Natureza, Paisagens e Educação: reflexões conceituais na trilha de um estudo sobre a agência de conhecedores

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1 V Encontro Nacional da Anppas 4 a 7 de outubro de 2010 Florianópolis - SC Brasil Natureza, Paisagens e Educação: reflexões conceituais na trilha de um estudo sobre a agência de conhecedores Breno Augusto Garcia Sales (PPGED/PPGCS/UFPA) Bacharel e Licenciado Pleno em Ciências Sociais (ênfase em Antropologia) (UFPA) Concluinte do Curso de Especialização em Filosofia da Educação (PPGED/UFPA) Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS/UFPA) slbreno@hotmail.com Resumo Trata-se de uma construção em caráter experimental que visa problematizar e associar conceitos e noções como natureza, paisagem, lugar e espaço, tendo como foco principal verificar quais deles são mais heurísticos para responder a multiplicidade de elementos envolvidos nas diversas instâncias das relações entre sujeitos conhecedores e o meio biocultural. O método de pesquisa é exclusivamente bibliográfico e utiliza como técnica diálogos e aproximações conceituais entre os autores de forma hipotética, ainda que eles não estabeleçam afinidades teóricas imediatas. Ao se lançar a suposição no início de cada seção constituinte do trabalho, procura-se verificar que tipo de relação as outras referências-suporte mantém com a hipótese previamente formulada. Os primeiros resultados sugerem que a noção de paisagem, aliada a idéia de espaço praticado e imaginado, pode ser um constructo interessante para pensar as múltiplas dimensões ecoantropológicas que costuram as relações técnico-culturais entre conhecedores e seus ambientes. Palavras-chave Natureza, paisagem, educação, conhecedores

2 Introdução Há pelo menos quatro décadas estão amplamente disseminados os discursos sobre a crise da relação Homem-Natureza sob os mais variados matizes. Sejam eles políticos, apocalípticos ou redencionistas, parece ser consenso que essas falas são hoje narrativas de poder e, dos anos 70 do século passado até os dias atuais, cifras bilionárias já foram movimentadas em prol da causa ecológica. No contexto de posições preservacionistas ou conservacionistas, liberais ou conservadoras, a impressão que tenho é que o emprego de determinadas categorias chave relativas ao tema da crise ecológica são demasiado vagas. Em que pese o valor conceitual que termos como natureza, (meio) ambiente e paisagens possuam não só para as Ciências Biológicas, mas também para as Ciências Humanas e a Filosofia, as palavras parecem ser alocadas deliberadamente no corpo dos discursos, de acordo com a conveniência e intenção do enunciador. Com efeito, a elucidação contextual dessas categorias de pensamento é posta em segundo plano, instaurando convenções e acordos tácitos sobre o quê e do quê se está realmente tratando. Particularmente, surpreende o uso impreciso desses conceitos no âmbito acadêmico, em todos os níveis de formação. Diante do exposto, surge a seguinte pergunta: qual conceito pode ser efetivamente heurístico para pensar a dimensão concreta das ações humanas nas múltiplas e distintas formas de relação com o ambiente que aqui estou considerando como biocultural 1? Expresso de outro modo e em se tratando das possibilidades de uma educação na natureza, qual conceito elucida de forma mais precisa e localizada o caráter eco-antropológico da relação do Homem com o seu meio? Estas dúvidas são os fios condutores deste trabalho que, apesar de estar alicerçado em diversas suposições justamente por ser um experimento de associações e alcances conceituais, traz consigo uma hipótese central que norteia toda a reflexão aqui apresentada: o conceito de paisagem pode ser uma ferramenta útil para se pensar os mundos humano e não-humano na esfera do vivido, ou seja, no que diz respeito a tudo o que é experimentado pelos seres reais em situações tangíveis. Ancorado nesta hipótese, o objetivo principal é desenvolver em que medida a noção de paisagem pode ser efetivamente heurística para responder a multiplicidade de vetores que circulam por entre a relação humanidade-natureza. Para tanto, procurarei desenvolver uma hipótese sobre a agência de conhecedores 2 em espaços praticados e imaginados ou, nos termos de Bachelard 3, regiões de intimidade, reportando-me tanto para fragmentos da história de períodos coloniais, como para cenários amazônicos contemporâneos. No entanto, para chegar nos sujeitos 1 Ao invés de meio/ambiente natural, prefiro o termo meio/ambiente biocultural, haja vista que toda percepção e intervenção nos espaços se fundamenta em bases mentais e cognitivas construídas em figuração conjunta entre os sujeitos culturais e as matrizes biológicas e ecossistêmicas sobre as quais toda forma de organização social se erige. Em outras palavras, o ambiente não existe como epifenômeno do humano, mas, em verdade, existe como interpretação de uma estrutura eco-antropológica definidora das paisagens, com as quais mantemos feixes de relações diversos. 2 SÁ, Samuel Maria de Amorim. O imaginário social sobre a Amazônia: antropologia dos conhecedores. História, Ciências, Saúde, vol. VI (suplemento), , set BACHELARD, Gaston. Introdução. In: A poética do espaço. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008 [1957]. P

