4. Escola Clássica Avanço do capitalismo e nascimento da Economia Política Precursores da Escola Clássica
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- Manuela Lombardi Barroso
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1 4. Escola Clássica 4.1. Avanço do capitalismo e nascimento da Economia Política Contexto histórico: Inglaterra, Raízes do pensamento econômico clássico Perspectiva e idéias principais 4.2. Precursores da Escola Clássica William Petty David Hume 1
2 4. Escola Clássica considera-se que sua formação e consolidação ( ) corresponde ao nascimento da ciência econômica (com o nome de Economia Política) - seu predomínio se estende até pouco depois da metade do século XIX - trataremos simultaneamente das origens da ciência e da formação de uma escola de pensamento - seus principais autores são Smith e Ricardo, secundados por Malthus, Say e Stuart Mill 2
3 4.1. Avanço do capitalismo e nascimento da Economia Política Contexto histórico: Inglaterra, longo período em foco: origens e desenvolvimento da revolução industrial inglesa - contexto de revolução científica e revolução industrial - recusa da visão orgânica de sociedade (hierárquica, comunitária e feudal) elementos do discurso científico sobre a natureza: - evidência experimental (empirismo, indução) - racionalismo cartesiano (dedução) 3
4 - leis naturais governam o universo, com harmonia; atomismo A Revolução Industrial inglesa nos séculos anteriores, a Inglaterra experimenta mudanças institucionais (fim do Antigo Regime) sem rupturas revolucionárias transcorrem dois séculos de desenvolvimento agrícola e comercial, que estabelecem uma sociedade mercantil (indivíduos produzem para o mercado e competem visando o lucro) desagregação do feudalismo deu lugar a: - população livre e despossuída no campo 4
5 - uma classe de proprietários de terra não tradicionais, que se dedicaram também às manufaturas rurais e à mineração - a organização das manufaturas e seu comércio implicou a elaboração de uma legislação pelo parlamento, dominado pela classe proprietária rural grande expansão dos mercados externos desencadeia a revolução industrial ( ) - 76% nos primeiros 50 anos; 80% nos últimos 20 busca do lucro pela expansão produtiva a preços menores impulsionou uma série de inovações tecnológicas (máquinas de fiar) que configuram uma indústria fabril (têxtil, 150 a 600 pessoas) 5
6 - indústria siderúrgica, mineração de carvão: uso de máquinas de ferro - máquina à vapor substitui força hidráulica: permite o rápido desenvolvimento da indústria em larga escala, que se concentra em cidades cidades e produção industrial crescem rapidamente - organização fabril, divisão do trabalho, produtividade - 30 a 40% da mão-de-obra inglesa na indústria ( ) - formam-se as classes industriais urbanas (capitalistas e operariado) e surgem novos conflitos de interesse, protagonizados pelos capitalistas industriais (contra os proprietários de terra, contra o operariado) 6
7 formação intensa de bens de capital (mecanização) exigiu contenção do consumo dos trabalhadores, em favor de um maior excedente em lucros queda dos padrões de vida dos pobres, relativamente à classes média e superior - condições de vida deploráveis nas cidades - novo sistema fabril destrói modo de vida tradicional dos trabalhadores urbanos, em favor da regularidade mecânica (disciplina severa da divisão do trabalho) - trabalho de mulheres e crianças em ampla escala permitido pelos novos maquinismos - Leis dos pobres: tentativas de dar solução aos contingentes de desocupados e miseráveis, principalmente no campo (1795: renda mínima) 7
8 Alexis de Tocqueville (pensador liberal francês), sobre Manchester: A civilização faz seus milagres e o homem civilizado volta a ser quase um selvagem poder absoluto e sem controle dos capitalistas sobre a produção (conseqüências sobre a vida do operariado) - ausência de legislação do trabalho - conflitos fabris, revoltas contra as máquinas - proibição das organizações trabalhistas (Lei do Conluio, 1899), prejudicavam livre concorrência Revolução Industrial transcorreu na Inglaterra porque: - acumulação de capital, prévio e durante - grandes mercados externo e interno 8
9 - ações do governo (mercantilismo: infraestrutura e política externa) 9
