QUALIDADE SANITÁRIA DE SEMENTES DE Brassica napus PRODUZIDAS NO ESTADO DO PARANÁ 1
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1 QUALIDADE SANITÁRIA DE SEMENTES DE Brassica napus PRODUZIDAS NO ESTADO DO PARANÁ 1 MIGLIORINI, Patricia 2 ; MUNIZ, Marlove 3 ; MULLER, Juceli 2 ; NOAL, Gisele 2 ; POLLET, Camila Schultz 4 ; BASTOS, Bruna Oliveira 5 ; SILVA, Tuane Araldi 6 ; SUZANA, Crislaine Sartori 6 1 Trabalho de Pesquisa _UFSM 2 Mestrado em Agronomia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 3 Profª Adjª Fitopatologia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 4 Acadêmica de Engenharia Florestal (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 5 Acadêmica de Agronomia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 6 Acadêmica de Agronomia (UFSM), campus de Frederico Westphalen, RS, Brasil pati.migliorini@gmail.com RESUMO O presente trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade sanitária de sementes de canola produzidas em diferentes locais do estado do Paraná. O experimento foi conduzido no Laboratório de Fitopatologia da Universidade Federal de Santa Maria. Foram utilizadas sementes de canola dos híbridos Hyola 401, Hyola 60 e PCI 0801, provenientes dos municípios de Guarapuava, Londrina e Santa Helena-PR, safra 2011/2011. A sanidade foi determinada através do Blotter test, após sete dias de incubação, em câmara (BOD) com temperatura de 25 ºC e fotoperíodo de 12 horas; foi realizada a observação individual das sementes com a utilização do microscópio óptico. Os principais patógenos encontrados nas sementes de canola foram: Alternaria spp., Penicillium spp. e Aspergillus spp. Sementes provenientes de Guarapuava apresentaram elevada incidência de Alternaria spp., e o híbrido PCI 0801 apresentou a maior incidência de fungos de armazenamento. Palavras-chave: Canola; Regiões; Sanidade; Sementes (geração F2); 1. INTRODUÇÃO A canola (Brassica napus L. e Brassica rapa L.) é uma planta típica da família Brassicaceae que vem ganhando destaque no cenário brasileiro devido a elevada qualidade do óleo vegetal extraído dos seus grãos, tanto em características nutricionais como econômicas. Os grãos possuem em torno de 24 a 27% de proteína e 34 a 40% de óleo, sendo a principal característica nutricional o fato de que o mesmo apresenta em sua constituição grande quantidade de Omega 3, vitamina E e menor teor de gordura saturada de todos os óleos. A característica econômica principal é a utilização deste óleo na produção de biodiesel, pela significativa quantidade de óleo produzido (TOMM, 2009). Além disso, a canola contribui para otimizar os meios de produção disponíveis no período de inverno, tornando-se assim uma nova fonte de renda para muitos produtores. 1
2 Contudo, assim como em outras culturas, a expansão da canola pode ser prejudicada, entre outros fatores, pelas inúmeras doenças que podem afetar esta cultura, seja na fase de germinação ou no desenvolvimento inicial da planta (MACHADO, 2000). Um levantamento da Embrapa Centro Nacional de Pesquisa de Trigo, ressaltou a Mancha de Alternaria (Alternaria brassicae, A. raphani e A. Alternata), a Podridão negra das crucíferas (Xanthomonas campestris pv. Campestris), a Podridão branca da haste (Sclerotinia sclerotiorum) e a Canela preta (Phoma lingam) como as principais doenças encontradas na cultura (CARDOSO et al., 2005). A frequência e incidência destas doenças está relacionada à disponibilidade de inóculo, condições favoráveis de clima e presença de material suscetível. A interação desses fatores pode possibilitar a ocorrência de danos (CARDOSO et al., 1996). As sementes são os principais agentes disseminadores de patógenos, alojam determinados organismos, fungos parasitas de sementes, responsáveis pela transmissão das doenças, pelo decréscimo da viabilidade das sementes, morte de plântulas e pela redução da produtividade da cultura (BABADOOST e HEBERT, 1984), além de dar origem a focos primários de doenças em campos de cultivo (NEERGAARD, 1979). É de fundamental importância o controle de qualidade de sementes, principalmente nos fatores fitossanitários, pois a utilização de sementes com qualidade permite a expressão do potencial genético da cultura, com uniformidade no campo e melhor desempenho, evitando assim falhas no estande durante e após a emergência. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo avaliar a ocorrência dos principais patógenos associados às sementes de canola, produzidas em diferentes municípios do estado do Paraná. 3. METODOLOGIA O presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Fitopatologia Elossy Minussi do Departamento de Defesa Fitossanitária, do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria RS, durante os meses de abril e maio de As sementes de canola foram adquiridas das Estações Experimentais do IAPAR dos municípios de Guarapuava, Londrina e Santa Helena PR. Foram utilizadas as sementes (geração F2) dos híbridos Hyola 401, Hyola 60 e PCI 0801, provenientes da safra 2011/2011. A análise sanitária foi determinada através do teste de sanidade empregando-se o método de papel filtro (Blotter test), conforme descrito nas Regras para Análise de Sementes RAS (BRASIL, 2009). Utilizou-se uma amostra de 200 sementes, dividida em quatro repetições de 50 sementes, colocadas em caixas tipo gerbox, previamente 2
3 desinfestadas com álcool (70%) e hipoclorito (1%), sob duas folhas de papel filtro umedecidas com água destilada e esterilizada. As sementes foram incubadas em câmara BOD a 25±3 C, com 12 horas em regime de luz, durante 24 horas. Em seguida, para a inibição da germinação, foram submetidas ao método do congelamento por 24 horas. Após esse procedimento, foram, então, incubadas a 25ºC por cinco dias, em regime de 12 horas de luz conforme metodologia proposta pela RAS (BRASIL, 2009). As análises foram realizadas com o auxílio de uma lupa e microscópio óptico para observação das estruturas morfológicas dos fungos, os quais foram identificados a nível de gênero, com o auxílio da bibliografia especializada de BARNETT e HUNTER (1998), determinando-se a porcentagem de sementes infestadas por fungos. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em um fatorial 3x3 (local e híbridos), com quatro repetições. A análise estatística foi realizada através do programa Assistat (SILVA e AZEVEDO, 2002), sendo as médias comparadas pelo teste de teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade de erro. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES No resultado da análise de variância de Alternaria spp. (Alt), Penicillium spp. (Peni), e Aspergillus spp. (Asp), (Tabela 01), houve diferença significativa (p<0,05) para os fatores principais de locais e híbridos, demonstrando que a incidência de alguns fungos foram favorecidos em determinados ambientes de produção. Podemos observar que Phoma spp. (Ph) e Ryzoctonia spp. (Ryz), não apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos. Tabela 01 - Análise de variância para as percentagens de incidência de patógenos Alternaria spp. (Alt), Penicillium spp. (Peni), Aspergillus spp. (Asp), Phoma spp. (Ph) e Ryzoctonia spp. (Ryz), encontrados em sementes de canola, de diferentes locais de produção. UFSM, Santa Maria RS, Quadrados médios Fonte de variação G.L. Alt. Peni. Asp. Ph. Rhz % Local (L) ** ** 177.3* 24.7 ns 11.4 ns Híbrido (H) ns ** ns 63.4 ns 8.7 ns Interação (L x H) ** ** 140.3* 53.1 ns 4.4 ns Média * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F, ** Significativo a 1% de probabilidade e ns Não significativo pelo teste F. A interação entre a percentagem de incidência de Alternaria spp. em sementes de canola, de diferentes localidades e híbridos está representado na Tabela 02. As sementes de canola provenientes do município de Guarapuava obtiveram maior percentagem de incidência de Alternaria spp. nos híbridos Hyola 401 e Hyola 60, respectivamente com 3
4 57,5% e 42,5%. Entretanto, a menor incidência desse patógeno foi para PCI Essa diferença pode ser atribuída as características genéticas de cada cultivar em determinados ambientes, com maior ou menor suscetibilidade àquele patógeno. Uma das principais fontes de inóculo de alternarioses são as sementes contaminadas (MARINGONI, 1997), podendo o micélio deste fungo permanecer dormente e viável por vários anos (CARRIJO e RÊGO, 2000). Os danos provocados pela alternariose podem ocorrer em diversos estágios de desenvolvimento, e causar significativas perdas de rendimento (VERMA e SAHARAN, 1994), se tornando uma das principais doenças das brássicas. Tabela 02 Incidência (%) de Alternaria spp., em sementes de canola de diferentes híbridos procedentes de munícipios do estado do Paraná. UFSM, Santa Maria RS, Local Alternaria spp. Hyola 401 Hyola 60 PCI 0801 Guarapuava 57.5 aa 42.5 aa 23.5 ab Londrina 7.50 ba 8.0 ba 15.5 aa Santa Helena 2.50 ba 2.0 ba 6.50 aa *Letras diferentes maiúscula na mesma linha e minúscula na mesma coluna diferem significativamente em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Os patógenos Penicillium spp. e Aspergillus spp. (Tabela 03), são caracterizados como fungos