Caderno de Ciência Política Aplicada ao Direito Dom Alberto / Márcio Azevedo Guimarães. Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010.
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2 Página 2 / 34 G963c GUIMARÃES, Márcio Azevedo Caderno de Ciência Política Aplicada ao Direito Dom Alberto / Márcio Azevedo Guimarães. Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, Inclui bibliografia. 1. Direito Teoria 2. Ciência Política Aplicada ao Direito Teoria I. GUIMARÃES, Márcio Azevedo II. Faculdade Dom Alberto III. Coordenação de Direito IV. Título CDU (072) Catalogação na publicação: Roberto Carlos Cardoso Bibliotecário CRB10 010/10
3 Página 3 / 34 APRESENTAÇÃO O Curso de Direito da Faculdade Dom Alberto teve sua semente lançada no ano de Iniciamos nossa caminhada acadêmica em 2006, após a construção de um projeto sustentado nos valores da qualidade, seriedade e acessibilidade. E são estes valores, que prezam pelo acesso livre a todos os cidadãos, tratam com seriedade todos processos, atividades e ações que envolvem o serviço educacional e viabilizam a qualidade acadêmica e pedagógica que geram efetivo aprendizado que permitem consolidar um projeto de curso de Direito. Cinco anos se passaram e um ciclo se encerra. A fase de crescimento, de amadurecimento e de consolidação alcança seu ápice com a formatura de nossa primeira turma, com a conclusão do primeiro movimento completo do projeto pedagógico. Entendemos ser este o momento de não apenas celebrar, mas de devolver, sob a forma de publicação, o produto do trabalho intelectual, pedagógico e instrutivo desenvolvido por nossos professores durante este período. Este material servirá de guia e de apoio para o estudo atento e sério, para a organização da pesquisa e para o contato inicial de qualidade com as disciplinas que estruturam o curso de Direito. Felicitamos a todos os nossos professores que com competência nos brindam com os Cadernos Dom Alberto, veículo de publicação oficial da produção didático-pedagógica do corpo docente da Faculdade Dom Alberto. Lucas Aurélio Jost Assis Diretor Geral
4 Página 4 / 34 PREFÁCIO Toda ação humana está condicionada a uma estrutura própria, a uma natureza específica que a descreve, a explica e ao mesmo tempo a constitui. Mais ainda, toda ação humana é aquela praticada por um indivíduo, no limite de sua identidade e, preponderantemente, no exercício de sua consciência. Outra característica da ação humana é sua estrutura formal permanente. Existe um agente titular da ação (aquele que inicia, que executa a ação), um caminho (a ação propriamente dita), um resultado (a finalidade da ação praticada) e um destinatário (aquele que recebe os efeitos da ação praticada). Existem ações humanas que, ao serem executadas, geram um resultado e este resultado é observado exclusivamente na esfera do próprio indivíduo que agiu. Ou seja, nas ações internas, titular e destinatário da ação são a mesma pessoa. O conhecimento, por excelência, é uma ação interna. Como bem descreve Olavo de Carvalho, somente a consciência individual do agente dá testemunho dos atos sem testemunha, e não há ato mais desprovido de testemunha externa que o ato de conhecer. Por outro lado, existem ações humanas que, uma vez executadas, atingem potencialmente a esfera de outrem, isto é, os resultados serão observados em pessoas distintas daquele que agiu. Titular e destinatário da ação são distintos. Qualquer ação, desde o ato de estudar, de conhecer, de sentir medo ou alegria, temor ou abandono, satisfação ou decepção, até os atos de trabalhar, comprar, vender, rezar ou votar são sempre ações humanas e com tal estão sujeitas à estrutura acima identificada. Não é acidental que a linguagem humana, e toda a sua gramática, destinem aos verbos a função de indicar a ação. Sempre que existir uma ação, teremos como identificar seu titular, sua natureza, seus fins e seus destinatários. Consciente disto, o médico e psicólogo Viktor E. Frankl, que no curso de uma carreira brilhante (trocava correspondências com o Dr. Freud desde os seus dezessete anos e deste recebia elogios em diversas publicações) desenvolvia técnicas de compreensão da ação humana e, consequentemente, mecanismos e instrumentos de diagnóstico e cura para os eventuais problemas detectados, destacou-se como um dos principais estudiosos da sanidade humana, do equilíbrio físico-mental e da medicina como ciência do homem em sua dimensão integral, não apenas físico-corporal. Com o advento da Segunda Grande Guerra, Viktor Frankl e toda a sua família foram capturados e aprisionados em campos de concentração do regime nacional-socialista de Hitler. Durante anos sofreu todos os flagelos que eram ininterruptamente aplicados em campos de concentração espalhados por todo território ocupado. Foi neste ambiente, sob estas circunstâncias, em que a vida sente sua fragilidade extrema e enxerga seus limites com uma claridade única,
5 Página 5 / 34 que Frankl consegue, ao olhar seu semelhante, identificar aquilo que nos faz diferentes, que nos faz livres. Durante todo o período de confinamento em campos de concentração (inclusive Auschwitz) Frankl observou que os indivíduos confinados respondiam aos castigos, às privações, de forma distinta. Alguns, perante a menor restrição, desmoronavam interiormente, perdiam o controle, sucumbiam frente à dura realidade e não conseguiam suportar a dificuldade da vida. Outros, porém, experimentando a mesma realidade externa dos castigos e das privações, reagiam de forma absolutamente contrária. Mantinham-se íntegros em sua estrutura interna, entregavam-se como que em sacrifício, esperavam e precisavam viver, resistiam e mantinham a vida. Observando isto, Frankl percebe que a diferença entre o primeiro tipo de indivíduo, aquele que não suporta a dureza de seu ambiente, e o segundo tipo, que se mantém interiormente forte, que supera a dureza do ambiente, está no fato de que os primeiros já não têm razão para viver, nada os toca, desistiram. Ou segundos, por sua vez, trazem consigo uma vontade de viver que os mantêm acima do sofrimento, trazem consigo um sentido para sua vida. Ao atribuir um sentido para sua vida, o indivíduo supera-se a si mesmo, transcende sua própria existência, conquista sua autonomia, torna-se livre. Ao sair do campo de concentração, com o fim do regime nacionalsocialista, Frankl, imediatamente e sob a forma de reconstrução narrativa de sua experiência, publica um livreto com o título Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração, descrevendo sua vida e a de seus companheiros, identificando uma constante que permitiu que não apenas ele, mas muitos outros, suportassem o terror dos campos de concentração sem sucumbir ou desistir, todos eles tinham um sentido para a vida. Neste mesmo momento, Frankl apresenta os fundamentos daquilo que viria a se tornar a terceira escola de Viena, a Análise Existencial, a psicologia clínica de maior êxito até hoje aplicada. Nenhum método ou teoria foi capaz de conseguir o número de resultados positivos atingidos pela psicologia de Frankl, pela análise que apresenta ao indivíduo a estrutura própria de sua ação e que consegue com isto explicitar a necessidade constitutiva do sentido (da finalidade) para toda e qualquer ação humana. Sentido de vida é aquilo que somente o indivíduo pode fazer e ninguém mais. Aquilo que se não for feito pelo indivíduo não será feito sob hipótese alguma. Aquilo que somente a consciência de cada indivíduo conhece. Aquilo que a realidade de cada um apresenta e exige uma tomada de decisão.
