Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc...

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1 Processo nº Acórdão 185/2013 Recursos HIE/VOL/CRF- nº 395/2012 1ªRECORRENTE: GERÊNCIA EXEC. DE JULGAMENTO DE PROCESSOS FISCAIS. 2ª RECORRENTE: LIMA TRANSPORTES LTDA. 1ª RECORRIDA: GERÊNCIA EXEC. DE JULGAMENTO DE PROCESSOS FISCAIS. 2ª RECORRIDA: LIMA TRANSPORTES LTDA. PREPARADORA: COLETORIA ESTADUAL DE CABEDELO AUTUANTE(S): ADJAN ALBUQUERQUE DE MORAES RELATORA: CONSª. MARIA DAS GRAÇAS D. O. LIMA RECURSOS HIERÁRQUICO PARCIALMENTE PROVIDO E VOLUNTÁRIO DESPROVIDO. ICMS INCIDENTE SOBRE O SERVIÇO DE TRANSPORTE. FALTA DE PAGAMENTO. CONFIRMAÇÃO EM PARTE. AUTO DE INFRAÇÃO PARCIALMENTE PROCEDENTE. REFORMADA QUANTO AOS VALORES A DECISÃO SINGULAR. - Reputa-se regular a exigência do pagamento do valor do ICMS Frete cujo recolhimento não foi realizado pela prestadora dos serviços de transporte tomados por suas contratantes, em razão do estorno a débito do valor do imposto efetuado pela transportadora, na sua Conta Gráfica, em decorrência do pagamento de parte do valor do imposto, efetuado pelas respectivas tomadoras do serviço, ficando a recorrente, na qualidade de contribuinte do imposto incidente sobre os serviços por ela prestados, responsável pelo recolhimento da diferença apurada na reconstituição da sua Conta Gráfica. - Decadência do direito de lançamento do crédito tributário não configurada e não aplicação de redução da penalidade inserta no auto infracional em virtude da inexistência de previsão legal para dar cunho de legitimidade à providência. - Não se aplica desde logo aos sócios da autuada indicados no auto de infração a responsabilidade solidária pelo recolhimento dos débitos fiscais apurados, visto não se configurarem, a princípio, os requisitos legalmente previstos e capazes de atrair ao caso a referida responsabilidade. Não obstante, diante da condenação do contribuinte devem ser identificadas na Certidão de Dívida Ativa as pessoas dos gerentes, administradores e dirigentes da empresa, com vistas à viabilização do redirecionamento da execução fiscal que porventura venha a ocorrer e caso se configure a situação dos pressupostos do art. 135 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc... A C O R D A M os membros deste Conselho de Recursos Fiscais, à unanimidade, e, de acordo com o voto do relator pelo recebimento do Recurso Hierárquico, por regular,

2 Continuação do Acórdão nº 185/ e do Recurso Voluntário, por regular e tempestivo, e quanto ao mérito pelo PARCIAL PROVIMENTO do primeiro e pelo DESPROVIMENTO do segundo, para alterar quanto aos valores a sentença exarada na instância monocrática, e julgar PARCIALMENTE PROCEDENTE o Auto de Infração de Estabelecimento n.º / , de , lavrado contra a empresa, LIMA TRANSPORTES LTDA., inscrita no CCICMS sob nº , devidamente qualificada nos autos, declarando devido o crédito tributário no montante de R$ ,20 (cento e quinze mil, quatrocentos e cinquenta e sete reais e vinte centavos), sendo R$ ,60 (cinquenta e sete mil, setecentos e vinte e oito reais e sessenta centavos) de ICMS, por infringência ao art. 106, III, b, c/c o at. 2º, II, do RICMS/PB, e R$ ,60 (cinquenta e sete mil, setecentos e vinte e oito reais e sessenta centavos) de multa por infração, nos termos do artigos 82, II, e, da Lei nº 6.379/96. Em tempo, cancelo por irregular o valor de R$ ,96, constituído de R$ ,98 de ICMS e de R$ ,98 multa por infração, pelos motivos acima expendidos. Exclua-se a responsabilidade solidária dos sócios da empresa indicados no auto infracional, em face dos fundamentos acima expendidos, devendo, no entanto, serem identificados na Certidão de Dívida Ativa, com vistas à viabilização do redirecionamento da execução fiscal, na hipótese de configuração dos pressupostos estatuídos no art. 135 do CTN. Desobrigado do Recurso Hierárquico, na expressão do artigo 730, 1, inciso II, do RICMS, aprovado pelo Decreto nº /97. P.R.I Sala das Sessões Pres. Gildemar Pereira de Macedo, em 07 de junho de MARIA DAS GRAÇAS D. OLIVEIRA LIMA CONSª. RELATORA RELATÓRIO Em análise, neste egrégio Conselho de Recursos Fiscais, os Recursos HIERÁRQUICO e VOLUNTÁRIO interpostos em face da decisão monocrática que julgou

