nasce uma nova estirpe de produtor no brasil Por que o fígado é tão importante para as vacas leiteiras? Nossa História: conheça a Fazenda Pinheiros
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- Martín Rico Covalski
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1 Revista Técnica da Bovinocultura de Leite - Número 47 - Ano 7 fevereiro 2013 IMPRESSO FECHADO. PODE SER ABERTO PELA ECT. nasce uma nova estirpe de produtor no brasil Nossa História: conheça a Fazenda Pinheiros Por que o fígado é tão importante para as vacas leiteiras? Custo de produção será o maior desafio do setor para 2013
2 manejo Texto: Susana N. de Macedo Marcos V. dos Santos Uso de oxitocina em vacas leiteiras A produção eficiente de leite de alta qualidade depende de uma interação equilibrada entre as vacas leiteiras, os ordenhadores e os equipamentos. Para que a ordenha das vacas seja completa, rápida e sem causar alterações na saúde do úbere é fundamental que o manejo seja realizado respeitando-se o funcionamento do reflexo de descida do leite. Nas situações nas quais as vacas não apresentam um bom reflexo de descida do leite, ocorre aumento do tempo de ordenha e maior risco de novos casos de mastite. Esses animais afetam diretamente os ganhos do produtor, pois produzem menos leite, e podem ser a causa de grande parte dos descartes na propriedade leiteira. Nesses casos, é comum o uso de injeções de oxitocina exógena antes ou durante a ordenha. Em altas doses, a oxitocina exógena promove a ejeção de todo o leite, incluindo o leite residual, resultando em produção similar entre vacas com e sem síntese e liberação normais de oxitocina. fevereiro 2013 REVISTA LEITE INTEGRAL 24
3 Ejeção do leite Durante a síntese, o leite é continuamente armazenado nos alvéolos, ductos e cisternas da glândula mamária (Figura 1). Aproximadamente 80% do leite armazenado no úbere das vacas está localizado nos alvéolos e pequenos dutos. Sendo assim, somente cerca de 20% do leite total produzido está localizado nas cisternas da glândula e do teto e são prontamente ordenhados após a colocação do conjunto de teteiras no início da ordenha, sem a necessidade de descida do leite. Para que ocorra uma ordenha completa, há necessidade de um reflexo neuroendócrino, que é responsável pela liberação da fração alveolar do leite para a cisterna. A ejeção do leite é ativada pela liberação de oxitocina pela hipófise, que induz a contração das células mioepiteliais que envolvem os alvéolos e pequenos dutos do úbere (Figura 2). Em resposta à estimulação tátil, visual ou auditiva, são enviados sinais para o cérebro nos núcleos supraóptico e paraventricular do hipotálamo, localizado na região central do cérebro. Nestes núcleos, a oxitocina é sintetizada e transportada para a hipófise, de onde é liberada para a circulação sanguínea, após a estimulação dos tetos. A contração das células mioepiteliais, como resultado da ação da oxitocina, desloca o leite armazenado nos alvéolos para a cavidade da cisterna, deixando todo o leite sintetizado pela glândula mamária disponível para a remoção pela ordenha. Para que ocorra a ejeção do leite, a resistência do canal do teto deve ser superada e a contração das células mioepiteliais deve assegurar força suficiente para o leite sair dos alvéolos e alcançar os ductos. O reflexo neuro-hormonal de ejeção do leite envolve receptores nervosos presentes na pele dos tetos e ativa a liberação de oxitocina, ocorrendo contração das células mioepiteliais e, consequentemente, a ejeção do leite. A oxitocina liga-se especificamente e com alta afinidade aos receptores localizados nas células mioepiteliais. A remoção completa do leite é fundamental para a alcançar alta eficiência de ordenha, otimização da qualidade do leite e para manter a saúde das vacas leiteiras. Porém, o reflexo de ejeção do leite é altamente sensível e pode ser inibido durante situações de estresse ou de desconforto para a vaca, como mudança do local ou sistema de ordenha, manejo agressivo, ou ainda nas primeiras ordenhas de vacas primíparas. Além disso, a remoção do leite pode sofrer alteração por alguma disfunção do reflexo de ejeção do leite, por anormalidade anatômica ou lesões dos tetos, que levam à diminuição do fluxo e da produção de leite. Distúrbios no reflexo de ejeção do leite podem ser causados pela redução ou ausência da síntese de oxitocina ou ainda pela perda da sensi- Figura 1. Principais estruturas do úbere com indicação dos locais de armazenamento do leite Ductos lácteos Alvéolos Células secretoras Capilar sanguíneo Lúmen Lóbulos Membrana basal Células miopteliais Cisterna do anel do teto Cisterna da glândula Cisterna do teto Roseta de Furstenberg Canal do teto Esfincter do teto fevereiro 2013 REVISTA LEITE INTEGRAL 25
