APGVN Colabora em Estudo de Genética da Conservação de Mamíferos Carnívoros
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- Giulia Brandt Caetano
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1 APGVN Colabora em Estudo Genética da Conservação Mamíferos Carnívoros O Centro Biologia Ambiental (CBA) é uma unida investigação e senvolvimento da Universida Lisboa (UL) que integra diferentes linhas investigação, uma das quais signada por Biologia da Conservação. No âmbito sta linha, há uma equipa investigadores do Departamento Biologia Animal da Faculda Ciências (DBA/FCUL) que estuda os mamíferos carnívoros e que actua no sentido obter um conhecimento pormenorizado não só sobre a bio-ecologia stas espécies, mas também sobre a sua estrutura genética, com o intuito, em última instância, contribuir para a gestão e conservação efectiva ste grupo animal. Actualmente, esta equipa encontra-se a senvolver alguns projectos populacional que visam diferentes estudar espécies a genética mamíferos carnívoros, modo a efectuar análises filogeografia e Octávio Mateus Fig. 1 - Toirão atropelado. genética da paisagem, entre outras. Inserido neste contexto surgiu o pedido colaboração efectuado à APGVN (Associação Portuguesa Guardas e Vigilantes da Natureza) pela equipa investigação do CBA, a qual solicitou cooperação na recolha amostras biológicas, no pressuposto que tanto os guardas como os vigilantes da natureza, distribuídos por todo o país, possuem um conhecimento único sobre as diferentes espécies da nossa fauna e a sua real situação no terreno. A APGVN prontamente aceu a este pedido disponibilizando todos os seus recursos em apoio a esta Estrela Matil Fig. 2 Fuinha atropelada. iniciativa. A Conservação da Biodiversida Actualmente, assiste-se a um créscimo acentuado da diversida biológica no planeta, em gran parte como consequência directa ou indirecta acções antropogénicas, como a sobrexploração, a fragmentação e struição habitats, a introdução espécies exóticas, a poluição, entre outras, que afectam a mografia e a ecologia das espécies. O conceito biodiversida engloba três níveis: a variabilida interacções ntro um ecossistema e entre ecossistemas; a variabilida entre espécies ou outros grupos superiores; e a diversida genética uma espécie, ao nível das populações. Embora sconhecido, um elevado número espécies encontra-se actualmente extinto e muitas outras reduziram os 1
2 seus efectivos populacionais a um nível que as coloca em risco extinção a curto-médio prazo. A extinção é parte natural do processo evolutivo, no entanto a extinção a que assistimos hoje é certa forma diferente, por as espécies estarem a saparecer a uma taxa que ultrapassa largamente a da origem novas espécies. Para combater esta tendência é fundamental que a biodiversida continue a merecer a atenção não só dos investigadores, mas também do público em geral, e que a sua protecção seja uma das principais prioridas da humanida, particularmente dos gestores ambientais e cisores políticos. A biologia da conservação é uma ciência relativamente recente, tendo surgido no início da década oitenta como resposta a este cenário extinção espécies. É uma ciência que abrange diferentes disciplinas, como a ecologia, a taxonomia, a biologia populações, a genética da conservação, e a antropologia, entre outras, todas elas motivadas pela necessida reduzir as taxas actuais extinção e preservar a biodiversida. A genética da conservação aplica princípios e técnicas genética e biologia molecular na conservação das espécies e do seu potencial evolutivo, para que estas sejam capazes responr, sempre que necessário, às alterações ambientais. Esta disciplina engloba a gestão genética pequenas populações, a resolução incertezas taxonómicas e a finição unidas gestão, sendo imprescindível para a compreensão da própria biologia das espécies. A genética da conservação actua ao nível das espécies ameaçadas, vulneráveis ou em perigo extinção, mas não só, uma vez que é mais fácil e menos dispendioso impedir a diminuição das populações do que recuperá-las ou evitar a sua extinção. O principal foco sta disciplina são as populações pequenas e/ou fragmentadas, on a endogamia (acasalamentos entre indivíduos aparentados) e a perda variabilida genética reduzem