3 concretos, antes discorrerei sobre dimensões conceituais, promovendo uma associação em caráter experimental entre natureza e lugar, por um lado e, por outro, paisagem e espaço. As referências mais importantes que amarram este trabalho são: Simmel 4, De Certeau 5, Bachelard 6 e Sá 7. A pesquisa aqui apresentada tem cunho exclusivamente bibliográfico, não obstante ter sido inspirada em um estudo socioantropológico que desenvolvo pari passu junto ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (PPGCS/UFPA) em nível de Mestrado 8. Como técnica, estabeleço diálogos e aproximações conceituais entre os autores de forma hipotética, mesmo que estes autores aparentemente não possuam ligações diretas sob um ponto de vista teórico, metodológico e epistemológico. Em seguida, procuro verificar que tipo de relação as outras referências-suporte do capítulo em questão mantém com a hipótese previamente formulada. Diante disso, não pretendo forçar aproximações sempre coincidentes entre os conceitos discutidos nos capítulos, ou seja, a intenção não é me valer somente de excertos dos textos que me favoreçam e que confirmem a hipótese formulada previamente. Pelo contrário, o objetivo é verificar distâncias e aproximações entre as formulações discutidas. A contribuição que pretendo oferecer é a possibilidade de desenharmos uma Educação Ambiental que esteja pautada na formação de conhecedores em uma perspectiva de saberes ambientais, entendendo por isso um trabalho que antes de ser apressadamente intervencionista, possa basear-se em pesquisas interdisciplinares que considerem seriamente a memória e o imaginário dos sujeitos impressas nos espaços de intimidade dos quais aqui falamos. Seguindo esta trilha, estaríamos abertos a considerar nossos planos de ação como obras abertas, os quais não tem condições de ser postos em prática antes de se iniciar contatos continuados que possam ser aproveitados para elaborar e reelaborar projetos de educação que, em verdade, são projetos de aprendizagens ambientais para áreas específicas. Natureza : perspectivas de um lugar Nesta seção, pretendo estabelecer um paralelo entre a idéia de natureza e a noção de lugar. O objetivo dessa construção teórica é sugerir que, ao longo do trajeto filosófico-científico do pensamento ocidental, o conceito de natureza adquiriu a face de um universo totalizado e totalizador que talvez tenha obscurecido um projeto humano concreto diante da sua grandeza intangível. Em outras palavras, o Homem que vem mantendo com a natureza permutas múltiplas e complexas na vida cotidiana possivelmente tenha se invisibilizado em face das abordagens tão gerais a que foi submetido um dos conceitos que nos é mais caro. Enfim, a natureza fora tornado 4 SIMMEL, George. A Filosofia da Paisagem. Política e Trabalho. João Pessoa, v. 12, p , Set DE CERTEAU, Michel. Relatos de espaço In: A invenção do cotidiano. Rio de Janeiro: Vozes, P BACHELARD, Gaston. Imaginação e matéria. In: A água e os sonhos. São Paulo: Martins Fontes, 2002 [1942]. P A casa. Do porão ao sótão. O sentido da cabana. In: A poética do espaço. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008 [1957]. P Introdução. In: A poética do espaço. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008 [1957]. P Op.Cit. 8 SALES, Breno Augusto Garcia. Paisagens e Meio Ambiente: um estudo das práticas e percepções dos estudantes do entorno do Parque Estadual do Utinga (Belém Pará). Belém, 2009, 10p. (Pré-Projeto apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UFPA, para seleção de Mestrado em Ciências Sociais área de concentração Antropologia)