3 Continuação do Acórdão nº 185/ PARCIALMENTE PROCEDENTE o Auto de Infração de Estabelecimento nº / , lavrado em 27 de julho de 2009, segundo o qual a empresa autuada, LIMA TRANSPORTES LTDA., é acusada da irregularidade que adiante transcrevo: - FALTA DE RECOLHIMENTO DO ICMS. Foi constatado o não recolhimento do ICMS com a justificativa da retenção do mesmo por parte do tomador de serviço sem a devida comprovação documental, conforme demonstrativos em anexo.enquadramento legal art. 106, inc. III, alínea b, c/c o at. 2º, II, do RICMS/PB, aprovado pelo Dec. Nº /96. Por também considerar infringido o art. 106 do RICMS/PB, o autuante procedeu ao lançamento de ofício, exigindo o ICMS no valor total de R$ ,58, ao mesmo tempo em que sugeriu a aplicação da penalidade pecuniária na quantia de R$ ,16, nos termos do art. 82, II, e, da Lei nº 6.379/96. Documentos instrutórios constam às fls. 06/98: Ordem de Serviço Normal, Termo de Início de Fiscalização, Demonstrativo de Prestação de Serviços de Transporte de Cargas, Registro de Apuração do ICMS (exercícios de 2004 a 2008) e Termo de Encerramento de Fiscalização. Regularmente cientificada do resultado da ação fiscal, em 20/08/2009 (conforme atesta o Aviso de Recebimento sob nº RC BR, acostado na fl. 100), a autuada apresentou reclamação tempestiva (fls. 101/119), seguida de manifestação exarada pelos responsáveis solidários, assim eleitos no libelo basilar. A seu prol, a autuada solicita a improcedência do feito fiscal ao fundamento de ser indevida a autuação, uma vez que o tributo relativo ao período de janeiro a julho de 2004 está extinto pela decadência, na conformidade da aplicação do art. 150, 4º, do CTN, e que, além disso, o ICMS Frete objeto da exigência fiscal foi retido e recolhido pelas empresas tomadoras dos serviços de transportes, por ela realizado, no caso, as distribuidoras de derivados do petróleo, na conformidade da previsão do art. 208 do RICMS/PB. Na seqüência, solicita a realização de perícia técnica junto às empresas com quem mantém contrato de prestação do serviço de transporte de cargas CHEVRON BRASIL LTDA. E SHELL BRASIL LTDA. -, objetivando a identificação do recolhimento do imposto exigido pela Fiscalização, e indica, desde logo, perito técnico de sua confiança para acompanhar os trabalhos de Revisão Fiscal. Por último, pugna pela redução do valor da penalidade para o percentual de 40%, caso não seja reconhecida a improcedência da autuação, posto que estava tudo declarado e escriturado (sic.). Por sua vez, os responsáveis solidários, PEDRO FALUBER MARQUES LIMA, LAURO DE PAULA LIMA e PAULO SÉRGIO MARQUES LIMA, manifestando-se às fls. 120/149, pugnam pela exclusão da responsabilidade que lhes é imputada, ao fundamento de que o caso não configura a hipótese do art. 135 nem do art. 134, VII, ambos do CTN. Acostam documentos às fls. 151/788. Em sede de contestação, de fls. 789/791, o autuante pugna por total manutenção do feito fiscal, manejando, para tanto, os seguintes fundamentos:

