LENDAS E PARLENDAS: PRODUZINDO CULTURA NA TELA DO COMPUTADOR
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- Vinícius Galvão Clementino
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1 LENDAS E PARLENDAS: PRODUZINDO CULTURA NA TELA DO COMPUTADOR Aline Musse Alves Pereira Angélica Lima de Moraes RESUMO: Este artigo apresenta o relato de experiência do Projeto Lendas e Parlendas desenvolvido pela equipe de Informática Educativa da Unidade de Educação Infantil de Realengo, do Colégio Pedro II. O trabalho propôs o uso de diferentes suportes midiáticos: imagens, pesquisas na Web, vídeos e jogos interativos, para estimular a autoria e a intervenção das crianças no processo de reconhecimento da cultura popular. 1) Introdução A evolução das tecnologias determina, cada vez mais, a velocidade das informações e processos de comunicação, as relações humanas e sociais, a dinâmica de trabalho. As crianças, nos dias atuais, estão inseridas nessa sociedade tecnológica, também referenciada como Sociedade em Rede, assim definido por Castells (2008): Frequentemente, a sociedade emergente tem sido caracterizada como sociedade de informação ou sociedade do conhecimento. Eu não concordo com esta terminologia.não porque conhecimento e informação não sejam centrais na nossa sociedade. Mas porque eles sempre o foram, em todas as sociedades historicamente conhecidas. O que é novo é o facto de serem de base microelectrónica, através de redes tecnológicas que fornecem novas capacidades a uma velha forma de organização social: as redes. CASTELLS, 2008, p.18 Essa Sociedade em Rede se estabelece no Ciberespaço, definido por Pierre Levy (2011), como: o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. (p. 89) No Ciberespaço, as fronteiras físicas deixam de existir não havendo mais limites para as trocas de conhecimentos, para o estabelecimento de novas relações, para as descobertas e acesso a todo tipo de informação e cultura. É assim que legitima a Cibercultura, termo que vem sendo constantemente referenciado como a cultura ampliada, constantemente construída e significada pela sociedade atual, a partir das possibilidades criadas pelo acesso às redes de computadores. É nessa nova configuração de espaço que as crianças vem encontrando um terreno extremamente fértil para desenvolver suas diferentes habilidades, lidando com extrema naturalidade
2 com as ferramentas tecnológicas. A partir das relações que as crianças estabelecem com celulares, computadores, tablets, videos-games, passa-se a refletir sobre que tipo de interação é estabelecida, como esse processo pode interferir na prática cotidiana dessas crianças e de que forma pais e professores podem atuar para mediar as possibilidades de aprendizagem entre a criança e o computador. Surge assim uma questão: de que forma crianças e adultos lidam com a tecnologia? É visível que essa relação acontece sob diferentes aspectos, o que pode ser justificado pelo conceito de nativos e imigrantes digitais. Mark Prensky (2004) utiliza os termos acima mencionados para designar aqueles que já nasceram no universo da tecnologia digital (nativos digitais) no caso, as crianças; e aqueles que precisam se adequar a essa nova realidade, os imigrantes digitais, que são os pais, responsáveis e professores. A dinâmica de pensamento e de uso dos suportes tecnológicos por nativos e imigrantes digitais diferencia-se em vários aspectos. Coll afirma que tanto uns quanto outros utilizam exatamente os mesmos meios tecnológicos, mas fazem isso de forma significativamente diferente. (Coll, 2010, p. 101). E dessas diferenças, pode-se estabelecer uma relação de troca extremamente enriquecedora para ambos: crianças e adultos. Segundo Gonnet (2004), A aparição das mídias não coloca o problema a priori nem para a criança, nem para o adolescente. Eles navegam num mundo que surpreende, aterroriza ou maravilha os mais velhos, mas que é o mundo deles (p.28). Nesse contexto é espontâneo que se veja como uma dinâmica natural, a presença das tecnologias na escola. Assim como a tecnologia para o uso do homem expande suas capacidades, a presença dela na sala de aula amplia seus horizontes e seu alcance em direção à realidade (LEITE, 2014, p.7). Uma vez que este é um espaço de formação, é fundamental que o processo educacional traga uma proposta de reflexão e atuação diante das novas demandas sociais, entre elas, a educação para o uso efetivo e produtivo das tecnologias. Tratando-se especificamente da educação das crianças para o uso da tecnologia justifica-se esse contato e a mediação pela escola por estar a criança inserida nessa sociedade tecnológica. O conceito de criança oferecido pelo Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil 1 (RCNEI) nos ajuda a observar com mais clareza essa necessidade: A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. (2010, p. 21). Contudo, a presença das tecnologias na escola não garante, por si só, uma ressignificação do 1 O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil é um documento criado pelo MEC em 1998 para orientar as questões pedagógicas relacionadas à Educação Infantil.
