Projeto Bem-Estar Ambiente, educação e saúde: sustentabilidade local. Tema 9 - Elaboração de projetos de intervenção nas escolas
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- Sofia de Andrade Chaves
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1 Projeto Bem-Estar Ambiente, educação e saúde: sustentabilidade local Tema 9 - Elaboração de projetos de intervenção nas escolas Projetos de trabalho Luciana Maria Viviani Gladys Beatriz Barreyro Os projetos de trabalho são atividades que receberam, desde o início do século, várias denominações (método de projetos, centros de interesse, trabalho por temas, pesquisa do meio), apresentando algumas semelhanças e diferenças, principalmente no que se refere ao contexto de aplicação e aos seus objetivos. Diferentes conceitos, valores e práticas escolares foram, muitas vezes, identificados pelos mesmos termos, dependendo da significação que lhes conferem os diversos participantes do processo educativo. Para Fernando Hernandez (1998), os projetos de trabalho desenvolvidos atualmente não são simplesmente uma forma de readaptar propostas do passado, mas representam uma visão do ensino, envolvendo concepções e práticas educativas, que oferece respostas às mudanças sociais correntes. Para o autor, o ponto comum de todas essas propostas é a idéia de solucionar um problema, mediante um conjunto de práticas planejadas. O autor mencionado constrói um breve panorama de três fluxos de interesse pelo método de projetos que serão sumariados a seguir. Assim, os projetos de trabalho de alguns grupos de educadores dos anos 1920, conhecidos como renovadores do ensino, tinham como objetivo aproximar a escola da vida diária. Autores como Dewey e Kilpatrick propunham o princípio da atividade em contraposição à recepção passiva o ensino deveria ser estimulante da atividade do aluno, em contraposição ao que se chamava de escola tradicional, em tom pejorativo, em que o aluno ficava sentado, imóvel, ouvindo a exposição do professor. Os projetos se delineavam em oposição à compartimentação de matérias, com trabalhos em vários níveis, em torno de eixos temáticos e atividades, sem uma delimitação rígida das etapas a serem seguidas. Já nesse momento formulavam-se críticas a essa abordagem de ensino, especialmente em relação à ordenação lógica e racional das disciplinas, que ficaria comprometida, e poderia levar a desorganização de espaços e de tarefas escolares. A partir da Segunda Guerra Mundial, toma maior importância uma visão tecnológica e racionalista do ensino, em que o planejamento das atividades escolares é visto como mais restritivo no sentido de delinear procedimentos e resultados de forma homogênea. As idéias acima citadas foram abandonadas, mas ressurgiram alguns anos depois, quando se percebeu que a visão tecnológica não produziu os resultados esperados. Em meados dos anos 1960, os chamados trabalhos por temas focavam o desenvolvimento de conceitos-chave de diferentes disciplinas, com suas estruturas e inter-relações. Bruner afirmava que esses conceitos poderiam facilitar a compreensão e aprendizagem das disciplinas, organizando-se em eixos conceituais que envolveriam várias disciplinas. Maior ênfase foi dada aos conteúdos e aos processos de desenvolvimento, sob a influência dos estudos de Piaget sobre a inteligência e o papel da aprendizagem de conceitos. Bruner lançou propostas de ensino por meio do currículo em espiral, em que a abordagem de conteúdos se faria em complexidade crescente. Os mesmos conceitos seriam trabalhados várias vezes durante a escolarização, de forma
2 que alunos de todas as idades poderiam entrar em contato com qualquer conceito. Alguns questionamentos foram levantados, como a impossibilidade de traduzir em conceitos-chave muitas das idéias importantes das várias disciplinas, bem como a desconsideração das diferenças entre as disciplinas, mantendo a estrutura de ensino dos conceitos chave próxima das ciências sociais. Nos anos 1980, as atividades escolares associadas a projetos de trabalho recebem um grande impulso devido ao sucesso de estudos cognitivos dos processos de aprendizagem, bem como sobre a importância do contexto de aprendizagem, que a situa no contexto cultural no qual esse conhecimento será utilizado. Por outro lado, a participação e a interação com alunos e com a comunidade foi considerada fundamental para implementar a aprendizagem. Todos esses fatores, além de outros, como os novos conceitos de inteligências múltiplas (desenvolvidos por Howard Gardner) e da metacognição, criaram a necessidade de redimensionamento de conteúdos segundo uma variedade de linguagens e relações entre as disciplinas. Os projetos surgem como peças centrais em atividades reflexivas e críticas, no planejamento de ações, resolução de problemas e na criação de materiais ou idéias. As críticas a essas tendências afirmavam ser esta uma visão cognitivista e psicologizante do processo educativo. Em proposta mais atual e abrangente, Hernandez (1998) aborda a necessidade de considerar a complexidade do conhecimento, do trabalho escolar e da organização das classes, remetendo as discussões para as relações e as contradições dos campos do saber. Nesse sentido, os projetos seriam atividades em que o professor, atuando como um guia, teria possibilidades de desenvolver com o estudante as suas capacidades de autonomia, iniciativa, integração, comunicação interpessoal e tomada de decisões. Para que isso aconteça, o autor prega a importância da flexibilidade de