4 Continuação do Acórdão nº 185/ O contribuinte anexou em sua defesa, nas fls. 362 a 472, vários documentos de arrecadação estadual (DAR) aonde podemos verificar também que na maioria dos mesmos não consta sequer o número da nota fiscal ou qualquer outro documento fiscal que comprove a origem da prestação do serviço de transporte, além de não pertencerem a empresa autuada, e sim as distribuidoras de combustíveis, Chevron Brasil Ltda. E Shell Brasil Ltda. - O que está se está exigindo através do auto de infração em questão está demonstrado através dos levantamentos constantes das fls. 12 a 16, e das cópias dos livros Registro de Apuração do ICMS, fls. 17 a 97, e Registro de Saídas, fls. 645 a 788, e uma amostragem do CTRC, fls. 474 a 644, que comprovam a prestação do serviço de transporte. Conclusos os autos à instância prima (fl. 792), onde foram distribuídos à julgadora fiscal, Gílvia Dantas Macedo (fl. 798), após a informação de não haver antecedentes fiscais da autuada, formalizada na fl. 791, a referida autoridade julgadora requisitou diligência (fl. 799), com vistas a serem realizadas as providências necessárias à efetivação da Revisão Fiscal, uma vez recolhidos os honorários dos peritos representantes da Fazenda Estadual, quando, então, foram eleitos os auditores fiscais, Carlos Guerra Gabínio e Maria Emília Antas Leite de França. Implementadas as providências relacionadas à instauração do procedimento incidental de Revisão Fiscal, conforme atestam os documentos de fls. 800/811, seguiram os trabalhos de revisão fiscal e a elaboração do Laudo Revisional, de fls. 812/815, que apresentou a conclusão que se segue: Assim, com base nos elementos apurados, efetuamos a conciliação dos valores mensais (ICMS) faturados pela empresa LIMA TRANSPORTES LTDA., com os pagamentos efetuados para a distribuidora SHELL DO BRASIL S/A. e IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S/A. e chegamos à conclusão que, de fato, parte do ICMS Frete destacado nos CTRC s emitidos foi recolhido pelas tomadoras do serviço (distribuidoras contratantes), conforme se encontra detalhado no Quadro Demonstrativo do ICMS Frete Recolhido pela Distribuidora SHELL E IPIRANGA (Anexo II). Finalizando os trabalhos de Revisão Fiscal, efetuamos a Reconstituição da Conta Corrente ICMS Período Janeiro/2004 a Dezembro/2008 (Anexo III), lançando nas mesmas os valores recolhidos pelas distribuidoras SHELL DO BRASIL S/A. E IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S/A. e, ao final, apuramos como DIFERENÇA DE ICMS FRETE A RECOLHER a quantia de R$ ,60. Verificamos que o recolhimento do imposto pelas distribuidoras contratantes corresponde, em quase sua totalidade, aos valores registrados pela autuada como estorno de débito ICMS Pago pela Distribuidora, referente aos serviços de transportes prestados durante os exercícios de 2004 a 2008, cabendo a mesma recolher aos cofres da Fazenda Estadual a quantia de R$ ,60 [...] conforme comprovado através dos Quadros Demonstrativos (Anexos I, II e III). Por fim, em que pese não existir dispositivo regulamentar que autorize tal procedimento por parte das empresas em questão, a sistemática adotada não causou prejuízos ao Erário, uma vez que os valores registrados a débito de ICMS pela empresa LIMA TRANSPORTES LTDA. Foram recolhidos pelas distribuidoras contratantes. Sem manifestação da autuada sobre o Laudo Pericial, não obstante a abertura de oportunidade para fazê-la (conforme fl. 953), e após a informação de não haver antecedentes fiscais (fl. 959), seguiu-se nova conclusão dos autos à julgadora fiscal, Gílvia Dantas Macedo, que em seu decisório concluiu pela PROCEDÊNCIA PARCIAL do auto de infração, consoante se infere da ementa do decisório abaixo transcrita:

5 Continuação do Acórdão nº 185/ ICMS FRETE. FALTA DE RECOLHIMENTO. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE. CABIMENTO. DESCABE AUTUAÇÃO EM RELAÇÃO ÀS OPERAÇÕES CUJO IMPOSTO FOI RECOLHIDO. SUCUMBÊNCIA PARCIAL DO FEITO. Ser a empresa prestadora de serviço de transporte, a exemplo do que ocorre com a autuada, a qual prestou serviço de transporte relativo aos produtos pertencentes aos tomadores de tais serviços, é condição estabelecida em lei para imposição do recolhimento do ICMS respectivo. A referida decisão fixou o crédito tributário em R$ ,58, sendo R$ ,79 de ICMS adicionado de idêntico valor de multa por infração. Procedida a interposição de recurso hierárquico (fl. 974), bem como efetuada a ciência da decisão monocrática à autuada sob a forma pessoal, conforme atesta o documento de fl. 979, a mesma recorre tempestivamente a esta Corte de Julgamento (peça recursal de fls. 980/983), requerendo o enquadramento da penalidade aplicada, substituindo-a pelo percentual de 40% previsto no inciso I, alínea b, do art. 82, da Lei nº 6.379/96, em face dos seguintes fundamentos: benéfica. - No âmbito do Direito Tributário há o principio da aplicação da penalidade mais - A hipótese de aplicação da multa de 100% é supletiva, em caso de inexistência de outra que se amolde melhor e, nesse ponto, fica claro que a multa será de 40% do imposto nos casos em que o contribuinte não tenha deixado de escriturar os documentos fiscais e livros correspondentes. - Essa é exatamente a situação em que, muito embora tenha sido emitido os CTRC s das prestações, escriturado esses documentos fiscais nos livros correspondentes e apresentado as declarações ao Fisco sem qualquer omissão, o imposto não foi pago integralmente. - Isso fica claro no Termo de Encerramento de Fiscalização, em que é demonstrado que a Fiscalização precisou apenas comparar a escrita fiscal com os pagamentos efetuados, para concluir que o ICMS Frete não teria sido integralmente recolhido. Apresentando contrarrazões (fl. 985), o representante fiscal manifesta-se concordante com o julgamento da questão, proferido na instância a quo. Aportados os autos nesta Casa, os mesmos foram a mim distribuídos, segundo critério regimentalmente previsto, para o fim de apreciação e julgamento. Está relatado.

6 Continuação do Acórdão nº 185/ VOTO O objeto do Recurso Hierárquico a ser discutido por esta relatoria diz respeito à motivação da decisão da autoridade julgadora para proceder em parte o lançamento de oficio, porquanto acolheu a preliminar de decadência dos créditos tributários correspondentes ao período de janeiro a julho de 2004, ao fundamento de que os mesmos foram alcançados pela disposição inserta no art. 150, 4º, do CTN, e no mérito recepcionou o resultado da Revisão Fiscal, cujo laudo consta às fls. 812/815, com exceção da parte do crédito tributário que considerou extinta pela decadência. Além disso, consiste no suprimento da falta de pronunciamento da decisão singular sobre a pretensão dos responsáveis solidários para afastar de si a responsabilidade que lhes foi imputada no auto infracional, por entenderem ser inaplicável, à situação em tela, o disposto no art. 135 e o art. 134, VII, do CTN. Quanto ao recurso voluntário, o objeto do exame diz respeito ao pleito da recorrente, o qual consiste na redução do valor da penalidade para o percentual de 40% sobre o valor do imposto. Passemos, pois, à análise dos questionamentos aduzidos aos autos. No que toca à ilegitimidade passiva dos sócios da autuada para responderem pelos débitos da mesma na posição de responsáveis solidários, convém ressaltar o seguinte. Na verdade, a expressão Responsabilidade Solidária, determinada no auto de infração, no campo destinado à identificação dos dirigentes e/ou responsáveis diretos pela empresa está relacionado à responsabilidade tributária atribuída a essas pessoas identificadas no contrato ou estatuto social pela infração denunciada no corpo da peça acusatória., independente do tipo societário. Pois bem, no que concerne à responsabilidade solidária, em relação aos terceiros responsáveis inclusive, diretores, sócios-gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado -, a responsabilidade deixa de ser