10 Raízes do pensamento econômico clássico em meados do século XVIII estava estabelecida uma nova maneira de abordar as questões econômicas - desde o século anterior, temas econômicos (juros, preços, câmbio) eram abordados em panfletos e artigos, sem pretensão de que isso fosse uma disciplina acadêmica situação muda rapidamente nos entornos de 1750 até duas décadas: Quesnay (1756/58); Cantillon (1755); Hume (1752); James Steuart (1757) - até Adam Smith (1776), que fornece a senha de identidade do novo pensamento: estabelece um campo delimitado de investigações 10
11 sem se reconhecerem como economistas (exceto os fisiocratas), aceitam o diálogo em torno de um objeto científico novo - filósofos, cientistas e livre-pensadores reconhecem que os temas da vida comercial têm unidade e são suscetíveis de demonstração científica, com procedimentos intelectuais oriundos da filosofia e das ciências da natureza verdadeira revolução: a controvérsia teórica deixa de estar referida a interesses pecuniários - ganha respeitabilidade e isenção - idéias são apresentadas com a objetividade de uma demonstração intelectual 11
12 pensadores voltam os olhos para uma esfera da vida humana: reprodução da vida material em sociedades mercantis - passam a tratar das relações entre os homens nessa reprodução, considerando especialmente a riqueza privada - assuntos econômicos reconhecidos como campo de investigação científica contexto: extensa mercantilização da vida econômica; juros, preços, taxas de câmbio, valor as categorias da sociabilidade mercantil impregnam a vida social corrente temática atrai os expoentes do pensamento da época; filósofos e naturalistas (iluminismo) a 12
13 transformam em objeto de conhecimento sistemático, submetido à disciplina intelectual do raciocínio há controvérsia sobre o que compõe e caracteriza a disciplina emergente e sobre o conteúdo e significado da nova ciência - reflexão sobre temas econômicos (moeda, preços, juros) é anterior, mas apenas a generalização das relações mercantis transformou a troca na base da sociabilidade econômica - os precursores (pré-1750) responderam a questões e vivenciaram um clima intelectual não totalmente idêntico; mesclaram a reflexão econômica diversos tópicos - a economia política é um sistema datado 13
14 nova ciência se estabelece na segunda metade do século XVIII como: - desdobramento da tradição da filosofia do direito natural (reflexão filosófica do iluminismo) - resposta a questões postas pelo desenvolvimento da produção e da troca (crescimento agrícola e manufatureiro anterior à revolução industrial) - expressão filosófica e científica do liberalismo (movimento político) 14
15 Raízes filosóficas Locke, Hume, Smith, precursores e fundadores, são filósofos os cientistas já haviam mostraram a possibilidade da observação sistemática e da experimentação para compreender a natureza - analogias mecânicas e biológicas são transportadas para a sociedade humana (campo novo) - transpõe-se o paradigma das ciências da natureza (harmonicismo, funcionalismo, experimentalismo) para a atividade humana - concepção da sociedade humana como sistema regido por leis 15
16 jusnaturalismo: movimento filosófico (política, moral e direito) com princípio metodológico no primado da razão - pretende construir uma ética racional separada da teologia, capaz de garantir a universalidade dos princípios da conduta humana - ciência moral poderia refletir sobre o homem e propor normas de conduta para conhecer e normatizar a conduta humana, remete-se a uma noção de natureza humana (regularidade, causalidade) - há possibilidade de conhecer a partir de um dado da razão: a natureza humana (que veio a ser o homem econômico) 16
17 - foi possível tomar os temas da vida econômica subordinando-os a princípios gerais (regras harmonicistas e relações de causalidade) natureza humana - para os filósofos do direito, interessa para estipular o dever ser - para os economistas, aponta para um mundo humano ordenado por princípios universais outra herança do jusnaturalismo: - debate sobre a formação da sociedade política (fundamento do Estado e da legitimidade do poder): Hobbes, Locke, Hume, Hutcheson, Rousseau, Smith 17
