CULTIVARES DE MILHO PARA SILAGEM
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- Heloísa Branco Barateiro
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1 CULTIVARES DE MILHO PARA SILAGEM Solidete de Fátima Paziani, Pólo APTA Centro Norte, Pindorama/SP Aildson Pereira Duarte, Programa Milho IAC/APTA, Assis/SP Luiz Gustavo Nussio, USP/ESALQ, Piracicaba/SP COMO ESCOLHER A CULTIVAR DE MILHO Há inúmeros fatores que interferem na produtividade e qualidade da silagem. A produção de massa verde é um dos primeiros parâmetros a se avaliar quando se busca informação sobre determinada cultivar, uma preocupação anterior mesmo aos parâmetros de qualidade da silagem. Além de ser um parâmetro para o dimensionamento de silos, a elevação na produtividade também contribui para a diluição dos custos de implantação da cultura. Uma cultivar é preferível se possuir elevada produtividade, mas também deve estar associado a isto elevado valor nutritivo. Como nem sempre uma cultivar apresenta conjuntamente estas duas características é preciso encontrar um fator que norteie a escolha da cultivar e um deles é a produtividade de matéria seca digestível por hectare, ou seja, o resultado da produtividade multiplicado pela qualidade. A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, por intermédio do Instituto Agronômico (IAC) e Pólos Regionais, e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), avalia cultivares de milho para silagem no Estado de São Paulo desde a safra 1998/1999, sendo 16 a 24 cultivares a cada ano, em 3 a 5 localidades por ano. Na Tabela 1 são apresentados os dados agronômicos e de valor nutritivo médios da cultura do milho, em avaliações para ensilagem das safras 1998/99 até 2004/05, em várias localidades do Estado de SP. A partir da safra 2004/05 também foram incluídas cultivares de sorgo para silagem. Com o banco de dados obtido pelo sistema APTA/IAC/ESALQ neste período estabeleceu-se correlações entre variáveis quantitativas e qualitativas e avaliou-se sua influência sobre a produção e a qualidade de milho para silagem. A produção de matéria seca digestível apresentou maior correlação com a produção de matéria seca total, sendo que esta esteve associada com a produção de massa verde e de grãos. A digestibilidade da planta dependeu principalmente da digestibilidade do colmo e dos parâmetros relacionados aos grãos. Logo, as maiores produções de matéria seca digestível nas condições estudadas foram ocasionadas principalmente pelos ambientes e cultivares de milho propícias à produção de massa da planta inteira e à produção de grãos.
2 Tabela 1- Médias das variáveis analisadas pelo Programa Milho nas safras 1998/99 a 2004/05 Variável Mínimo Média Máximo Altura da planta (cm) Altura da espiga (cm) Índice de grãos no ponto de silagem (%) Ìndice de folhas verdes (%) Teor de materia seca (%) Produção de massa verde (kg/ha) Produção de material seca (kg/ha) Fração espiga na planta(%) Fração folha na planta (%) Fração colmo na planta (%) Fração grão na planta (%) 23 35,6 46 Teor Proteína bruta (%) Digestibilidade de colmo (%) Digestibilidade de planta toda(%) Produção de grãos no ponto de silagem (t/há) Produção de grãos no ponto de maturidade (kg/há) Matéria seca digstível (kg/ha) Fonte: Paziani et al., 2009 Apesar de o aumento na produção de massa verde e matéria seca reduzirem a participação das espigas e dos grãos, pelo efeito de diluição, e elevar as frações colmo e folhas, não