a capacida da espécie se adaptar às variações do ambiente, a longo prazo, aumentando assim o risco extinção, a curto prazo. A maioria das espécies ameaçadas apresenta menor diversida genética, quando em comparação com espécies não ameaçadas, muitas vezes provocada por uma redução drástica no tamanho das suas populações. É por isso essencial o senvolvimento planos conservação e gestão para estas espécies, que garantam a manutenção e recuperação diversida genética, minorando o risco extinção fomentado por causas genéticas. Por outro lado, é também extrema importância o conhecimento e avaliação da situação actual espécies amplamente distribuídas e não ameaçadas, modo a evitar que haja um créscimo futuro das suas populações. Questões intificadas em espécies sem problemas aparentes conservação pom também contribuir forma eficaz para a conservação espécies com requisitos ecológicos mais restritos e/ou ameaçadas. Deste modo, o estudo genético das diferentes espécies é premente para a conservação global da biodiversida. Os Mamíferos Carnívoros em Portugal A orm Carnivora insere-se na classe dos mamíferos e é constituída por um grupo muito heterogéneo que abrange espécies tão diferentes como a doninha, que po pesar apenas 100 g, e o lobo, que po atingir cerca 40kg. 2
3 Os carnívoros apareceram há cerca 58 milhões anos e distinguem-se, essencialmente, pela presença um tipo particular ntes (4º pré-molar superior e 1º molar inferior), nominados carniceiros, que se encontram extremamente bem adaptados a rasgar a carne das suas presas. Apresentam também uma pelagem nsa e coloração muito variável que, um modo geral, permite uma fácil intificação das diferentes espécies. Esta sofre mudas sazonais, aparentemente sencaadas pelo fotoperíodo e aceleradas pela temperatura, sendo que a muda outonal envolve por vezes uma alteração cor. Por outro lado, o senvolvimento e especialização terminadas glândulas cutâneas (que segregam substâncias odoríferas) têm um papel muito importante no reconhecimento individual, bem como na marcação e fesa do seu território. Os carnívoros apresentam membros muito bem adaptados à marcha, slocando-se apoiados nos dos (digitígrados) ou na totalida da pata (plantígrados). Possuem 4 a 5 dos, sendo que o primeiro nunca se encontra oponível aos restantes e terminam em garras que pom, ou não, ser retrácteis. No que respeita à alimentação, apesar se alimentarem preferencialmente outros vertebrados, especialmente pequenos mamíferos, raras são as espécies penntes apenas um tipo alimento, sendo uma gran parte também frugívora (alimentação dominada por frutos). Apresentam maioritariamente uma activida nocturna ou crepuscular e, por isso, são rara e dificilmente observáveis. Em Portugal ocorrem 14 espécies carnívoros terrestres que se encontram distribuídos por cinco famílias: caníos: Raposa Vulpes vulpes e Lobo-ibérico Canis Lupus; mustelíos: Doninha Mustela nivalis, Arminho Mustela erminea, Toirão Mustela putorius, Visão-americano Mustela vison, Marta Martes martes, Fuinha Martes foina, Texugo Meles meles, Lontra Lutra lutra, viverríos: Geneta Genetta genetta; herpestíos: Sacarrabos Herpestes ichneumon; felíos: Gato-bravo Felis silvestris e Lince-ibérico Lynx pardinus. No que diz respeito ao estatuto conservação das diferentes espécies, meta das mesmas (raposa, doninha, fuinha, texugo, lontra, geneta e sacarrabos) são consiradas não ameaçadas. O arminho, o toirão e a marta, por Joaquim Pedro seu turno, apresentam um estatuto incerto, uma vez que, vido à falta conhecimento e/ ou efectivos potencialmente reduzidos, são espécies cuja informação actual é insuficiente. As restantes espécies possuem estatuto ameaça, sendo que o gato-bravo é uma espécie vulnerável, o lobo encontra-se em perigo extinção e o lince-ibérico está criticamente em Fig. 3 Geneta. perigo extinção. 3
