Redescobrindo as árvores do ambiente escolar

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1 Redescobrindo as árvores do ambiente escolar Autor: Vinicius Freitas Klain Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Coautor : Mônica dos Santos Matos Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul monica.matos@acad.pucrs.br Coautor : Luiz Alberto Lorenzi Filho Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul luiz.lorenzi@acad.pucrs.br Orientador: Aline Estivalet Reginato Licenciada em Ciências Biológicas e especialista em Educação Ambiental pela Universidade Federal de Santa Maria estivaletsline@gmail.com Resumo: O projeto Redescobrindo as árvores do ambiente escolar tem como objetivo proporcionar aos alunos a compreensão das questões ecológicas e botânicas a cerca das espécies utilizando aspectos da educação socioambiental. O projeto foi realizado em uma escola estadual de ensino fundamental e médio localizada no município de Porto Alegre. A primeira etapa do projeto foi constituída de uma aula expositiva com auxilio do projetor com duração de 50 minutos, nessa aula foram abordados assuntos referentes à ecologia, botânica e educação ambiental, como espécies nativas, espécies exóticas, espécies exóticas invasoras, informações para classificação botânica. Na segunda etapa do projeto os alunos foram divididos em grupos de 2 a 5 integrantes, cada grupo ficou responsável por uma árvore presente no pátio da escola. Os grupos coletaram informações das árvores com base no que foi observado e registraram no caderno de aula, os alunos também tiraram fotos das árvores. Na terceira etapa do projeto os alunos foram direcionados ao laboratório de informática a fim de realizar uma pesquisa sobre a árvore pela qual o grupo ficou responsável com o objetivo de identificar a árvore e confeccionar um cadastro fotográfico das árvores da escola. Na quarta etapa do projeto os alunos confeccionaram placas de identificação para as árvores pelo qual o grupo ficou responsável. Após as placas ficarem prontas, foi realizada uma trilha ecológica para os alunos do ensino fundamental, com o intuito de conhecer as árvores identificadas pelas turmas do sétimo ano, onde cada grupo apresentou a árvore pelo qual ficou responsável com base nas informações contidas no catálogo produzido pelos grupos. Este projeto foi realizado pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID). A atividade realizada pelos bolsistas do PIBID abrangeu 3 turmas do 7 e possibilitou que os alunos utilizassem o ambiente escolar como um laboratório de ensino. Palavras-chaves: Educação Socioambiental; Ensino Fundamental; Identificação de árvores

2 1 Introdução 1.1 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) O PIBID é uma iniciativa, financiada pela CAPES, para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores que atuem na educação básica. O programa concede bolsas a alunos de licenciatura participantes de projetos de iniciação à docência desenvolvidos por Instituições de Educação Superior (IES) em parceria com escolas de educação básica da rede pública de ensino. Os projetos devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola. São objetivos do programa: Incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica; contribuir para a valorização do magistério; elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica; inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem; incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores como coformadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério; e contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura. A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul conta com 11 PIBIDs, entre eles o PIBID-Biologia que atua em 5 escolas da rede pública estadual, localizadas na cidade de Porto Alegre. O PIBID-biologia desevolve diversos projetos de ensino nas escolas, além de auxilio ao professor e ao aluno. Os projetos do PIBID devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola, articulando teoria e prática à sua formação elevando a qualidade das ações nos cursos de licenciatura. Dentre as diversas temáticas abordadas nos projetos desenvolvidos no ambiente escolar, é possível destacar a educação sócio-ambiental. 1.2 A escola O projeto foi realizado em uma escola estadual de ensino fundamental e médio localizada no bairro Intercap no município de Porto Alegre. A escola conta com mais de alunos, distribuídos em turmas nos turnos manhã, tarde e noite. Possui uma grande área verde, com a presença de diversas espécies vegetais, principalmente árvores e