18 - Hobbes: no estado de natureza, conduta racional é egoísta e leva ao conflito; somente o Estado funda a sociedade civil; é preciso abrir mão da liberdade - Locke: natureza humana é boa (racional), os homens são iguais (livres e proprietários), se apropriam das coisas e da natureza pela ação humana (trabalho) mas limites da natureza compelem ao conflito; acordo (contrato) leva ao Estado como garantia da segurança e da propriedade (trabalho) - quem não tem propriedade, não é realmente livre (sem direitos); haverá excluídos, menos capazes - (mas não foi possível fundamentar, em bases racionais, a proposição dessa racionalidade humana naturalmente boa; permaneceu sem resolução a sua 18
19 diferença com Hobbes acerca do caráter da natureza humana) - Hume: essência do sentimento humano não está sujeita à racionalização; é a simpatia, a busca o que é útil para si e para todos; homem quer o bem seu e dos demais; isso é o fundamento da moralidade e dos sentimentos - Hutcheson: egoísmo e altruísmo estão presentes; o segundo é o fundamento das virtudes; o primeiro não pode ser dispensado; ambos não podem ser julgados, pois são os fundamentos últimos da própria moralidade e dos juízos sobre o bem e o mal, o certo e o errado 19
20 - Smith: utilidade para a sociedade é o fundamento da conduta própria da essência humana; na esfera econômica o egoísmo propicia o melhor para a sociedade em Smith, reconciliam-se: - a abdicação do estado de natureza (sociedade política, Estado, garante propriedade e liberdade) com a liberdade; - o individualismo com o contrato (Estado) - o interesse individual com o interesse da sociedade, pois a busca do benefício privado favorece o indivíduo e a coletividade (atende ao critério de Hume) 20
21 para Smith, sociedade humana complexa (que implica a necessidade do Estado) será de progresso e fartura para todos e pressupõe o exercício da liberdade assim como os filósofos políticos (que colocam o indivíduo moderno no estado de natureza) também os economistas vão operar em torno de uma natureza humana: - um modelo abstrato de homem, colocado antes da sociedade mercantil (sociedade primitiva), vista em oposição à sociedade mercantil constituída, esta sim podendo funcionar de acordo com aquela natureza 21
22 postulação de uma natureza humana: - é um artifício da razão que permitiu desenvolver a noção de sistema econômico - o homem econômico é um reducionismo necessário para que a esfera da reprodução da vida material (economia) ganhe autonomia ao nível da representação teórica; a teoria pode então determinar os resultados apreciação sobre a discussão dos filósofos políticos: - eles pretendem saber: qual o fundamento moral da sociedade dos indivíduos racionais? (visto que não se podia contar com Deus nessa questão); quais as possibilidades de existência e reprodução dessa sociedade? 22
23 - suas respostas apontaram para a necessidade da lei, do Estado em Hobbes e Locke há a sugestão de que a economia pode se tornar preponderante (conflitos pela apropriação) - a sociedade dos produtores-proprietários independentes está implícita - a questão da propriedade privada e dos direitos de apropriação comparece na forma política ou moral em resposta a isso, Smith: - evidencia a estrutura econômica da sociedade mercantil que estava implícita: relações entre indivíduos privados, guiados pelo auto-interesse e que estabelecem livremente contratos de troca 23
24 - procede uma despolitização do econômico, sua autonomização em relação às questões morais e políticas - na esfera econômica, há automaticidade, naturalidade: leis naturais decorrem da racionalidade individual e das relações de troca a separação da esfera econômica dos demais âmbitos é um processo real; a existência desse indivíduo também é verdadeira (refletem percepções dos indivíduos da época) pode-se questionar: - a suposta naturalidade da sociedade mercantil - a capacidade do mercado conciliar sem contradições o auto-interesse com o interesse social 24
25 Controvérsia sobre temas econômicos correntes homens práticos haviam se destacado no pensamento econômico; alguns médicos-economistas (Locke, Petty, Quesnay) chegaram aos temas por solicitação de uma clientela aristocrática proliferavam os panfletos com proposições sobre preços, comércio exterior, moeda e finanças públicas época do mercantilismo: poder nacional, riqueza, Estado e suas finanças, comércio - do debate sistemático desses temas e em oposição aos postulados mercantilistas nasce a economia política clássica 25