4 Os carnívoros são muitas vezes objecto estudo da genética da conservação, já que, uma forma geral, apresentam um reduzido efectivo populacional. Devido ao seu papel predadores topo encontram-se normalmente em nsidas reduzidas, mesmo quando as condições ambientais lhes são propícias. São estas nsidas, quer vido ao processo natural quer induzidas por acções humanas, que constituem um dos maiores factores vulnerabilida sta orm mamíferos. De facto, diversos carnívoros europeus têm sofrido acentuados clínios populacionais ao longo das suas distribuições geográficas (ex.: linceibérico, gato-bravo, lobo, toirão, lontra), em consequência, por exemplo, perseguição directa e da struição, fragmentação ou contaminação dos habitats. Os carnívoros, para além do papel importante que sempenham no funcionamento dos ecossistemas, são molos atractivos para estudos biogeografia e evolução, particularmente se consirarmos a sua diversida em termos resiliência ecológica, plasticida fenotípica, capacida dispersão, comportamento social e amplitu nicho. No entanto, estudos filogeográficos e genética da paisagem na Europa são até agora limitados a algumas espécies e consequentemente não estão disponíveis avaliações conectivida versus diferenciação entre populações ao longo um continente ou uma paisagem, nem avaliações dos níveis locais variação genética para a maioria dos carnívoros. Os Estudos ADN Os projectos em curso no CBA pretenm colmatar lacunas conhecimento para várias espécies carnívoros, nomeadamente a raposa, a doninha, o arminho, o toirão, a fuinha, a marta, a geneta e o sacarrabos. Os resultados sta investigação porão contribuir significativamente para melhores actos informados gestão e conservação que se pensa virem a ser necessários num futuro próximo, tendo em vista a taxa actual fragmentação e struição habitat. A informação genética para estes estudos obter-se-á através ADN extraído amostras músculo e pêlo recolhidas no terreno. Estas amostras são oriundas animais mortos (por morte natural, atropelamento, gestão cinegética ou contaminação) e animais vivos (que se encontrem em centros recuperação ou sejam capturados para fins científicos). Marta Cruz Fig. 4 Recolha amostra tecido um sacarrabos atropelado. 4
5 Dos primeiros será recolhida uma pequena porção músculo, através uma incisão na pele, que posteriormente será preservado num líquido específico para o efeito (DMSO); dos segundos será retirado um tufo pêlo (com raizes) que será armazenado a seco. Fig. 5 Kit para recolha amostras: tubos com DMSO, lâminas bisturi, luvas látex, protocolo e folha registo. Preten-se que este tipo amostras seja obtido para todas as espécies referidas e distribuídas geograficamente Norte a Sul do País. As mesmas, após recolha, verão ser enviadas para a equipa investigação do CBA (FCUL) on serão vidamente processadas e analisadas acordo com o seguinte procedimento: (a) extracção ADN das amostras tecido e pêlo; (b) amplificação ADN com recurso a marcadores moleculares; (c) análise e interpretação dos dados genéticos à luz das diferentes áreas da filogeografia e genética da paisagem. Após esta fase, os resultados verão ser vidamente publicados, tanto em revistas científicas da especialida como em acções divulgação e sensibilização das comunidas locais, para que efectivamente possam resultar na preservação e conservação stas espécies e consequentemente dos ecossistemas on elas se inserem. Fig. 6 Trabalho laboratório: extracção ADN. 5
6 A Colaboração com a APGVN e o Nosso Agracimento Quando este artigo nos foi solicitado pelo Presinte do Conselho Directivo da Francisco Barros APGVN, Dr. Francisco José Semedo Correia, aceitámos imediato, não só porque seria uma excelente forma divulgar o nosso estudo, sensibilizando ste modo um maior número pessoas e potenciais colaboradores para as questões conservação das espécies e preservação dos seus habitats, como também nos proporcionaria a oportunida agracer publicamente a todos os guardas e vigilantes da Fig. 7 Amostra tecido uma raposa recolhida pelo vigilante da natureza Francisco Barros. natureza, bem como aos membros dos órgãos sociais da APGVN, que se prontificaram rapidamente em ajudar, aceitando entusiasticamente o nosso pedido colaboração para a recolha amostras no terreno. Esta colaboração monstrou-nos, mais uma vez, que ainda existem pessoas que agem e se preocupam com o stino dos recursos naturais vitais para a sobrevivência do planeta Terra e que é possível viver e conviver uma forma sustentável com todos os seus habitantes. Mafalda Basto & Mafalda Costa Departamento Biologia Animal da Faculda Ciências - Universida Lisboa 6
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