Perda Auditiva Induzida Por Ruído Ocupacional (PAIR-O)
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- Jerónimo César Fartaria
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1 Perda Auditiva Induzida Por Ruído Ocupacional (PAIR-O)
2 Objetivos da Aula Saber Reconhecer: Características do som e do ruído ocupacional Noções de fisiologia auditiva e de audiometria clínicas Tipos de perdas audiométricas Caso típico de PAIR O Características clínicas e audiométricas Evolução clínica e audiométrica de caso típico Discutir exemplos de situações de exposição e condutas indicadas
3 Definição de PAIR-O
4 Definição de PAIR-O Perda auditiva de evolução lenta e progressiva, por exposição a ruído intenso, contínuo ou intermitente, e que apresenta características específicas Comitê de ruído e conservação auditiva do ACOEM
5 Características da PAIR-O Neurossensorial, afetando células do O.I. Geralmente bilateral e simétrica Perdas precoces em 3, 4 e 6 KHz, sempre maiores que em 0,5, 1 e 2 KHz. Perdas profundas são raras. Limiares de 40 dba em freqüências graves e 75 nas agudas Se exposição é estável perdas máximas em 3, 4 e 6 KHz ocorrem em 10 a 15 anos. Perdas prévias não aumentam a sensibilidade do ouvido. Com aumento do limiar diminui a velocidade das perdas Exposição contínua é mais prejudicial que a interrompida. Comitê de ruído e conservação auditiva do ACOEM
6 Características do som
7 Som Fenômeno físico vibratório audível: Freqüência (ciclos/seg ou Hertz) Intensidade (Newton/m2 ou Bell ou decibel) Comprimento de onda Conjunto de sons: Com freqüências desarmônicas Com intensidade geralmente elevada Que produz sensação desagradável Que perturba trabalho, descanso, sono, e comunicação
8 LIMITES DA AUDIBILIDADE HUMANA Decibel Newton/m 2 ou Pa INTENSIDADE Zero decibel não é ausência de pressão sonora, mas valor em db que corresponde ao limite inferior da audibilidade humana FREQÜÊNCIA : 16 A Hz
9 Estimativa da Exposição ao Ruído
10 Exposição Ocupacional ao Ruído Avaliação ou estimativa com anamnese ocupacional Avaliação com medição do ruído em situação de trabalho Pedir cópias de avaliações usadas para PPRA, PCMSO Pedir cópias de Avaliação indireta com cópias audiometrias préocupacional e de exames periódicos
11 Lembrete de fisiologia auditiva e noções de audiometria clínica
12 E a via óssea? Audição Humana Via aérea.
13 Audiometria Clínica Após repouso acústico de, pelo menos, 14 horas Cabina isolada acusticamente Estimulação com tons puros nas freqüências de: 250, 500, 1.000, 2.000, 3.000, 4.000, e Hz Intensidades decrescentes (para cada uma das freqüências) Transmissão aérea T. aérea alterada pesquisar via óssea.
14 Intensidade em db Audiometria Clínica Freqüência em Hertz > > > > >
15 Normal: Tipos de curvas audiométricas Vias aérea e óssea com perdas de até 25 db(a) em todas as freqüências Surdez de condução: Via óssea: OK. Via aérea: perda > 25 db(a) Disacusia neurosensorial: Perdas (> 25 dba) em vias aérea e óssea, curvas acopladas ou superpostas Disacusia mista: Perdas em vias aérea > via óssea (ambas maiores que 25 dba). Curvas dissociadas.
16 Da Fisiologia para a fábrica As audiometrias de cerca de 20 trabalhadores demitidos da empresa X, mostradas por médico responsável pelo PCMSO mostravam perdas ósseas maiores do que as perdas aéreas nas mesmas freqüências. Como você interpreta esse achado? Explique sua resposta com base na fisiologia da audição
17 Efeitos do Ruído na Saúde Humana
18 Efeitos do ruído sobre a saúde humana INESPECÍFICOS extra auditivos ESPECÍFICOS aparelho auditivo
19 Efeitos Inespecíficos
20 Exemplos de efeitos inespecíficos APARELHO CARDIOCIRCULATÓRIO Hipertensão, isquemia miocárdica, ateroma APARELHO DIGESTIVO Hipercloridria, aumento da motilidade gástrica, espasmo da musculatura lisa APARELHO ENDÓCRINO de corticosteróides APARELHO NEUROPSÍQUICO Somatizações, alterações neurovegetativas, irritabilidade, insônia...
