MOÇAMBIQUE ACTUALIZAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR Janeiro 2005
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- Edison Rosa Azambuja
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1 MOÇAMBIQUE ACTUALIZAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR Janeiro 2005 TIPO DE ALERTA: NORMAL VIGILÂNCIA AVISO EMERGÊNCIA CONTEÚDO Perspectiva sobre Riscos... 2 Precipitação e implicações... 2 Análise de Mercados... 5 Plano de Contingência... 5 SUMÁRIO E IMPLICAÇÕES A bacia do Zambeze registou uma precipitação excepcionalmente acima do normal na segunda década de Janeiro causando subidas rápidas do caudal do rio, danificando culturas, e inundando habitações nas zonas baixas. De acordo com vários modelos de previsão, prevê-se chuvas intensas por toda parte na Bacia, aumentando o risco de cheias. Na região norte, as chuvas acima do normal que se registaram nos meados de Dezembro obstruíram e danificaram algumas casas de construção precária, porém não há relatos de ocorrência de cheias nem de quaisquer danos às culturas. No sul, estiagem prolongada poderá ter afectado severamente as culturas obrigando os camponeses a efectuar novas sementeiras graças à humidade gerada pelas chuvas registadas a partir dos meados de Janeiro; estas precipitações poderão continuar até o final do mês. A humidade noutras regiões situa-se a níveis adequados, e as culturas estão em pleno desenvolvimento. Porém, uma monitoria dos impactos de falta ou excesso de chuvas continua necessária. As famílias dependentes do mercado para o seu sustento alimentar básico continuam a beneficiar de preços baixos e estáveis, apesar de se estar no período de fome. CALENDÁRIO SAZONAL SUMÁRIO SOBRE RISCOS O risco de ocorrência de cheias é alto ao longo do Rio Zambeze, especialmente nas zonas baixas dos distritos de Caia e Marromeu, como resultado das fortes chuvas ocorridas na segunda década de Janeiro na Bacia do Zambeze e nos países vizinhos. No sul do país, particularmente na zona oriental da província de Gaza e sul de Inhambane, os níveis de precipitação no período de 11 a 20 de Janeiro foram muito baixos, entre 3 e 46 porcento do normal. Espera-se que quase todo país registe chuvas moderadas á fortes até 31 de Janeiro. As culturas em franco desenvolvimento bem nas regiões do país não afectadas por défices de precipitação. Prevalece a estabilidade de preços nos grandes mercados, e os preços são os mais baixos dos últimos quatro anos. Address : Av. Das FPLM, 2698 Pavilhão Novo, INIA Maputo, Mozambique FEWS NET is funded by the US Agency for International Development Fax: Tel: mind@fews.net
2 SITUAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR As condições climáticas, associadas aos efeitos do HIV/SIDA e níveis de pobreza, foram as principais causas da deterioração da situação de insegurança alimentar nas regiões centro e sul do país durante o ano de Não obstante o presente período de escassez, o nível de insegurança alimentar causado por factores de curto prazo tais como fraca precipitação encontra-se numa situação de relativa estabilidade e em melhoria como resultado de várias acções de mitigação. Estas acções incluem a distribuição de ajuda alimentar e realização de feiras de sementes de entre outras intervenções selectivas. Tem igualmente contribuído para esta estabilidade, os preços baixos dos alimentos básicos permitindo com que as famílias possam comprar os seus alimentos. Não obstante, prevalecem altos níveis de desnutrição crónica (41 porcento ao nível nacional e taxas mais altas como 50 porcento na Província de Cabo Delgado), chamando a atenção ao grau de vulnerabilidade e pobreza em que os Moçambicanos encontram-se expostos, e à necessidade de desenvolver planos de intervenção de longo prazo para melhorar os padrões de vida. RISCOS ACTUAIS Figura 1. Anomalias da precipitação Janeiro 11-20, 2005 ZAMBIA ZIMBABWE ÁFRICA DO SUL MALAWI TANZANIA MOÇAMBIQUE Rio Zambeze atinge nível de Alerta O vale da bacia do Zambeze (devidamente assinalado na Figura 1) registou uma precipitação muito acima do normal durante a segunda década de Janeiro resultando em subidas rápidas do caudal do rio. A estação meteorológica do INAM localizada na cidade de Tete próximo do Rio Zambeze registou 129,6mm na segunda década de Janeiro contra a precipitação normal de 56.0 mm. O último relatório da situação hidrólogica da Administração de Águas do Zambeze (ARA- Zambeze) diz que o nível das águas do rio permanece alto com tendência a reduzir. Por exemplo, na estação hidrométrica de Caia, o nível das águas no dia 24 de Janeiro foi de 5,34 m e no dia seguinte caiu para 5,29 m. O nível de alerta nesta zona é de cinco metros. Em Marromeu, próximo da foz, a leitura foi de 5,03 m no dia 24 e 5,05 m no dia 25 de Janeiro, contra 4,75 m de nível de alerta. No geral, informações indicam que o nível das águas no baixo Zambezi está a reduzir. Contudo, as descargas para a albufeira de Cahora Bassa são substanciais. De acordo com o mesmo relatório, a descarga média nas últimas 72 horas foi de 3,500 metros cúbicos por segundo, razão pela o nível de alerta deve ser mantido. O transborde do Rio Zambeze é resultado das fortes chuvas que têm caído ao longo de toda a bacia do Zambeze, e das quantidades significativas de água provenientes dos seus principais afluentes, o Shire e Revubué. A figura 1 mostra os níveis de precipitação acima do normal na Bacia do Rio Zambeze durante a segunda década de Janeiro. Porém, no mesmo período, o sul e centro do país tinha registado chuvas próximos para abaixo do normal. Os rios noutras bacias na região centro tais como Save, Púngue e Búzi, estão relativamente estáveis e abaixo do nível de alerta. De acordo com a última informação da Administração Regional do Centro (ARA-Centro) de 25 de Janeiro, os níveis do Púngue e Save mostram sinais de subida, embora ainda estejam longe dos níveis de alerta. Contrariamente ao Púngue e Save, o nível do Buzi está em plena redução. De acordo com as autoridades dos distritos afectados pelas inundações localizadas, as suas acções de monitoria têm enfrentado a falta de transporte. Até este momento, o Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC) não foi capaz de avaliar o impacto real destas fortes chuvas. Entretanto, é sabido que as recentes precipitações no Vale do Zambeze já causaram inundações em certas machambas nas zonas baixas ao longo do rio bem como a destruição de casas de construção precária erguidas nas proximidades do rio pelos camponeses, geralmente durante as campanhas agrícolas. Algumas aldeias no distrito de Marromeu foram inundadas. Tanto a ARA-Zambezi como a ARA-Centro têm renovado apelos as populações para que se mantenham longe das zonas propensas às cheias, especialmente nos distritos de Mutarara na Província de Tete, Mopeia e Chinde na Província da Zambézia, Marromeu, Caia e Chemba na Província de Sofala e Tambara na Província de Manica. As chuvas prolongadas no norte e parte norte da Província de Tete já cortam algumas vias de acesso nas Províncias de 2
3 autoridades estão preocupadas também com as estradas ligando os distritos do sul da província. A precipitação acumulada em Dezembro de 2004, medida na estação meteorológica de Nampula (INAM), foi de 386,1 mm contra a precipitação normal de 126,5 mm, e na estação de Tete (também da INAM) reportou um total de 247,4 mm contra o nível normal de 146,7 mm. As estradas são cortadas quando os pequenos cursos de rios, que permanecem geralmente secos durante a época seca, ficam cheios de água ou quando pequenas pontes são danificadas pelas águas ou ainda pela erosão como foi o caso da estrada entre a cidade de Tete e o Distrito de Cahora Bassa. Em algumas aldeias nos arredores da cidade capital de Nampula, casas construídas de materiais locais foram danificadas. Em certos casos, as casas caíram quando as suas paredes de lodo simplesmente derreteram, e noutros casos, as casas desabaram devido à erosão causada pelas chuvas. Duas mortes foram confirmadas até agora. Chuvas abaixo normal nas províncias do sul As três províncias do sul de Moçambique, nomeadamente Maputo, Gaza e Inhambane suscitam maior preocupação. A Figuras 1 e 2 mostram claramente que nesta região, a situação torna-se cada vez mais preocupante. A precipitação registada na estação meteorológica do INAM esteve muito a baixo do normal. Por exemplo, na estação de Xai-Xai na Província de Gaza, a precipitação observada na segunda década de Dezembro foi de 15,2 mm contra o nível normal de 41.4 mm. Na terceira década de Dezembro, a precipitação observada foi de 0,4 mm contra a normal de 56,9 mm, e na primeira década de Janeiro, Xai-Xai registou 10,8 mm contra 42,4 mm que a zona tem geralmente registado. Em Inhambane, a estação meteorológica local registou 5,0 mm durante a segunda década de Dezembro contra a precipitação normal de 42.0 mm. Na década seguinte, foram registados um total de 13,0 mm contra o valor normal de 47,2 mm, e durante a primeira década de Janeiro, a mesma estação registou 13,8 mm contra a precipitação normal de 38,0 mm. Figura 2: Estimativas de Precipitação (a) 1-10 (b) (c) (d) 1-10 Jan 05 (e) Jan 05 Legenda: Figura 2 (a) de Dezembro, 2004: Neste período, a região centro registou uma quantidade significativa de precipitação. No sul, apenas a província de Inhambane registou chuvas significativas, enquanto o resto da região teve precipitações moderadas. A estação meteorológica do INAM registrou 206.1mm contra o normal de 34.7mm. O norte foi caracterizado por chuvas moderdas. Figura 2 (b) de Dezembro, 2004: Neste período, as chuvas começaram a reduzir no sul e a intensificar na região norte. Chuvas fortes caíram em partes das Províncias do Niassa, Cabo Delgado e Nampula, em particular, enquanto que a parte oriental de Gaza e Inhambane, a precipitação foi relativamente muito baixa. Figura 2 (c) Dezembro, 2004: Persistiram os défices de precipitação no sul, enquanto que no norte, os níveis de precipitação aumentaram significativamente, e no centro, os níveis de precipitação foram mistos. Grande parte da Província do Niassa e o norte da Zambézia e Tete registaram quantidades significativas de precipitação, 150 mm em excesso no período de 10 dias. Figura 2 (d) de Janeiro, 2005: O mês de Janeiro começou com a continuação da estiagem no sul e redução do nível de precipitação no centro e norte, excepto na Província de Nampula, onde a precipitação intensificou. Figura 2 (e) de Janeiro, 2005: O Vale do Zambeze registou níveis de precipitação alarmantes e potencialmente destrutivos, tendo atingindo e ultrapassado o nível de alerta e vários lugares ao longo do rio. As figuras acima realçam uma estiagem prolongada em grande parte da região sul a partir da segunda década de Dezembro até meados de Janeiro. Partes das províncias de Gaza e Inhambane a receberam pouca, se mensurável, precipitação por mais de 30 dias. 3
4 Impacto na Agricultura (baseado em WRSI) O potencial impacto das fortes chuvas registadas no norte e baixas e erráticas no sol na produção de alimentos e segurança alimentar será avaliado no relatório do Departamento de Aviso Prévio do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural a ser lançado brevemente. Todavia, o Índice de Satisfação Hídrica (WRSI) 1 para a cultura de milho (Figura 3) indica a existência de humanidade suficiente em grande parte do país, fora da região sul (assinalada pelo círculo), que registou um crescimento abaixo do melhor até agora. As culturas nas zonas centro e norte têm registado um progresso satisfatório. Figura 3: Índice de Satisfação das Necessidades Hídricas do Milho Até 10 de Janeiro de 2005 Recomenda-se uma monitoria rigorosa no sul, especialmente durante o presente período crítico da época agrícola A tabela 1 mostra a lista dos distritos que requerem atenção especial. Trata-se de distritos que registaram níveis de precipitação abaixo de 50% do normal em média entre os dias 11 de Dezembro e 20 de Janeiro de A FEWS NET recomenda às autoridades agrícolas e parceiros para que monitorem rigorosamente os possíveis impactos negativos destes défices do desempenho agrícola e nas reservas de água. Tabela 1: Districtos com menos de 50% da precipitação normal entre 11 Dezembro, e 20 de Janeiro, 2005 Dados baseados na estimativas de precipitação (RFE) em ordem crescente District Province Recorded Normal (mm) (mm) Percent of Normal Homoine Inhambane % Maxixe Inhambane % Zavala Inhambane % Jangamo Inhambane % Morrumbene Inhambane % Inharrime Inhambane % Panda Inhambane % Inhambane Inhambane % Mandlakazi Gaza % Xai-Xai Gaza % Bilene-Macia Gaza % Chibuto Gaza % Matutuine Maputo % Mabalane Gaza % Manhiça Maputo % Maputo Maputo % Guija Gaza % Massinga Inhambane % Matutuine Maputo % Boane Maputo % Marracuene Maputo % Chokwe Gaza % Namaacha Maputo % Chigubo Gaza % Massangena Gaza % Massingir Gaza % Vilankulo Inhambane % Moamba Maputo % Magude Maputo % Chicualacuala Gaza % Manica Manica % 1 WRSI usa uma análise da temperatura e da precipitação da em época ao presente relação a temperatura/precipitação requerida para um óptima produção dada as condições existentes do solo, com vista a providenciar uma indicação do performance de uma especifica cultura nesta época. 4
5 Preços de milho mais baixos nos ultimos quarto anos Os preços de milho ao retalhista registados nos mercados monitorados pelo Sistema de Informação sobre os Mercados Agrícola SIMA revelam que os preços de Dezembro de 2004 são os mais baixos nos últimos quatro anos. De facto, o gráfico na figura 4 mostra que de 2001, os preços de milho têm diminuido progessivamente. No geral, os preços em 2004 foram mais baixos do que a média. De 2001 a 2004, os preços caíram em 41% em Maputo, 37% em Chimoio e 51% em Nampula. No geral, os preços em Chimoio, mercado na zona centro, são mais baixos em relação aos de Maputo e Nampula, mas em 2004, o mercado de Nampula registou os seus preços mais baixos. Mt/Kg Figure 4. Preços Reais Médios Mensais do Milho, Dezembro Maputo Chimoio Nampula Os baixos preços em Nampula são reacção directa do abastecimento provenientes dos excedentes dos camponeses. A estabilidade do preço de milho, a principal alimento básico em Moçambique, facilita o seu acesso beneficiando as famílias pobres na zonas de produção e outras regiões.. LANÇADO O PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA 2004/05 Necessários milhões de USD Ano Fonte: SIMA Recentemente, o Governo de Moçambique (GoM) apresentou o seu Plano de Contingência para 2004/05 à comuniddade doadora, agências da Nações Unidas, ONGs e Figure 5: Custo em preparação contra desastres (em mil USD) representantes da sociedade civil. É necessário um total de USD24 milhões para acções 35,000 de preparação e resposta em Moçambique. Estas 30,000 Cheias Seca Ciclones actividades serão levadas a cabo pelos sectores de 25,000 agricultura, saúde, abastecimento de água e 20,000 ambiente, entre outros. USD 15,000 O número das pessoas sob o risco de cheias, ciclones, e 10,000 seca e seu custo inerente tem reduzido desde a época 5,000 anterior como resultado directo de diversas melhorias nos 0 sistemas de aviso prévio e acções de mitigação levado a cabo por vários intervenientes. 2002/ / /05 Apesar das melhorias Fonte: Plano de Contigência 2004/05, INGC significativas em termos de preparação, surgem duas recomendações cruciais: (1) melhorar a coordenação entre os intervenientes involvidos na gestão de risco dos desastres, e (2) reforçar a capacidade de gestão comunitária, incluindo a sensibilização e educação. De accordo com o INGC, cerca de pessoas encontram se potencialmente vulneráveis aos ciclones, ( a época ciclónica termina em Abril), enquanto aproximadamente 717,000 pessoas estão vulneráveis às cheias e cerca de 840,000 vulneráveis a seca. 5
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