orientam sua vida cotidiana. Considerando essa diversidade de interesses torna-se quase incontrolável sua gestão dentro do espírito que norteava os membros do COA que se dispunham a torná-lo concreto. O princípio de autogestão do espaço, por exemplo, exige consciência e comprometimento dos participantes, não encontrando adesão em todos os bairros formados internamente. Desejávamos uma gestão participativa entre todos os habitantes da Cidade da Juventude. Queríamos discutir coletivamente as leis, regras, ações, resolução de conflitos, segurança, limpeza, convívio, utilização dos espaços, meios de comunicação que toda gestão fosse coletivamente debatida e decidida. Seja por ser um movimento incipiente, pelos vícios de uma esquerda burocratizada e sectária ou ainda pela ausência de 19

20 propostas concretas e limitação de nossa comunicação. Ficamos distantes disso. É muito difícil superar a passividade do espectador. Mas a certeza que fica é que continuaremos sonhando, lutando e construindo o aprendizado prático para isso. (Documento de Avaliação do segundo AIJ) Esse fator representa, na nossa análise, o maior limitador das propostas de prática implementadas no Acampamento: a não adesão de seus participantes. Pode parecer tendencioso discutir sobre os processos de protagonismo e consciência social da juventude, mas a problemática se estabelece porque esse é o princípio central da proposta. Em entrevista, um dos membros do COA afirma que: Então o que para nós era um espaço importantíssimo, de envolvimento permanente, uma mudança de cultura política, para a imensa maioria das pessoas era simplesmente um evento de cinco dias (Rodrigo Nunes). Aqui aparece o limite metodológico dessa proposta, limite esse reconhecido pelo próprio COA ao longo do processo, pois como fazer as pessoas participarem de um complicado processo de autogestão sem uma metodologia de decisão? Como estabelecer uma dinâmica de organização dos espaços sem ferir o princípio da horizontalidade, sem instituir níveis específicos de coordenação dos espaços? E no horizonte de 23 mil pessoas, fora as que circulavam no espaço, como criar mecanismos de apresentação e aprofundamento das propostas do AIJ que envolvessem a todos? Desafios que a prática da Cidade das Cidades apresentou e que se tornaram complexos em sua quinta edição. Mídia escrita: a opinião pública Nas diversas matérias que circularam nos jornais da época estão condensados assuntos que revelavam uma combinação entre os aspectos mais estruturantes do AIJ, seus princípios, metas, objetivos, ações e bandeiras, e os fatos que ocorriam mais perto das limitações e desafios decorrentes das condições de convivência entre tantos jovens, de origens, hábitos, costumes e interesses múltiplos. Nova moeda Enquanto sonham com a extinção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), os participantes do Acampamento da Juventude vão tratando de criar seu próprio sistema financeiro. A primeira iniciativa foi a criação de uma moeda própria, o Sol, cujo câmbio já pode ser efetuado no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Um sol vale R$ 1. A moeda é aceita por todos os comerciantes instalados no acampamento. As notas de meio, um, dois, cinco e 10 sóis são feitas de papel moeda plastificado, com numeração controlada e marca ultravioleta. (ZH, 23/1/03, p. 10) Estrangeiros ocupam o parque Acampamento será inaugurado hoje A leva de estrangeiros que desembarcou ontem no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho começou a dar forma ao Acampamento Intercontinental da Juventude. Desde as primeiras horas do dia, mochileiros de todas as partes do mundo já circulavam por entre as tendas e as barracas armadas no local. A abertura oficial do acampamento será na tarde de hoje. [subtítulo] A leva de estrangeiros que desembarcou ontem no Parque Maurício Sirostsky Sobrinho começou a dar forma ao Acampamento Intercontinental da Juventude. Desde as primeiras horas do dia, mochileiros de todas as partes do mundo já circulavam por entre as tendas e as barracas armadas no local. (...) Pela estimativa dos organizadores, até ontem à noite pelo menos 300 pessoas já haviam chegado ao acampamento. Cerca de 50 eram estrangeiras. (...) A organização espera um público de 30 mil campistas durante os dias de realização do 3. Fórum Social Mundial. (ZH, 18/1/03, p. 7) 20

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