houve redução na produção de grãos nem na produção de matéria seca digestível. A produção de matéria seca digestível depende de outros fatores como digestibilidade de planta inteira e de colmo e não somente do teor de grãos na massa. O teor de proteína bruta (PB) correlacionou-se positivamente com o índice de folhas verdes e com a proporção de grãos na massa ensilada. A PB e a digestibilidade da planta se correlacionaram positivamente, provavelmente porque ambas foram influenciadas favoravelmente pelos parâmetros relacionados aos grãos. Ainda atualmente, em alguns casos, buscam-se cultivares com maior teor de PB. Mas, como o fator de maior interesse é a produtividade de matéria seca digestível, é preferível escolher materiais reconhecidamente mais produtivos, independente de seu
3 teor de PB, uma vez que o teor de PB é facilmente corrigido com uma fonte barata de N, como a uréia, por exemplo. RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DE CULTIVARES PARA SILAGEM NO ESTADO DE SÃO PAULO EM 2008/09 A partir da Tabelas 2 são mostrados os resultados da avaliação de cultivares de milho e sorgo para silagem na safra 2008/09. A produtividade de matéria seca () de sorgo foi inferior ao milho em Andradina (10,58 x 15,41 t /ha), Mococa (17,94 x 18,40 t /ha) e Votuporanga (17,58 x 19,28 t /ha) e superior ao milho em Itapetininga (16,96 x 16,46 t /ha). Os dados de matéria orgânica digestível nas várias localidades do Estado de SP na safra 2008/09 foram obtidos multiplicando-se a produtividade de matéria orgânica por hectare pela digestibilidade in vitro da planta inteira. Embora em cada localidade haja um ranqueamento das cultivares com base no valor nutritivo e produtividade, há cultivares que se sobressaem em todas as localidades, demonstrando a estabilidade e adaptabilidade, o que torna sua escolha mais segura. É possível observar que o teor de proteína (PB) de colmo é inferior e o teor de fibra (FDN e FDA) é superior em relação à planta inteira, tanto para o milho como para o sorgo, tornando esta parte da planta menos digestível. Então, esta é uma característica que melhorada isoladamente poderia enriquecer a qualidade nutricional de planta toda. Por exemplo, a cultivar 30F90, possui elevada digestibilidade de planta toda e muito disso é atribuído à sua elevada digestibilidade de colmo. É claro que além destes fatores também a proporção de grãos na massa é um fator determinante na melhoria da digestibilidade. Para melhorar a qualidade da cultivar para silagem pode-se, entre outros, reduzir a proporção do colmo na planta, elevar a digestibilidade do colmo e elevar a produtividade de grãos e sua participação na massa. Mas como fatores isolados não asseguram por si só uma melhor qualidade da silagem, a melhor forma é optar por cultivares de maior produtividade de matéria seca digestível por hectare. Portanto, em situações em que não há informações específicas sobre os cultivares de milho para silagem, pode-se optar pelos cultivares com maiores produções de grãos à maturidade e plantas de maior altura, pelo elevado grau de correlação entre essas características.