3 processo pedagógico. É fundamental que todo o planejamento seja voltado para situar as ferramentas como um meio de produção de conhecimento, de acesso à pesquisa que incentive a autoria dos alunos. Já faz algum tempo que se busca fazer com que o aluno participe ativamente no processo de aprendizagem. Mas entre questionar o aluno para verificar suas aquisições, e disponibilizar para ele ferramentas que lhes permitirão e facilitarão o caminho para tentar, hesitar, e construir, respeitando seu próprio tempo, há uma grande distância. E é esse o papel das tecnologias na educação. Este artigo apresenta um Projeto desenvolvido tendo como proposta o uso das tecnologias a favor da aprendizagem, da construção do conhecimento e da integração de diferentes áreas e linguagens. Nos meses de julho e agosto de 2014, na Unidade de Educação Infantil Realengo do Colégio Pedro II a equipe pedagógica da escola adotou como projeto a temática do Folclore, a ser trabalhada por todos os professores em suas diferentes áreas de atuação. Sabemos que o Folclore se trata da expressão da cultura popular, herdada dos nossos antepassados e que deve ser transmitida às crianças, através de manifestações como as cantigas de roda, lendas, danças, e parlendas. É prática constante das crianças desencadearem experiências acerca de curiosidades do mundo ao seu redor e se apropriarem dos resultados como aprendizagem. E foi a partir desses princípios que surgiu a iniciativa de utilizar os recursos do computador para apresentar as manifestações folclóricas às crianças de forma mais atrativa, incentivando-os a explorarem através destes mesmos recursos sua criatividade, imaginação e capacidade de criação acerca do assunto. 1.1) Identificação: O Colégio Pedro II, tradicional colégio da rede pública federal de ensino, com 176 anos de existência destaca-se como referência no cenário educacional brasileiro. Devido a sua educação de excelência, no ano de 2010, a pedido do Ministério de Educação, foi elaborado um projeto para a implementação da Educação Infantil no Colégio. Essa preocupação atende a um processo de valorização desta primeira etapa da Educação Básica, que passou a ser uma das principais metas dos Planos de Educação do Brasil. O Projeto foi apresentado e dois anos depois, em março de 2012, foi inaugurado no campus Realengo a Unidade de Educação Infantil. Inicialmente oferecendo 144 vagas para crianças de 4 e 5 anos, a serem selecionadas a partir de sorteio público. Mais recentemente, no ano de 2014, a proposta foi ampliada para atender a crianças de 3 anos, em duas turmas de 12 anos. A partir de então, a Unidade passou a contar com 168 alunos, divididos em três grupamentos, de acordo com a faixa etária: Grupamento I: 3 anos; Grupamento II: 4 anos e Grupamento III: 5 anos.
4 De acordo com a proposta, os alunos contam com aulas semanais de Artes Visuais, Educação Física, Música e Informática Educativa, além dos momentos em que estão no espaço de suas salas, com os chamados professores de Núcleo Comum. Visando a qualidade na educação oferecida, marca da Instituição, o projeto conta com a bidocência, que garante dois professores do Núcleo Comum com as crianças. Em relação a fundamentação teórica que rege a proposta pedagógica do Projeto de Educação Infantil do Colégio Pedro II adota-se a abordagem interacionista buscando como fontes Vygotsky, Wallon e Freinet. Estes autores destacam a importância da interação da criança com o meio, com o social como maneira de estabelecer suas práticas, construir seus conhecimentos e se moldar enquanto indivíduo ativo e produtor de cultura. A partir das ideias sobre desenvolvimento infantil apresentadas pelos autores citados, os responsáveis pelo projeto elaboraram as propostas pedagógicas que regem as atividades da Educação Infantil do Colégio Pedro II, vendo a criança como centro do processo de aprendizagem e tendo como foco o cuidar e educar. 2) A Informática Educativa na Educação Infantil Segundo Piaget (1991, p.97): "A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores". Diante disso, observa-se a importância de colocar a criança em contato com as ferramentas tecnológicas, tal como definem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil que definem que as práticas pedagógicas para a Educação Infantil devem garantir experiências que: Possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos (2010, p. 27) Na Educação Infantil, têm-se a concepção de escola enquanto um espaço lúdico onde se possa criar oportunidades para uma aprendizagem significativa, possibilitando o ingresso da criança na sociedade de forma crítica e participativa, através de ambientes que promovam experiências e despertem o interesse, desenvolvendo os conteúdos pedagógicos tendo como base suas vivências, relações e formas de interação com o mundo. Sendo assim, é possível irmos além do cuidar, do brincar; podemos criar, pesquisar, compartilhar. A informática educativa é capaz de tudo isso, através do uso das tecnologias para a educação. O computador e os demais recursos tecnológicos atuais despertam naturalmente a curiosidade das crianças, e possibilitam novas formas de ler, de escrever, de criar e interagir, podendo ser utilizados como ferramentas lúdicas, instigantes e atrativas, favorecendo a construção do conhecimento.
