Intervenção forense. em grandes desastres. Fevereiro de 2013
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- Lídia Simone Esteves Leveck
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1 P U B LICAÇ ÃO M E N SAL DA AUTORIDA DE N AC IONAL DE PROTECÇ ÃO C IVIL / N.º 59 / F E V E R E I RO 2013 / I S S N Intervenção forense em grandes desastres 59 Fevereiro de 2013 Distribuição gratuita Para receber a revista PROCIV em formato digital inscreva-se em: Leia-nos através do Tiago Petinga/Lusa
2 EDITORIAL o lado "invisível" das catástrofes Para lá do lado visível de qualquer operação de proteção e socorro, composto por uma parafernália de recursos humanos e técnicos, existe uma vertente bem mais reservada, igualmente importante em todos os acidentes graves e catástrofes: a intervenção forense, que se relaciona com a identificação de corpos. Trata-se de um trabalho minucioso e necessariamente discreto, atendendo à reserva emocional a que está associado. Em Portugal, assim como no resto do mundo, em diversas missões internacionais, temos podido contar com a competência técnica do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, que através da sua Equipa Médico- Legal de Intervenção em Desastres, trabalha de forma articulada com os agentes de proteção civil. Este ano de 2013 começou de forma atribulada. O temporal de 18 e 19 de janeiro foi responsável por avultados prejuízos em todo o país, e o acidente rodoviário no IC8 saldou-se, até ao momento, por 11 vítimas mortais e 21 feridos. Estas situações causaram consternação coletiva e constituíram um desafio ao Dispositivo Integrado de Operações de Proteção e Socorro, que esteve à altura dos acontecimentos. De facto, em ambas situações, sobressaiu a qualidade técnica dos operacionais dos agentes de proteção civil intervenientes, cientes das tarefas que lhes estavam atribuídas, facto que em muito facilitou a coordenação das operações. No dia 11 de fevereiro (11/2) assinala-se o Dia Europeu do 112, número único europeu de emergência. A efeméride, instituída em 2009 por iniciativa conjunta da Comissão e do Parlamento Europeu, visa reforçar o conhecimento e a divulgação deste importante recurso junto dos cidadãos europeus. Embora o conhecimento do número 112 tenha aumentado ao longo dos últimos anos, de acordo com sondagem do Eurobarómetro, três em quatro cidadãos da UE ainda não sabem que podem telefonar para o 112 em caso de emergência para contactar a polícia, os bombeiros ou os serviços de assistência médica, quer no próprio país, quer nos restantes países comunitários. Manuel Mateus Couto Presidente da ANPC Projecto co-financiado por: PUBLICAÇÃO MENSAL Edição e propriedade Autoridade Nacional de Protecção Civil Diretor Manuel Mateus Couto Redação e paginação Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo Fotos: Arquivo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, exceto quando assinalado Impressão Textype Tiragem 2000 exemplares ISSN Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte. Autoridade Nacional de Protecção Civil Pessoa Coletiva nº Av. do Forte em Carnaxide / Carnaxide Telefone: Fax: nscp@prociv.pt P.2. PROCIV
3 BREVES Forças Armadas apoiaram EDP na reposição da eletricidade em vários pontos do país Na sequência do temporal que assolou o território nacional nos dias 18 e 19 de Janeiro, e que causou, entre outros, o corte do abastecimento de electricidade em vários pontos do país, o Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON) reuniu nas instalações da ANPC, em Carnaxide, no dia 23 de Janeiro, deliberando mobilizar a capacidade disponível das Forças Armadas em geradores eléctricos, de modo a permitir o rápido retorno à normalidade das populações afectadas. A deliberação resultou da necessidade manifestada pela EDP durante o briefing daquela estrutura de coordenação institucional, de obter reforço em meios autónomos de geração eléctrica. Na sequência daquela deliberação, as Forças Armadas responderam prontamente ao solicitado, posicionando-se no terreno com unidades de geração móvel de potência compreendida entre os 100 e os 250 Kva. Durante aquele temporal foram registadas quase ocorrências em