AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DOS MANANCIAIS SUPERFICIAIS DO PROJETO PÓLO DE FRUTICULTURA IRRIGADA SÃO JOÃO - PORTO NACIONAL TO

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1 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DOS MANANCIAIS SUPERFICIAIS DO PROJETO PÓLO DE FRUTICULTURA IRRIGADA SÃO JOÃO - PORTO NACIONAL TO Fabrício de Oliveira Ramos 1 Caroline Lopes Barros 1 Iracélia Coêlho de Sousa 1 Leila da Costa Barros 1 Rochele Barboza Cezar 1 Graduandos do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Faculdade Católica do Tocantins fabricio-or@hotmail.com 2. ycelysousa@hotmail.com 3. leila-gestao@hotmail.com 4. rochelecezar@hotmail.com 5. carolinebarros-to@hotmail.com Orientador: Prof Msc.GIULLIANO GUIMARÃES RESUMO Dentre os recursos disponíveis para o homem, a água é um dos mais importantes. Ela é um dos elementos indispensáveis para as diversas atividades humanas, além de fazer parte direta e indiretamente do metabolismo vegetal e animal. A relação entre o uso da água e a capacidade hídrica é direta e contribui para agravar sua escassez, o que leva à geração de conflitos entre seus diversos tipos de usos e usuários. A agricultura é considerada a base para o sustento, sendo de grande importância para a economia do país. No entanto, através da irrigação, pode-se alterar a qualidade das águas superficiais em conseqüência do uso de defensivos agrícolas, onde o escoamento superficial ou infiltração podem influenciar nos resultados dos parâmetros comparativos analisados. Este trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade de água dos mananciais situados no Pólo de Fruticultura Irrigada São João, município de Porto Nacional TO. A pesquisa foi realizada através da avaliação dos parâmetros físico-químicos da água de três Córregos. Este estudo seguiu a metodologia da CETESB (2005) e da Apha (2005). Os resultados revelaram que todos os Parâmetros estão de acordo com a resolução 357/05 do CONAMA. PALAVRAS-CHAVE: Qualidade da água, Parâmetros físico-químicos, Mananciais superficiais.

2 1 1.0 INTRODUÇÃO A água é um bem finito fundamental e imprescindível para a existência da vida na Terra, ocupa aproximadamente 70% da superfície terrestre, deste total cerca de 97% está concentrada nos oceanos, restando somente 0,3% de água doce. A água está presente em toda a Natureza, nos estados sólido, líquido e gasoso e se renova através de processos físicos do ciclo hidrológico. Os recursos hídricos possuem atributos para múltiplos fins, sendo eles: abastecimento público, doméstico e industrial, geração de energia elétrica, navegação, dessedentação de animais, irrigação, conservação da flora e da fauna, recreação, lazer, harmonia paisagística, entre outros. Eles recebem, diluem e transportam esgotos domésticos, efluentes industriais e resíduos das atividades rurais e urbanas. A inter-relação entre o uso da água e a capacidade hídrica é direta e contribui para agravar sua escassez, o que leva à geração de conflitos entre seus diversos tipos de usos e usuários. Portanto, exige-se a adoção de medidas que garantam a manutenção de suas características mais puras, de forma que seja efetivamente própria para o consumo. A situação dos corpos hídricos em relação aos efeitos antrópicos pode ser verificada através dos parâmetros que medem a qualidade da água, que é determinada por suas características físicas, químicas e biológicas, variando de acordo com seus diversos fins. A agricultura é considerada a base para o sustento, sendo de grande importância para a economia do país. No entanto, através da irrigação, pode-se alterar a qualidade das águas superficiais em conseqüência do uso de defensivos agrícolas, onde o escoamento superficial ou infiltração podem influenciar nos resultados dos parâmetros comparativos analisados. Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade da água dos mananciais superficiais do Pólo de Fruticultura Irrigada São João em Porto Nacional TO.