5 A Informática Educativa privilegia a utilização do computador como a ferramenta pedagógica que auxilia no processo de construção do conhecimento. Neste momento, o computador é um meio e não um fim, devendo ser usado considerando o desenvolvimento dos componentes curriculares. Nesse sentido, o computador transforma-se em um poderoso recurso de suporte à aprendizagem, com inúmeras possibilidades pedagógicas, desde que haja uma reformulação no currículo, que se crie novos modelos metodológicos e didáticos, e principalmente que se repense qual o verdadeiro significado da aprendizagem, para que o computador não se torne mais um adereço travestido de modernidade. Em relação ao trabalho a ser desenvolvido pela Informática Educativa, fica claro que esta não se apresenta enquanto um componente curricular para a Educação Infantil. A proposta é que esse seja o espaço e momento em que alunos e professores, trabalhem de maneira integrada, os diferentes componentes curriculares: Movimento, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Matemática, Música, Sociedade e Natureza. Os diversos assuntos e questões que surgem a partir de cada linguagem é organizada em atividades e propostas intermediadas pelas mídias e tecnologias disponíveis no Laboratório de Informática e que podem e devem se estender por todo o espaço escolar, trazendo o computador e demais recursos tecnológicos para o universo das experiências das crianças, tornando-os ferramentas que venham agregar valores na descoberta e na aprendizagem global. Daí a importância, ressaltada pelo RCNEI, de um trabalho realmente planejado de maneira integrada: Para que as crianças possam compreender a realidade na sua complexidade e enriquecer sua percepção sobre ela, os conteúdos devem ser trabalhados de forma integrada, relacionados entre si. Essa integração possibilita que a realidade seja analisada por diferentes aspectos, sem fragmentála. (RCNEI, 1998, p ) Tratando-se especificamente da Informática Educativa na Educação Infantil, observa-se a proposta trazida no Projeto de Implementação da Unidade: as TIC se inserem no currículo como linguagens importantes para o desenvolvimento dos projetos e atividades, por meio da utilização de recursos que possibilitem aos professores a construção de propostas que estimulem a aprendizagem baseada na autoria e na autonomia das crianças. Os softwares e a internet devem ser utilizados para que as crianças construam produtos que reflitam a sua própria aprendizagem, evitando uma visão mais tradicional que concebe o computador com um caráter apenas de lazer. Há que se preservar o caráter lúdico do trabalho com esta faixa etária sem, no entanto, prescindir das possibilidades que o computador e sua integração com outras mídias pode oferecer ao trabalho pedagógico. (2010, p. 15)
6 Desta forma, a informática educativa torna-se uma grande aliada no processo de aprendizagem, contribuindo como uma ferramenta que disponibiliza novas formas de explorar e aprender, catalisando mudanças, criando possibilidades, facilitando a troca e as parcerias, e permitindo o aprender brincando. 3) O Projeto Folclore As parlendas também são Versos curtos recitados Sempre com uma melodia Todos eles são rimados Temas infantis que vão Sendo com animação Pelas crianças, cantados Fazem parte do Folclore No contexto cultural Do povo que cria códigos Pro cotidiano tal Que afirma-se a ligação Com a sua região Como se fosse um sinal (CAMPOS, s/d, p. 03) No contexto da Cibercultura, como já foi observado é natural que as relações e práticas culturais se tornem universalizadas, e que o acesso a qualquer tipo de informação e conhecimento torne-se mais fácil. Com isso, é comum que crianças e jovens conheçam lugares e culturas do mundo todo através da rede mas, ao mesmo tempo, desconhecem aquilo que está próximo a ele. Daí a importância do constante resgate da cultura popular brasileira, trazendo-a para a escola como maneira de valorizar nossas tradições e ampliar o universo cultural de nossas crianças. O Projeto de Implementação da Educação Infantil do Colégio Pedro II destaca a importância de que se desenvolvam práticas pedagógicas comprometidas com a concepção de criança, enquanto ser social e cultural: A visão de criança como constituída de cultura e produtora de cultura também encontra fundamentação em Vygotsky. Na interação, as crianças não apenas aprendem e se formam, mas ao mesmo tempo, criam e transformam, ou seja, são sujeitos ativos que participam e intervêm na realidade ao seu redor. Cabe aos adultos a função de mediar as ações das crianças por meio das quais reelaboram e recriam o mundo. (PI, 2010, p. 13).