Portugal continental, obrigando a um aumento significativo do grau de prontidão e mobilização dos serviços e forças de protecção e socorro. ANPC tem novo Diretor Nacional de Recursos de Proteção Civil Tomou posse no passado dia 25 de janeiro, como Diretor Nacional de Recursos de Proteção Civil da ANPC, o Coronel de Administração Militar José Carlos dos Santos Teixeira, que anteriormente ocupava as funções de Inspetor-Adjunto da GNR. Habilitado com o Curso de Promoção a Capitão da Escola Prática de Administração Militar e com o Curso de Promoção a Oficial Superior do Instituto de Altos Estudos Militares, é detentor, ainda, da licenciatura em Sociologia. Ao longo da sua carreira prestou serviço em diversas unidades e estabelecimentos da GNR, nomeadamente no Comando Geral, nos Serviços Sociais, no Regimento de Infantaria, na Brigada Territorial Nº2 e no Comando de Administração de Recursos Internos. Da sua folha de serviço constam diversos louvores e condecorações, destacando-se a de Mérito de Segurança Pública de 1ª Classe e as Medalhas de Ouro e de Prata de Comportamento Exemplar. José Carlos Teixeira substitui José Gamito Carrilho, que cessou comissão de serviço após quase 7 anos de exercício de funções na ANPC. ANPC e Cruz Vermelha Portuguesa reúnem para delinear colaboração em matéria de sensibilização Decorreu, no passado dia 29 de janeiro, na sede da ANPC, em Carnaxide, uma reunião de trabalho entre esta Autoridade Nacional e a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), com vista ao desenvolvimento futuro de estratégias conjuntas no âmbito da sensibilização e preparação dos cidadãos. A CVP é uma instituição humanitária de utilidade pública destinada a defender a paz, garantir o respeito pela dignidade da pessoa humana, menorizar os efeitos da guerra e a promover a vida e a saúde. Criada em 11 de fevereiro de 1865 pelo médico militar José António Marques que, no ano anterior, tinha representado o Rei D. Luís I na conferência internacional que deu origem à I Convenção de Genebra, ao longo da sua história prestou auxílio nos diversos conflitos em que Portugal esteve envolvido. Organizada através de uma estrutura nacional e 179 delegações locais, a Cruz Vermelha Portuguesa exerce, em cooperação com os demais agentes e em harmonia com o seu estatuto próprio, funções de apoio, socorro e assistência sanitária e social. Admissão às Equipas de Apoio Psicossocial Encontram-se abertas, até 28 de fevereiro de 2013, vagas para admissão às Equipas de Apoio Psicossocial (EAPS) da ANPC. O contingente a recrutar, nas áreas da psicologia (5) e do serviço social (4), destina-se a reforçar as valências das atuais seis equipas territoriais instituídas, distribuídas pelos distritos de Viana do Castelo, Braga, Viseu, Aveiro, Setúbal, Évora e Beja. Os candidatos devem possuir os seguintes requisitos: (1) bombeiro do quadro ativo ou de Comando de um Corpo de Bombeiros de Portugal continental; (2) habilitação académica superior em Psicologia (e membro efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses) ou Serviço Social; (3) disponibilidade para frequentar ações formativas aos fins-de-semana e para ser mobilizado em situação de crise; (4) autorização do Comandante do Corpo de Bombeiros para se candidatar às EAPS. A integração nas EAPS funciona em regime de voluntariado. As candidaturas devem ser enviadas por correio eletrónico para o endereço: apoio.psicossocial@prociv.pt. Informações adicionais disponíveis no site da ANPC ( PROCIV. P.3
4 TEMA o s Operações de proteção e socorro Intervenção forense em grandes desastres Nas ações de mortuária que decorrem de situações de grandes desastres, a identificação das vítimas mortais é fundamental para a entrega correta dos corpos aos familiares. Independentemente de poderem estar íntegros e reconhecíveis visualmente, a existência de muitas vítimas obriga a que a entrega dos corpos deva ser realizada segundo critérios de identificação forense científicos, para evitar equívocos dolosos ou fortuitos. 