3 2 2.0 REVISÃO DE LITERATURA Dentre os recursos disponíveis para o homem, a água é um dos mais importantes. Ela é um dos elementos insubstituíveis para as diversas atividades humanas, além de fazer parte direta e indiretamente do metabolismo vegetal e animal. Segundo Tundisi (2003) a água nutre as florestas, mantêm a produção agrícola, assim como, a biodiversidade nos sistemas terrestres e aquáticos. Portanto, os recursos hídricos superficiais são recursos estratégicos para a vida do Planeta Terra. A importância dos corpos hídricos está descrita na Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos que define, dentre seus objetivos: assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos (Cap. II, Art. 2 0 ). Os recursos hídricos são utilizados para múltiplos usos, os consuntivos: abastecimento doméstico, industrial, irrigação e dessedentação de animais e os não consuntivos: recreação e lazer, conservação da flora e fauna, geração de energia elétrica, transporte e navegação e diluição de despejos. (BASSOI & GUAZELLI, 2004). De acordo com Setti et al (2001) os usos consuntivos são os que retiram a água de sua fonte natural, diminuindo suas disponibilidades quantitativas, espacial e temporalmente; e os não consuntivos, referem-se aos usos em que praticamente a totalidade da água utilizada, retorna à fonte de suprimento, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal e de disponibilidade quantitativa. Telles e Domingues (2006) ressaltam que a agricultura e a pecuária, principalmente a irrigação de culturas, são as principais atividades do grupo dos usos consuntivos da água, que juntas utilizam 65% do total. A participação percentual do setor agrícola vem caindo ao longo do tempo, sendo que a tendência para 2020 é de uma redução de apenas 5%. (TELLES & DOMINGUES, 2006).

4 3 A disponibilidade hídrica vem sofrendo ameaças em quantidade e qualidade, em decorrência da degradação ambiental advinda das atividades humanas. Tucci (2006), afirmou que o aumento populacional agrava a poluição doméstica e industrial, criando condições ambientais inadequadas e propicia o desenvolvimento de doenças de veiculação hídrica. Segundo Sperling (2005), a poluição das águas é a adição de substâncias ou de formas de energia que direta ou indiretamente, alteram a natureza do corpo hídrico, prejudicando os legítimos usos que dele são feitos. Tundisi, (1999) apud Pontieri et al (2008) afirma que as alterações na quantidade, distribuição e qualidade dos recursos hídricos, ameaçam a sobrevivência humana e as demais espécies do planeta. A resolução n.º 357/05 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) apresenta os diversos parâmetros para o enquadramento dos corpos hídricos brasileiros e é uma ferramenta importante e decisiva para o monitoramento da qualidade da água, além de ser um referencial para a gestão dos recursos hídricos. Para Araújo e Santaella (2001) a qualidade da água é um conjunto de características físicas, químicas e biológicas que possam atender aos múltiplos usos a que se destina. Hespanhol (2001) fala ainda, que as condições geológicas e geomorfológicas da cobertura vegetal da bacia de drenagem, do comportamento dos ecossistemas terrestres e de águas doces e das ações do homem, também são determinantes para a qualidade da água. De acordo com o relatório realizado pela Geo Brasil Recursos Hídricos em 2007, juntamente com a Agência Nacional das Águas (ANA), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Brasil detém cerca de 12% da quantidade de água doce superficial do mundo, entorno de 1,5 milhões de m³/s, sendo portanto, privilegiado em termos de recursos hídricos. Segundo a ANA (2005), o Estado do Tocantins possui grande riqueza hídrica concentrada na Bacia Araguaia-Tocantins, apresenta relevância nacional em termos de expansão agrícola, no cultivo de grãos e um grande potencial hidroelétrico, destaca ainda, a região como uma das áreas de maior interesse, para a expansão econômica nas próximas décadas.

5 4 3.0 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Localização geográfica da área Com o enchimento do reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães ocorrido em fevereiro de 2002, houve a necessidade de deslocamento dos moradores ribeirinhos para áreas mais afastadas, em um processo denominado reassentamento. O Pólo de Fruticultura Irrigada São João, surgiu originalmente como reassentamento Córrego da Prata. A área em estudo compreende o Pólo de Fruticultura Irrigada São João, situado no município de Porto Nacional TO, localizando-se entre as bacias do Córrego Chupé e do Ribeirão São João na Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins, como mostra a Figura 1. A área do Projeto corresponde a 5.128,8 hectares, onde hectares estão sendo utilizados para plantação de espécies frutíferas. Figura 1. Mapa de localização dos pontos de amostragem da área de influência do Pólo de Fruticultura Irrigada São João, Porto Nacional TO.