estratégias, em direção a um ensino inovador que evite o tecnicismo, em que todos os passos sejam determinados da mesma forma, em que se aplicaria uma fórmula para alcançar os mesmos resultados, padronizados. A título de exemplo, em um outro trabalho, Fernando Hernandez e Montserrat Ventura (1998) descrevem os aspectos que seriam fundamentais no desenvolvimento de um projeto. O ponto de partida seria a escolha do tema, em que os alunos partem de suas experiências e saberes anteriores, inclusive com outros projetos de trabalho, e, sob a orientação dos professores, discutem sobre a sua relevância e oportunidade, analisando o que será preciso aprender e elaborando um roteiro de estudos. Os autores descrevem também como seriam as atividades docente e discente após esse processo de escolha do tema, que seguem abaixo sob forma de um quadro resumo presente ao final das descrições: Atividade docente após a escolha (p. 69):
3 Atividade discente após a escolha (p. 74): Ainda que seja apenas um exemplo, a descrição dos autores acaba se tornando um direcionamento da prática docente para o que deveria ser o desenvolvimento ideal de um projeto de trabalho, apontando para processos de tecnicização do ensino. Nesse mesmo livro há vários exemplos de projetos de trabalho desenvolvidos ao longo de cinco anos em uma escola de Barcelona, que naquele momento oferecia à comunidade o que seria aqui no Brasil a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, em que uma equipe de profissionais da Universidade de Barcelona trabalhou em conjunto com os professores dessa unidade de ensino. Se por um lado é bastante revelador e instigante tomar contato com esses registros, não se pode negar o poder direcionador desse tipo de leitura. Apesar disso, os projetos de trabalho têm um forte potencial para facilitar o desenvolvimento de trabalhos em grupo, em que haja interação de saberes de várias áreas do conhecimento, bem como a integração de alunos e de professores de diferentes disciplinas. Essa é a nossa sugestão para a elaboração do projeto de finalização do curso, em que as idéias, concepções e valores abordados nos diversos temas do curso poderão ser apreendidos nos processos de ensino e aprendizagem dos professores participantes do curso, de seus alunos e até mesmo de outros professores da escola. Referências bibliográficas HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança. Os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, Orientações para a escrita do projeto de trabalho a ser desenvolvido na escola Ao longo do curso, foram abordadas diversas temáticas. Para avaliação do curso, é solicitada a elaboração de um projeto de trabalho, a partir de algum dos temas estudados, com o objetivo de ser desenvolvido na escola.
4 Para a redação desse projeto, várias questões poderiam ser abordadas, de acordo com o tema a ser tratado. Apenas a título de orientação, sugerimos organizá-lo com o formato seguinte: INTRODUÇÃO 1- Objetivo geral 1.1- Objetivos específicos 2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4- CRONOGRAMA DE ATIVIDADES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A introdução define e contextualiza o tema escolhido para o projeto. Explica a importância do tema e do projeto e por que será realizado. Justifica a escolha. O objetivo geral explica a finalidade do projeto, aquilo que se pretende conseguir. Esse objetivo deve expressar a totalidade do problema, concentrado em uma idéia apenas. Deve estar escrito de forma clara e concisa, utilizando um verbo em infinitivo na sua formulação. Por exemplo: Estudar a flora autóctone no Parque Ecológico do Tietê. Os objetivos específicos desdobram o objetivo geral. Detalham como será realizado o cumprimento do objetivo geral. Operacionalizam esse objetivo. São mais concretos. Também se expressam com verbo em infinitivo. Podem ser três ou mais. Por exemplo: Identificar as espécies autóctones no Parque Coletar amostras dessas espécies Classificar as folhas coletadas... Na fundamentação teórica colocam-se os conhecimentos relativos ao tema do projeto. Faz-se um levantamento bilbiográfico de textos que tratam do assunto do projeto e que servirão de base durante todo o desenvolvimento do projeto. Os procedimentos metodológicos apresentam as estratégias que serão utilizadas para dar andamento ao projeto. São detalhados os procedimentos necessários para a realização do estudo e para a coleta de dados. Explicam-se quais técnicas serão escolhidas, como por exemplo: observação, leitura bibliográfica, imagens, entrevistas, questionários, análise de filmes, etc. Também são explicadas a forma de divulgação e a avaliação do projeto
5 O cronograma de atividades permite organizar no tempo as tarefas que o projeto propõe realizar. Para maior clareza podem ser expressadas em forma gráfica. É preciso especificar cada atividade e o momento ou período em que será realizada. Segundo o projeto, será escolhida uma medida de tempo (dias, s, meses). Por exemplo: Atividade Primeira Segunda Terceira... Coleta de folhas em campo Classificação Mostra... Nas referências bibliográficas são colocados os livros, artigos, revistas, filmes e sites que serviram para o desenvolvimento do projeto, segundo normas bibliográficas. Referências bibliográficas OLIVEIRA, M. M. Projetos, relatórios e textos na educação básica. Petrópolis: Vozes, MOURA, M. L.S. & FERREIRA, M.C. Projetos de pesquisa. Elaboração, redação e apresentação. R.J: Ed.UERJ, 2005.
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