4 manejo uso de oxitocina em vacas leiteiras Figura 2. Reflexo da ejeção do leite quando a vaca recebe estímulos tátil, auditivo ou visual Cérebro Cerebelo Hipotálamo Oxitocina Hipófise Nestes casos, a administração exógena de oxitocina não reverte o déficit de ejeção do leite, pois a adrenalina bloqueia diretamente a ligação da oxitocina às células mioepiteliais e contrai os músculos dos ductos mamários e dos vasos sanguíneos, causando oclusão parcial dos ductos, dificultando a chegada da oxitocina na glândula mamária. bilidade das células da glândula mamária para este hormônio. Impulso nervoso Estímulo tátil: contato com a pele do úbere ou do teto Distúrbios na ejeção do leite causam perdas econômicas devido ao decréscimo da produção de leite, aumento do tempo de ordenha e da susceptibilidade de infecções intramamárias. Em vacas com estes problemas, a ejeção do leite alveolar é deficiente ou não ocorre, sendo liberada somente a fração presente na cisterna, ou seja, apenas cerca de 20% do leite total produzido. Nesses Oxitocina Hipófise casos, é comum o uso de injeções de oxitocina exógena (produto comercial) antes ou durante a ordenha. Em altas doses, a oxitocina exógena causa a ejeção de todo o leite, incluindo o leite residual, resultando em produção similar entre vacas com e sem síntese e liberação normais de oxitocina. Corrente sanguínea Estímulo auditivo: som da máquina de ordenha Estímulo visual: bezerro A ejeção do leite pode ser inibida quando os níveis de adrenalina e noradrenalina, hormônios liberados em condições estressantes, estão elevados. Uso continuado de ocitocina exógena Pesquisas realizadas nos últimos anos sobre os efeitos da administração de oxitocina exógena antes da ordenha demonstram que ocorre elevação nos níveis desse hormônio no sangue dos animais tratados, mas não há influência sobre a síntese e liberação de oxitocina endógena (produzida pelo organismo animal). Porém, o uso diário pode causar redução da ejeção espontânea do leite devido à dessensibilização do úbere para esse hormônio, resultando em menor contração das células mioepiteliais em concentrações fisiologicamente normais de oxitocina. Um estudo foi realizado na Alemanha para analisar a interferência da administração contínua de oxitocina exógena sobre a ejeção do leite após a suspensão do uso desse hormônio. Os pesquisadores concluíram que a interrupção do uso contínuo de oxitocina exógena após administração, por período igual ou superior a cinco dias, causa redução da produção de leite, devido à dessensibilização dos receptores de oxitocina da glândula mamária. Durante a ordenha, há elevação normal dos níveis de oxitocina, fator fevereiro 2013 REVISTA LEITE INTEGRAL 26
5 essencial para a máxima ejeção do leite produtor, pois produzem menos leite, al presente no úbere após a ordenha. total produzido. Deste modo, quando e podem ser a causa de grande parte Além disso, se necessário, devem ser os níveis plasmáticos desse hormônio dos descartes na propriedade leiteira. aplicadas doses mínimas de oxitocina são elevados acima da concentração Segundo um estudo realizado por pes- exógena nas vacas com distúrbio na eje- basal, e de forma contínua, ocorre ligei- quisadores suíços, embora o uso contí- ção de leite, pois a duração do efeito é ra melhora da eficácia da ejeção e da nuo de oxitocina exógena em elevadas mais importante que a dose utilizada. porcentagem do leite espontaneamen- doses resulte na dessensibilização dos te removido no decorrer da ordenha. receptores de oxitocina da glândula Com base nisso, pesquisadores suíços mamária, esse hormônio pode ser uti- estudaram o uso contínuo de baixas lizado continuamente, e em baixas do- doses de oxitocina (até 1 UI/vaca) para ses, como uma droga terapêutica em vacas com distúrbio na ejeção do lei- vacas com distúrbio de ejeção do leite. te. Os pesquisadores concluíram que a administração de oxitocina, mesmo em Conclusão baixas doses, eleva a concentração plas- O tratamento com oxitocina exó- mática desse hormônio, e que quanto gena deve ser cuidadosamente plane- maior a dose utilizada, maior é a dura- jado e apenas deve ser utilizado nas ção da fase de resposta. vacas-problema, e quando a saúde da Vacas com distúrbio de ejeção do glândula mamária estiver em perigo leite afetam diretamente os ganhos do pela grande quantidade de leite residu- Susana Nori de Macedo Mestranda em Nutrição e Produção Animal FMVZ/USP Marcos Veiga dos Santos Professor Associado da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia FMVZ/USP
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