6 CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS AMOSTRAIS Foram realizadas coletas em três pontos amostrais, localizados dentro do perímetro do Projeto. Os pontos foram caracterizados das seguintes formas: Córrego Prata (PM1 régua), coordenadas UTM 22L m E e m N está localizado na Área de Reserva Legal do Pólo de Fruticultura e possui como características as matas ripárias conservadas. Córrego Prata (PM2 Canal), coordenadas UTM 22L m E e m N está localizado à montante do ponto PM1 e do canal principal de irrigação que cortou este manancial. Córrego Retiro (PM3 Ponte), coordenadas UTM 22L m E e m N. Sua mata ripária está bem conservada, porém o local da coleta se encontra degradado por apresentar usos antrópicos, como captação d água e uso recreacional. FIGURA 2: PM1 CÓRREGO PRATA (RÉGUA) FONTE: Autor FIGURA 3: PM2 CÓRREGO PRATA (CANAL) FONTE: Autor FIGURA 4: PM3 CÓRREGO RETIRO (PONTE) FONTE: Autor f 3.3. COLETAS E ANÁLISES f As coletas foram realizadas nos meses de junho, setembro e dezembro de 2008: período seco (junho e setembro) e período chuvoso (dezembro). Elas foram realizadas de acordo com a metodologia da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB (2005) e Standard Methods for the Examination of Walter and Wastewater APHA (2005). Para a obtenção e o armazenamento das amostras de água foram utilizados frascos de polietileno (2L), previamente lavados com água deionizada e água do local. A amostragem compreendeu a coleta de água bruta a aproximadamente 10 cm, com a boca do frasco contra a corrente completando-o por inteiro, deixando

7 6 apenas um pequeno espaço vazio para a homogeneização da amostra. Terminada a coleta, as amostras foram identificadas e mantidas em caixa de isopor, após isso, foi efetuado o transporte até o laboratório, onde foram refrigeradas a 4 C até o momento de execução das análises. As análises foram realizadas de acordo com as metodologias de espectrofometria descritas pela Apha (2005), utilizando um espectrofotômetro HACH DR 4000U. Os parâmetros temperatura, turbidez, ph, condutividade e sólidos totais dissolvidos foram obtidos in loco, por meio de uma sonda multiparamétrica (HORIBA U-22XD). 4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Temperatura A temperatura da água é um dos parâmetros físicos mais importantes nos estudos dos ecossistemas aquáticos, uma vez que influencia diretamente a cinética dos processos metabólicos oxidativos vitais, como a respiração; a solubilidade dos gases dissolvidos, como o oxigênio; a densidade da água que interfere na mistura e movimentos das massas de água e interage com todas as demais propriedades da água (QUEIROZ, 2003). Figura 5. Valores de temperatura na área estudada Observa-se com os resultados de temperatura nos pontos amostrais da figura 5, que há uma variação entre 23,1ºC a 28,0ºC. Nos meses de junho e setembro

8 7 período da estação seca na região foram registradas as maiores elevações na temperatura. Vale ressaltar que o ponto PM3 Ponte, apesar de ter a menor profundidade e maior cobertura vegetal degradada, teve os menores resultados entre 23,1ºC a 25,9ºC. Isso se deve principalmente ao período do dia em que foi realizada a medição, pela manhã. Tais resultados foram encontrados dentre os fatores que influenciam a temperatura da água, descritos pela CETESB (2005) que afirma que a temperatura superficial é influenciada pela latitude, altitude, estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e profundidade Condutividade, Sólidos Totais Dissolvidos e Turbidez A figura 6 mostra os resultados de sólidos totais dissolvidos, condutividade e turbidez durante o período de junho, setembro e dezembro de 2008 nos três pontos, iniciando-se com o ponto PM1 régua, ponto PM2 canal e PM3 ponte. 6a 6b 6c Figura 6. Valores de Sólidos Totais Dissolvidos (a), Condutividades (b) e Turbidez (c) nas áreas estudas.