6 Página 6 / 34 Não existe nenhuma educação se não for para ensinar a superar-se a si mesmo, a transcender-se, a descobrir o sentido da vida. Tudo o mais é morno, é sem luz, é, literalmente, desumano. Educar é, pois, descobrir o sentido, vivê-lo, aceitá-lo, executá-lo. Educar não é treinar habilidades, não é condicionar comportamentos, não é alcançar técnicas, não é impor uma profissão. Educar é ensinar a viver, a não desistir, a descobrir o sentido e, descobrindo-o, realizá-lo. Numa palavra, educar é ensinar a ser livre. O Direito é um dos caminhos que o ser humano desenvolve para garantir esta liberdade. Que os Cadernos Dom Alberto sejam veículos de expressão desta prática diária do corpo docente, que fazem da vida um exemplo e do exemplo sua maior lição. Felicitações são devidas a Faculdade Dom Alberto, pelo apoio na publicação e pela adoção desta metodologia séria e de qualidade. Cumprimentos festivos aos professores, autores deste belo trabalho. Homenagens aos leitores, estudantes desta arte da Justiça, o Direito.. Luiz Vergilio Dalla-Rosa Coordenador Titular do Curso de Direito
7 Página 7 / 34 Sumário Apresentação... 3 Prefácio... 4 Plano de Ensino... 8 Aula 1 Estado, Poder, Política, Democracia Aula 2 Soberania: Teorias... Aula 3 Nascimento e Extinção dos Estados: Classificação Aula 4 Formas de Governo, Sistemas de Governo e Regime Político Aula 5 Texto I: Presidencialismo e Parlamentarismo
8 Página 8 / 34 Centro de Ensino Superior Dom Alberto Plano de Ensino Identificação Curso: Direito Disciplina: Ciências Políticas Aplicada ao Direito Carga Horária (horas): 30 Créditos: 2 Semestre: 1º Ementa Ciência Política: natureza e formação. Evolução das formas de organização social. Evolução histórica do pensamento político: Grécia, Roma, Idade Média e Modernidade. Pensamento Político Contemporâneo. Desenvolvimento do Estado. Regimes Políticos: tipos e características. Sistema econômico e formas de governo. O liberalismo; a social-democracia; o socialismo. O advento do neoliberalismo. Socialismo moderno. A democracia. Sociedade política, sociedade civil e sociedade econômica. Objetivos Geral: Debate sobre as principais correntes de pensamento político ocidental- da Grécia até a Idade Contemporânea e sua influência sobre a formação das instituições políticas contemporâneas Análise da Teoria Geral do Estado à luz do pensamento político clássico da Idade Moderna e do Iluminismo: as instituições que formam o Estado e a noção de Democracia. Contextualização histórica do surgimento da noção de Estado e relação do sistema econômico com a evolução de suas instituições políticas modernas. Específicos: Análise objetiva dos principais elementos da Teoria do Estado: Estado, Nação, Soberania, Formas de Governo e Sistemas Políticos e Democracia Contemporânea. Influência sobre o Direito Constitucional Brasileiro. Inter-relação da Disciplina Horizontal: História aplicada ao Direito, Economia aplicada ao Direito, Introdução à Ciência do Direito. Vertical: Sociologia aplicada ao Direito, Filosofia aplicada ao Direito, Teoria da Constituição, Direito Constitucional e Direito Internacional Público. Competências Gerais Leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos ou normativos, com a devida utilização das normas técnico-jurídicas constitucionais atinentes à organização política do Estado e de seus elementos teórico-conceituais. Competências Específicas Capacidade de análise objetiva, compreensão da importância da democracia para o aperfeiçoamento das instituições políticas formadoras do ente estatal. Habilidades Gerais Utilizar raciocínio jurídico, argumentação, persuasão e reflexão crítica acerca da relação entre Estado e formas e sistemas de governo. Habilidades Específicas Analisar e discutir as formas de governo que possam aperfeiçoar o regime político democrático a partir da contextualização histórico-social dos elementos que integram o ater estatal. Conteúdo Programático Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.