7 O conceito de folclore mostra-se muito mais dinâmico do que aparenta, pois engloba diversas vertentes da cultura popular, e continua sendo produzido até os dias de hoje. Na realidade, devemos entender o folclore e a cultura popular como campos de conhecimento em constante construção, e não como fatos prontos. O Folclore enquanto manifestação cultural é um tema recorrente nas escolas como maneira de valorizar e transmitir a tradição popular brasileira. O Referencial Curricular Nacional, cita: A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação. (RCNEI, 1998, p. 23) Na prática, as crianças conseguem navegar pelo universo dos códigos sociais através das músicas e brincadeiras, o que somado às suas aprendizagens adquiridas no convívio social, enriquecem suas experiências. Sendo assim, enquanto cantam e recitam, por exemplo, as crianças são capazes de compreender a estrutura da língua e aprendem a reconhecer as mudanças na sonoridade das palavras e a identificar que a entonação pode mudar o sentido de toda a comunicação. Durante a execução do projeto Lendas e Parlendas, buscou-se inicialmente resgatar tradições da cultura popular, e pudemos observar que os alunos embarcaram no mundo encantado das histórias que foram mostradas a eles e de seus personagens folclóricos. E, ao executarem as atividades propostas, foi possível desenvolverem a oralidade, levantarem hipóteses e questionamentos interpretativos, discutirem e resgatarem a importância do folclore nacional, registrar ideias e propostas, enquanto também desenvolviam a escuta, o poder de criação, o trabalho coletivo, o raciocínio e criatividade, além de aprenderem a valorizar a cultura local e as manifestações folclóricas. Em relação ao aspecto do fazer artístico, o Projeto seguiu a orientação dos Referenciais Curriculares Nacionais no que tange a produção das crianças em relação as artes: As crianças têm suas próprias impressões, ideias e interpretações sobre a produção de arte e o fazer artístico. Tais construções são elaboradas a partir de suas experiências ao longo da vida, que envolvem a relação com a produção de arte, com o mundo dos objetos e com seu próprio fazer. As crianças exploram, sentem, agem, refletem e elaboram sentidos de suas experiências. A partir daí constroem significações sobre como se faz, o que é, para que serve e sobre outros conhecimentos a respeito da arte. (RCNEI, 1998, p. 89)
8 4) Metodologia Na Educação Infantil trabalha-se com a proposta de ouvir a demanda das crianças, inserindo-as sempre no contexto das aulas, proporcionando um espaço em que eles possam trazer suas próprias questões, conhecimentos prévios, curiosidades, desejo de pesquisa. A partir desse pressuposto, ao introduzir a temática do Folclore com as turmas do Grupamento II (4 anos) e Grupamento III (5 anos) buscou-se inicialmente observar quais propostas as turmas traziam, o que foi determinante para que o projeto fosse se afinando entre a ideia inicial traçada pelas professoras de Informática Educativa e as questões que as crianças apresentavam na aula. Após afinar as propostas, adaptar o Projeto inicial ao desejo dos alunos, chegou-se ao Projeto Folclore que teve como proposta o trabalho com as Lendas Tradicionais: Saci, Curupira, Iara e Mula sem Cabeça com os alunos do Grupamento II, e Parlendas Animadas com o Grupamento III. O trabalho com as seis turmas de 4 anos teve sua dinâmica centrada na tradição das Lendas, a partir da construção de um quadro de ideias sobre os 4 personagens selecionados. A partir da conversa sobre os conhecimentos prévios sobre cada um deles, buscou-se traçar o seguinte panorama: características físicas dos personagens, seus costumes, cenários em que habitam e a história de cada um. Em continuidade, foram exibidos vídeos sobre cada personagem e as crianças foram estimuladas a contar suas experiências com as lendas e conhecer outros aspectos, antes desconhecidos por elas. Depois disso, em duplas, utilizando-se da Ferramenta PaintBrush os alunos puderam complementar os desenhos das imagens de cada personagem e colori-los, produzindo e organizando os cenários a partir da inserção de gifs animados, culminando na elaboração de uma apresentação no software Impress, com o objetivo de desenvolver a coordenação motora, estimular a criatividade e produção artística através da pintura. Já com as quatro turmas de 5 anos, onde o projeto também teve como objetivo principal o resgate do valor social da tradição do folclore infantil, desenvolvendo a criatividade, linguagem oral e escrita, memorização e expressão corporal, as atividades também foram realizadas na perspectiva das duplas. O foco foram as Parlendas, onde após o retorno da pesquisa feita pelos professores da turma junto às famílias, com a intenção de identificar quais as parlendas mais conhecidas entre eles, foram apresentados vídeos e animações, para que fossem escolhidas pelas duplas aquelas que mais lhes despertaram interesse para serem ilustradas, na ferramenta Tux Paint. Após a conclusão da ilustração da parlenda escolhida, cada dupla gravou a narração da mesma, tendo como produto final um vídeo criado no software Movie Maker, agrupando as parlendas ilustradas de cada turma.