9 8 De acordo com a figura 6a, os valores de condutividade variam de 3,00 a 7,39 µs/cm 2. O mês de junho obteve o índice de maior condutividade com média de 6,12 µs/cm 2, seguido por setembro com 3,66 µs/cm 2 e dezembro com 3,56 µs/cm 2. O decréscimo da condutividade sugere que não ocorreu dissolução de sais e sólidos totais dissolvidos, essa afirmação é constatada na relação das figuras 6a e 6b. Quanto mais sólidos dissolvidos estiveram presentes na água, maior será a condutividade. Os pontos PM2- canal e PM3- ponte, obtiveram os mesmos valores de condutividade, tanto para o mês de setembro como para o de dezembro. Cabe ressaltar, que as concentrações de condutividade não indicam algum tipo de impacto no meio. A resolução 357/05 do CONAMA não preconiza limites aceitáveis de condutividade. O parâmetro Sólidos Totais Dissolvidos está diretamente relacionado com a condutividade, ele variou entre 3,55 ppm e 2,00 ppm. O resultado do mês de junho foi proporcional ao resultado da condutividade, os demais meses tiveram valores similares entre si. Entre os pontos analisados, o PM3-ponte registrou os maiores valores de sólidos totais dissolvidos em todos os meses, portanto, sugere-se que isso ocorreu devido ao grau de degradação das suas margens, o que ocasionou o carreamento de sedimentos para o corpo hídrico. Com a interpretação dos resultados, foi possível observar, que a concentração de sólidos totais dissolvidos foi praticamente o dobro da condutividade. Conforme os dados disponíveis na figura 6c, a turbidez variou de 37,0 NTU a 0,0 NTU. Ao contrário dos sólidos totais dissolvidos e da condutividade, a turbidez foi crescente ao longo dos meses, principalmente no PM3- Ponte, onde a mata ripária está degradada. O ponto PM1- régua registrou o menor valor de turbidez em decorrência de sua conservação. Vale lembrar, que o limite de turbidez estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05 para rios de Classe II é de até 100 NTUs, o qual não foi excedido em nenhuma das amostras efetuadas neste trabalho.

10 Oxigênio Dissolvido e Demanda Bioquímica de Oxigênio 7a 7b Figura 7. Valores de Oxigênio Dissolvido (a) Demanda bioquímica de oxigênio (b) nas áreas estudadas As concentrações de oxigênio dissolvido (OD) tiveram uma variação de 5,50 mg/l a 11,94 mg/l, esses teores de OD estão de acordo com o estabelecido pela resolução CONAMA 357/05 para rios de classe 1, 2 e 3. Segundo a figura 7a, houve um crescimento da concentração de OD temporal nos três pontos. No mês de dezembro (período de chuva), foram registradas elevadas concentrações de OD, fato que pode ter relação direta com a precipitação ocorrida na região neste período. Scandolera et al. (2001) também encontrou resultados semelhantes em épocas de chuva. No ponto PM3 ponte, a concentração de OD teve um crescimento significativo ao longo dos meses estudados, tal fato pode estar relacionado com a menor profundidade do córrego, luminosidade intensa e ventos, fatores que permitem a troca de oxigênio entre a atmosfera e o fluxo de água, contribuindo assim, para a oxigenação do meio. Nas figuras 7a e 7b, evidencia-se que o oxigênio dissolvido e a demanda bioquímica de oxigênio possuem uma correlação inversamente proporcional entre si, ou seja, à medida que o oxigênio eleva sua concentração, a DBO diminui. Latuf (2004) afirma que a DBO é proporcionalmente inversa a OD, ou seja, quanto menos oxigênio estiver presente no meio para estabilização da matéria orgânica, maiores serão as taxas de DBO. Os resultados descritos nas figuras acima mostram que existe um equilíbrio no meio aquático, pois águas poluídas apresentam baixa concentração de oxigênio dissolvido, isso ocorre em decorrência do consumo de OD pelos microorganismos, na disponibilidade de matéria orgânica em excesso, no entanto, elevada

11 10 concentração de OD indica água limpa e de boa qualidade para os diversos usos, que são descritos pela resolução 357/05. Com relação a DBO 5,20 na figura 7b, verificou-se uma média de 2,3 em todos os resultados. O mês de junho registrou a maior média com um total de 3,0 de DBO 5,20, seguido do mês de setembro com 1,93 e dezembro com 1,96, respectivamente. Nos dois últimos meses, a DBO manteve valores similares nos três córregos, indicativo de que não houve introdução de matéria orgânica capaz de causar perturbação ao meio, ou seja, a quantidade de matéria orgânica existente ou introduzida é menor do que a capacidade de assimilação do corpo hídrico, tal fato corresponde à correlação inversa entre OD e DBO visualizado pela figura 7. Portanto, as amostras ficaram com níveis dentro do estabelecido pelas exigências da resolução 357/05, que preconiza um valor de até 5 mg/l para os corpos hídricos de classe ph Segundo Mota (2008), o potencial hidrogeniônico (ph), representa o equilíbrio entre íons H + e íons OH -, onde o ph inferior a 7 é ácido, o ph igual a 7 é neutro e o maior do que 7 é alcalino. Figura 8. Valores do Potencial Hidrogeniônico (ph) nas áreas estudadas. Conforme os resultados aferidos na figura 8, o ph apresentou média de 5,7 (levemente ácido). O mês de junho apresentou a maior concentração de ph, seguido

