DIVERSIDADE DOS RECURSOS VEGETAIS NA MEDICINA TRADICIONAL DA GUINÉ-BISSAU. Diniz, M.A., Martins, E.S., Silva, O.* e Gomes, E.T.
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- Ana Luiza Faria Quintanilha
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1 DIVERSIDADE DOS RECURSOS VEGETAIS NA MEDICINA TRADICIONAL DA GUINÉ-BISSAU Diniz, M.A., Martins, E.S., Silva, O.* e Gomes, E.T.* Herbário do Instituto de Investigação Científica Tropical, Trav. Conde da Ribeira 9, Lisboa * imed.ul, Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa, Av. Prof. Gama Pinto, Lisboa adeliadiniz@gmail.com Resumo Os autores recolheram informações de Praticantes de Medicina Tradicional (PMT) de várias etnias sobre plantas medicinais da Guiné-Bissau, em missões realizadas no país, integradas em projectos de cooperação. Do material recolhido nas várias regiões foram seleccionadas e estudadas diversas espécies, tendo sido compilados os dados relativos ao seu uso medicinal em países da África Ocidental, e os estudos relativos à sua composição química e actividade biológica. Alchornea cordifolia (Schumach. & Thonn.) Müll.Arg., Cryptolepis sanguinolenta (Lindl.) Schltr., Erythrina senegalensis DC., Gardenia ternifolia Schumach. & Thonn. subsp. jovis-tonantis (Welw.) Verdc., Icacina oliviformis (Poir.) J.Raynal, Sarcocephalus latifolius (Sm.) Bruce, Terminalia macroptera Guill. & Perr. e Zanthoxylum leprieuri Guill. & Perr. são exemplos de algumas plantas constantes num manual elaborado pelos autores sobre usos etnobotânicos na África Ocidental. Para cada espécie são referidos nomes tradicionais, breve descrição, habitat, usos medicinais ou outros, toxicidade e conservação. Palavras-Chave: Etnobotânica; Plantas medicinais; Biodiversidade; Guiné-Bissau INTRODUÇÃO O uso singular de plantas medicinais ou em associação para tratamento de doenças físicas ou mentais é uma prática ancestral que vigora em muitos países, incluindo a Guiné- Bissau. Já em 1893, Camilo Lima da Costa, enfermeiro da Companhia de Saúde da Guiné Portuguesa se preocupou com a inventariação das plantas medicinais tendo publicado, na Sociedade de Geografia de Lisboa um artigo com referência a 60 plantas, intitulado Collecção de Várias Plantas Medicinais da Guiné Portuguesa. Outros autores se seguiram como Jaime WALTER (1946), ESPÍRITO SANTO (1948, 1953) e Ruy Álvaro VIEIRA (1958). Para além dos hábitos culturais, a dificuldade de acesso aos Serviços de Saúde assim como a inexistência ou custo incomportável de medicamentos em numerosas localidades obriga as populações a recorrerem à medicina tradicional. Os Praticantes de Medicina Tradicional (PMT), são médicos tradicionais conhecedores de propriedades curativas das plantas existentes no seu meio ambiente e os únicos a receitá-las para tratamento das doenças, em alternativa aos medicamentos da medicina ocidental. Por 1
2 vezes, os médicos tradicionais usam rituais associados, nomeadamente rezas e oferendas a entes espirituais, quando atribuem as doenças a seres superiores, como o irã, ou a feitiçaria. Estes conhecimentos são transmitidos oralmente de geração em geração, geralmente do pai para o filho mais velho, ou outra pessoa por ele escolhida. Porém, nem sempre a transmissão é eficiente, ocorrendo por vezes a perda irreparável de conhecimentos (CROWLEY & RIBEIRO 1987, MARTINS 1994). Assim sendo, torna-se urgente a recolha dos dados etnomédicos, devendo para o efeito serem realizados inquéritos para conhecimento e registo escrito dos receituários e utilização terapêutica das plantas medicinais por parte dos PMT, a fim de garantir a preservação,dos seus conhecimentos ancestrais. O IICT, através do então Centro de Botânica, tem vindo a realizar prospecções etnobotânicas na Guiné-Bissau, integradas em projectos de cooperação com instituições locais e financiados pela Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT, actual Fundação para a Ciência e Tecnologia) e pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD). Este trabalho tem sido realizado em colaboração com o Laboratório de Farmacognosia da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (LF- FFUL) e com o Departamento de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (DQ-FCTUNL) e ainda com a organização não governamental portuguesa (ONG) Associação para a Cooperação entre os Povos (ACEP). Da parte da Guiné-Bissau houve a colaboração do Departamento de Pesquisa Agrícola (DEPA), actual Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola e da ONG guineense Acção para o Desenvolvimento (AD). MATERIAIS E MÉTODOS Durante as missões de campo na Guiné-Bissau realizadas por equipas multidisciplinares constituídas por técnicos agrários, tradutores, botânicos e farmacognostas foram realizadas entrevistas a PMT de várias etnias: Em 1991, 1994 e 1995 na região Leste do país, no Sector de Contúboel os médicos tradicionais entrevistados foram: Umarú Seidi (fula) da tabanca Queneba, em Contúboel, Bacar Cassamá (mandinga) de Contúboel, Braima Dansô (mandinga) de Galugada, Alfucene Embaló (fula) (Figura 1) da tabanca Sare-Iero, Cecília (mancanha) da tabanca Badinca e Bubacar Seidi (fula) da tabanca Sintchã-Sambaro. Também foram obtidas informações de um médico (Paris Tourè) do hospital de Sonaco, o qual utilizava algumas 2
3 plantas com fins curativos, em substituição de fármacos inexistentes no hospital (GOMES & DINIZ 1993, DINIZ et al. 1996, MARTINS et al. 1996). Em 1998 realizaram-se inquéritos nas regiões da mata do Cantanhez, no Sul do país, actualmente incluída no Parque Natural de Cantanhez, e no Parque Nacional dos Mangais de Cacheu, no Norte do mesmo. Os PMT entrevistados foram: Adulai Camará (mandinga) (Figura 2) da tabanca Madina, (que delegou em Ana Calé, também de etnia mandinga, a incumbência de acompanhar a equipa ao terreno na colheita das plantas), Madjula (tanda) (Figura 3 )de Iemberém, Cabê Nacanca (balanta), da tabanca Cadique Maila, Salifo Camará (nalu), da tabanca Farim, Saido Camará (tanda) do bairro Missera em Iemberém. Também foram obtidas informações do técnico de Saúde Básica em Iemberém Sene Candé (fula) e de Tcherno Camará (nalu) de Caboxanque, antigo enfermeiro do tempo da administração portuguesa, agora aposentado. No Norte do território, no bairro Bila em Varela, foi entrevistado o médico tradicional Mussassene (felupe). Com base nas informações registadas fez-se a inventariação da flora local com interesse medicinal, recolhendo material de referência para estudo sistemático destinado ao herbário LISC e também material para estudos laboratoriais. As partes das plantas utilizadas incluíram raízes, cascas, folhas, flores ou mesmo a planta inteira. Para estudo sistemático, em particular, utilizou-se bibliografia específica para a África Ocidental (KEAY, ; HEPPER, 1963, ) e para a pesquisa dos compostos químicos e actividade biológica das espécies colectadas recorreu-se a IWU (1993) e à plataforma virtual ISI Web of Knowledge (MEDELINE DATABASE ). RESULTADOS Inventariaram-se cerca de uma centena e meia de plantas de utilização medicinal, com o nome científico, nomes vernáculos de acordo com as várias etnias no país, partes utilizadas e receituários obtidos por informação dos PMT, tanto no que se refere à preparação como à administração de receituário destinado a uso no tratamento de doenças infecciosas. Foram seleccionadas e estudadas algumas plantas medicinais, tendo, os estudos realizados contribuído para o conhecimento da sua composição química e actividade biológica (SILVA, 2004). A título de exemplo apresenta-se no Quadro 1 a informação relativa a algumas espécies, com indicação da família a que pertencem, nomes vernáculos 3