9 Página 9 / 34 Programa: 1. Natureza e formação da política: abordagem jurídica (Teoria do Estado), filosófica (Filosófica Política) e histórico-sociológica (Ciência Política). 2. Evolução das formas de organização social na Grécia, Roma e Idade Média. Pensamento político clássico em Platão, Aristóteles, Cícero, São Tomás de Aquino e Marsílio de Pádua. 3. Idade Moderna e surgimento da política moderna no contexto da formação do Estado-nação (Maquiavel e Hobbes) e relações com o Absolutismo e Mercantilismo. Séc.XVI e XVII: Estado e Soberania. 4. Consolidação do Estado Liberal burguês e relações com o nascente sistema econômico de mercado. O pensamento do Liberalismo Político e da filosofia do Iluminismo como legitimadores da noção de Estado de Direito. O impacto da Revolução Francesa e das idéias de Locke, Rousseau e Montesquieu para as concepções de Constitucionalismo, Direitos Individuais e Democracia. Séc.XVIII: Nação, Povo, Cidadania. Tripartição dos poderes constitucionais que formam o Estado democrático. 5. Consolidação do Estado Liberal no séc.xix e relações com a Revolução Industrial. O nacionalismo e a crítica do socialismo científico. Marx. Crise do Estado liberal no séc.xx e a crítica dos totalitarismos de direita e esquerda. O contexto histórico do triunfo da social-democracia. Contexto histórico do advento do neoliberalismo. Neste item são estudados: Regimes Políticos (Democracia), Formas de Governos (Monarquia e República), Sistema Presidencialista e Parlamentarista. Aspectos gerais da organização do Estado brasileiro hoje. Estratégias de Ensino e Aprendizagem (metodologias de sala de aula) Aulas expositivas dialógico-dialéticas. Trabalhos individuais e em grupo e preparação de seminários. Leituras e fichamentos dirigidos. Elaboração de dissertações, resenhas e notas de síntese. Utilização de recurso Áudio-Visual. Avaliação do Processo de Ensino e Aprendizagem A avaliação do processo de ensino e aprendizagem deve ser realizada de forma contínua, cumulativa e sistemática com o objetivo de diagnosticar a situação da aprendizagem de cada aluno, em relação à programação curricular. Funções básicas: informar sobre o domínio da aprendizagem, indicar os efeitos da metodologia utilizada, revelar conseqüências da atuação docente, informar sobre a adequabilidade de currículos e programas, realizar feedback dos objetivos e planejamentos elaborados, etc. Para cada avaliação o professor determinará a(s) formas de avaliação podendo ser de duas formas: 1ª Avaliação trabalho em sala de aula com peso 10,0 (dez); 2ª Avaliação: - Peso 8,0 (oito): Prova; - Peso 2,0 (dois): referente ao Sistema de Provas Eletrônicas SPE (média ponderada das três provas do SPE) Avaliação Somativa A aferição do rendimento escolar de cada disciplina é feita através de notas inteiras de zero a dez, permitindo-se a fração de 5 décimos. O aproveitamento escolar é avaliado pelo acompanhamento contínuo do aluno e dos resultados por ele obtidos nas provas, trabalhos, exercícios escolares e outros, e caso necessário, nas provas substitutivas. Dentre os trabalhos escolares de aplicação, há pelo menos uma avaliação escrita em cada disciplina no bimestre. O professor pode submeter os alunos a diversas formas de avaliações, tais como: projetos, seminários, pesquisas bibliográficas e de campo, relatórios, cujos resultados podem culminar com atribuição de uma nota representativa de cada avaliação bimestral. Em qualquer disciplina, os alunos que obtiverem média semestral de aprovação igual ou superior a sete (7,0) e freqüência igual ou superior a setenta e cinco por cento (75%) são considerados aprovados. Após cada semestre, e nos termos do calendário escolar, o aluno poderá requerer junto à Secretaria-Geral, no prazo fixado e a título de recuperação, a realização de uma prova substitutiva, por disciplina, a fim de substituir uma das médias mensais anteriores, ou a que não tenha sido avaliado, e no qual obtiverem como média final de aprovação igual ou superior a cinco (5,0). Sistema de Acompanhamento para a Recuperação da Aprendizagem Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.
10 Página 10 / 34 Serão utilizados como Sistema de Acompanhamento e Nivelamento da turma os Plantões Tira-Dúvidas que são realizados sempre antes de iniciar a disciplina, das 18h00min às 18h50min, na sala de aula. Professor. Laboratórios, visitas técnicas, etc. Recursos Multimídia. Recursos Necessários Humanos Físicos Materiais Bibliografia Básica ROUSSEAU, Jean-Jacques. Contrato Social. São Paulo: Martin Claret, BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. São Paulo: Malheiros, BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. São Paulo: Celso Bastos, MAQUIAVEL. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, Complementar ARISTÓTELES, Política. São Paulo: Martin Claret, BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, WOLKMER, Antônio Carlos. Ideologia, Estado e Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, WEFFORT, Francisco. Os clássicos da Política, Vol I e II. São Paulo: Ática, BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo. Brasília: UNB, Periódicos Jornais: Zero Hora, Folha de São Paulo, Gazeta do Sul, entre outros. Jornais eletrônicos: Clarín (Argentina); El País (Espanha); El País (Uruguai); Le Monde (França); Le Monde Diplomatique (França). Revistas: Achegas - Revista de Ciência Política Sites para Consulta Outras Informações Endereço eletrônico de acesso à página do PHL para consulta ao acervo da biblioteca: Cronograma de Atividades Aula Consolidação Avaliação Conteúdo Procedimentos Recursos 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª Primeira: Trabalho 6ª 7ª 1 Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.
11 Página 11 / 34 8ª Segunda 9ª Substitutiva Legenda Procedimentos Recursos Procedimentos Recursos Procedimentos Recursos Código Descrição Código Descrição Código Descrição AE Aula expositiva AE Aula expositiva AE Aula expositiva TG Trabalho em TG Trabalho em grupo TG Trabalho em grupo grupo TI Trabalho TI Trabalho individual TI Trabalho individual individual SE Seminário SE Seminário SE Seminário Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.
12 Página 12 / 34 1ª AULA 22/02 ESTADO PODER POLÍTICA - DEMOCRACIA Ciência Política (também conhecida por Teoria do Estado): é a ciência social que investiga e expõe os princípios da sociedade política denominada Estado, sua origem, elementos, estrutura, forma e finalidade, bem como suas relações com a democracia e com a distribuição de poder entre os grupos que almejam o controle do ente estatal.. Assim, temos o seguinte esquema que será visto nos próximos encontros: ESTADO = a) origem: evolução da sociedade estatal no curso da história. b) elementos: o que caracteriza um Estado moderno. c) estrutura: se é unitário ou federal. d) forma: diz respeito à 2 aspectos: d.1) regime: republicano ou monárquico; d.2) sistema: presidencial ou parlamentar. e) finalidade: o bem-comum, a estabilidade política e a igualdade entre cidadãos. Neste caso, para tanto, é necessário a existência de um sistema jurídicoconstitucional, por meio de uma Lei essencial que garanta um Estado Democrático de Direito, que tenha por fim realizar a democracia por meio de instituições políticas estáveis que subordinem o poder político ao Direito, o que só ocorre se tivermos participação política do cidadão, estabilidade econômica, distribuição de renda, educação e segurança. No aspecto do controle do poder político e sua relação com a democracia, temos ainda: a necessidade de Três Poderes Constitucionais: Executivo, Legislativo e Judiciário e a legitimidade e a legalidade do processo de escolha dos governantes - eleição. Hoje, contudo, passemos primeiro ao estudo do conceito de Estado, seus elementos e estrutura e o que o diferencia das noções de país, pátria e nação. Na 3ª aula (20/03), veremos as origens históricas do Estado e da Democracia, sob o contexto geral da evolução de sistemas político-econômicos. Vamos partir de algumas questões para melhor entender o que é Estado, governo, poder e política. 1- Diferencie forma de Estado de forma de Governo. R: Forma de Estado é tudo aquilo que afeta a estrutura da organização política 1. Ou seja, trata de como o Estado se organiza, como se define a relação de poder 2 entre o povo (conjunto de cidadãos) e os órgãos detentores do poder do Estado. 1 POLÍTICA: distribuição de poder entre os grupos sociais ou classes que disputam a supremacia sobre o Estado, o qual é um produto histórico das classes ou elites vencedoras em guerras ou processos eleitorais, impondo sua vontade aos demais grupos. É também a atividade humana, social, relacionada com a gestão, administração e resolução de problemas gerais da sociedade e que deve ser orientada e implementada pelo Estado. A chamada política partidária, dos partidos políticos, é apenas uma face da Política. Num sentido democrático, a POLÍTICA deve atender ao BEM COMUM dos cidadãos, pois o Estado existe para servir à sociedade. 2 PODER : Capacidade de impor a vontade de um grupo social e político-partidário de forma unilateral aos demais grupos políticos ou sociais. Daí falar-se comumente em poder político. A SOBERANIA é a forma máxima de poder político!