solidária/subsidiária e passa a ser pessoal, plena e exclusiva, quando exercem a gerência da sociedade ou praticam ato de gestão vinculado ao fato gerador, configurando-se, tãosomente, nos casos em que haja comprovação de que os mesmos agiram com excesso de poderes, infração de lei, contrato ou estatuto, conforme previsão estatuída no art. 135, III, do CTN. No caso em tela, os sócios, ainda que na condição de gerentes ou administradores, a despeito de constarem como responsáveis solidários, na peça acusatória, somente podem ser pessoalmente responsabilizados caso haja comprovação de dolo, na fase de execução do crédito tributário. Nessas circunstâncias, cabe a substituição do contribuinte na relação obrigacional, para recair exclusivamente sobre os responsáveis que efetivamente deve substituí-lo em função do dolo. Inexistindo, pois, a prova de que se tenha agido com excesso de poderes ou infração de contrato ou estatuto social, não há que, a princípio, falar-se em responsabilidade tributária de sócio a esse título ou a título de infração legal. O próprio STJ tem decidido nesse sentido (entendimento firmado pela 1ª Seção, por ocasião do Recurso Especial 2006/ , Min. José Delgado, DJ 02/05/2006, p. 69. Diante dessas considerações, faz-se mister excluir os sócios da recorrente do campo da responsabilidade solidária, sendo acolhida, portanto, a alegação de ilegitimidade passiva dos mesmos, suscitada na pela defensual. Por oportuno, faço registrar que, na hipótese de condenação do contribuinte, deve ser identificada na Certidão de Dívida Ativa a pessoa dos gerentes, administradores e dirigentes da empresa

7 Continuação do Acórdão nº 185/ indicados no auto infracional, para viabilização do redirecionamento da execução fiscal, nas hipóteses de configuração dos pressupostos estatuídos no art. 135 do CTN. Passemos ao exame sobre a decadência dos créditos tributários referentes ao período de janeiro a julho de 2004, suscitada na defesa e acolhida na instância preliminar. A decadência do direito de lançar constitui causa extintiva do crédito tributário, prevista no art. 156, I, do CTN, e tem seu conceito delineado no art. 173: a perda do direito de constituir o crédito tributário, pelo decurso de prazo certo estabelecido nos incisos I e II, do mencionado dispositivo legal. Portanto, é o art. 173 que traz a regra geral da decadência, ao estabelecer o prazo de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Esse prazo se aplica ao lançamento de ofício, na hipótese em que o sujeito passivo se tenha omitido no cumprimento do dever de pagar, antes de qualquer exame do sujeito passivo, sob pena de decadência. Da mesma forma, se o sujeito passivo paga o tributo antecipadamente, mas em valor inferior ao devido, o prazo que flui é para a autoridade se manifestar sobre se concorda ou não com o montante pago; se não concordar, deve lançar de ofício, desde que o faça antes do término do prazo decadencial que, em tal circunstância, é contado da data da ocorrência do fato gerador (art. 150, 4º, do CTN), e não do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que a autoridade poderia efetuar o lançamento de ofício (art. 173, I, do citado diploma legal). Em suma, conclui-se que se tiver havido antecipação de pagamento (e não se constatar dolo, fraude ou simulação art. 173, II), o prazo decadencial conta-se da data do fato gerador, nos termos do art. 150, 4º do CTN; se não ocorreu pagamento ou, ainda, se o mesmo foi efetuado a menor, porém é constatada a existência de dolo, fraude ou simulação, aplica-se a regra geral do art. 173 do CTN. Esse, inclusive, é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, que proclamou que, se não houver pagamento é aplicável o prazo do art. 173, do CTN. E caso haja pagamento, aplica-se o prazo de cinco anos contados do