AS DISTORÇÕES DA SAÚDE NO BRASIL. Senhor Presidente, notícias UOL publicou uma reportagem evidenciando as

Transcrição

1 ** Discurso proferido pelo deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS), em sessão no dia 23/10/2013. AS DISTORÇÕES DA SAÚDE NO BRASIL Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, No último dia 17, quinta-feira, o site de notícias UOL publicou uma reportagem evidenciando as limitações de nosso sistema de saúde suplementar. A matéria afirma que um terço dos usuários com planos de saúde, ou utiliza o Sistema Único de Saúde, o SUS, ou paga consultas particulares. Em pesquisa realizada pela

2 ** Associação Paulista de Medicina e o Datafolha, ficou comprovado que 30% dos assegurados recorrem a outras formas de atendimentos médicos em consequência de problemas enfrentados com os planos de saúde. Mesmo com a equivocada opção dos governos que se sucederam nas últimas duas décadas e meia no Brasil, em privilegiar a assistência privada com desonerações fiscais e incentivos, ao invés de fortalecer o SUS com um orçamento robusto, assegurado legalmente, claro e intransferível, os portadores de planos de saúde estão cada vez mais buscando a saúde pública, ou arcando financeiramente com seus atendimentos. Em um ano, o aumento de usuários que buscaram alternativas aos planos de saúde foi de 50%. No ano de 2012, 15% daqueles que possuíam plano de saúde utilizavam os serviços públicos, hoje, está porcentagem chega a 22%. Já aqueles que

3 ** desembolsam para pagar o plano e desembolsam mais uma vez para terem consultas passou de 9% para 12%. Segundo este levantamento, a maioria daqueles que não conseguem esperar a burocracia, a morosidade, a falta de vontade e a falta de qualidade nos serviços dos planos de saúde são as mulheres de 25 a 34 anos. Essas jovens, em pleno Outubro Rosa, se esforçam para ter atendimento de saúde, mesmo acreditando estarem asseguradas quando contratam seus planos. A pesquisa entrevistou 861 homens e mulheres, de todas as classes sociais, e tem um nível de confiabilidade de 95%. As reclamações dos assegurados são semelhantes àquelas encontradas entre os usuários do SUS, como a dificuldade para marcar consultas, realizar exames, além de outros procedimentos como cirurgias, por exemplo. Nesta amostragem, 80% dos investigados apontou no mínimo quatro problemas diferentes

4 ** na relação com os planos de saúde. Mais especificamente, 66% dos entrevistados reclamaram de dificuldades em consultas médicas e 47%, na realização de exames. Já o pronto atendimento, terceiro em uso, é o serviço com maior índice de problemas: 80% dos usuários apresentaram queixas. No item consultas médicas, a demora na marcação atinge o índice de 52% de reclamações, outro problema apontado por 28% dos pacientes é o médico que saiu do plano, já 25% dos usuários alegam a demora na autorização da consulta. Quanto aos exames e diagnósticos, as queixas são recorrentes para demora na marcação apontada por 28% dos entrevistados, poucas opções de laboratórios e clínicas especializadas, 27%, e tempo para autorização do exame ou procedimento 18%.

5 ** O Local de espera lotado é o principal problema apontado por 74% dos usuários do pronto atendimento. Demora para ser atendido também é um aspecto importante, mencionado por 55% dos usuários. Outras reclamações citadas são demora ou negativa para realização de procedimentos necessários por 16% dos pacientes, locais inadequados para receber medicação 13% dos entrevistados e negativa de atendimento, 9%. Quarenta e um por cento dos usuários que precisaram ser internados relataram problemas, o que foi projetado para um total de 800 mil pessoas. Do total, 30% reclamaram da falta de opções de hospitais; 12% de dificuldade ou demora para o plano autorizar a internação; e 8% da falta de vaga no hospital procurado. Dos 16% de usuários que passaram por cirurgia, um quarto relatou problemas como a demora na autorização e falta de cobertura para materiais especiais.

6 ** Entre os entrevistados, 15% já fizeram alguma reclamação, recurso ou notificação contra o plano de saúde. A negativa para cirurgia foi o motivo mais apontado pelos beneficiários que recorreram à Justiça. Todos esses números comprovam que saúde não é negócio, é um direito constitucional e universal. Enquanto estivermos incentivando grupos privados em detrimento de investimento maciço em saúde pública, na ponta, o SUS abarrotado continuará tendo de atender a todos de forma precária. Muito obrigado pela atenção. Deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS)