ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE CONTAS MINISTÉRIO PÚBLICO ESPECIAL P A R E C E R
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1 PROCESSO TC N.º: 07078/06 PARECER: 00745/10 NATUREZA: Aposentadoria por invalidez INTERESSADA: Maria da Glória Maia de Oliveira ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE CONTAS MINISTÉRIO PÚBLICO ESPECIAL EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PREVIDEN- CIÁRIO. EXAME DA LEGALIDADE DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. MOLÉSTIA NÃO PREVISTA EM LEI. PROVENTOS INTEGRAIS. BAIXA DE RESOLUÇÃO DETERMINANDO CORREÇÃO DE PROVENTOS. PARECER DA PROCURADORA DO ESTADO JUNTO À PBPREV. PARECER MÉDICO. SUGESTÕES DE IMUTABILIDADE DOS PROVENTOS. IMPOSSIBILIDADE. PROPORCIONALIDADE DE PROVENTOS. 1. Malgrado o estado de saúde da ora aposentanda, não se há de dar pela integralidade de proventos de aposentadoria por invalidez cuja doençacausa não esteja especificada em lei. Precedentes do STJ e STF. 2. Assine-se prazo, pela segunda vez, ao gestor da PBPrev, a fim de retificar os cálculos da aposentadoria em apreço, de tudo fazendo prova a esta Corte de Contas. P A R E C E R Cuida-se de processo advindo da PBPrev PARAIBA PREVIDÊNCIA, relativo à aposentadoria por invalidez, com proventos integrais, da Sr.ª Maria da Glória Maia de Oliveira, matrícula nº , ex-ocupante de cargo efetivo de Técnico de Nível Médio, lotada na Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão. A Auditoria, no Relatório de fls. 77/79, após examinar a documentação encartada aos autos, discordou do Órgão de origem quanto aos seguintes elementos: requisitos legais para a concessão do benefício e cálculo dos proventos.
2 Em síntese, assenta a DIAPG que, para a concessão da aposentadoria por invalidez, é necessário que o segurado se encontre acometido por enfermidade que traga incapacidade total e definitiva para o trabalho. Se a incapacidade for derivada de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, a aposentadoria por invalidez será concedida com proventos integrais. Fora estes casos, os proventos serão proporcionais, conforme disposto no art. 40, 1º, inciso I, da CF/1988, com redação dada pela EC nº 41/2003. O laudo expedido pela Junta Médica Oficial (fls. 62), atestou que a servidora está acometida por moléstias tidas como incapacitantes, identificadas pelos seguintes dígitos na Classificação Internacional das Doenças: J95.3+J94.1+J47+B90.9+J44.1+Z73.6. De acordo com a tabela do CID 10, os códigos acima correspondem às seguintes doenças: J95.3+ = Afecções respiratórias pós-procedimento não classificadas em outra parte; J94.1= Outras afecções pleurais; J47= Bronquectasia; B90.9= Seqüelas de tuberculose; J44.1= Outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas; Z73.6= Problemas relacionados com a organização de seu modo de vida. Tais doenças não se encontram literalmente especificadas em lei no rol das enfermidades graves, contagiosas e incuráveis. Com efeito, nos termos do art. 180 da LC n.º 58/ 2003, são as seguintes as moléstias que dão direito à integralidade de proventos: (...) tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - Aids), e outras especificadas em lei. Sugerindo diligência, opinou no sentido de que a Autarquia Previdenciária estadual responsável pela concessão do benefício informasse se as doenças identificadas pelo Códigos J95.3+J94.1+J47+B90.9+J44.1+Z73.6 decorrem de acidentes ou doença profissional; pois, caso não devidamente provadas as hipóteses do art. 40, 1º, in fine, da Constituição, os proventos originariamente integrais serão transformados em proporcionais. Apontando desconformidade no cálculo, a Unidade Técnica de Instrução fez remissão ao art. 1.º da Lei nº /2004, por força do qual o período de contribuição a ser observado para a obtenção do cálculo proventual pela média inicia-se em julho de 1994, ainda que o servidor já estivesse contribuindo anteriormente a esse momento. Ocorre que os cálculos elaborados pela PBPrev (fls. 71/72) não se encontram valores relativos ao exercício de 1994 (de julho a dezembro). Ante esse quadro, impõe-se a elaboração de nova planilha de cálculo pela média, na qual deverão ser lançadas as remunerações contributivas de julho de 1994 a julho de 2006, sem parcelas relativas a verbas de natureza transitória.
3 Notificação do Sr. Severino Ramalho Leite, fls. 82, cuja publicação no Diário Oficial se deu no dia 18 de setembro de 2008 (fl. 83). Manifestação do Presidente da PBPrev por meio de Procuradores devidamente constituídos em tema de defesa encartada às fls. 85/89 e Laudo da Junta Médica (fls. 91). Análise de defesa pela Auditoria às fls. 93/94, ratificando o relatório inicial, sugerindo a baixa de resolução assinando prazo para a PBprev informar e elaborar: 1) Se as doenças identificadas pela Junta Médica Oficial são derivadas de a- cidente ou doença profissional, já que não estão previstas expressamente em lei como graves, contagiosas ou incuráveis, possibilitando na conclusão pela proporcionalidade ou não dos proventos; 2) Planilha de cálculos proventuais, conforme os preceitos da Lei nº /04, retificando o valor lançado em junho de 2006, com a exclusão da parcela alusiva à GAE (Grat. Art. 57 VII LC 58/2003), de modo que conste tão-somente a remuneração da servidora no cargo efetivo. Devidamente notificada, a Autoridade não apresentou razões defensivas, consoante certificado pela Secretaria da 2.ª Câmara (fls. 96/98). Resolução RC2 TC 0154/2009 (fls. 101/103), assinando prazo de 60 (sessenta dias) ao Presidente da PBPrev para proceder às devidas modificações no cálculo dos proventos nos termos propostos pela Auditoria, às fls. 93/94. Notificação de praxe às fls. 104 e publicação no Diário Oficial do Estado do dia 03 de julho de 2009 às fls Justificativa da Procuradora do Estado oficiando perante a Autarquia Previdenciária Estadual, fls. 107/108, acompanhada de Parecer Médico (fls. 109) Análise de Cumprimento de Resolução exarada pela DIAPG às fls. 110/112, concluindo que as providências determinadas na mencionada Decisão não foram cumpridas. Porém, diante do delicado estado de saúde da servidora e da possibilidade de ele ser agravado em razão de redução nos proventos, sugere-se, nos termos propostos pela PBPREV (fls. 107/108), o registro do ato concessório tal como originalmente elaborado, ou seja, com proventos integrais. Em 08/12/2009, veio o álbum processual para a devida manifestação do Órgão Ministerial, com efetiva distribuição nessa mesma data. É o relatório. A seguir, passo a opinar. Exame com retardo em face da pletora processual. Com a devida vênia do último entendimento lavrado pela Unidade Técnica de Instrução, entendo necessária a redução do cálculo proventual da Sr.ª Maria da Glória Maia de Oliveira, com base em jurisprudência remansosa do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, conforme abaixo transcrito:
4 RMS 22837/RJ RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2006/ Relator Ministro PAULO GALLOTTI Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento 23/06/2009 Data da Publicação/Fonte DJe 03/08/2009 Ementa ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PRO- VENTOS PROPORCIONAIS. NULIDADE DO ATO. NÃO COMPROVAÇÃO. DOENÇA GRAVE E INCURÁVEL. DILAÇÃO PROBATÓRIA. NECESSIDADE. MOLÉSTIA NÃO PREVISTA EM LEI. PROVENTOS INTEGRAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1 - Quanto à alegação de que o ato de aposentadoria seria nulo porque a respectiva junta médica não foi formada exclusivamente por neurologistas e de ter sido somente examinada por um dos três médicos que assinaram o laudo, a recorrente não logrou demonstrar, com base nos dispositivos legais de regência, a existência de qualquer ilegalidade. 2 - O mandado de segurança qualifica-se como processo documental, em cujo âmbito não se admite a produção de prova, exigindo-se que a liquidez e certeza do direito vindicado esteja amparada com os elementos de convicção trazidos na inicial. 3 - Na linha da compreensão firmada pelo Supremo Tribunal Federal, "os proventos serão integrais quando o servidor for aposentado por invalidez permanente decorrente de moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificados em lei. Se não houve essa especificação, os proventos serão proporcionais" (RE nº /SP, Relator o Ministro Carlos Velloso, DJU de 20/2/1998). 4 - Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 5 - Recurso improvido. AgRg no REsp /RS AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2007/ Relator Ministro FELIX FISCHER Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 20/11/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 02/02/2009 Ementa AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLI- CO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. MOLÉSTIA GRAVE NÃO PREVISTA NO ART. 186 DA LEI Nº 8.112/90. PROVENTOS PROPORCIONAIS.