4 nas várias etnias, parte ou partes utilizadas nos estudos de actividade biológica realizados e compostos químicos identificados. Esses dados científicos confirmam, em muitos casos, as utilizações dadas aos materiais vegetais na medicina tradicional. A informação disponível relativa a vinte das plantas medicinais mais utilizadas na medicina tradicional guineense para o tratamento de hepatites, paludismo, doenças venéreas, malária, dores de dentes, dermatoses, parasitoses, reumatismo, tosse, úlceras, diarreias e infecções variadas e simultaneamente comercializadas no mercado de Bandim em Bissau, foi compilada sob a forma de um Manual Prático de Plantas Medicinais da Guiné-Bissau (GOMES et al. 2003) (Figura 4). CONSIDERAÇÕES FINAIS Muito há a fazer nesta área de cooperação e desenvolvimento. Equipas pluridisciplinares de preferência integrando médicos e técnicos de saúde locais, devem prosseguir com inquéritos aos curandeiros de várias etnias e regiões, procurando saber quais as doenças mais comuns, quais as plantas utilizadas nos tratamentos, receituários e sua administração. Com os dados já obtidos verificamos que há potencialidades neste domínio na Guiné-Bissau, podendo algumas espécies ser usadas nos cuidados de saúde primários, através de tecnologias de transformação simples, ou na indústria farmacêutica ocidental, como matéria-prima para o fabrico de medicamentos. A cultura de algumas das plantas medicinais de maior utilização e a possibilidade da sua exportação, a ser considerada, contribuirá para a melhoria das condições económicas do país e permitirá a melhor conservação do ecossistema, para além da valorização dos recursos naturais existentes. 4
5 REFERÊNCIAS Workshop Plantas Medicinais e Fitoterapêuticas nos Trópicos. IICT /CCCM, 29, 30 e 31 de Outubro de 2008 CROWLEY, E. & RIBEIRO, R. (1987), Sobre a medicina tradicional e formas da sua colaboração com a medicina moderna. Soronda 4, DINIZ, M.A., SILVA, O., PAULO, M.A. & GOMES, E.T. (1996), Medicinal uses of plants from Guinea- Bissau. In L.J.G. van der Maesen et al. (eds.), The Biodiversity of African Plants Proceedings of the XIVth AETFAT Congress, Kluwer Academic Publishers, Dordrecht. ESPÍRITO SANTO, J. (1953), Plantas úteis da flora da Guiné Portuguesa. Boletim Cultural da Guiné Portuguesa 8(29), ESPÍRITO SANTO, J.V. do (1948), Algumas plantas venenosas e medicinais usadas pelos indígenas da Guiné Portuguesa. Boletim Cultural da Guiné Portuguesa 3(10), GOMES, E.T. & DINIZ, M.A. (1993), Plantas usadas em medicina tradicional na região de Contúboel. Comunicações, Instituto de Investigação Científica Tropical, Sér. Ciências Agrárias, 13, GOMES, E.T., SILVA, O., DINIZ, M.A. & MARTINS, E.S. (2003), Plantas Medicinais da Guiné-Bissau: Manual Prático. ACEP/AD, Bissau. 74 p. HEPPER, F.N. (ed.) (1963), Flora of West Tropical Africa, 2 nd ed. Vol 2. Crown Agents for Oversea Governments and Administrations, London. 544 p. HEPPER, F.N. (ed.) ( ), Flora of West Tropical Africa, 2 nd ed. Vol 3. Crown Agents for Oversea Governments and Administrations, London. 574 p. IWU, M.M. (1993), Handbook of African medicinal Plants. CRC Press, Boca Raton, Florida. 435 p. KEAY, R.W.J. ( ), Flora of West Tropical Africa, 2 nd Governments and Administrations, London. 828 p. ed. Vol 1. Crown Agents for Oversea MARTINS, E.S., ABREU, P. & CANDÉ, U. (1996), Contribuição para o Conhecimento de Algumas Plantas Medicinais da Guiné-Bissau. Simpósio sobre Agricultura e Agro-Indústria Tropicais, Lisboa, 19 a 21 de Junho de 1996, APORJEL, Lisboa. 9 p. MARTINS, E.S., ABREU, P. & CANDÉ, U. (1996), Contribuição para o Conhecimento de algumas Plantas Medicinais da Guiné-Bissau. Resumos, Simpósio sobre Agricultura e Agro-Indústria Tropicais, de Junho de Lisboa. s.p. MARTINS, M.A.G.D. (1994), Flora e vegetação da Guiné-Bissau. Programa de investigação apresentado a concurso para investigador coordenador do IICT. Lisboa. 111 pp. MEDLINE DATABASE ( ), Ed. National Library of Medicine, U.S.A.Thomson Reuters, ISI Web of Knowledge, SILVA, O.M.D. (2004), Estudo etnofarmacológico de espécies da flora da Guiné-Bissau com actividade antimicrobiana, Tese de Doutoramento, Lisboa, Universidade de Lisboa, Faculdade de Farmácia, 340p. VIEIRA, R.A. (1958), Subsídio para o Estudo da Flora Medicinal da Guiné Portuguesa. Agência Geral do Ultramar, Lisboa. 217 p. WALTER, J. (1946), Breve estudo da flora medicinal da Guiné. Boletim Cultural da Guiné Portuguesa 1(4),