fato gerador, na forma do art. 150, 4º, do mesmo diploma legal. O caso dos autos trata de uma questão sui generis, na qual a autuada, ao estornar os débitos do ICMS Frete no Registro de Apuração, deixou de efetuar o pagamento do imposto, não obstante a obrigação tributária de fazê-lo em face condição de contribuinte do imposto, regularmente inscrita no CCICMS estadual, relativamente aos serviços de transportes por ela realizados para as distribuidoras mencionadas no Laudo Revisional, de fls. 812/815, o que impossibilitou o Fisco de tomar conhecimento sobre a eclosão dos respectivos fatos geradores. Com efeito, os valores declarados pela recorrente no livro Registro de Apuração do ICMS e recolhidos pelas tomadoras dos serviços de Frete estão adstritos à homologação prevista no art. 150, 4º, do CTN, ao tempo em que a diferença do ICMS Frete não declarada fica sujeita ao disposto no art. 173, I, do CTN, quanto ao prazo decadencial. Nesse sentido concluiu este Conselho de Recursos Fiscais, por ocasião da análise do Recurso Hierárquico interposto em face da decisão da instância a quo sobre consulta formalizada, conforme se depreende do Acórdão nº 047/2013, cuja ementa transcrevo: RECURSO HIERÁRQUICO DESPROVIDO. INÍCIO DO PRAZO DECADENCIAL. LANÇAMENTOS POR HOMOLOGAÇÃO, ART. 150, 4º, E DE OFÍCIO, ART. 173, AMBOS DO CTN. MANTIDA A DECISÃO A QUO. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo a entrega de declaração de informações fiscais sem recolhimento ou com o recolhimento a menor do que o declarado, conta-se o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato

8 Continuação do Acórdão nº 185/ gerador, exceto se houver dolo, fraude ou simulação (art. 150, 4º, do CTN). Não tendo sido objeto de declaração (auto-lançamento) para efeito de homologação o valor apurado pela fiscalização será realizado o lançamento de ofício, cujo prazo a ser aplicado é o disposto no art. 173, I, do CTN. Assim, para o caso em espécie, o prazo de 05 anos conta-se a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN), isto é, 01 de janeiro de 2005, vencendo-se em 31 de dezembro de Logo, considerando que o auto de infração foi lavrado em 27/07/2009, com regular ciência em 20/08/2009, portanto, antes do término do prazo decadencial, não há que se falar em decadência do direito de o Estado efetuar o lançamento, razão por que deixo de acolher a preliminar. Portanto, na conformidade dos fundamentos acima expendidos, os créditos tributários em tela, inclusive os relativos ao período de janeiro a julho de 2004, referentes ao lançamento de ofício, não foram fulminados pela decadência, posto que como já explicitado, o prazo para lançar de ofício se regula pela regra geral do art. 173, I, do CTN. Com esses fundamentos, reformo a decisão singular, para rejeitar a referida preliminar. Quanto ao mérito, observa-se o acerto da Revisão Fiscal que, ao se aprofundar na investigação dos fatos reclamados pela autuada confirmou o pagamento do valor do ICMS Frete, o qual não foi efetuado pela mesma, mas, sim, pelas tomadoras de seus serviços de transporte, no caso, as empresas SHELL DO BRASIL S/A., e IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S/A.), conforme relatório do Laudo Revisional, de fls. 812/815, e os demonstrativos que o acompanha, anexados fls. 816/951, além dos demais documentos que instruem aos autos. Ressalte-se que, segundo a citada Revisão Fiscal, diversos pagamentos foram efetuados pela distribuidora IPIRANGA, sob o código 1617 (ICMS Frete), com valores similares aso totais mensais de ICMS insertos nos CTRC emitidos pela recorrente para a mesma, bem como diversos pagamentos foram realizados pela distribuidora SHELL, sob o código 1106 (ICMS Substituição por Entradas), em valores correspondentes ao total de ICMS inserto nos CTRC s emitidos