ÁREAS LIVRES DE PRAGAS
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- Isaque Cunha Dreer
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1 ÁREAS LIVRES DE PRAGAS A movimentação de crescentes quantidades de produtos em um ritmo cada vez mais acelerado tem ocasionado o agravamento de problemas fitossanitários e tem levado os países a impor restrições à importação de diversos produtos agrícolas potenciais veiculadores de pragas. Uma das maneiras de se garantir a sanidade de partidas de vegetais é a implantação de Áreas Livres de Praga (ALP) no território do país exportador. O estabelecimento de áreas livres de pragas (ALP) é regulado pela Norma Internacional de Medidas Fitossanitárias (NIMF) número 4 Requerimentos para o Estabelecimento de Áreas Livres de Pragas, publicada pela Convenção Internacional de Proteção dos Vegetais (CIPV). Área livre de praga é definida como uma área na qual uma praga específica não ocorre, como demonstrado por evidência científica e na qual, quando apropriado, essa condição está sendo oficialmente mantida. Áreas livres de pragas constituem-se em opção de manejo de risco para exportação de vegetais, produtos vegetais e outros artigos regulamentados, ou para conferir suporte científico para medidas fitossanitárias tomadas por um país importador para proteger uma área em perigo. Esse sistema possibilita a exportação sem a necessidade de aplicação de medidas fitossanitárias adicionais, quando certos requisitos são atendidos. A PRAGA ANASTREPHA GRANDIS. ÁREAS LIVRES DE ANASTREPHA GRANDIS A mosca sul-americana das cucurbitáceas (Anastrepha grandis) tem como hospedeiros a abóbora (Cucurbita pepo), pepino (Cucumis sativus), melão (Cucumis melo) e melancia (Citrullus lanatus), dentre outros. Alguns países importadores, entre eles a Argentina, o Uruguai e os Estados Unidos, impõem restrições fitossanitárias com relação à importação de frutos frescos de cucurbitáceas do Brasil. A praga está presente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, tendo havido uma detecção em Barreiras BA. Nos demais estados do Nordeste e na Região Norte a praga é considerada ausente.
2 DISTRIBUIÇÃO GEOGRAFICA DA PRAGA ANASTREPHA GRANDIS NO BRASIL PRAGA PRESENTE: - Região Sul - Região Sudeste - Região Centro-oeste - Estado da Bahia (1 ocorrência) PROCESSO DE RECONHECIMENTO DE UMA ALP DE A. GRANDIS LEGENDA: ALP: Área Livre de Pragas OEDSV: Órgão Estadual de Defesa Sanitária Vegetal SEDESA/SFA: Serviço de Defesa Sanitária Agropecuária da Superintendência Federal de Agricultura DSV: Departamento de Sanidade Vegetal SDA: Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ONPF: Organização Nacional de Proteção Fitossanitária. A existência de uma ALP de Anastrepha grandis só faz sentido quando existe a necessidade de atender requisitos fitossanitários de países importadores, já que a praga não é quarentenária para o Brasil. Os produtores / exportadores, organizados em torno de uma entidade associativa, solicitam ao órgão estadual de defesa vegetal a elaboração de um projeto técnico, segundo detalhamento contido na Instrução Normativa 13/2006. Após o cumprimento do período regulamentar de monitoramento da praga, o MAPA realiza auditoria para verificação do cumprimento das exigências legais.
3 Uma vez tendo sido a ALP reconhecida oficialmente pelo MAPA, a documentação é enviada às Organizações Nacionais de Proteção Fitossanitária (ONPF) dos países importadores, que farão análise do projeto e poderão realizar auditoria na ALP. Somente após aprovação por parte das ONPFs, as exportações poderão ter início. A ÁREA LIVRE DE ANASTREPHA GRANDIS NO RIO GRANDE DO NORTE O projeto de monitoramento de A. grandis teve início em fevereiro de 1985 na região produtora de melão dos municípios de Mossoró, Açu e Areia Branca, no Estado do Rio Grande do Norte, motivado por limitações impostas pelos EUA à exportação de melões decorrentes de diversas publicações constatando a presença de A. grandis no Brasil. Como no período de 1985 a 1993 ficou demonstrada a ausência da praga, por meio de monitoramento no campo e corte de frutos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos liberou as exportações brasileiras de melões produzidos na Área Livre de Anastrepha grandis do Estado do Rio Grande do Norte. No ano de 2002 passaram a integrar a ALP os seguintes municípios, reconhecidos oficialmente pelo MAPA: Afonso Bezerra, Alto dos Rodrigues, Baraúna, Carnaubais, Grossos, Ipanguaçu, Porto do Mangue, Serra do Mel, Tibau e Upanema. O órgão estadual de defesa vegetal do Rio Grande do Norte, responsável pelas atividades de cadastramento de produtores, controle do monitoramento, certificação fitossanitária de origem e supervisão do sistema é o Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado do Rio Grande do Norte IDIARN. A ÁREA LIVRE DE ANASTREPHA GRANDIS NO CEARÁ A partir de 1999, teve início o monitoramento da mosca-das-cucurbitáceas na região do Baixo Jaguaribe, vizinha aos municípios de Mossoró e Baraúna, com o objetivo de demonstrar que os municípios de Aracati, Icapuí, Itaiçaba, Jaguaruana, Russas, Quixeré e Limoeiro do Norte estavam livres da Mosca Sul-Americana das Cucurbitáceas.
4 O órgão estadual de defesa vegetal do Ceará, responsável pelas atividades de cadastramento de produtores, controle do monitoramento, certificação fitossanitária de origem e supervisão do sistema é a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará ADAGRI. SITUAÇÃO ATUAL Desde o início dos trabalhos de monitoramento da praga em 1985, nunca houve captura de adultos ou de formas imaturas de A. grandis na ALP. O controle do trânsito de hospedeiros da praga por meio de barreiras fitossanitárias e o permanente monitoramento em propriedades produtoras e locais de risco contribuem significativamente para a prevenção da introdução de A. grandis na ALP.
5 Além disso, a manutenção da condição de Área é favorecida pelo fato da região estar geograficamente isolada das demais regiões onde a praga ocorre, tendo ao norte o Oceano Atlântico e ao sul uma distância de km separando-a da área infestada mais próxima. A manutenção dessa condição possibilitou ao DSV solicitar o reconhecimento da ALP- CE e ampliação da ALP-RN por parte do APHIS-USDA. A abertura do mercado norteamericano permitirá aos produtores de melão e melancia da ALP exportar seus produtos em um período bastante favorável, que se configura como uma janela na produção dessas cucurbitáceas nos Estados Unidos, que vai de meados de novembro a meados de fevereiro. O SENASA Argentina emite, a pedido dos produtores inscritos na ALP, autorizações para importação de cucurbitáceas produzidas na ALP-RN e ALP-CE.
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