6 Quadro 1 - Dados bibliográficos relativos às plantas medicinais seleccionadas Espécie Nome vernáculo Parte Utilização Actividade demonstrada Compostos químicos (Família) utilizada tradicional (Silva, 2004; ISI). (Silva, 2004; ISI) Alchornea cordifolia (Schumach. & Thonn.) Müll.-Arg. (figura 5) (Euphorbiaceae) Pó de arco (crioulo); blora (balanta); amim (tanda); bugon (brama e manjaco); charque (fula); irá (mandinga); usubou (felupe). Raízes; caules; folhas; frutos Doenças respiratórias; parasitoses; dores de dentes Actividade antimicrobiana contra bactérias: Helicobacter pylori; Shigella spp, Salmonellae spp, Pseudomonas aeruginosa, Bacillus subtilis e Escherichia coli. Alcalóides imidazólicos: alchorneina Flavonóides, antraquinonas, taninos,(folhas) Raiz: Hepatoprotectora, Anti-inflamatória Terpenos, esteróides, β-sitosterol e di- (2-ethilhexil)ftalato e daucosterol, ácido acetil-aleuritólico, N1,N2- diisopentenil guanidina e N1,N2,N3- tri-isopentenilguanidina Erythrina senegalensis DC. (Leguminosae subfam. Papilionoideae) Bissaca, pó-de-osso(crioulo); botchotchadje (fula); dlimôdolim-ô (mandinga); m zisse (balanta); n tchakarfat (nalu). Casca do tronco; raízes Feridas crónicas; reumatismo (raízes em associação com outras); talas feitas com pedaços de troncos são usadas para imobilizar fracturas Actividade antimicrobiana contra bactérias: Staphylococcus aureus, Shigella spp, Salmonellae spp, Pseudomonas spp, e Klebsiella spp, vírus (HIV) parasitas (Schistosoma mansoni) Isoflavonas; isoflavononas 2,3 dihydroauriculatina, eribraedina A, 6 8-diprenilgenisteina, senegalenseina, alpinumisoflavona e dimetilalpinumisoflavona O extracto da casca do tronco demonstrou actividade analgésica e anti-inflamatória Alcalóides 6
7 Quadro 1 - Dados bibliográficos relativos às plantas medicinais seleccionadas (continuação) Espécie Nome vernáculo Parte Utilização Actividade demonstrada Compostos químicos (Família) utilizada tradicional (Silva, 2004; ISI). (Silva, 2004; ISI) Cryptolepis sanguinolenta (Lindl.) Schltr. (Asclepiadaceae) Cuntesse (crioulo, fula, mandinga); mansahane, catsula (balanta) Raízes; folhas Hepatites, feridas, malária (conhecida como o quinino do Gana onde é usada na clínica como antimalárico) Actividade antimicrobiana in vitro contra estirpes clínicas de Neisseria gonorrhoeae, Escherichia coli e Candida albicans. Criptolepina - actividade antimicrobiana relevante contra Candida albicans, Escherichia coli e Salmonella typhi; actividade antibacteriana reduzida contra Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas vulgaris, Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter aerugenes; outras actividades hipotensora, vasodilatadora e hipotérmica, moduladora noradrenérgica, espasmolítica, anti-inflamatória, anticomplementar, antiagregante plaquetária e fibrinolítica, antitrombótica e anti- Plasmodium falciparum in vitro. Alcalóides indólicos:criptolepina (maioritário)., quindolina, criptospirolepina,quindolinona, hidroxicriptolepina, cripto-heptina, isocriptolepina, homocriptolepinona, criptolepicarbonilo, neocriptolepina, biscriptolepina, criptomisrina, criptosanguinolentina, criptotaqueína, criptoquindolina, isopropilcriptolepina. Gardenia ternifolia Schumach. & Thonn. subsp. jovis-tonantis (Welw.) Verdc. var. jovis-tonantis Dignale, Djugale (fula); n dué (nalu) Raízes Disenteria; infecções urinárias, anti-inflamatório Não estudados (Rubiaceae) 7