13 Página 13 / 34 Assim, por exemplo, a forma do Estado se relaciona com as idéias de CENTRALIZAÇÃO ou DESCENTRALIZAÇÃO do poder político. Ex: O Brasil e os Estados Unidos são Estados FEDERAIS (compostos por estados-membros e por municípios, que detém a autonomia política interna, além da União, que é o que se chama de governo federal.) A França, por sua vez, é um Estado UNITÁRIO, ou seja, não possui repartição de competência política e constitucional interna, em seu território. ESTADO é a comunidade humana (povo-conjunto de cidadãos) que dentro de um determinado território, reivindica para si o monopólio da violência(física ou psíquica) legítima e legal (submetido, portanto, ao Direito e à Constituição).Através de funções administrativas e políticas necessárias à manutenção da ordem jurídica e da estabilidade política, econômica e social ( governo), cumpre o Estado, em nome do povo, buscar sua maior finalidade, que é o bem comum, ou seja, segurança, progresso, desenvolvimento, justiça e igualdade do cidadão. Assim, seus elementos são : povo, território, governo e soberania. GOVERNO é a instância máxima da administração pública, ou seja, do Poder Executivo do Estado. Não se confunde com Estado, uma vez que é tão somente um dos elementos deste! O GOVERNO é a forma de institucionalização do poder através do processo democrático (VOTO=SUFRÁGIO UNIVERSAL=ELEIÇÃO) que irá escolher os representantes do povo que irão administrar o Estado ATRAVÉS do GOVERNO! POVO é o conjunto de indivíduos (=CIDADÃOS) que possuem um vínculo jurídico com o Estado, o que se dá através do nascimento ou naturalização. Define a NACIONALIDADE BRASILEIRA, tornando cada cidadão SUJEITO DE DIREITOS E DEVERES perante a ordem jurídica estatal ou pública (o Estado). Assim, o conjunto de cidadãos brasileiros é o que chamamos de POVO brasileiro. SOBERANIA é o PODER POLÍTICO LEGÍTIMO E LEGAL MÁXIMO que um Estado pode exercer dentro dos limites do território nacional. Forma de Governo é diferente do escrito acima! Refere-se à análise dos ÓRGÃOS de governo, isto é, como funcionam e se relacionam os órgãos de um governo. Nesse sentido, quando se fala em forma MONÁRQUICA ou forma REPUBLICANA de governo, já vem a idéia: estamos falando que um Estado pode ser republicano ou monárquico. Assim, FORMAS DE GOVERNO no mundo de hoje desde as Revolução Francesa, em 1789 e da Independência dos EUA, nos anos de 1776 são duas: REPÚBLICA ou MONARQUIA!!! Atividade complementar: valor: 0,50 ponto. Discutir, em grupos, a relação entre a disciplina e os problemas ligados à política de sua comunidade, tais como:
14 1. Qual a relação que se pode estabelecer entre o estudo do Estado e a importância da Democracia? 2. Qual, na sua opinião, a relevância entre o estudo teórico da Teoria do Estado (Ciência Política) e a participação da comunidade nos problemas quotidianos do seu município? 3. Estabeleça uma relação se é que ela existe entre Estado, governo e ente municipal (prefeitura e câmara de vereadores), a partir dos conceitos dados acima no texto. 4. Para você, é importante a participação popular nas decisões políticas de sua cidade? Neste sentido, como fiscalizar de forma efetiva a ação de nossa classe política dentro dos limites da legalidade? Página 14 / 34
15 Página 15 / 34 ALGUMAS CLASSIFICAÇÕES IMPORTANTES A RESPEITO DO ESTADO NA UTILIZADOS NOS MANUAIS DE TEORIA GERAL DO ESTADO e DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO I-SOBERANIA TEORIAS II-NASCIMENTO E EXTINÇÃO DOS ESTADOS-CLASSIFICAÇÃO I-SOBERANIA- um dos 4 elementos de um Estado 1. CONCEITO: é uma autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum outro poder, ou ainda, a capacidade de impor a vontade própria, em última instância, para a realização do direito justo. Na era dos Estados constitucionais democráticos, a soberania reside na vontade do povo, sua fonte e razão última. Caracteriza-se, como vimos, por ser indivisível, inalienável e imprescritível. 2. TEORIAS: SOBERANIA ABSOLUTA DO REI SÉCULO XVI JEAN BODIN A soberania é do rei, que governa um Estado monárquico absolutista europeu enquanto representante da vontade de Deus (divina) na terra. Por isso, a soberania do rei é originária, ilimitada, absoluta, perpétua e irresponsável. Originou-se ainda durante as monarquias medievais, para se consolidar durante a Idade Moderna. Outros importantes teóricos: Maquiavel (soberania absoluta laica), Hobbes,, Fénelon, Bossuet. SOBERANIA POPULAR Teve como precursores Marsílio de Pádua, Francisco de Vitória e De Soto. Para alguns deles, a soberania provinha de Deus, mas deveria ser exercida de acordo com a vontade popular, pois este seria o desejo da divindade, a quem repugnava o absolutismo dos monarcas. Ai se encontra a legitimidade popular como fonte da lei e do poder público, que teve em São Paulo e S.Tomás de Aquino seus pioneiros, que muito irá influenciar as teses liberais e democratas 300 anos depois. SOBERANIA NACIONAL Surge entre os pensadores do liberalismo político, a partir de final do século XVII, e irá inspirar os movimentos políticos da Revolução Francesa e Americana. Seus mentores são John Locke, Montesquieu, Rousseau, para quem a nação é a fonte legítima do poder soberano. O problema desta teoria é que não baseava o poder de soberania no povo, mas na nação, dando ensejo à valorização do conteúdo étnico e até xenófobo em termos de política internacional, com o recrudescimento do nacionalismo.