9 6) Resultados Ao final do desenvolvimento da produção dos trabalhos observou-se o quanto a integração entre as diferentes áreas e linguagens é fundamental para o trabalho na Educação Infantil, bem como a atuação do professor enquanto mediador de todo o processo. As produções finais foram organizados pelas professoras com o intuito de socializar os resultados dos trabalhos primeiramente com as crianças das turmas envolvidas, depois trocando com os colegas de outras turmas e finalmente apresentados aos professores e aos pais. Mais importante do que o resultado em si, foi o processo de execução do Projeto em cada uma de suas etapas: as adaptações que foram sendo realizadas ao projeto inicial, para atender a demanda das crianças, seus interesses e curiosidades, a negociação com cada turma para definir de que maneira as produções seriam apresentadas, observar o crescimento das crianças a cada semana representada na firmeza dos traços que complementavam seus desenhos. Ao final, o que se percebe é que conseguimos muito além daquilo que fora pretendido, sobretudo, pela alegria e orgulho das crianças ao ver e apresentar. suas produções. A seguir, apresentam-se as imagens de alguns dos trabalhos desenvolvidos: [Figura 1] Saci: desenhado no Paint por aluno de 4 anos. [Figura 2] Mula sem cabeça: desenho com molde no Paint, complementado por aluno de 4 anos.
10 Era uma bruxa, a meia-noite, num castelo mal assombrado, com uma faca na mão, passando manteiga no pão, passando manteiga no pão. [Figura 3] Ilustração de Parlenda, cuja letra consta ao lado, feita no TuxPaint por alunos de 5 anos. [Figura 4] Curupira: Construção de cenário no Impress, por alunos de 4 anos. 7) Considerações Finais A partir do trabalho relatado identificou-se o quanto o uso das ferramentas tecnológicas podem auxiliar no desenvolvimento de potencialidades como a criação artística, a oralidade, a criatividade, a organização de ideias e espaços.
11 É notório que a inserção dos recursos tecnológicos como ferramenta facilitadora de aprendizagem, desde os primeiros momentos da infância, potencializam as experiências e suas descobertas e comparações, assim como favorecem a participação e colaboração da criança, criando um ambiente que possibilita aos envolvidos na ação pedagógica a exploração de outras ferramentas de leitura e criação, através de sons, imagens, ícones, vídeos, animações, jogos, etc. A proposta de construção das Lendas e Parlendas buscou uma utilização produtiva da tecnologia, propiciando aos alunos a autoria sobre as produções e a interferência nas atividades propostas, permitindo o compartilhamento das aprendizagens de forma a contribuir para a circulação do conhecimento em diversos momentos. Dessa forma destaca-se que a tecnologia precisa ser mais uma maneira de estimular os indivíduos e não apenas ser usado como ferramenta estática, na tentativa de uma suposta inovação do ensino.
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Referenciais curriculares nacionais para a educação infantil. Documento introdutório. Brasília: MEC/SEF, Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. Brasília : MEC, SEB, CASTELLS, M. A sociedade em rede. 6 ed. São Paulo: Paz e Terra, COOL, C.; MONEREO, C. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Alegre: Artmed, FRADE, I. Tecnologias do afeto. Revista Palíndromo, Disponível em: < > Acesso em: 08/10/2014, 22:10hs. GONNET, Jacques. Educação e Mídias. São Paulo. Edições Loyola, p.28. LEITE, Lígia Silva (Coord.). Tecnologia Educacional: Descubra suas possibilidades na sala de aula. 8ª edição. Petrópolis. Editora Vozes, 2014, p.7. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo. Editora 34 Ltda, Projeto de Implementação da Primeira Etapa de Educação Básica do Colégio Pedro II. Rio de Janeiro, Mimeografada. VALENTE, J. A. Computadores e conhecimento: repensando a educação. Campinas: UNICAMP São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Mídias no universo infantil: um diálogo possível. Secretaria Municipal de Educação São Paulo - SME / DOT, 2008.
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