CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

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1 CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 9ª Região Interessado(s) 1: Sigiloso Interessado(s) 2: Solução Lavagem e Pintura Predial Interessado(s) 3: Ministério Público do Trabalho Assunto(s): CODEMAT Procuradora oficiante: Andrea Lino Lopes MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. Diante das graves acusações da denúncia, quanto ao trato dado pela denunciada ao meio ambiente laboral (mormente quanto à prevenção de acidentes), entendo, data vênia da argumentação da i. colega promotora do arquivamento, que o número ínfimo de empregados não justifica, em espécies tais, o arquivamento do procedimento investigatório. O que importa, in casu, é a natureza grave e a extensão da lesão imputada à denunciada. Julgamento convertido em diligência. RELATÓRIO Trata-se de procedimento administrativo instaurado por força de denúncia sigilosa em face da empresa Solução Lavagem e Pintura Predial, dando conta de irregularidades no meio ambiente laboral, a saber: ( Empregados de uma empresa de manutenção predial denominada Solução, 1

2 estão trabalhando em altura, com cadeiras suspensas improvisadas, sem o uso dos EPIs previstos na NR-18. Estão lavando o prédio o repondo partilhas cerâmicas que estão caindo, trabalhando sem capacetes protetor e de chinelo de dedo. ) O ilustre Órgão ministerial oficiante promoveu o arquivamento do presente procedimento sob os seguintes fundamentos (fl. 77), verbis: As informações presentes na denúncia, ainda que caracterizem lesão ao trabalhador que se vê privado de seus direitos trabalhista, não enseja a atuação do MPT, haja vista a quantidade de empregados subordinados ao requerido ser ínfima. Diante do exposto, não subsiste razão para que o presente Procedimento Preparatório prossiga, por não haver interesse coletivo que respalde a atuação do MPT. Para que aflore a legitimidade do Ministério Público do Trabalho é necessário que o fato denunciado importe em lesão a direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos dos trabalhadores, pois somente na defesa desses direitos pode o Parquet atuar. Isto porque o MPT age na defesa da sociedade, portanto, sua intervenção somente se justifica para resguardar interesses maiores da coletividade, em outras palavras, quando presentes relevância social e conveniência social. (...) Seguindo esse entendimento, considero que não é oportuno, nem mesmo materialmente possível que o Ministério Público do Trabalho, tendo em vista suas atribuições constitucionais e legais e o seu quadro atual, investigue e tome as medidas extrajudiciais e judiciais cabíveis em todas as denúncias envolvendo lesão a direitos trabalhistas. Ainda, nada obsta que o trabalhador atingido pleiteie em juízo a reparação do dano sofrido. Nossa atuação deve ser precedida de um juízo de conveniência e 2

3 oportunidade, a fim de aferir se ela é não só necessária, como também a melhor forma de preservar a ordem jurídica e os interesses maiores da coletividade. Finalmente, cabe ressaltar que, tendo em vista a documentação juntada pela empresa, subtende-se observância da legislação do trabalho no que se refere à Segurança e Saúde do Trabalho, com comprovantes de recebimento de EPIs, cursos de segurança e contratação de Técnica em Segurança do Trabalho. (destaque próprio) os autos a esta Relatora. Por distribuição deste feito na CCR/MPT, vieram É o relatório. VOTO-FUNDAMENTAÇÃO Primeiramente, faço registrar que houve reautuação deste feito na origem, para constar no polo denunciado a empresa Solução Lavagem e Pintura Predial e não o condomínio residencial que lhe contratou os serviços. Data venia dos argumentos expedidos pela digna Procuradora proponente, entendo não caiba, por ora, a cessação da tarefa persecutória ao encargo do Ministério Público do Trabalho. A só informação do próprio denunciado e a consulta ao CAGED referindo a existência de apenas 02 (dois) empregados, não se 3

4 coaduna com o dado que se retira dos documentos de fls. 62 a 64 dos autos, pelos quais a denunciada fornece EPI s a um operário, como se empregado dela fosse, mas segundo os mesmos documentos é considerado AUTÔNOMO, com recebimento por RPA. Não é cabível que uma empresa de conservação de prédios (serviços de pintura em edifícios em geral, outras obras de acabamento da construção) vide Cláusula 3ª do Contrato Social fl. 19 se constitua como tal e, para os objetivos finalísticos a que se propõe, tenha apenas 02 (dois) empregados. Por isto, inesgotadas, a meu ver, as diligências necessárias ao feito para melhor dimensioná-lo e, após, se for o caso, arquivá-lo. Ademais, diante das graves acusações da denúncia, quanto ao trato dado pela denunciada ao meio ambiente laboral (mormente quanto à prevenção de acidentes), entendo, data vênia da argumentação da i. colega promotora do arquivamento, que o número ínfimo de empregados não justifica, em espécies tais, o arquivamento do procedimento investigatório. O que importa, in casu, é a natureza grave e a extensão da lesão imputada à denunciada. Logo, é conveniente que se alcance a devida complementação investigatória, para só então decidir sobre o arquivamento. 4

5 em diligência. Destarte, impõe a conversão do presente julgamento CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO pela CONVERSÃO DO JULGAMENTO DESTE FEITO EM DILIGÊNCIA devolvendo-o à origem, para que o d. Órgão oficiante verifique, afora o certificado no CAGED, se a empresa investigada trabalha com outros profissionais, empregados ou autônomos, quais as funções por eles exercidas, bem como perquira e comprove nos autos os contratos de prestação de serviços e/ou obras que a denunciada, desde a época da denúncia inicial, manteve e/ou mantém e quantos trabalhadores operaram para ela em cada uma dessas obras. providências pertinentes e necessárias. Ao Órgão oficiante de origem para as Brasília, 09 de maio de VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora-Geral do Trabalho Membro da CCR/MPT - Relatora 5