26 O Liberalismo a economia política nasce como forma de conhecimento adequada ao capitalismo nascente e proporciona o substrato científico da bandeira ideológica liberal, dominante a partir de meados do século XVIII - não é um apêndice ideológico da ciência, mas uma parcela indissociável dela, elemento constitutivo - nexo entre liberalismo e economia política clássica provém do ambiente político e filosófico do Iluminismo Iluminismo, movimento filosófico amplo: - caudatário do mesmo racionalismo presente na filosofia jusnaturalista (conhecer a sociedade humana) 26
27 - quer fornecer regras de conduta para a transformação da sociedade humana, em nome da razão economia política ganha impulso quando absorvida por essa perspectiva (conhecer para transformar) - homem como senhor da natureza e legitimidade do progresso - mercadores e filósofos (mercantilistas) haviam conciliado ordem natural com intervenção estatal, suposta corretiva, para retorno ao equilíbrio natural liberalismo representa a face econômica do iluminismo, ao considerar a existência de leis econômicas naturais, cuja existência o governo deveria esforçar-se por preservar 27
28 - lei natural não colide com o Estado (condição de liberdade e progresso, desde que não legisle contra a lei natural) lei natural: conceito revolucionário de sociedade econômica - há um campo da ação humana onde as regras naturais e privadas (leis naturais) conduzem a sociedade à harmonia - sociedade econômica com regras próprias funciona à margem do Estado - a economia admite o combinação de ordem (lei natural) e transformação (progresso) o ataque ao mercantilismo (expiação) forneceu a bandeira de identidade da ciência nascente 28
29 - não houve ruptura brusca, mas uma contínua aproximação nas discussões econômicas em relação à doutrina liberal (obra econômica de Smith é ponto de culminância) abandono dos temas do bom governo e das finanças públicas - economia converte-se numa ciência da riqueza privada e comercial - a riqueza das nações está no progresso do capital (temática fiscal é subordinada) 29
30 a riqueza da nação passa a ser identificada à riqueza privada - os economistas passam a tratar da produção de mercadorias - os filósofos referem-se às relações sociais privadas, para compreender suas leis - nasce a economia política (clássica) como ciência 30
31 4.2. Precursores da Escola Clássica Dudley North ( ) - rico mercador (Turquia), comissário de alfândega, funcionário do tesouro - primeiro mercador a defender o comércio livre (vantagem mútua, conforme divisão do trabalho) - Discourses upon trade, 1691 (anônimo) - comércio beneficia os dois lados, troca de supérfluos - ênfase no comércio e no acúmulo; riqueza não se mede pelos metais [considera a riqueza privada] dinheiro: entesourar é empobrecer (consumir reservas); enriquecer é ter o patrimônio como condição crescente [dinheiro como capital] 31
32 - dinheiro é apenas meio de troca pelas necessidades básicas da vida [Brue - verdade profunda: queremos dinheiro para nos desfazer dele] - dinheiro pode existir em excesso; quantidade necessária segue circulando, excesso é fundido e exportado como mercadoria liberalismo amplia os ganhos tanto no comércio interno como no externo; acentua argumento de Petty - prosperidade do comerciante beneficia o público - mas não há harmonia de interesses; contra as restrições de governo e privilégios, que ferem o público, mesmo quando advogados em seu nome 32
33 - contrário aos gastos com a guerra, pois empobrecem a nação - taxa de juros depende de oferta e procura de fundos (não cabe limitar) John Locke ( ) - embora filósofo, apoiou os principais dogmas mercantilistas, exceto nas concepções sobre o dinheiro - Consequenses of the lowering of interest and raising tue value of money (Londres, 1692) - rejeição do valor absoluto e imutável do dinheiro; o valor do dinheiro e os preços dependem da quantidade de dinheiro frente à quantidade de bens 33
34 - importância da velocidade de circulação, além da quantidade de dinheiro para garantir o comércio - tratou das bases do comércio internacional, formulando um esboço da teoria dos preços internacionais 34
35 William Petty [seminário] Apresentação de R. Campos Caps. 5 e 14 de Tratado dos impostos e contribuições - Da usura - Da valorização, depreciação e adulteração do dinheiro 35