de armazenamento e relatados por diversos autores como os principais gêneros de fungos associados às sementes durante o armazenamento em condições inadequadas (DHINGRA, 1985, NEERGAARD, 1979). São conhecidos como fungos apodrecedores de sementes e causam redução na germinação e vigor, pela deterioração e morte das mesmas (MACHADO, 1988). Penicillium spp. foi detectado em maior incidência na amostra PCI 0801, de Londrina, com 75,5% e Hyola 60 no município de Guarapuava (34,5%). Verificou-se que sementes provenientes de Londrina, o PCI 0801, apresentou maior incidência de Aspergillus spp. havendo diferença estatística significativa entre os locais. Nas demais amostras a incidência foi baixa, variando de 1 a 5,5%. Tabela 03 Incidência (%) de Penicillium spp., e Aspergillus spp., em sementes de canola de diferentes híbridos procedentes de munícipios do estado do Paraná. UFSM, Santa Maria RS, Local Penicillium spp. Aspergillus spp. Hyola 401 Hyola 60 PCI 0801 Hyola 401 Hyola 60 PCI 0801 Guarapuava 7 ab 34.5 aa 3.50 bb 2 aa 5.5 aa 0.5 ba Londrina 4 ab 8.50 bb 75.5 aa 0 ab 5.5 ab 19 aa Santa Helena 1 aa 0.50 ba 2.50 ba 0 aa 1.0 aa 2.0 ba *Letras diferentes maiúscula na mesma linha e minúscula na mesma coluna diferem significativamente em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Nota-se que as sementes de canola PCI 0801, provenientes de Londrina, apresentou altos índices de fungos de armazenamento (Tabela 03) e baixo índice para Alternaria spp. 4
5 (Tabela 02). Isso pode ser explicado pelo fato das sementes terem sido armazenadas com alta umidade das sementes, alta umidade relativa do ar e temperaturas elevadas (MACHADO, 1988). O teor de água adequado das sementes permite o armazenamento das mesmas, de modo a conservar as suas características ideais de germinação, vigor e sanidade, impedindo, ou diminuindo a possibilidade de desenvolvimento de microrganismos deteriorantes (PESKE, 2009). 5. CONCLUSÃO Os principais patógenos encontrados nas sementes de canola foram: Alternaria spp., Penicillium spp. e Aspergillus spp. Sementes provenientes de Guarapuava apresentaram elevada incidência de Alternaria spp., e o híbrido PCI 0801 apresentou a maior incidência de fungos de armazenamento. REFERÊNCIAS BARNETT, H. L.; HUNTER, B. B. Illustrated genera of imperfect fungi. Saint Paul, Minnesota: APS Press, p.218, BABADOOST, M.; HEBERT, T.T. Incidence of Septoria nodorum in wheat seed and its effects on plant growth and grain yield. Plant disease Reporter, St. Paulo, v.68, p BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília: Mapa/ACS, 2009 CARDOSO, R. M. de L.; OLIVEIRA, M. A. R. de; LEITE, R. M. V. B de C.; BARBOSA, C. de J.; BALBINO, L. C. Doenças de canola no Paraná. Londrina: IAPAR; Cascavel: COODETEC, p CARDOSO, R.M.L.; LEITE, R.M.V.B.C.; BARBOSA, C.J. Doenças de canola (Brassica napus e B. campestris). In: KIMATI, H. et al. Manual de Fitopatologia - Doenças das plantas cultivadas. v. 2, 4. ed. São Paulo: Editora Agronômica Ceres Ltda. p , CARRIJO, I.V.; RÊGO, A. M. Doenças das brássicas. In: ZAMBOLIM, L.; VALE, F.X.R.; COSTA, H. Controle de doenças de plantas: hortaliças. v.2. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, DHINGRA, O. O. Prejuízos causados por microrganismos durante o armazenamento de sementes. Revista Brasileira de Sementes, v. 7, n. 1,
6 MARINGONI, A.C. Doenças das crucíferas (brócolis, couve, couve-chinesa, couve-flor, rabanete, repolho e rúcula). In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M. Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, MACHADO, J. C. Tratamento de sementes no controle de doenças. Lavras-MG: UFLA/FAEPE, MACHADO, J.C. Patologia de sementes: fundamentos e aplicações. Brasília: Ministério da Educação. Lavras: ESAL/FAEPE NEERGARD, P. Seed pathology. v.1, 2. ed. London: MacMillan Press, p. 839, PESKE, S. T.; VILLELA, F. A.; LABBÉ-BAUDET, L. Secagem de sementes de hortaliças. In: NASCIMENTO, W. M. Tecnologia de sementes de hortaliças. Brasília: EMBRAPA Hortaliças, p , SILVA, F.A.S.; AZEVEDO, C.A.V. Versão do programa computacional Assistat para o sistema operacional Windows. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v. 4, n. 1, p , TOMM, G. O.; WIETHÖLTER, S.; DALMAGO, G. A.; SANTOS, H. P. dos. Tecnologia para produção de canola no Rio Grande do Sul. Passo Fundo: Embrapa Trigo, p. 41, Disponível em: < Acesso em: 20/07/2012. VERMA, P. R.; SAHARAN, G. S. Monograph Alternaria diseases of crucifers. Saskatoon: Minister of Supply and Services Canada, p.162,
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