REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE. Unidade Técnica do REDD+
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- Maria do Pilar de Almeida Barreto
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1 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA TERRA, AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RURAL DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE Unidade Técnica do REDD+ Consulta Pública Regional Sul Gaza sobre EN-REDD+ e FIP Realizou-se nos dias 25 e 26 de Agosto de 2015, no Hotel Mozambique Sun, Cidade de Xai-Xai, Província de Gaza, a consulta pública regional sul no âmbito do processo da elaboração da Estratégia Nacional do REDD+ e do FIP. Participaram nesta Consulta Pública, 95 pessoas, representantes de instituições do Governo, Sector Privado e Sociedade Civil, provenientes das Províncias Gaza, Inhambane, Maputo e Maputo Cidade. O objectivo da consulta era de auscultar a sociedade em geral e as instituições públicas, privadas e a sociedade civil sobre a Missão do REDD+ e as Opções de redução de desmatamento em Moçambique. A abertura oficial do evento esteve a cargo da Directora Provincial da Coordenação Ambiental em Gaza, Felizarda Mangoele, que desejou boas vindas e bom trabalho. Vídeo informativo Um vídeo informativo sobre o REDD+, com duração de 20 minutos, criado no contexto da elaboração do material de comunicação foi exibido e recebeu os seguintes comentários e sugestões: O vídeo diz que os 20 por cento contribuem para o desenvolvimento rural. Será isso uma verdade? Temos conhecimento de que supostos líderes comunitários vão levantar o dinheiro e simplesmente fazem festas, comprando bebidas e outros produtos que não encontram no seu mercado local. Não podemos generalizar a questão da má utilização dos 20 por cento. Temos bons exemplos de comunidades que construíram salas de aula ou que até adquiriram meios de transporte.
2 O vídeo devia mostrar também alguns progressos de iniciativas comunitárias porque há muitas, e não apenas destacar problemas, fazendo perceber que tudo está mal. É bom para que as comunidades possam perceber que a partir das suas iniciativas é possível chegar longe, alcançando patamares elevados. Isso seria um incentivo. Há muitos exemplos bons mostrados no vídeo. Por exemplo, a produção de fogões melhorados, projectos de plantação de árvores, e outras mais que ilustram as melhores práticas ao nível das comunidades. Realizações do REDD+ A Coordenadora Nacional do REDD+ fez a apresentação de um breve historial do REDD+ em Moçambique, que resumiu as realizações do País desde a apresentação do R-PIN em 2008, a preparação e aprovação do R-PP, o estabelecimento da UT-REDD+, a provação do Decreto sobre o REDD+, o estabelecimento do CTR, os projectos-pilotos, até à fase actual da elaboração da Estratégia Nacional do REDD+. Qual foi o critério de selecção das áreas para os projectos-piloto? Gostaríamos que todos os distritos fossem consultados se estavam dispostos ou se tinham potencial para projectos-pilotos. É preciso termos critérios claros e uniformizados. Será que foi pela densidade populacional? A densidade populacional não foi o único factor determinante. Olhou-se também para o nível de pobreza das populações que vivem dentro daquelas áreas e nas zonas tampão. Também quando iniciamos este processo não tínhamos fundos, então foi preciso aproveitar aquelas áreas em que já havia alguns iniciativas de redução das emissoes como tambem aproveitar as sinergias existentes por exemplo projectos da Mozbio em curso, projecto da FAO, IGF. Mas também é preciso perceber que estes são apenas projectos-pilotos que tem como objectivo colher experiências e desafios para incrementar a nossa estratégia Nacional do REDD+.