36 , Inglaterra, adota a Irlanda - filho de comerciante pobre, menino prodígio, obteve grande fortuna; marinheiro, médico, professor de anatomia, inventor, pesquisador, parlamentar, empresário do ferro e cobre, construtor de navios, escritor, estatístico, grande proprietário de terras - trajetória aventurosa ilustra a diversidade de interesses dos pensadores econômicos do século XVII - acompanha as tropas de Cromwell na campanha da Irlanda, como médico-chefe do exército; atua na solução do problema de distribuição das terras aos ocupantes; fundador da Royal Society for Improving of Nature Knowledge, associação científica 36
37 - pretendeu fundar a ciência positiva das coisas de governo (sistema fiscal, cálculo da riqueza nacional, administração pública) - obras: A treatise on taxes and contributions (1662); Verbum sapienti (1664); The political anatomy of Ireland ([1672] 1691); Quantulumcunque concerning money (1692) Discourses on political arithmetick ([ ] 1690); considerado por muitos fundador da Economia Política ; e também com fundador do método estatístico - aplicação de princípios científicos a problemas práticos específicos; desenvolve teoria da riqueza a 37
38 partir da discussão sobre os princípios da tributação científica, mas não elabora um sistema teórico - metodologia: experimentalismo das ciências naturais, proposições demonstráveis por meio de regras aritméticas (dados) - descrição quantitativa permite afastar os juízos de valor (sejam as opiniões particularistas ou o racionalismo apriorístico) - remete à coleta de dados e permite simulações (renda nacional, velocidade de circulação da moeda) entusiasmo com a noção de equilíbrio (física) remete à necessidade de compreensão sistêmica (causalidade) 38
39 - temas do comércio exterior ficam subordinados a uma concepção de sistema econômico que parte do trabalho e da terra nacionalista, estatista (absolutismo e paternalismo) e populacionista, em geral posicionou-se a favor do saldo comercial positivo e da proteção ao mercado interno, mas diferenciou-se por ser a favor do comércio mais livre (que evita o contrabando) - ganhos de escala com maior população: na utilização da terra e no comércio, na administração pública e nas manufaturas e serviços - entusiasmo pelo emprego total: imposto per capita; penalidades de trabalho para os ladrões, até a 39
40 escravidão; obras públicas úteis ou não para ocupar desempregados impostos proporcionais não afetam riqueza pessoal - teoria da tributação benéfica: contribuição de acordo com propriedades e riqueza (maior participação e interesse na paz pública) - uso dos impostos em geral para regular o comércio e o consumo - preferência pela tributação do gasto (especialmente consumo) e não dos ganhos idéias sobre velocidade de circulação da moeda: tão importante quanto à quantidade de dinheiro 40
41 - pode haver excesso ou falta; deve-se vender (ou derreter) o excesso de metais (contra a proibição de saída, fútil e tola ) - dinheiro é a gordura do corpo político, em excesso impede a agilidade, escassez provoca doença - doutrina das necessidades do comércio: há certa medida e proporção do dinheiro necessário para movimentar o comércio de uma nação contra a fixação de limites legais para taxa de juros e fixação por lei da taxa de câmbio divisão do trabalho: vantagens da especialização de tarefas para o barateamento dos artigos 41
42 teoria primitiva da renda como resíduo - para determinar de que modo taxar a renda, trata de definir o que é a renda: descontados o sustento do trabalhador (individual), com produtos diretos da lavoura e os trocados, e as sementes de reposição, o restante é a renda natural [não distingue a renda da terra do retorno da aplicação de capital] - definida a renda em produto, é preciso apurar seu valor em dinheiro inglês: renda vale tanto dinheiro quanto outro homem pudesse obter se tratasse de extrair prata e produzir dinheiro importância do capital (arte x trabalho comum): arte (estudo da maneira mais eficiente de produção, incluindo uso de ferramentas) exige tempo, mas 42
43 multiplica a produtividade do trabalho; o tempo gasto na arte equivale ao trabalho poupado como precursor dos clássicos, destaca-se pela ênfase no capital e na produção - busca de uma teoria do valor e da riqueza: O trabalho é o Pai e o princípio ativo da Riqueza, assim como as Terras são a Mãe desta - riqueza como efeito do trabalho passado - o trabalho necessário à produção e também a terra (ou ambos) são a medida do valor [oposto ao conceito metalista] - salário de subsistência: lei determina... o bastante para viver, do contrário, trabalha-se menos e perde o público 43