16 Página 16 / 34 SOBERANIA DO ESTADO Tendo como principal expoente, Karl Von Jellinek, parte do princípio de que a soberania é a capacidade de autodeterminação do Estado por direito próprio e exclusivo. Para ele, a soberania é uma qualidade do poder do Estado, ou seja, é um poder estatal qualificado pela legitimidade do ordenamento jurídico estatal. Nesse sentido, é um poder jurídico, eis que o Direito é posterior ao Estado e é um instrumento feito para legitimar o poder político de um Estado. SOBERANIA REALISTA OU INSITUCIONALISTA É a teoria que vigora em nossos dias. Se é certo que a soberania tem origem na nação ou no povo (que seriam a fonte deste poder), juridicamente cabe ser exercida pelo Estado, desde que este exercício se faça de forma legítima, isto é, com base na vontade popular e respeitando os limites impostos pelo ordenamento jurídico estatal interno (direito constitucional, regime democrático, direitos e garantias constitucionais individuais e coletivos e tripartição de poderes constitucionias) e externo (direito internacional coexistência pacífica entre os Estados; respeito à soberania dos demais Estados; autodeterminação dos povos e direitos humanos universais). II-NASCIMENTO E EXTINÇÃO DOS ESTADOS-CLASSIFICAÇÃO: 1. ORIGINÁRIO 2. SECUNDÁRIO: 2.a) União: Confederação, Federação, União Pessoal e União Real 2.b) Divisão: Divisão Nacional e Sucessoral 3. Derivados: 3.a) Colonização 3.b) Concessão dos Direitos de Soberania 3.c) Atos de Governo 1. Originário: Temos como ex. a Roma antiga e a Atenas grega da antiguidade clássica. É o próprio núcleo original de um povo em geral a nação que cria a comunidade política organizada, sem dependência de qualquer fator externo (internacional). Um agrupamento humano mais ou menos homogêneo, estabelece uma organização social permanente através de um governo em um determinado território geográfico. O Estado americano da Califórnia é o exemplo contemporâneo, sem a lenta preparação histórica de formação de vínculos culturais dos povos antigos. Em 1849, antes de ser incorporado aos Estados Unidos, a Califórnia é fundada por uma assembléia constituinte, com governo próprio, estabelecido por uma população heterogênea. 2. Secundário: é quando uma nova unidade política (sinônimo para Estado) pode nascer da união ou da divisão de Estados. 2.a) União: 2.a.1) Confederação: é uma união convencional de países independentes, objetivando determinados fins comuns, como defesa e relações exteriores, mas mantendo grande grau de autonomia interna (quase-soberania) muito maior que as unidades federativas dos estados brasileiros e identidade cultural distinta. Exs. Na
17 Página 17 / 34 antiguidade, as ligas gregas e atualmente, a Confederação Suíça ou Helvética. Os Estados Unidos formaram uma confederação das treze ex-colônias antes de se tornarem um Estado federal. 2.a.2)Federação: união nacional mais forte, perpétua e indissolúvel, de províncias que, da mesma forma que ocorre na confederação, constituem uma só pessoa de direito público internacional, mas com bem menor grau de autonomia de suas províncias ou estados. Ex. EUA, Brasil, Argentina. 2.a.3) União Pessoal: é o governo de dois ou mais países por um só monarca. È uma união de natureza precária e transitória, por que decorre apenas de direitos sucessórios monárquicos. Não mais subsiste. Ex. Alemanha e Espanha sob o imperador Carlos V. 2.a.4) União Real: é a união efetiva, com caráter permanente, de dois ou mais países, para formar uma só pessoa de direito público internacional. Ex. Grã- Bretanha: Reino Unido da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. 2.b) Divisão: 2.b.1) Divisão Nacional: ocorre quando uma determinada região ou província de um Estado obtém a independência política, criando um novo Estado. Foi o que ocorreu com o surgimento da Áustria e da Hungria, com a dissolução do Império Austro- Húngaro, ao final da Primeira Guerra Mundial ( ) e com o desmembramento da antiga União Soviética (1991), dando origem a inúmeros Estados soberanos, tais como a Rússia, a Ucrânia, etc. e com a extinta Iugoslávia, ao longo dos últimos 16 anos, dando origem aos seguintes Estados soberanos: Sérvia, Montenegro, Croácia, Bósnia e, recentemente, este ano (2008, em fevereiro), o Kosovo. 2.b.2) Divisão Sucessoral: é uma forma típica das antigas monarquias medievais (Idade Média). O Estado, considerado como propriedade pessoal de um monarca, era dividido entre seus filhos, desdobrando-se em reinos autônomos. Por exemplo, o antigo Império Carolíngio, fundado por Carlos Magno, deu origem aos reinos da França e da Alemanha. O Direito Internacional Público não mais admite esta teoria! 3) Modos Derivados: 3.a) Colonização: utilizada desde a antiguidade, é quando uma colônia de um Estado se torna independente deste, tornando-se um Estado soberano. Ex. Brasil em relação a Portugal; EUA em relação à Inglaterra; Argentina e México, em relação à Espanha; países da África em relação à Inglaterra ou França, etc. 3.b) Concessão de Direitos de Soberania: o melhor exemplo foi a concessão de soberania feita pelo governo britânico em relação aos novos Estados soberanos do Canadá, Nova Zelândia, Austrália e África do Sul. 3.c) Atos de Governo: é a forma pela qual o nascimento de um novo Estado decorre da simples vontade de um eventual conquistador ou governante absoluto. Foi o caso de Napoleão, que criou diversos Estados durante o seu Império.
18 Página 18 / 34 EXTINÇÃO DOS ESTADOS Pode se dar por: Causas Gerais: quando um de seus elementos constitutivos povo, território, governo e soberania desaparecerem. Neste caso, o Estado cessa, deixando de existir no mundo da comunidade internacional de Estados. Normalmente, se dá por divisão ou união entre Estados, acima examinados. Causas Específicas: 1.Conquista: em virtude de guerra/conflito internacional, um Estado é invadido por outro, como ocorreu nas duas últimas guerras mundiais com a Polônia e a Tchecoslováquia. Hoje, o direito internacional e a ONU considera ilegítima e um ilícito internacional este tipo de causa. 2.Emigração: O exemplo histórico que se tem é ao tempo em que o pro-cônsul romano para as Gálias, Júlio César emprendeu a conquista da futura França.Em virtude das guerras entre os gauleses e germanos, a invasão destes últimos em direção ao território dos helvécios provocou a emigração dos antigos helvécios, que fugiram da Suíça para a Gália. 3.Expulsão: quando as forças conquistadores, ocupando plenamente o território do Estado invadido, obriga a população vencida a se deslocar para outra região. É também um meio considerado ilícito internacional pelo direito internacional. 4.Renúncia dos direitos de soberania : é quando um Estado por livre e espontânea vontade de seus cidadãos ou soberano, decide renunciar a sua independência política para fazer parte de outro Estado. Foi o que ocorreu com os estados independentes da Califórnia e do Texas, que se uniram aos Estados Unidos, durante a primeira metade do século XIX.