4 Tabela 2. Valores médios dos parâmetros agronômicos do milho e sorgo para silagem nos experimentos ESALQ/IAC/APTA na safra 2008/09. Local População Altura Folhas Produção de Massa Matéria Seca Fracionamento da planta Ciclo Planta Verdes Verde Seca Relativo Folhas Colmo Espigas plantas.ha (cm)... %... kg ha %... % da planta inteira... Dias MILHO Andradina Itapetininga Mococa Votuporanga SORGO Andradina Itapetininga Mococa Votuporanga Tabela 3. Produção média de matéria seca digestível ( Digestível ) em cultivares de sorgo, no Estado de São Paulo, na safra 2008/09 Andradina Votuporanga Mococa Itapetininga Cultivar Digestível Cultivar Digestível Cultivar Digestível Cultivar digestível kg/ha kg/ha kg/ha kg/ha Volumax Volumax BRS BRS F BRS F F BRS F Volumax Volumax Média CV (%) 7,6 15,0 17,0 12,1 dms (Tukey 5%) Obs.: Semeadura em 17/12/08, 11/12/08, 11/11/08 e 19/11/09 e altitudes de 550, 340, 665 e 735 m, em Andradina, Votuporanga, Mococa e Itapetininga, respectivamente. Fonte: APTA/IAC/ESALQ
5 Tabela 4. Produção média de matéria seca digestível ( Digestível) em cultivares de milho, no Estado de São Paulo, na safra 2008/09. Cultivar Andradina Votuporanga Mococa Itapetininga Digestível Cultivar Digestível Cultivar Digestível Cultivar Digestível kg/ha kg/ha kg/ha kg/ha BM IAC XGA S IAC Tork IAC XGA CD XGA F AG AL Piratininga F S AGN XGA Impacto BM AGN20A BG BG B CD B AL Piratininga BG F S AG AG ATL ATL ATL Tork BG Impacto AGN AL Piratininga Cargo AG D Impacto BM Tork AGN20A ATL Impacto Cargo CD AGN AL Piratininga F BM Cargo Tork AGN B D D AGN20A S CD B D Cargo AGN20A IAC Média Média Média Média CV (%) 11,3 CV (%) 10,5 CV (%) 10,3 CV (%) 15,2 dms (Tukey 5%) dms (Tukey 5%) dms (Tukey 5%) dms (Tukey 5%) Obs.: Semeadura em 17/12/08, 11/12/08, 11/11/08 e 19/11/09 e altitudes de 405, 480, 665 e 735 m, em Andradina, Votuporanga, Mococa e Itapetininga, respectivamente. Fonte: APTA/IAC/ESALQ
6 Tabela 5. Valor Nutritivo de cultivares de milho no Estado de São Paulo, considerando a proteína bruta (PB), a fibra em detergente neutro (FDN), a fibra em detergente ácido (FDA) e a digestibilidade in vitro da matéria seca (DVIV), na safra 2008/09 Cultivar Planta Toda Colmo PB FDN FDA DVIV PB FDN FDA DVIV % % 30F90 6,5 53,5 28,6 59,2 4,0 68,7 42,4 45,7 2B655 6,4 54,1 27,8 58,5 4,0 75,7 45,8 41,2 CD 384 6,8 53,5 27,4 58,4 3,6 77,6 47,6 40,0 AGN ,7 55,7 28,9 58,3 4,2 76,5 46,8 42,4 Cargo 7,3 57,0 30,0 58,3 4,1 76,6 47,8 40,6 IAC ,9 53,7 27,6 58,3 4,0 71,4 43,8 43,0 Impacto 7,2 57,0 28,3 57,6 3,9 74,9 45,6 41,9 BG ,8 56,8 29,8 57,3 4,0 78,8 49,2 40,7 AG ,7 56,4 29,8 57,2 4,4 77,5 47,9 40,0 22D11 6,8 57,1 30,3 56,9 4,6 76,1 46,2 42,4 XGA 258 6,4 55,9 29,8 56,5 3,4 73,7 45,7 39,8 Tork 6,3 55,1 29,2 56,2 4,0 77,6 47,4 41,2 AL Piratininga 6,7 60,1 32,6 55,8 4,3 75,0 46,4 41,4 ATL 200 6,9 58,8 30,9 55,7 4,0 77,0 47,1 41,9 30S40 6,7 59,4 31,4 55,4 3,9 76,4 47,0 39,6 AGN20A55 6,2 56,0 30,7 55,2 3,9 76,5 47,8 39,9 BM ,4 60,4 32,7 54,7 4,0 76,8 47,7 41,0 Média 6,7 56,5 29,8 57,0 4,0 75,8 46,6 41,3 CV (%) 18,0 9,8 12,1 7,6 26,0 6,8 8,2 7,3 dms (Tukey 5%) 1,5 6,9 4,5 5,4 1,3 6,4 4,7 3,7 Fonte: APTA/IAC/ESALQ Tabela 6. Valor Nutritivo de cultivares de sorgo no Estado de São Paulo, considerando a proteína bruta (PB), a fibra em detergente neutro (FDN), a fibra em detergente ácido (FDA) e a digestibilidade in vitro da matéria seca (DVIV), na safra 2008/09 Cultivar Planta Toda Colmo PB FDN FDA DVIV PB FDN FDA DVIV % % BRS 610 7,4 63,2 33,5 48,7 2,9 77,6 48,6 39,5 1F305 7,6 63,2 33,7 48,6 3,1 71,9 44,2 41,7 Volumax 6,4 64,8 35,9 46,0 2,6 72,3 45,6 39,7 Média 7,1 63,8 34,4 47,7 2,9 74,0 46,1 40,3 CV (%) 17,1 15,6 18,8 14,7 41,5 9,3 10,4 13,7 dms (Tukey 5%) 1,1 8,7 5,7 6,2 3,4 3,4 3,0 3,0 Fonte: APTA/IAC/ESALQ
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