44 teoria dos preços, três categorias (elevado nível de abstração): - preço natural: de equilíbrio, depende do trabalho despendido; determinado por um princípio constitutivo inerente ao sistema econômico - preço político: cobre interesses extraordinários, quando mercadoria contém mais trabalho que o mínimo - preço corrente: expressão do preço político em dinheiro preços estão referidos não apenas a oferta e demanda, mas ao conjunto do sistema de produção (cadeias produtivas e custos sociais) [sem vislumbrar relação capitalista e taxa de lucro] 44
45 teoria do valor implícita encaminha noção de excedente propiciado pelo trabalho - mas terras também dão origem ao excedente - o elemento mais importante é a força produtiva do trabalho (as criaturas = população) temáticas de Petty são próprias da época mercantilista - absorto nos problemas do Estado e da riqueza do soberano, extrai das considerações sobre administração e tributos conclusões que dão origem a novas linhas de raciocínio e antecipam contribuições da economia política clássica 45
46 Perspectiva e idéias principais Estado mínimo - liberalismo econômico: liberdade pessoal, propriedade privada, iniciativa privada - forças do mercado competitivo guiam produção, troca, distribuição - Governo: direitos de propriedade, defesa nacional, educação pública natureza humana: ações guiadas pelo auto-interesse - produtores e mercadores: lucro - trabalhadores e consumidores: salários e satisfação 46
47 harmonia de interesses - harmonia natural das trocas no mercado [exceto Ricardo] - coincidência da busca individual com o melhor social riqueza da sociedade depende de todos os recursos - terra, trabalho produtivo, capital, empresário - todas as atividades contribuem para a riqueza nacional - trabalho tem lugar especial (fonte e medida da riqueza e do valor) leis naturais governam a atividade econômicas: - leis universais e imutáveis 47
48 - rendimentos decrescentes na agricultura e teoria da determinação da renda da terra - lei dos mercados (crescimento econômico sem crise) - teoria quantitativa da moeda - teoria das trocas conforme o valor-trabalho, teoria das trocas internacionais - lei da população - determinantes e tendências do crescimento econômico (acúmulo de riqueza, queda da taxa de lucro, estado estacionário) comparação com Fisiocracia: - ordem natural (embora não a partir do indivíduo, natureza humana), liberalismo, leis econômicas, 48
49 harmonia (funcionalismo: funções das classes sociais), - exclusivismo da agricultura, economia como sistema de inter-relações a quem beneficiou a escola clássica: - atendeu às exigências da época, estímulo à acumulação e ao crescimento, que não trouxe benefícios iguais a todos - respeitabilidade dos empresários de comércio e indústria - idéias promovem clima político - custos recaíram sobre os trabalhadores, que a longo prazo melhoram de vida, graças ao progresso (e suas lutas sociais) 49
50 validade da teoria clássica em sua época: - racionalizava as práticas na sociedade mercantil, justificando a queda das restrições mercantilistas (não mais úteis) - confiança na concorrência, fenômeno crescente - privatização das terras comuns liberou capitais e mão-de-obra - projeção do setor privado atendeu às necessidades de acumulação (lucros: sustentados nos salários de subsistência concomitantes ao crescimento da produtividade) - promove extensão dos mercados (interno e externo), com urbanização e mercantilização da produção agrícola 50
51 contribuições duradouras: - lei dos rendimentos decrescentes - lei das vantagens comparativas - noção de soberania do consumidor - importância da acumulação de capital para o crescimento - mercado como mecanismo de conciliação dos interesses individuais e desses com os interesses da sociedade erros e fraquezas: - política pública não pode seguir princípio liberal para enfrentar depressões (por que ocorrem?), monopólios, monopsônios, externalidades, bens públicos 51
52 - liberalismo extremado por vezes chegou a absurdos (esfera em que se admite a legitimidade da intervenção do Estado vai se modificando após a escola clássica) - não considerou o papel da alteração tecnológica na produção agrícola - não reconheceu importância na utilidade e na demanda para determinação dos preços 52
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