3 Website e Facebook do REDD+ O oficial de comunicação do REDD+, Leonardo Chaúque, procedeu a uma breve apresentação do website e do Facebook do REDD+ e a sua importância para um processo participativo e transparente. Ainda convidou os participantes a visitarem estas páginas e enviarem feedback do que gostariam de encontrar nestes canais. Plano de Preparação da EN-REDD+ O consultor para a elaboração da estratégia, Doutor Almeida Sitoe, começou por reforçar a importância da realização desta consulta pública sobre o REDD+ como uma forma participativa em que o Estado, o Sector privado e a Sociedade Civil dão a sua contribuição na elaboração da estratégia, para que esta reflicta realmente o que é importante para Moçambique e para os moçambicanos. Apresentou todos os componentes a serem levados em consideração na elaboração da estratégia, nomeadamente: a Definição de Floresta; o SESA; o Quadro Legal e Institucional; as Causas do Desmatamento e Degradação florestal; Projectos-pilotos (Quirimbas e Gilé); Experiências de projectos nacionais (Nhambita, TREDD, etc.); Experiências internacionais; e as consultas públicas. Causas do desmatamento O consultor também apresentou resultados preliminares do estudo sobre as causas directas e indirectas do desmatamento e degradação florestal. Reforçou que este estudo é importante porque não se pode encontrar formas para reduzir o desmatamento sem antes se conhecer as suas causas. O gráfico abaixo mostra as causas do desmatamento por região e é um extrato da apresentação feita.
4 100% 80% 60% 40% 20% 0% CENTRO NORTE SUL Pecuária Mineração Lenha e Carvão Exploração de Madeiras Urbanização e Infraestruturas Quando será submetida ao Conselho de Ministros a Estratégia Nacional do REDD+? Antes de ir a COP? Como conciliar a redução do desmatamento e a questão de subsistência das comunidades? Sabe-se que nos distritos como Mabalane (Gaza), quando fica muito tempo sem chuva e não se pode produzir alimentos, as pessoas recorrem à produção de carvão para poderem sobreviver. Na Província da Zambézia há problema de amarelecimento letal de coqueiros e, normalmente a recomendação é abater todos os coqueiros a volta da árvore afectada. Além disso, o amarelecimento é devastador e pode arruinar uma área inteira. Isso é considerado desmatamento? O documento irá primeiro a COP. Na verdade a COP não aprova ou reprova o documento, pelo contrário, eles podem dar mais subsídios para que a estratégia vá ao Conselho de Ministros já enriquecido. Neste momento não temos respostas para estas questões, aliás, é por isso que estamos aqui a fazer esta consulta pública. Queremos colher as contribuições de todos para que possamos elaborar uma estratégia equilibrada entre as questões ambientais e socioeconómicas. O estudo das causas do desmatamento considerou a zona dos coqueiros como uma área de agricultara e não floresta. SESA A Scott Wilson começou por explicar o significado e a importância do SESA para as salvaguardas socio-ambientais a serem consideradas na elaboração e adopção da Estratégia Nacional do REDD+. Em linhas gerais falou de como este estudo está a ser feito em vários pontos do País e exemplificou que naquela mesma semana, técnicos da Scott Wilson estariam a fazer consultas
5 públicas em algumas comunidades no Distrito de Mabalane (Gaza). Também focou a fraca participação das mulheres nas consultas públicas, bem como da necessidade de fazer as consultas com grupos divididos por sexo e faixas etárias. Por que escolher Mabalane se a Província é tão grande? Será que Mabalane vai reflectir o que é a realidade de toda a Província? Já pensaram que as pessoas que produzem carvão em Mabalane muitas vezes não são de lá? Muitos vêm de Maputo, aliás, para onde vai grande quantidade do carvão produzido naquele distrito. Como fazer com que esta estratégia de facto traga os resultados almejados sob ponto de vista de redução do desmatamento? 1.Mabalane foi reservatório de um projectopilo; 2.Quando os fundos são limitados e não podemos abranger todos os distritos, é preciso fazer escolhas, e, neste caso optamos por Mabalane; e 3.Mabalane é relevante por causa das queimadas e muita produção de carvão e lenha. Talvez seria melhor focar a consciencialização também nas cidades de modo a reduzir o consumo do combustível lenhoso. Isso vai reduzir a pressão sobre as zonas rurais, até porque é nas cidades onde as pessoas têm maior acesso a fontes alternativas de energia como o gás, e também maior acesso a fogões melhorados, etc. Esta é uma pergunta de reflexão. Todos temos de reflectir e dar as nossas opiniões. Estratégia Nacional do REDD+ O consultor apresentou as seguintes propostas de Visão e Missão da EN-REDD+: VISÃO: «Uma sociedade que valoriza o seu capital natural e reconhece a contribuição dos serviços ambientais no bem-estar social e económico e ambiental da actual e futura gerações ao nível local, nacional e global». MISSÃO: «Promover intervenções multissectoriais integradas para a redução das emissões de carbono associadas ao uso e mudanças do uso e cobertura da terra através da aderência aos princípios de maneio sustentável dos ecossistemas terrestres naturais e artificiais contribuindo para os esforços globais da mitigação e adaptação às mudanças climáticas e desenvolvimento rural sustentável». A seguir foram apresentadas as opções para que os recursos florestais possam ser explorados sem que isso implique a devastação das florestas.