8 Quadro 1 - Dados bibliográficos relativos às plantas medicinais seleccionadas (continuação) Espécie Nome vernáculo Parte Utilização Actividade demonstrada Compostos químicos (Família) utilizada tradicional (Silva, 2004; ISI). (Silva, 2004; ISI) Icacina oliviformis (poir.) J.Raynal (Icacinaceae) Manganaz (crioulo); sila (fula); unasse (mancanha); foia (balanta) Folhas e ramos; casca; tubérculo e raízes Dores de rabada (dores de rins); antiinflamatório Não estudada mas referidos na literatura alguns efeitos tóxicos para os tubérculos frescos de outras espécies do género. Não estudados os metabolitos secundários.espécie apontada com potencial como planta alimentar (tubérculos e sementes) Sarcocephalus latifolius (Sm.) Bruce (Figura 4) (Rubiaceae) Madronho (crioulo); binaal ukon (mancanha); naudoputcho (fula); fumulandjuk (felupe) Raízes; casca Disenteria; icterícia; infecções urinárias; paludismo; afrodisíaco Actividade antimicrobiana, dos alcalóides sendo a maior actividade demonstrada contra Corynebacterium diphtheriae, Streptobacillis sp., Streptococcus sp., Neisseria sp., Pseudomonas aeruginosa e Salmonella sp. Uma fracção alcaloídica mostrou actividade anticolinérgica e actividade relaxante da musculatura lisa do duodeno e do íleo de cobaia, Actividade antimalárica in vitro contra P. falciparum. Actividade inibitória da contracção purinérgica da bexiga por uma acção directa depressiva no músculo liso. Cascas das raízes: alcalóides indoloquinolizidínicos (angustina, angustolina, nauclefina, naucletina), naucleidinal, epinaucleidinal; glicoalcalóides (estrictosamida); alcalóides indólicos - naufolina e descarbometoxinauclequina; umbeliferona, β-sitosterol, taninos catéquicos e saponósidos. Raízes: alcalóides - 21-O-metilestrictosamida, 21-O-etilestrictosamida, estrictosamida, angustina, nauclefina, angustidina, angustolina, 19-O-etilangustolina, naucleidinal, 19-epinaucleidinal, ácido quinóvico- 3-β O-β-D-fucopiranosido; ácido quinóvico-3-β O-α-Lramnopiranósido, escopoletina, β- sitosterol. 8
9 Quadro 1 - Dados bibliográficos relativos às plantas medicinais seleccionadas (continuação) Espécie Nome vernáculo Parte Utilização Actividade demonstrada Compostos químicos (Família) utilizada tradicional (Silva, 2004; Medline). (Silva, 2004; Medline) Terminalia macroptera Guill. & Perr. (Combretaceae) Macete (crioulo); bode (fula); fadi (balanta); hólô-foro (mandinga) Raízes; folhas; cascas Doenças venéreas; doenças hepáticas; tosse; diurético; cicatrizante; laxativo Actividade antimicrobiana in vitro dos taninos hidrolisáveis contra enteropatogénicos incluindo estirpes clínicas de Campylobacter e Vibrio cholera; contra estirpes de Neisseria gonorrhoeae que incluem estirpes resistentes à penicilina e à tetraciclina; contra Staphylococus aureus e Candida albicans Actividade in vitro contra o vírus do Herpes e contra o HIV Folhas Flavonóides (iso-orientina); taninos hidrolisáveis (ácido quebulágico, ácido quebulínico, ácido gálhico, ácido elágico); Raízes Taninos hidrolisáveis (terflavina A, punicalagina, ácido gálhico, ácido elágico e derivados metilados; Trierpenos e esteróides Zanthoxylum leprieuri Guill. & Perr. (Rutaceae) Butonque, pó-de-bijagós (crioulo); barquelém (fula) mantcha (balanta); sandjan (felupe); ierim-ô (mandinga); mambelesse (nalu); Raízes; acúleos Asma; paludismo; anti-inflamatório; dores de dentes; mordeduras de cobras Extractos de raiz contendo ácido 2- hidroximetilbenzóico são activos contra a anemia falciforme. O óleo essencial revelou actividade anestésica e antifúngica (dermatófitos) Alcalóides benzofenantridínicos (β fagarina, fagaridina, xantofagarina, angolina e angolidina); ácidos aromáticos (ácido 2- hidroximetilbenzóico); óleo essencial (monoterpenos e fenóis-e.g. linalol, timol, p-cimeno etc.) 9
10 Figura 1. PMT Alfucene Embaló (fula), tabanca Sare-Iero, 1991 Figura 2. PMT Adulai Camará (mandinga), tabanca Madina, Iemberém, 1998 Figura 3. PMT Madjula (tanda) com Sarcocephalus latifolius, Iemberém, 1998 Figura 4. Manual Prático de Plantas Medicinais da Guiné-Bissau Figura 5. Alchornea cordifolia (frutos), bairro Iale, Varela,
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