pela LIMA para a mesma, e além disso, confirmou que o valor do imposto recolhido pelas distribuidoras, sob os códigos 1617 e 1106, corresponde, quase na totalidade, ao valor do ICMS destacado nos CTRC s de emissão da LIMA TRANSPORTES LTDA., para as suas contratantes, apresentando pequenas variações em apenas alguns poucos meses. Diante dessas circunstâncias, não há razão para manter a totalidade da exigência fiscal, visto que, conforme a conclusão dos peritos revisores, apesar da peculiaridade do procedimento adotado pela recorrente quanto ao recolhimento do ICMS Frete incidente sobre as prestações do serviço de transporte tomados pelas suas contratantes, o qual não encontra previsão na legislação de regência, não causou prejuízo ao Erário. Portanto, considerando a inexistência de prejuízo ao Estado, exceto quanto aos valores que não foram identificados pelos revisores como recolhidos, concluo pela regularidade da exigência dos mesmos, tendo em vista a responsabilidade da recorrente pelo pagamento do ICMS Frete a que correspondem tais valores. Quanto ao pleito da recorrente para redução do valor da penalidade para o percentual de 40%, aplicando-lhes, assim, o preceito inserto no art. 82, I, b, da Lei Estadual nº 6.379/96, não há como dar acolhimento, por consistir, o caso dos autos, de situação distinta da hipótese prevista na citada norma.

9 Continuação do Acórdão nº 185/ Com efeito, a exigência fiscal não tem por objeto o valor os valores registrados na escrita fiscal das tomadoras do serviço de transporte, mas, sim, a diferença a maior dos valores do imposto, a qual foi detectada após a reconstituição da Conta Corrente do ICMS, período de janeiro/2004 a dezembro/2008, realizada pelos peritos representantes da Fazenda estadual que, ao lançarem na citada Conta os valores recolhidos pelas Distribuidoras SHELL DO BRASIL S/A. e IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S/A., apuraram como diferença de ICMS a recolher o valor de R$ ,60, conforme assertiva dos revisores, inserta no respectivo laudo revisional. Diante do que, reformo apenas quanto aos valores a decisão singular que concluiu pela procedência parcial do auto de infração. Com esses fundamentos, VOTO pelo recebimento do Recurso Hierárquico, por regular, e do Recurso Voluntário, por regular e tempestivo, e quanto ao mérito pelo PARCIAL PROVIMENTO do primeiro e pelo DESPROVIMENTO do segundo, para alterar quanto aos valores a sentença exarada na instância monocrática, e julgar PARCIALMENTE PROCEDENTE o Auto de Infração de Estabelecimento n.º / , de , lavrado contra a empresa, LIMA TRANSPORTES LTDA., inscrita no CCICMS sob nº , devidamente qualificada nos autos, declarando devido o crédito tributário no montante de R$ ,20 (cento e quinze mil, quatrocentos e cinquenta e sete reais e vinte centavos), sendo R$ ,60 (cinquenta e sete mil, setecentos e vinte e oito reais e sessenta centavos) de ICMS, por infringência ao art. 106, III, b, c/c o at. 2º, II, do RICMS/PB, e R$ ,60 (cinquenta e sete mil, setecentos e vinte e oito reais e sessenta centavos) de multa por infração, nos termos do artigos 82, II, e, da Lei nº 6.379/96. Em tempo, cancelo por irregular o valor de R$ ,96, constituído de R$ ,98 de ICMS e de R$ ,98 multa por infração, pelos motivos acima expendidos. Exclua-se a responsabilidade solidária dos sócios da empresa indicados no auto infracional, em face dos fundamentos acima expendidos, devendo, no entanto, serem identificados na Certidão de Dívida Ativa, com vistas à viabilização do redirecionamento da execução fiscal, na hipótese de configuração dos pressupostos estatuídos no art. 135 do CTN. Sala das Sessões Pres. Gildemar Pereira de Macedo, em 07 de junho de MARIA DAS GRAÇAS D. DE OLIVEIRA LIMA Conselheira Relatora

10 Continuação do Acórdão nº 185/