3 arbustos. A atividade realizada abrangeu 3 turmas do 7 ano do ensino fundamental, tendo cada turma uma média de 35 alunos, totalizando 105 alunos. 1.3 Breve histórico da luta ambientalista A ideia de conservação da natureza tem origem devido ao valor estético e os benefícios diretos que os ambientes podem conferir aos humanos. Com a desconstrução da visão antropocêntrica, a preservação foi voltada para a biodiversidade e os impactos que o descaso pelo meio ambiente iria trazer para as gerações futuras. A luta ambiental se torna expressiva na década de 60, com a publicação do livro Primavera Silenciosa de Raquel Carson, mas apenas na década de 70, 113 países se uniram para debater a devastação ambiental na Conferência de Estocolmo que teve como resultado Plano de ação Mundial e a Declaração sobre o meio ambiente humano. Os movimentos ambientalistas chegaram ao Brasil abordando a preservação da natureza de forma técnica e mecânica, desta forma a educação ambiental não teve caráter educativo perdendo a possibilidade de ser um fator de transformação social. Este cenário mudou em 1992 quando ocorreu a conferencia da ONU sobre o Meio Ambiente e desenvolvimento onde foi discutido metodologias diferenciadas para a educação ambiental, este evento resultou na Carta Brasileira para a Educação Ambiental. 1.4 Importância da educação socioambiental na escola A educação ambiental é uma ferramenta útil para formar indivíduos capazes de agir frente aos inúmeros problemas ambientais da atualidade. Tendo em vista que os problemas ambientais têm origem em práticas sociais insustentáveis, a educação ambiental faz uso de práticas de sensibilização para os indivíduos se sentirem como integrantes do meio ambiente de modo que os envolvidos se sintam responsáveis pelas consequências de suas ações e construa estratégias que permita o equilíbrio do meio ambiente amenizando o impacto ambiental causado por maus hábitos. Entretanto é necessário contextualizar os problemas ambientais de acordo com a realidade dos indivíduos que faram parte do processo de aprendizagem destacando as ações e impactos que a sociedade é capaz de fazer no ambiente, de forma negativa e positiva. Neste contexto surge a educação socioambiental com uma proposta diferenciada de sensibilização que abrange mudanças de valores e posturas para a sociedade. Segundo BRANCO (1998) a educação socioambiental é todo processo cultural que objetive a formação de indivíduos capacitados a coexistir em equilíbrio com o meio. Processos não formais, informais e formais já estão conscientizando muitas pessoas e intervindo positivamente, se não solucionando, despertando para o problema da degradação crescente do meio ambiente, buscando novos elementos para uma alfabetização.

4 Desta forma é necessário trabalhar a educação socioambiental em todos os meios de ensino, mas a escola tem uma responsabilidade fundamental em trabalhar com alunos de forma que eles se sintam integrados e responsáveis pela manutenção do meio ambiente. Se torna necessário reconhecer a escola como parte do meio ambiente de forma que as ações sustentáveis em conjunto comecem a ocorrer na própria escola para que os alunos adotem essas atitudes em outros setores de suas vidas, além de se tornarem multiplicadores das ações sustentáveis, pois em conjunto conseguiremos ameninar de forma tênue os impactos ambientais da sociedade. Desenvolvimento O projeto foi desenvolvido na escola estadual Francisco Antônio Viera Caldas Júnior, com alunos de três turmas do sétimo ano do ensino fundamental durante os meses de julho, Agosto e Setembro de O objetivo do projeto é sensibilizar os alunos para as questões ambientais, construir a sensação de pertencer ao meio ambiente através do contato direto com a natureza e a revitalização de espaços da escola que estavam fora de uso. A escola apresenta uma grande área verde repleta de árvores e arbustos, que estava fora de uso pela comunidade escolar, dessa forma o projeto promoveu a revitalização do pátio da escola. A primeira etapa do projeto foi constituída de uma aula expositiva dialogada a respeito da importância das árvores para a escola, espécie nativa, espécie exótica, espécie exótica invasora e hábitos vegetais. Após as turmas foram divididas em grupos de 2 á 5 integrantes e foram levadas ao pátio para escolherem uma árvore para ficarem responsáveis, os alunos anotaram informações sobre o vegetal, como por exemplo, hábito, folhação, época do fruto e outras informações. Os alunos foram ao laboratório de informática da escola para construir um catálogo fotográfico com base nas informações coletadas no pátio e contidas no cadastro fotográfico da vegetação de Porto Alegre do site da Secretária Municipal do Meio Ambiente. Após esta etapa os alunos confeccionaram placas de identificação para as árvores que ficaram responsáveis, contendo o nome cientifico e nomes populares, nesta etapa foram utilizados tinta azul e branca, arame de aço e blocos de madeira. A ultima etapa consistiu de uma trilha pelo pátio da escola, sendo que ao longo desta trilha cada grupo apresentou as características da árvore ou arbusto que ficou responsável ao longo do projeto. Resultados Este projeto identificou 17 árvores e 2 arbustos presentes na escola, os métodos de identificação foram analises morfológicas dos vegetais feitas pelos alunos comparadas com a identificação do cadastro fotográfico da vegetação de Porto Alegre, sendo supervisionados por estudantes de Ciências Biológicas. Entretanto métodos moleculares de identificação de espécimes não foram realizados, o que abre espaço para uma pequena margem de erro, ainda assim vale ressaltar que o objetivo do projeto é sensibilizar os alunos como parte