19 Página 19 / 34 AULA 4 FORMAS de GOVERNO, SISTEMAS de GOVERNO e REGIME POLÍTICO. 1. Diferencie forma de Estado de forma de Governo. R: Forma de Estado é tudo aquilo que afeta a estrutura da organização política 1. Ou seja, trata de como o Estado se organiza, como se define a relação de poder 2 entre o povo (conjunto de cidadãos) e os órgãos detentores do poder do Estado. Assim, por exemplo, a forma do Estado se relaciona com as idéias de CENTRALIZAÇÃO ou DESCENTRALIZAÇÃO do poder político. Ex: O Brasil e os Estados Unidos são Estados FEDERAIS (compostos por estados-membros e por municípios, que detém a autonomia política interna, além da União, que é o que se chama de governo federal.) A França, por sua vez, é um Estado UNITÁRIO, ou seja, não possui repartição de competência política e constitucional interna, em seu território. Forma de Governo é diferente do escrito acima! Refere-se à análise dos ÓRGÃOS de governo, isto é, como funcionam e se relacionam os órgãos de um governo. Nesse sentido, quando se fala em forma MONÁRQUICA ou forma REPUBLICANA de governo, já vem a idéia: estamos falando que um Estado pode ser republicano ou monárquico. Assim, FORMAS DE GOVERNO no mundo de hoje desde as Revolução Francesa, em 1789 e da Independência dos EUA, nos anos de 1776 são duas: REPÚBLICA ou MONARQUIA!!! Na época da Grécia antiga, quando a cidade de ATENAS era uma DEMOCRACIA (a primeira do mundo! Isso entre os anos de 490 até 330 antes de Cristo!) o filósofo grego ARISTÓTELES propôs uma classificação das formas de governo em puras e impuras: Puras = monarquia ou realeza: um indivíduo governa Aristocracia: grupo reduzido de indivíduos elite, nobres - governa a cidade-estado Democracia: governo de todo o povo da cidade-estado Impuras=tirania ou despotismo: abuso de poder (ilegítimo, contra o Direito, costumes, moral) pelo monarca. Oligarquia: abuso de poder pela aristocracia. Demagogia: abuso de poder do povo inapto para exercer o poder. 2. Como se classificam as formas de governo? Em duas: monarquia e república. 3. Formas de governo, sistemas de governo e regime político em geral são expressões que são INAPROPRIADAMENTE tomadas como sinônimos. Explique de forma simples, suas diferenças. Resposta: Formas de governo, como já conceituado na questão n.1, diz respeito à idéia de forma REPUBLICANA de governo ou forma MONÁRQUICA de governo Sistema (ou Regime) de governo é outra coisa e NÃO SE CONFUNDE com formas de governo. Sistema de governo diz respeito aos sistemas PARLAMENTARISTA ou PRESIDENCIALISTA, pois trata da forma como se relacionam os Poderes Constitucionais entre si (Executivo, Legislativo e Judiciário). Regime político trata da EXISTÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO POLÍTICA POPULAR (DO POVO) ou NÃO! No primeiro caso, temos a DEMOCRACIA; no segundo caso, temos a DITADURA. 1 POLÍTICA: distribuição de poder entre os grupos sociais ou classes que disputam a supremacia sobre o Estado, o qual é um produto histórico das classes ou elites vencedoras em guerras ou processos eleitorais, impondo sua vontade aos demais grupos. É também a atividade humana, social, relacionada com a gestão, administração e resolução de problemas gerais da sociedade e que deve ser orientada e implementada pelo Estado. A chamada política partidária, dos partidos políticos, é apenas uma face da Política. Num sentido democrático, a POLÍTICA deve atender ao BEM COMUM dos cidadãos, pois o Estado existe para servir à sociedade. 2 PODER : Capacidade de impor a vontade de um grupo social e político-partidário de forma unilateral aos demais grupos políticos ou sociais. Daí falar-se comumente em poder político. A SOBERANIA é a forma máxima de poder político!
20 Página 20 / O que é Monarquia? É a forma de governo no qual o poder político está concentrado em UM ÚNICO INDIVÍDUO, o monarca ou rei. Exerce sozinho, mas auxiliado por seus ministros, em conselhos reais, as funções políticas, administrativas, econômicas, militares, de legislação e de aplicação da justiça. Não existe divisão de poderes constitucionais! A monarquia absoluta vigorou na Europa dentre os anos 1500 até 1850! 5. Caracterize o sistema monárquico de governo. São suas características principais: a vitaliciedade (o rei reina, governa para toda a vida, enquanto estiver vivo); hereditariedade ( o trono passa de pai para filho, por laços de sangue; daí as dinastias reais) e irresponsabilidade do chefe de governo ( o monarca não deve explicações de seus atos políticos, jurídicos e administrativos para o povo, que são meros súditos). 6. Fale sobre os argumentos favoráveis e também os contrários do sistema monárquico de governo. Obs. Esta questão diz respeito mais ao tipo democrático de monarquia, que se consolidou durante a segunda metade do século XIX, tendo na Inglaterra da Rainha Elisabeth, seu maior exemplo. Portanto, trata-se mais aqui da monarquia PARLAMENTAR! Argumentos favoráveis: 1- sendo vitalício e hereditário, o monarca está acima das disputas políticas, podendo intervir com grande autoridade nos momentos de crise política, o que dá segurança ao povo (súditos) e estabilidade política ao Estado monárquico; 2- o monarca é um fator de unidade do Estado, pois todas as correntes políticas vêem no rei um elemento superior, comum e por todos aceito pelo prestígio e responsabilidade. A exemplo da Rainha Elisabeth Windsor, que foi preparada em Direito, História e Ciência Política, afirma-se que os reis recebem uma educação especial, voltada para o preparo da arte de governar. Argumentos desfavoráveis: 1-No caso do monarca não governar de fato (como ocorre na monarquia inglesa, que é parlamentar) sua existência é inútil e custa caro aos cofres públicos, prejudicando o povo na medida que recursos financeiros poderiam ser aplicados em políticas sociais. 2- a unidade do Estado e a estabilidade política das instituições Gabinete de governo, Parlamento, Ministérios, Corte de Justiça não podem depender do fator pessoal, dos caprichos de um indivíduo, mas na ordem jurídica objetiva, eficaz. 3- a educação especial não é garantia de qualidades de liderança e eficiência do governante real. 4- a monarquia é essencialmente anti-democrática, por que não assegura ao povo o seu direito democrático de escolher seu governante. 7. Conceitue a República e seu surgimento na História. A forma de governo conhecida por República surgiu com a independência das 13 colônias inglesas, criando a república norte-americana, os Estados Unidos, em finais do século dezoito. Com a Revolução Francesa, que se deu na mesma época, a forma republicana de governo se espalharia pela Europa e América espanhola no curso do século dezenove, tendo se tornado, após a Primeira Guerra ( ) a forma preponderante de governo no mundo todo. A república refere-se à idéia de participação do povo no governo. Portanto, relaciona-se com o significado de DEMOCRACIA (Ex. República democrática!). Na antiguidade clássica, Roma, uma cidade-estado que construiu um império, foi uma República, mas aristocrática, jamais tendo sido uma democracia! Será entre norte-americanos e franceses que o ideal republicano irá se consolidar como forma de governo da burguesia que depôs o rei e a nobreza, e instaura um Estado nação que irá representar melhor os interesses de uma classe política, econômica uma elite, portanto, - que detém os meios de produção do nascente sistema capitalista industrial (vide Revolução Industrial). Pensadores e filósofos como Montesquieu e principalmente Rousseau foram, anos antes da Revolução Francesa, quem melhor trataram da república e da democracia como valores e formas válidas de governar uma sociedade. RESPOSTA IDEAL DA QUESTÃO: Em síntese pode-se dizer que REPÚBLICA é a forma de governo que se opõe à idéia de monarquia. E que, via de regra, se refere ao governo da participação popular (daí sua associação com a idéia de DEMOCRACIA.). Surgiu nos Estados Unidos por ocasião da Independência em relação à Inglaterra, nos anos finais do século XVIII (dezoito).