1. Morgue improvisada em Port-au-Prince, Haiti, na sequência do sismo de identificação humana é, na sua essência, um exercício de comparação. Por um lado, é necessário recolher cessária a determinação da causa da morte (nas chamadas desastres a identificação das vítimas, pode ainda ser ne- A dados do cadáver desconhecido, reconstruindo o seu perfil dados postmortem (PM); por outro lado, é necessário levantes na investigação criminal decorrente do evento, vítimas chave as que podem constituir elementos re- recolher dados das supostas vítimas junto dos familiares, como os pilotos da aeronave sinistrada, o maquinista do entidades policiais e/ou diplomáticas, etc., que permitam comboio ou o motorista do autocarro acidentado, o suposto terrorista) e da data (ou momento) da morte. Este últi- reconstruir o seu perfil dados antemortem (AM). A identificação positiva só será possível quando ambos os dados, mo parâmetro da investigação forense, em muitos desastres massivos, pode tornar-se a posteriori extremamente PM e AM, ao serem cruzados (ou comparados), coincidirem. problemático, levando as entidades judiciárias a optarem A identificação positiva só é reconhecida pela comunidade forense internacional se for conseguida através de, pelo exceção deste tipo de intervenções, as autópsias que se re- pela figura legal da comoriência. Face às circunstâncias de menos, uma das seguintes técnicas científicas: os exames alizam à grande maioria das vítimas são, na realidade, exames sumários (exames do hábito externo) e não autópsias de medicina dentária forense, a dactiloscopia e a genética forense. Estas três técnicas constituem, atualmente, os completas. Mesmo que os corpos estejam íntegros, é necessário fundamentar a identificação com métodos científi- grandes pilares da identificação humana. Apenas com técnicas de presunção, não científicas, é inadmissível, hoje em cos, nunca devendo permitir a sua entrega mediante mera dia, identificar um cadáver. identificação visual. A grande maioria dos desastres são abertos não se No âmbito do PNE [Plano Nacional de Emergência], conhecem as vítimas, nem se sabe quantas são (terramotos, a atuação do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) enquadra-se nas ações de mortuá- inundações, incêndios). A intervenção forense está mais facilitada nos desastres fechados (acidentes aéreos, naufrágios), quando existam listas de passageiros, uma vez que Médico-Legal de Intervenção em Desastres. Esta equipa foria, sendo o seu órgão operacional constituído pela Equipa se conhece o número e as características das vítimas, facilitando a aplicação dos elementos identificativos AM aos lei orgânica que criou o INML (DL 96/2001, de 26 de março), rense foi criada em 2001, coincidindo com a publicação da dados PM colhidos. no rescaldo do acidente de Castelo de Paiva, estando integrada, desde 2004, na base de dados do Centro de Monito- Sendo o principal objetivo da intervenção forense nos... P.4. PROCIV
5 TEMA s u s rização e Vigilância da UE (MIC). Num cenário de destruição, os agentes de proteção civil de intervenção imediata acodem ao TO [teatro de operações], estabelecendo preferências e estratégias de intervenção. As equipas forenses não são prioritárias, porque o trabalho de mortuária não é emergente. De acordo com o PNE, ao TO devem acudir as ERAVm (Entidades Responsáveis de Avaliação de Vítimas mortais), constituídas por três indivíduos: um elemento de segurança GNR ou PSP (que comanda), um elemento de investigação criminal PJ e um médico. A função das ERAVm é a referenciação/localização do cadáver, a validação de suspeita de crime, a preservação de provas e a verificação do óbito. A ERAVm deverá aplicar ao cadáver uma etiqueta de sinalização, com numeração sequencial onde figure um código da localização, etiqueta esta que nunca será retirada do corpo até à sua entrega. A verificação do óbito, feita pelo médico, envolve a aplicação de uma tarja negra. Os médicos das equipas de emergência também podem aplicar uma tarja negra nos corpos que sejam cadáveres. Feita a verificação dos óbitos e a sinalização dos corpos no terreno, estes ficam a aguardar a sua retirada do local mediante ordem de remoção emanada do Ministério Público. A remoção dum corpo não sinalizado com tarja negra pode ser considerada criminosa (pode tratar-se