5 Nos termos do art. 186 da Lei nº 8.112/90, não é devida aposentadoria por invalidez com proventos integrais, ainda que incapacitante seja a doença sofrida pelo servidor, se tal doença não se encontra elencada no 1º do referido artigo. Precedentes deste e. STJ e do c. STF. Agravo regimental desprovido. RE /SP - SÃO PAULO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO Julgamento: 01/12/1997 Órgão Julgador: Segunda Turma Publicação DJ PP EMENT VOL PP Parte(s) RECTE.: INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO - IPESP RECDO. : MYRNA CRUZ AMATO Ementa CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO: APOSENTADORIA INVALIDEZ. MOLÉSTIA GRAVE: ESPECIFICAÇÃO EM LEI. C.F., art. 40, I. I. - Os proventos serão integrais quando o servidor for aposentado por invalidez permanente decorrente de moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificadas em lei. Se não houver essa especificação, os proventos serão proporcionais: C.F., art. 40, I. II. - R.E. conhecido e provido. Admitir-se a concessão de aposentadoria por invalidez com proventos integrais a todo e qualquer servidor acometido de doença ou moléstia é fazer cair por terra a distinção entre moléstia profissional incapacitante, prevista em lei, apta a gerar proventos integrais, e moléstia não incapacitante, ou mesmo incapacitante, mas não apta a gerar proventos integrais, e sim, proporcionais. Outrossim, o fato de uma doença não estar catalogada como apta a gerar o benefício integral na atualidade não impede que, posteriormente, ela venha a ser arrolada como tal, como, aliás, aconteceu com a AIDS. Não se pode descurar de que as modalidades de aposentadoria são previstas no Brasil de forma a valorizar o tempo de serviço, o tempo de contribuição e a idade sobretudo para não se onerar, mais ainda, um combalido sistema previdenciário, o qual, mesmo baseado em contribuições, amarga perdas justamente por força de interpretações por demais tendenciosas em relação ao beneficiário. O princípio da dignidade da pessoa humana não pode ser usado indiscriminadamente para resguardar situações que vão de encontro àquilo previsto na Constituição e em leis. Ora, se a própria Carta Maior admite a possibilidade de a aposentadoria por invalidez ser concedida com proventos proporcionais, é porque o constituinte, sopesando os fatores e
6 forças incidentes sobre a hipótese, vislumbrou equidade na aplicação de raciocínios distintos (integralidade para doenças previstas em lei; proporcionalidade para aquelas não catalogadas). Tampouco pode-se fazer incidir o princípio da segurança jurídica ou o da estabilidade jurídica das relações em face do pouco tempo que medeia a concessão do ato e o registro pelo Tribunal de Contas e da impossibilidade de caracterização de direito adquirido. Assim o sendo, parece-me descabível pugnar pela cominação de multa pessoal ao gestor da PBPrev por descumprimento da determinação contida na Resolução RC2 TC 154/2009, fls , em virtude da justificativa espraiada no pronunciamento de fls , contudo, alvitro a reassinação de prazo para se proceder na conformidade do expendido no Relatório Técnico de fls João Pessoa(PB), 04 de maio de SHEYLA BARRETO BRAGA DE QUEIRO Subprocuradora-Geral do MPjTC/PB nmc
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