21 Página 21 / Caracterize os atributos da forma republicana de governo. São as seguintes: 1- TEMPORARIEDADE: o chefe de Governo (responsável pela administração pública federal ou estadual - do Poder Executivo) é também o chefe de Estado (representante do Estado democrático republicano, internamente, dentro do território nacional e, externamente, nas relações exteriores, ditas diplomáticas). Bem, Este chefe de governo (e de Estado) é o Presidente da República, que, ESCOLHIDO pelo voto, em processo eleitoral, por um período DETERMINADO pela CONSTITUIÇÃO FEDERAL, governa o Estado do Brasil, por exemplo, mediante um MANDATO POLÍTICO. 2- ELETIVIDADE: o chefe de governo é eleito pelo povo. 3- RESPONSABILIDADE: o chefe de governo é politicamente responsável pelos seus atos adminstrativos, de governo, devendo sempre motiva-los, fundamenta-los; enfim, prestar contas de seus atos perante o eleitorado ou ao Congresso Nacional (Poder Legislativo). 9.O que você entende por sistema de governo? Como já visto na questão n.1, é : Sistema de governo diz respeito aos sistemas PARLAMENTARISTA ou PRESIDENCIALISTA, pois trata da forma como se relacionam os Poderes Constitucionais entre si (Executivo, Legislativo e Judiciário). 10. Fale sobre o sistema parlamentarista de governo. Em que país ele surgiu? Ele surgiu na Inglaterra, durante a segunda metade do século dezessete (XVII, anos de 1688, com a Revolução Gloriosa, que depôs o último monarca absoluto). O rei não deixaria de existir, mas passaria a ser apenas o chefe de Estado nas relações exteriores, nas recepções de Estado, sendo que o Parlamento inglês (o poder Legislativo daquele país) é que deteria efetivamente o poder político e econômico. A burguesia inglesa integra a maioria dos parlamentares, que escolhem, em eleição, quem irá formar o governo de Gabinete, do Primeiro-Ministro. É o caso da monarquia parlamentar. Após a Segunda Guerra ( ), o sistema parlamentar passou a ser o sistema da maioria dos países da Europa. A melhor conceituação seria a seguinte: Parlamentarismo é o sistema de governo no qual o Legislativo escolhe, dentre seus membros, em processo eleitoral, quem irá chefiar o governo do país (Primeiro- Ministro, denominado de chefe de Governo ). Esta figura do Primeiro Ministro existe tanto em monarquias como em repúblicas. IMPORTANTE! Ver questão 13! Relação entre Formas de Governo com Sistemas de Governo, regime político e ideológico? É simples: República federativa do Brasil = forma de governo: republicana; sistema de governo= presidencialista. Chefe de Governo= Presidente da República; Chefe de Estado=Presidente da República. Separação de poderes constitucionais em Executivo (Presidente), Legislativo (Congresso Nacional: Câmara de deputados federais e Senado) e Judiciário. Esta é a classificação pensada pelo francês Montesquieu e também vale para os Estados Unidos, cuja organização política e constitucional muito influenciou a organização política brasileira desde a proclamação da República brasileira em 1889 e da primeira Constituição Republicana de 1891! Regime político: DEMOCRACIA. Regime ideológico: socialdemocracia. República federal da Alemanha=forma de governo: republicana; sistema de governo= parlamentarista.chefe de Governo=Primeiro-Ministro; Chefe de Estado=Presidente da República. Regime político: DEMOCRACIA. Regime ideológico: social-democracia. Reino Unido (Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do Norte), popularmente conhecido por Grã-Bretanha ou Inglaterra (principal Estado)= forma de governo: monarquia; sistema de governo: parlamentarista; Chefe de Governo=Primeiro Ministro; Chefe de Estado= Rei ou Rainha (Elisabeth II, de Windsor). Regime político: DEMOCRACIA. Regime ideológico: democracia liberal. Alemanha e Itália ao tempo de Mussolini e Hitler, na Segunda Guerra: Forma de governo: Repúblicas
22 Página 22 / 34 Sistema de governo: Presidencialistas Regime político: Ditaduras Regime ideológico: Nazismo e fascismo. Extinta União Soviética( ): Forma de governo: República Sistema de governo:presidencialista Regime político: Democracia dita popular ou social, no plano formal-jurídico, mas na prática, uma ditadura do Partido Comunista, que controlava o Estado soviético. Regime ideológico: Socialista (União das Repúblicas SOCIALISTAS Soviéticas, da qual a mais importante era a Rússia). Também na doutrina de TGE se denomina de capitalismo de Estado e por vezes é confundido com a ideologia COMUNISTA, embora o socialismo seja uma etapa histórica para se chegar ao comunismo. Referencial teórico: Karl Marx. Estados Unidos da América: Forma de governo: República Sistema de governo: Presidencialista Regime político: Democracia Regime ideológico: Democracia liberal 11. Caracterize o Parlamentarismo. O parlamentarismo se caracteriza por: 1- distinção entre Chefe de Estado e Chefe de Governo. O chefe de Estado, seja ele o monarca (monarquia parlamentar) ou o Presidente da República (república parlamentarista) não participa das decisões políticas fundamentais. Ele só exerce a função de REPRESENTAÇÃO do Estado! No caso da monarquia parlamentar, não existe eleição do rei, pois o cargo é hereditário. No caso de república parlamentar, o Presidente é eleito pelo Parlamento (espécie de Congresso Nacional) e possui mandato longo. Ambos, rei ou Presidente, na condição de chefes de Estado, detém um vínculo moral com a nação, com o povo. Daí representar o Estado no plano diplomático, nas relações exteriores, mas no plano simbólico, uma vez que é o Primeiro Ministro- Chefe de Governo- quem tem o poder soberano de negociar acordos e tratados internacionais. É este último que é a figura política central, mais importante do parlamentarismo. Sua escolha se processa da seguinte forma: seu partido, vencendo as eleições para o Parlamento, por maioria, submete um nome de um parlamentar que será indicado pelo Chefe de Estado. Em seguida, seu nome será novamente submetido a escolha da maioria dos deputados parlamentares. Só então torna-se o Primeiro Ministro. Ele irá compor o governo, o Gabinete (Poder Executivo). 