21 Efeitos específicos
22 Efeitos específicos Temporários Elevação temporária do limiar auditivo (hipoacusia transitória) Prejuízo na discriminação da fala Tonturas, vertigens Zumbidos Permanentes
23 Mudança temporária do limiar de audição (fadiga fisiológica FF) Varia com a suscetibilidade individual; Não é produzida para tons puros < 70 db; Tons puros (70 a 90 db) produzem FF na freqüência análoga; Tons puros (>90 db): FF máxima na sua freqüência ou de uma oitava acima; Correlação linear com intensidade do som e Log do tempo de exposição; Para intensidade e duração semelhantes, os tons a freqüência mais alta produzem FF maior.
24 Diminuição temporária da acuidade auditiva após 2 h de exposição a ruído de 103 db(a)
25 Se entre a exposição a um ruído e a seguinte não há um tempo suficiente para a completa recuperação da capacidade auditiva (12 a 16 horas) é certo que a longo termo se instalará um dano auditivo (F. Merluzzi )
26 Efeitos específicos Agudos: Trauma acústico Crônicos: PAIR
27 Perfuração aguda de membrana do tímpano em ouvido direito OBS: O registro não seguiu a notação padrão para as perdas auditivas
28 Efeitos específicos - PAIR
29 Perda auditiva induzida por ruído ocupacional PAIR - O
30 Características da PAIR-O Neurossensorial, afetando células do O. Interno Geralmente bilateral e simétrica Perdas precoces em 3, 4 e 6 KHz, sempre maiores que em 0,5, 1 e 2 KHz. Perdas profundas são raras. Limiares de 40 dba em freqüências graves e 75 nas agudas Se exposição é estável, perdas máximas em 3, 4 e 6 KHz ocorrem em 10 a 15 anos. Perdas prévias não aumentam a sensibilidade do ouvido. Com aumento do limiar diminui a velocidade das perdas Exposição contínua é mais prejudicial que a interrompida. Comitê de ruído e conservação auditiva do ACOEM
31 Fatores que favorecem a PAIR-O Sexo: > prevalência em homens. Mais expostos? Idade: presbiacusia acelera aparecimento e evolução Dano de ouvido médio: Subst. tóxicas do foco + ab: lesão de Órgão do Corti e > sensibilidade ao trauma acústico Paralisisa de mm timpânicos favorece T.A. Substâncias ototóxicas: Ab, AAS, diuréticos, etc Vibrações: agravam dano auditivo
32 Fatores associados à ocorrência e à gravidade da PAIR-O Características físicas do ruído: Intensidade (nível de pressão sonora) Tipo de ruído: contínuo, impulso, intermitente Impulso: Mais lesivo. Falta proteção do reflexo estapediano. Duração da exposição Sensibilidade individual: fatores congênitos? Vascularização e,ou metabolismo de estruturas cocleares? O risco é proporcional à energia absorvida pelo aparelho auditivo
33 Evolução clínica da PAIR: os 4 estágios
34 Evolução clínica da PAIR-O Primeiro estágio: -Atinge alguns sujeitos por ocasião das primeiras exposições ao ruído; -Zumbidos em finais de jornada; -Sensação de plenitude auricular; -Cefaléia, tontura; -Dura de 2 a 3 semanas; -Audiometria normal ou com perda reversível em 4000 hz.
35 Evolução clínica da PAIR-O Segunda estágio: Ausência de sintomas, exceto zumbidos eventuais; Dura meses ou anos (varia com energia absorvida pela orelha e com sensibilidade individual); Audiometria: perda de 30 a 40 db em 4 Khz, podendo afetar 3 e 6 Khz.
36 Evolução clínica da PAIR-O Terceiro Estágio: -Dificuldade para ouvir tic-tac de relógios, aumenta volume de rádio/tv; -Dificuldade para entender os sons sibilantes (s, f, ch) que piora com aumento da intensidade; -dificuldade para entender sons em ambiente com ruído de fundo ( efeito coquetel ); -Audiometria: perda em 4Khz atinge db. Compromete freqüência de 3 Khz.
37 Evolução clínica da PAIR-O.Quarto estágio ( surdez por ruído ): -Mantida exposição a ruído por alguns anos; -Dificuldade para ouvir a voz de colegas e de familiares;.pede que falem mais alto ou repitam. -Zumbidos, -Recrutamento (lesão de células ciliadas externas);.dificuldade para entender os sons ( rádio mal sintonizado ).Exagero na percepção de estímulos -Audiometria: perdas em 4, 6, 3, 2 e 8 Khz
38 Características Audiométricas da PAIR
39 Dica da prática: a importância do PCMSO e dos registros da evolução da doença Olhe a audiometria a seguir considerando que cada curva foi realizada em momentos diferentes. (considere que os resultados correspondem a perdas em vias aérea e óssea)
40 O que está representado no esquema abaixo? A evolução audiométrica típica da PAIR-O
41 Questões Considerando tratar-se de situação de realidade o que você sugere investigar para esclarecer a atuação do médico responsável pelo PCMSO no caso? Ajuda na construção da resposta: Inicie esclarecendo o objetivo do PCMSO em geral e no caso específico da empresa: Há Programa de Conservação Auditiva? Houve mudança na situação de risco? Reveja o resultado da evolução do caso: O que aconteceu com a audição do trabalhador no período?