12 11 por setembro e dezembro respectivamente. Observa-se que no ponto PM3 - ponte, ocorreu a maior elevação de ph, ficando próximo da neutralidade. Os pontos PM1 - régua e PM2 - canal, mantiveram variações e valores semelhantes em todos os meses analisados, o que indica um equilíbrio nessa microbacia Nitrogênio Amônia, Nitrito e Nitrato A figura 9 mostra os resultados de amônia, nitrato e nitrito, durante o período de junho, setembro e dezembro de 2008 nos três pontos. 9a 9b 9c Figura 9. Valores de Amônia (a), Nitrito (b) e Nitrato (c) nas áreas estudadas. As concentrações do íon amônia tiveram uma variação de 0,019 a 0,181 mg/l. O mês de junho foi o que teve a maior concentração de amônia com uma média de 0,296 mg/l, seguido de dezembro com 0,265 mg/l e setembro com 0,128 mg/l.

13 12 O ponto PM3 ponte apresentou uma redução de amônia ao longo dos meses. Em junho houve uma concentração significativa se comparado com os demais resultados, possivelmente, ocorreu algum tipo de poluição. Existe uma estreita relação do resultado elevado de amônia com a menor concentração de oxigênio dissolvido no mesmo, ou seja, à medida que a concentração de amônia foi elevada, decresceu o oxigênio, figura 9a e figura 7a. Esteves (1998) comenta que altas concentrações de íon amônio, poderão influenciar fortemente na dinâmica do oxigênio dissolvido do meio, uma vez que para oxidar 1,0 miligrama do íon amônio, são necessários cerca de 4,3 miligramas de oxigênio. Este autor enfatiza ainda, que concentrações de 0,25 mg/l ou superiores a esta, afetam o crescimento dos peixes e superiores a 0,5 mg/l são letais para 50% dos mesmos. As concentrações encontradas nos três córregos estão abaixo do limite preconizado pela Resolução CONAMA nº357/05, para classe I e II. A concentração de nitrito dos pontos amostrais revelou uma variação de 0,0001 a 0,0039, com média de 0,0014 mg/l. Nota-se que no mês de dezembro ocorreram os maiores teores, seguido por setembro e junho. No ponto PM2 - canal, verificou-se a maior concentração de nitrito no mês de dezembro (0,0039 mg/l) e no ponto PM3 - ponte, observou-se a menor concentração no mês de setembro (0,000.1mg/L) figura 9b. Tal fato pode estar correlacionado com a concentração de oxigênio dissolvido elevado neste ponto, figura 7a. Esteves (1998) comenta que o nitrito é encontrado em baixas concentrações em ambientes oxigenados. Os valores amostrais revelam concentrações insignificantes, se comparadas a resolução CONAMA nº357/05, que preconiza 1,000mg/L para as águas de classe I e II. Nas análises realizadas, as concentrações de nitrato oscilaram de 0,1 a 1,5 mg/l. Nota-se que o mês de setembro registrou valores acima do esperado em todos os pontos amostrais. O ponto PM3 - ponte, semelhantemente aos outros parâmetros, teve a maior concentração de nitrato. Os resultados encontrados de nitrato em todos os pontos amostrais estão dentro do limite estabelecido pela Resolução CONAMA nº357/05, que preconiza para água de classe I e II até 10 mg/l.

14 CONCLUSÕES Com base no trabalho realizado, conclui-se que: Os valores encontrados de temperatura nos pontos amostrais informam que há um equilíbrio no meio, diretamente influenciado pela estação seca e chuvosa e pelo período do dia. A resolução 357/05 não estabelece limites para tal parâmetro. As concentrações de condutividade foram relativamente baixas, indicando pouca dissolução de sais e sólidos. O ponto PM3 ponte mostrou valores acima dos demais, provavelmente existe relação deste resultado com a degradação da mata ripária. Para tal parâmetro, a resolução 357/05 do CONAMA não preconiza limites aceitáveis. No parâmetro sólidos totais dissolvidos, as concentrações encontradas foram baixas em todos os pontos amostrais, porém, o ponto PM3 ponte foi o que apresentou a maior concentração. Foram encontrados valores de turbidez dentro do limites estabelecidos pela resolução 357/05 do CONAMA em todos os pontos amostrais. Destaca-se que o ponto PM3 ponte apresentou a maior concentração no mês de dezembro, isto se deve provavelmente, devido ao período chuvoso, aliado à falta de mata ripária neste ponto. De acordo com as análises realizadas, o ambiente em estudo mostrouse bem oxigenado com valores dentro dos limites estabelecidos pela resolução 357/05 do CONAMA. Os valores encontrados para DBO em todos os pontos amostrais estão de acordo com os limites preconizados pela resolução 357/05 do CONAMA.