de um corpo ainda com vida, passível de ser medicamente assistido). O transporte dos corpos poderá ser feito por diferentes equipas (bombeiros, CVP, voluntários, militares), num segundo tempo, sem interferir com os trabalhos de evacuação de sobreviventes. Os cadáveres devem ser introduzidos em sacos próprios, juntamente com o espólio recolhido à volta (documentos, objetos pessoais) que facilitará posteriormente a identificação. A etiqueta de sinalização e a tarja negra devem manter-se bem presas ao corpo, devendo o número de sinalização ser escrito por fora, no saco. Serão depositados em Zonas de Reunião de Mortos (ZRnM), estabelecidas com anterioridade nos PMEs, [Planos Municipais de Emergência] convergindo posteriormente para o necrotério provisório (NECPRO), onde irão decorrer as ações de mortuária. A eficácia das ações de mortuária não se mede pela rapidez da atuação, mas sim pela eficácia dos trabalhos desenvolvidos, designadamente a identificação correta dos corpos. A eleição do local para instalar o NECPRO normalmente já está prevista nos PMEs; todavia, devem sempre ser ouvidos os elementos das equipas forenses intervenientes. O NECPRO deverá localizar-se tão perto quanto possível do local do evento, de maneira a que o transporte dos cadáveres envolva um impacto mínimo para a população. Todavia, há que ter em atenção que este transporte não deve interferir com as vias de evacuação dos sobreviventes e de acesso das equipas de intervenção, obviamente prioritárias. Por vezes esta distância deverá ser maior, no caso de estar comprometida a segurança dos elementos intervenientes (réplica de sismos, por exemplo). De salientar que a localização do NECPRO não deve aproveitar salas de autópsia já devidamente montadas, nos Serviços Médico- Legais locais, para não perturbar o normal funcionamento das mesmas, que entretanto, já desfalcadas de pessoal, terão que continuar a efetuar a sua rotina. Devem ainda ser tidos em consideração outros cuidados. A experiência de casos passados aconselha a não utilizar edifícios públicos de caráter social (escolas, pavilhões gimnodesportivos, centros paroquiais ou mesmo instituições de saúde). É de esperar que a utilização de áreas com estas características venha a marcar fortemente as populações afetadas, estigmatizando estes edifícios no que se refere às funções para que foram criados, tornando-os a posteriori pouco atrativos para as populações, vinculando-os psicologicamente, de forma negativa, ao evento. Assim, deve ser escolhida uma área devidamente protegida das condições ambientais (coberta e abrigada dos ventos), com água corrente e suficientemente arejada, com dimensões que permitam trabalhar sem atropelos (um armazém, celeiro ou qualquer hangar próximo do TO), com acessos fáceis às vias de comunicação e com a possibilidade de criação de áreas de trabalho para as várias equipas no terreno. Poderão também ser utilizadas estruturas móveis apropriadas, destinadas exclusivamente para esse efeito, de fácil transporte e montagem (tendas ou contentores destinados à instalação de hospitais de campanha), que podem ser devidamente adaptadas para este efeito. Um NECPRO deverá estar constituído por uma área de re- 2. Colheita de impressões digitais (Madeira) Depósito de cadáveres em contentor de frio (Madeira).... PROCIV. P.5
6 u s TEMA ceção/admissão de cadáveres (onde se efetua o registo dos elementos identificativos possíveis, a anotação do espólio, a colheita de impressões digitais e o registo fotográfico inicial); uma área de identificação (com acesso aos familiares das vítimas, para reconhecimento direto destas, sempre que admissível, ou reconhecimento do espólio, na grande maioria das vezes); uma área de equipamento (para armazenamento dos materiais consumíveis e equipamentos de autópsia, bem como amostras biológicas recolhidas); uma área de autópsias (apenas para a realização das autópsias ou exames sumários); uma área de preparação e entrega de cadáveres (onde os corpos já autopsiados poderão ser entregues, caso já estejam identificados); uma área de secretariado e acolhimento de familiares (onde serão acolhidas todas as pessoas que procurem conhecidos