42 Questões No exemplo anterior, qual o pior cenário do ponto de vista da atuação do médico responsável pelo PCMSO? Identifique cenários possíveis em que tal evolução poderia ocorrer contra a vontade do médico responsável pelo PCMSO? Como ele poderia demonstrar isso?
43 Homem, 50 anos (BMJ): o que falta no esquema para audiometria típica de PAIR?
44 Freqüências da fala 3000 Hz Perda neurossensorial (>,<) Bilateralidade Recuperação em 8 KHz Traçados simétricos Preservação das freq. da Entalhe acústico 4 a 6 KHz fala
45 Como seria a audiometria de trabalhador no quarto estágio clínico da doença? Intensidade em db 250 Freqüência em Hertz > > > > >
46 Para raciocinar 1. Trabalhador 22 anos, 3 anos de exposição a ruído, evoluindo com perdas rápidas em audiometria. Como interpretar, como agir? Rapidez ou velocidade da evolução: sinal de gravidade Perdas típicas de PAIR Exposição de maior agressividade: associação dcom vibrações? solventes?... Suscetibilidade individual? Intercorrências a esclarecer? Afastar da exposição e avaliar ambiente. Seguir com audiometrais no tempo.
47 Para Raciocinar 2. Trabalhador de 55 anos, 24 anos de exposição a ruído, comparece com uma audiometria mostrando perdas típicas de PAIR, de 45 db em 4KHz e 35 db em 3 e 6 KHz. Como interpretar, como agir? Resultado do histórico de exposição ou de mudança recente?
48 Condutas SOLICITAR À EMPRESA: Emissão de CAT Resultados de avaliação de níveis de ruído Cópia de exames audiométricos (ex. admissional e periódicos) e histórico médico na empresa PREENCHER ATESTADO MÉDICO DA CAT ELABORAR RELATÓRIO MÉDICO ENCAMINHAR O PACIENTE: À Previdência Social Ao sindicato da categoria.
49 FLUXOGRAMA DO CONTROLE DA EXPOSIÇÃO AO RUÍDO AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE RUÍDO Dose equivalente > 1 SIM USO TEMPORÁRIO DE EPI CONTROLE DOS EXPOSTOS CONTROLE AMBIENTAL NÃO VIGILÂNCIA
50 Prevenção da surdez ocupacional MEDIDAS DE CONTROLE NA FONTE: Substituição de processos; Modificação de máquinas e equipamentos: diminuição da vibração, alterações de engrenagens, diminuição de choques... Manutenção adequada: lubrificação, balanceamento, regulagem...
51 Prevenção da surdez ocupacional MEDIDAS DE CONTROLE NA TRAJETÓRIA: Segregação Barreiras Enclausuramento Forrações absorventes Suportes anti-vibratórios.
52 Prevenção da surdez Ocupacional CONTROLE DOS EXPOSTOS Limitação do tempo de exposição Uso de protetor auricular Controle médico - audiometria
53 PCA e qualidade de vida de expostos a ruído e ou lesionados Informar sinais iniciais, evolução e prevenção da doença; Conhecer dispositivos de proteção, queixas mais comuns de seus usuários, razões de abandono do uso e de sua não utilização. Participar na escolha de alternativas. Informar formas de aperfeiçoamento da comunicação na família: uso de sinais, fala pausada e em frente ao paciente, apontar objetos e pessoas acerca de quem se fala, mudar o que se disse usando outras palavras com mesmo significado ao invés de elevar a voz e repetir o que foi dito. Quando há perda significante em freqüências da fala: encaminhar para especialista (amplificador de sons?). Informar limitações do dispositivo.
54 Problemas na assistência de expostos a ruído Exames médicos: Pré admissionais: detecção de hipersuscetíveis e seleção x controle de ambientes Desrespeito a requisito técnicos do exame Resultados de exames Omissão médica e legal Falha na comunicação e entrega da cópia ao paciente Exames demissionais Dano, deficiência (limitação funcional) e incapacidade: prevenção ou indenização?
55 Diagnóstico diferencial Intoxicações: profissionais, álcool. Tifo: malária, tuberculose Drogas ototóxicas História de febre alta na infância, meningites, parotidite, encefalites Vasculopatia cerebral Traumatismo crânio encefálico (TCE) Forma de surgimento e evolução do dano Tumores cerebrais Socio-acusia: ruído ambiental e de atividades de lazer
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