6 O que foi pensado para o reflorestamento das zonas costeiras que não são favoráveis a agricultura e nem a qualquer tipo de plantação? Como pode esta estratégia ser alinhada à estratégia de energia? Sabemos que há alguns projectos de mangal, que têm um potencial muito grande para o reflorestamento das zonas costeiras. A estratégia não é um documento isolado das outras áreas, como da energia, mineração, agricultura e outras. Por isso o CTR, que está aqui representado, tem integrantes de todas essas áreas. Programa de Investimento Florestal (FIP) A apresentação de Sean Nezareli esclareceu o significado do FIP e seus objectivos no financiamento dos esforços para redução do desmatamento e degradação florestal nos países em desenvolvimento. Foi também esclarecida a relação do FIP com o DGM, tendo-se explicado que os fundos do FIP vão ser repartidos, uma parte para o Governo a outra para o sector privado em forma de empréstimo e por último para as comunidades vem o DGM, que é uma doação para financiar projectos ao nível das comunidades, que contribuam para a redução do desmatamento, e que tal fundo será gerido pela Sociedade Civil. Quem vai escolher as organizações que vão integrar o Steering Comittee? Por quanto tempo o FIP vai estar disponível? Qualquer projecto comunitário pode ser financiado pelo DGM? Como o sector privado pode ter acesso aos empréstimos do FIP? A Sociedade Civil vai ser responsável pela criação do Comité Nacional de Gestão. O Governo vai apenas fazer chegar a informação e os procedimentos para o DGM à Sociedade Civil através de Consultas públicas a vários níveis. O FIP está previsto para um período acima de 5 anos.. Serão projectos que contribuam para a redução de emissões atraves de desmatamento e degradação florestal. Por exemplo, plantações para produção de carvão produção de fogões melhorados, cadeia de valor da madeira, entre outros. A negociação vai ser entre o sector privado e o Banco Mundial. Mas os projectos a serem
7 financiados devem contribuir para a redução do desmatamento. Trabalhos em grupos O consultor da estratégia disponibilizou uma lista de acções identificadas e que podem contribuir para a redução do desmatamento. Cada grupo identificou as acções mais adequadas para a sua província e até sugeriu outras que não estivessem mencionadas na lista disponibilizada. Depois os grupos fizeram a apresentação das suas escolhas, tendo identificado as seguintes acções: Accões que podem ser desenvolvidas: Plantações florestais; Produção sustentável de combustível lenhoso; Produção de colmeias; Sistemas agro-florestais; Massificação do uso do fogão; Criação de associações para exploração de lenha e carvão com responsabilidade de reflorestamento; Venda de kit de gás (fogão e botija) a baixo custo; Potenciar produtos derivados de eucaliptos; Melhor planificação urbana e parcelamento territorial; Expansão de áreas de conservação de florestas naturais e parques; Promover uso de painéis solares como fontes alternativas de energias; Capacitação e consciencialização das comunidades locais em matérias de gestão dos recursos naturais; Criação ou fortalecimento de comités de gestão de recursos florestais; Uso de fogão poupa-lenha; Aplicação de altas multas aos carvoeiros ilegais; Fiscalização permanente de carvoeiros; Quando um carvoeiro é atribuído uma área, não pode passar para outra sem fazer o reflorestamento da área já explorada; Sistemas agro-florestais; Fomentar o plantio de caju com o envolvimento do Incaju. Accões que já estão em curso: Iniciativa um aluno uma árvore de fruta; Iniciativa um líder comunitário uma floresta; Criação de viveiros; Iniciativa uma família uma acácia; Promoção de uso do fogão ndzilo e gás doméstico. Apresentados os trabalhos de grupos, a coordenadora do REDD+, a Engenheira Paula Panguene, fez as considerações finais, agradeceu a participação e contribuições de todos. A consulta pública foi encerrada.
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