que possam encontrar-se entre as vítimas e onde trabalharão em conjunto vários grupos profissionais, desde pessoal das equipas forenses, elementos policiais, equipas de ação social, de psiquiatria e psicologia). Aqui são colhidas informações junto das famílias para a criação da base de dados AM onde constem todos os dados pessoais das supostas vítimas para posterior comparação com os dados PM recolhidos no exame dos cadáveres, para uma eventual identificação positiva. Paralelamente, deverá ser disponibilizada uma rede de frio, com acesso fácil às áreas de receção e entrega de cadáveres, que poderá constar de contentores frigoríficos móveis ou de instalações de refrigeração fixas, devidamente adaptadas a esta funcionalidade. O funcionamento do NECPRO, uma vez instalado, seguirá como que uma linha de montagem nos procedimentos: o corpo dá entrada na área de receção, é submetido aos exames gerais, dactiloscopia e fotografia. Segue para a área de autópsia, onde é submetido ao exame buco-dentário, ao exame externo e às colheitas de amostras biológicas para exames complementares. Finalmente, é conduzido para a área de preparação e entrega, podendo ser entregue se a identificação for positiva ou ser de novo guardado no frio se estiver pendente de identificação. Estando o reconhecimento visual dos corpos vivamente desaconselhado pelo impacto emocional causado, é preferível apresentar às famílias objetos pessoais, peças de vestuário ou calçado, que sejam facilmente reconhecíveis. Em situações de conflitos armados ou de atentados terroristas é conveniente, antes de iniciar os exames forenses, submeter o corpo, ainda dentro do body bag, a exame radiológico (intensificador de imagem ou fluoroscópio) para identificar ou excluir a presença de projéteis, fragmentos metálicos ou outros objetos potencialmente perigosos durante a manipulação do corpo. O espólio retirado de cada corpo deve ser cuidadosamente etiquetado e limpo, para eventual reconhecimento por parte dos familiares. Num cenário de desastre, deve ser dada prioridade absoluta aos meios de socorro e salvamento dos sobreviventes, aos canais de evacuação dos feridos e às medidas de prevenção de novas ocorrências. As ações de mortuária, onde se integra a Equipa Médico-Legal de Intervenção em Desastres, não são emergentes e devem ser discretas. As pressões de ordem social ou política geradas nestas situações de crise não devem afetar o seu bom funcionamento. As únicas urgências admissíveis nos trabalhos de mortuária prendem-se com situações adversas (calor excessivo, chuvas torrenciais, derrocadas, réplica de sismos) que dificultem a recuperação dos corpos, a sua preservação ou a sua identificação nas melhores condições. Dependendo do tipo de evento, as ações de mortuária podem tardar dias ou mesmo semanas. Até à data, a Equipa Médico-Legal de Intervenção em Desastres participou ativamente em três cenários, dois internacionais o tsunami no sudeste asiático (Tailândia), em janeiro de 2005 e o sismo em Port-Au-Prince (Haiti), em janeiro de 2010, e um nacional as enxurradas na Madeira, em fevereiro de Maria Cristina de Mendonça, Coordenadora Nacional da Equipa Médico-Legal de Intervenção em Desastres, do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, I.P. mcmendonca@dlinml.mj.pt 4.Montagem do NECPRO (Madeira). P.6. PROCIV
7 DIVULGAÇÃO Desde Junho de 2008 que o 112 Número Europeu de Emergência, está operacional em toda a União Europeia. Nesse ano, a Comissão Europeia lançou um site que fornece informações sobre o 112 aos cidadãos que viajam na União Europeia. No ano seguinte declarou o dia 11 de fevereiro, "Dia Europeu do 112". Reino Unido foi o primeiro país europeu a ter um número de emergência (999), em julho de A escolha Administração Interna. a centrais de emergência coordenadas pelo Ministério da O de apenas três dígitos para o número de emergência deveuse à sua facilidade de memorização. além da saúde, a outras situações de emergência, tais como O Número Nacional de Emergência, dá resposta, para O número de emergência europeu 112 foi introduzido em incêndios, assaltos, agressões, e outras. Dispõe, também, 1991 para complementar os