15 14 Os valores de ph obtidos em todos os pontos das amostras, indicam que as águas em estudo se encontram levemente ácidas. Para os parâmetros amônia, nitrito e nitrato, as concentrações encontradas em todo o período amostral, encontram-se de acordo com os limites da resolução 357/05 do CONAMA para águas de classe II, mostrando assim, que o ambiente está conservado. O ambiente em estudo no que se refere à qualidade da água, encontrase em bom estado de conservação. No entanto, o monitoramento limnológico contínuo, faz-se necessário para garantir a sua qualidade e conservação. 6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Panorama da Qualidade das Águas Superficiais do Brasil. Cadernos de recursos hídricos. Brasília, DF: ANA [et al.]. v p AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard Methods of the Examination of Water and Wastewater. USA: Washingtown, ARAÚJO, J.C.; SANTAELLA, S.T. Gestão da Qualidade. In: Gestão das Águas. Nilson Campos e Ticina Studart (Edit.). Porto Alegre, RS: ABRH. 2. ed. 242 p BASSOI, L. J.; GUAZELLI, M. R. Controle Ambiental da água. In: PHILIPPI Jr, A.; ROMÉRO, M. de A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Barueri: Manole, p BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução n.º 357, de 17 de março de Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA, Brasília, DF.

16 15 BRASIL, Lei no 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que Instituí a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Recursos Hídricos e dá outras providências. CETESB. Guia de coleta e preservação de amostras de água. Ed. CETESB, São Paulo CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Rios e Reservatórios: variáveis de qualidade das águas. São Paulo: CETESB, Disponível em: < Acesso em: 12 Junho de ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Interciência, p. HESPANHOL, I. Manejo integrado dos recursos hídricos. In: TUCCI, C.E.M. Gestão da água no Brasil. Cap. 2.Brasilia. Ed. Unesco p LATUF, M. O. Diagnóstico das Águas Superficias do Córrego São Pedro, Juiz de Fora-MG. Geografia-Londrina-Vol. 13. Nº 1 JAN./JUN Disponível em Acesso em: 15 de junho de MOTA, S. Gestão dos recursos hídricos 3 ed. Rio de Janeiro: ABES, PONTIERI, M. H.; RODRIGUES JUNIOR, P. C.; COVAS, V. D. S.; PELIZER, L. H. Avaliação Preliminar da Qualidade da água do Córrego Capão do Embirá Franca (SP). Revista Saúde e Ambiente / Health and Environment Journal, v. 9, n. 2, dez.08. QUEIROZ, A. M. Caracterização limnológica do lagamar do Cauípe Planície Costeira do município de Caucaia CE f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) Universidade Federal do Ceará UFC, Fortaleza, CE, SETTI, A.A. LIMA, J.E.F.W. CHAVES, A.G.M. PEREIRA, I.C. Introdução ao Gerenciamento de Recursos Hídricos. Brasília, DF: ANA/ANEEL. 2 ed. 226 p SPERLING, M. V. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. v.1.3.ed. Belo Horizonte: DESA/UFMG, 2005.

17 16 SCANDOLERA, A. J.; PALHARES, J. C.; JUNIOR, J. L.; AMARAL, L. A.; MENDONÇA, R. P.; OLIVEIRA, G. P. Avaliação de parâmetros químicos, microbiológicos e parasitológicos de águas de abastecimento da UNESP e residuária, no município de Jaboticabal, Estado de São Paulo. Semina: Ci. Agrárias, Londrina, v. 22, n.1, p , jan./jun TUNDISI, José Galizia (2003), O futuro dos recursos hídricos. Revista MultiCiência, 1, Tundisi, J. G. Água no século XXI, enfrentando a escassez. São Carlos: RIMA, 247 p TELLES, D. D.; DOMINGUES, A. F, Água na agricultura e pecuária. In: Rebouças, A. C.; Braga, B.; Tundisi, J. G. Água Doces do Brasil: capital ecológico, uso e conservação. cap. 10. ed.escrituras São Paulo p