5 integrante do meio ambiente utilizando ações coletivas na escola de forma que o cuidado e a aproximação com o ambiente escolar desperte o senso de responsabilidade pelo meio ambiente, sendo assim o objetivo não é realizar um levantamento preciso de espécies vegetais presentes na escola. Não foram todos os vegetais presentes na escola que foram identificados, pois a escola apresenta uma grande variedade de espécies e não haveriam recursos nem tempo para isso. Abaixo segue a lista de espécies identificadas pelos alunos: Nome Científico Nome Popular Tipuana tipu Enterolobium contortisiliquum Delonix regia Pyracantha coccínea Dypsis lutescens Eriobotrya japônica Musa x paradisíaca Tibouchina granulosa, Tipuana Timbaúva Flamboyant amarelo Piracanta Areca Bambu Ameixa amarela, Nespereira Bananeira Quaresmeira Rosa Schinus terebinthifolia Pseudobombax grandflorumi Psidium guajava Psidium cattleianum Tipuana tipu Syzygium cunimi Pinus elliottii Aroeira Vermelha Embiruçu, PseudoBombáx Goiabeira Araçazeiro Tipuana Jamelão/Jambolão Pinheiro

6 Seiba speciosa Brachychiton populneus Psidium cattleianum Euphorbia milii, Paineira Perna de Moça Araçazeiro Coroa de Cristo O catálogo confeccionado pelos alunos apresenta o nome popular e cientifico do vegetal, fotografias feitas pelos estudantes e as seguintes informações do vegetal: origem, porte, crescimento, folhação, cor da floração, época da floração, época do fruto e luz (conforme imagem 1). Todos esses dados foram agrupados na forma de um livro, que ficará disponível na biblioteca da escola estando à disposição da comunidade escolar para eventuais consultas.

7 estudantes. Imagem 1: representação do catálogo confeccionado pelos Foram confeccionados pelos alunos, placas de identificação para as árvores e arbustos presentes na escola, contendo o nome popular e o nome científico do vegetal. Estas placas iram auxiliar o estudante e a comunidade escolar no reconhecimento das árvores e arbustos que habitam o Colégio Caldas Júnior.

8 Referências GOMES, Cleida M. da C. F. (Coorda.). Cadastro Fotográfico da Vegetação de Porto Alegre. Porto Alegre: Secretaria Municipal do Meio Ambiente, p. DE AVILA, Angela Luciana et al. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL ATRAVÉS DA IDENTIFICAÇÃO E PLANTIO DE ESPÉCIES ARBÓREAS. REMEA-Revista Eletrônica do Mestrado de Educação Ambiental, v. 22, SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p , RODRIGUES, Ligia Sturza; COPATTI, Carlos Eduardo. Diversidade arbórea das escolas da área urbana de São Vicente do Sul/RS. Biodiversidade Pampeana, Uruguaiana, v. 7, n. 1, p. 7-12, 2009.

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