números de emergência nacionais e tornar os serviços de emergência mais acessíveis em A chamada de emergência é gratuita e atendida por um ope- de página na internet (w w w.112.pt) todos os Estados-membros da União Europeia (UE). Desde rador da central de emergência, que aciona os sistemas médico, policial e de combate a incêndios, ou outros, consoante 1998, as regras da UE exigem que os Estados-membros assegurem que todos os utilizadores de telefones fixos e móveis a situação verificada. Em determinado tipo de ocorrências possam telefonar gratuitamente para o 112. a chamada poderá ser transferida para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Em 1999 surgiu a Associação Número de Emergência Europeu EENA 112, uma organização não-governamental com Emergência Médica (INEM). sede em Bruxelas, Bélgica, com o objetivo de promover a qualidade dos serviços de emergência acessíveis através do número 112, em toda a Europa ( O número 112 é válido tanto para a rede fixa, como para a rede móvel, e é também o número internacional de emergência nas redes de telefones móveis GSM. No caso de não haver rede disponível pelo operador móvel, a chamada será encaminhada pela antena ou repartidor mais próximo, mesmo que pertença a outro operador móvel. Nos telefones móveis o número 112 pode ser marcado mesmo com o teclado bloqueado. Em Portugal, inicialmente o número nacional de emergência era o 115, associado ao serviço de primeiros-socorros e transporte de feridos e doentes, criado em 13 de outubro de 1965 pelos Ministérios do Interior e da Saúde e Assistência. Com a gestão a cargo da PSP, o número de emergência operava inicialmente apenas em Lisboa, tendo sido alargado, sucessivamente, às outras grandes cidades do país, e utilizado até Na atualidade, o número de emergência 112 está ligado... PROCIV. P.7
8 AGENDA 7 de fevereiro, Castelo Branco CONFERÊNCIA "CARACTERIZA- ÇÃO AMBIENTAL E ANÁLISE DE RISCOS EM BACIAS TRANSFRON- TEIRIÇAS: PROJECTO-PILOTO NO RIO ÁGUEDA" O Conselho Técnico-Científico da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco promove, no dia 7 de fevereiro, com início às 16h, no anfiteatro A2 desta instituição, conferência no âmbito das temáticas da caracterização ambiental e análise de risco de fevereiro DIA EUROPEU DO 112 Assinala-se, nesta data, o Dia Europeu do Número Único de Emergência 112. O Ministério da Administração Interna promove um conjunto de iniciativas com vista à divulgação deste recurso para utilização em casos de doença súbita e outras situações de emergência, como incêndios, acidentes graves, assaltos, agressões e outros. 11 e 12 de fevereiro, Bruxelas REUNIÃO DO GRUPO DE TRA- BALHO PROCIV DA UE Realiza-se nesta data e no contexto da presidência irlandesa do Conselho da União Europeia, a reunião periódica do grupo de trabalho PROCIV. Da agenda consta análise da nova legislação relativa ao Mecanismo Comunitário de Proteção Civil de fevereiro, Ponta Delgada CONCURSO FOTOGRÁFICO AS FORÇAS ARMADAS E A PROTEÇÃO CIV IL Promovido pelo Comando Operacional dos Açores, no âmbito das comemorações do seu XX aniversário, decorre, até ao dia 15 de fevereiro de 2013, o período para entrega dos trabalhos a concurso. O objetivo é fomentar a reflexão sobre o papel das Forças Armadas enquanto agente de proteção civil. Destina-se a fotógrafos profissionais e amadores da Região Autónoma dos Açores. 22 de fevereiro, Coimbra CURSO SOBRE GESTÃO DE GRANDES INCÊNDIOS FLORESTAIS Promovido pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), este curso tem lugar no auditório do departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Informações e inscrições: 26 de fevereiro, Ponta Delgada COLÓQUIO AS FORÇAS ARMADAS E A PROTEÇÃO CIVIL O Comando Operacional dos Açores no contexto da comemoração do XX aniversário, promove um conjunto de iniciativas, entre as quais se destaca a realização do colóquio As Forças Armadas e a Protecção Civil, que se realiza a 26 de fevereiro, no Anfiteatro C da Universidade dos Açores. O evento conta com o apoio da Secretaria Regional de Saúde e da Universidade dos Açores. Assine a Revista PROCIV em
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