2- Chefia de governo e responsabilidade política. O Primeiro ministro, aprovado seu nome pelo Parlamento, não tem seu mandato fixado por tempo determinado. Ele pode perder o cargo no caso de demissão, o que se dá por um dos seguintes motivos: a) em nova eleição parlamentar, seu partido perde a maioria dos assentos; b) por voto de desconfiança, quando a forma de conduzir a política do Gabinete do Primeiro Ministro (por exemplo, mandar tropas para o Iraque, escândalos financeiros, política de impostos ou sociais, etc.) desagradar a maioria do povo, que é quem escolhe os deputados do Parlamento. Assim, se um deputado propor o voto, e a maioria dos parlamentares aprovarem o voto de desconfiança, o Primeiro Ministro deve demitir-se e realizam-se novas eleições. È importante salientar que as eleições são legislativas, ao contrário do Presidencialismo, que tem eleições presidenciais e legislativas! 12. Fale do sistema presidencialista de governo, de suas características e do surgimento na História. Esta questão está em parte já respondida pelas questões 7 e 8, uma vez que se considere a relação entre sistema presidencialista com forma de governo republicana! O que se pode acrescentar é que surgiu nos Estados Unidos, na época da Independência e que suas características, que devem ser compreendidas em conjunto com as características da resposta da questão n.8, são as seguintes: Presidente da República é o chefe de Estado e chefe de Governo. Exerce o papel de representante do Estado, detendo o vínculo moral com a nação, com o povo, ao mesmo tempo em que exerce a chefia do poder Executivo e representa diplomáticamente o Estado nas relações internacionais (representando,
23 Página 23 / 34 inclusive, todos os três poderes-executivo, Legislativo e Judiciário e os estados-membros, distrito federal e municípios), tendo o poder soberano de negociar tratados e acordos internacionais. O Presidente da república é escolhido pelo povo e por prazo determinado. No caso brasileiro, pelo voto( também chamado de sufrágio universal), em processo eleitoral, a maioria dos cidadãos escolhem o Chefe do Poder Executivo, conferindo-lhe um mandato por prazo determinado (em geral de 4 anos) para chefiar o Governo e representar o Estado. Assim, o mandato político conferido pelo povo é a concretização da idéia de soberania política do povo que, por meio da representação política do Presidente, tem no Estado brasileiro, seu representante máximo. Assim temos: DEMOCRACIA(Direito universal, político e humano)= GOVERNO DO POVO= REPRESENTADO PELO ESTADO =ADMINISTRADO PELO GOVERNO=REPESENTADO PELO PRESIDENTE=ESCOLHIDO PELO POVO=ESTADO É REPÚBLICA FEDERATIVA! O prazo determinado relaciona-se com a idéia de alternância no poder, o que é um valor da democracia, possibilitando que grupos ou partidos políticos, com idéias diferentes, possam ter acesso ao cargo supremo do país. Ressalte-se que este processo eleitoral se aplica também na escolha dos governantes de estados-membros (governadores), de municípios (prefeitos), bem como dos Legislativos federais (Congresso, composto da Câmara de Deputados- representantes do povo brasileiro e do Senadorepresentantes dos Estados-membros brasileiros), estaduais (Assembléias Legislativas) e municipais (Câmara de Vereadores). Isto é o que caracteriza um Estado FEDERAL! 13. O que são regimes ideológicos? Eles se confundem com as noções de regimes políticos e regimes de governo? Regimes ideológicos são regimes que dizem respeito às idéias políticas, filosóficas, à ideologia (conjunto de valores políticos, de como deve-se organizar uma sociedade, um Estado). São concepções políticas que em geral têm nos partidos políticos3 uma representatividade. As mais conhecidas são as seguintes: comunismo, socialismo, social-democracia, democracia liberal e totalitarismo ( nazismo e fascismo e stalinismo). Os regimes NÃO se confundem com REGIMES POLÍTICOS nem tampouco com REGIMES DE GOVERNO! Por quê? Por que regimes políticos estão mais ligados à idéia de participação popular na política (democracia) ou na ausência desta participação popular (ditaduras). Contudo existem relações entre regimes ideológicos e regimes políticos que, se não são tecnicamente a mesma coisa, se complementam, uma vez que um regime ideológico como a social democracia ou a democracia liberal está ligada à noção de democracia (um regime político). Por sua vez, o regime ideológico do fascismo, espécie de totalitarismo, relaciona-se com a idéia de uma ditadura, que é um regime político onde o povo não exerce direitos políticos! Por fim, também não se confunde com regimes de governo que, como dissemos nas questões acima, se refere aos sistemas presidencialista ou parlamentarista. Contudo, um sistema de governo presidencialista pode ser, na prática, uma ditadura (regime político) e com regime ideológico(nazismo). 14.Conceitue, com suas palavras, a noção de Democracia. Democracia é um regime político no qual existe o governo do povo, que exerce este poder político por meio de seus governantes. O povo é que tem o poder soberano de escolher seus representantes nos Poderes constitucionais do Executivo e do Legislativo, mediante o voto. 15. Relacione a democracia com os direitos fundamentais. 3. Partidos políticos: organização de pessoas que inspiradas por idéias e/ou movidas por interesses, buscam tomar o poder, normalmente por meios legais e nele se conservar para a realização de fins propugnados conforme a ideologia política.
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