4 um lugar por boa parte dos filósofos e cientistas do ocidente, um lugar onde a ação humana parece não ter encontrado um cenário fértil para observar, imaginar, sonhar, transformar e ser transformado, ou seja, um cenário concreto onde o projeto antropológico possa se realizar não somente sob um ponto de vista instrumental, mas cognitivo, técnico, simbólico e espiritual. A reflexão aqui desenvolvida se apóia especialmente em Simmel (1996), quando este ensaia sobre o nexo orgânico entre natureza e paisagem. Adicionalmente, também devemos esta formulação à De Certeau (1994), precisamente no pequeno trecho da Invenção do cotidiano em que o autor distingue os conceitos de lugar e espaço. Para pensar a abordagem sobre a natureza, convidarei autores que discutem o conceito na história do pensamento ocidental e, a partir desse diálogo, procurarei sugerir como os estudos por dentro e em volta desse tema foram marcados, pelo menos na maior do tempo, por um senso universal de unidade que a tudo abarca, deixando qualquer tentativa de visualização do que seja a natureza sempre a se perder no horizonte 9. A Natureza como lugar Unidade de um todo, unidade fluída do vir-a-ser, cadeia sem fim de coisas. Esses são os termos cunhados por Simmel 10 para sugerir o que ele entende por natureza. Para o filósofo e ensaísta alemão, a natureza é, concomitantemente, a fonte e a aniquiladora ininterrupta de formas. É o lugar onde a arte ou o artifício não sobrevivem, assim como qualquer imagem fragmentada ou estratificada. Trata-se do reino do uno, que se exprime através da continuidade espacial e temporal. Aproximo a noção simmeliana de natureza do conceito de lugar, porque De Certeau 11 define lugar como sendo o cenário da ordem (independente de qual seja) na qual os entes se arrumam organizadamente e ali constroem relações de coexistência. Daí não existir a possibilidade de dois elementos ocuparem o mesmo lugar. O lugar pressupõe a distribuição dos seres em um dado universo, uns ao lado dos outros (grifos do autor), sendo que cada um possui um canto próprio que o singulariza. Sendo assim, o lugar implica sempre uma indicação de estabilidade, entendo-se estabilidade aqui não como algo fixo e imutável, mas como algo que persiste firmemente no tempo e no espaço com uma certa solidez. Se examinarmos como a idéia de natureza vem se construindo no pensamento ocidental desde a antiguidade clássica até a contemporaneidade, veremos que a imagem de unidade do todo realmente nunca se perdeu, mesmo que este todo tenha assumido diferentes papéis no transcorrer da história e tenha sido criado e governado por diferentes entidades. 9 Estou ciente das limitações de estar tomando como referência para a discussão aqui apresentada comentaristas de filósofos e cientistas naturais que aqui e ali tratam sobre natureza e, além disso, comentários que são sínteses que obviamente apresentam todos os problemas de idéias resumidas e agrupadas no interior de uma introdução, capítulo ou artigo. Durante a pesquisa, tive acesso, por exemplo, a grande obra de Merleau Ponty Natureza mas não tive tempo e nem preparação teórica suficiente para estudar e discutir ainda que fragmentos de seu conteúdo neste trabalho. 10 Op.cit.. p Op.cit. p. 201

5 Entre os gregos, sob um olhar panorâmico, a natureza era vista como princípio inteligente, um animal racional com mente própria cujo atributo primeiro era a capacidade de governar a si mesmo e, secundariamente, influenciar os outros seres viventes. As criaturas, dessa forma, participariam psiquicamente da alma do mundo - através da psyche - e intelectualmente na atividade mental, além da sua organização física, por meio da techné. A natureza, para os filósofos helenos, era a physis, ou seja, o cosmos, o universo, a essência e o princípio de cada ser. A palavra physis tem como verbo correspondente phyen, que podemos traduzir por crescer, qualitativamente. Outro sentido de phyen é tornar-se visível. Nesse sentido, a vida orgânica e os processos naturais como nascer, crescer, reproduzir e morrer integram o corpo significativo da natureza (ou physis) para os clássicos. (Kesselring, 1992: 20-21; Collingwood, : 10) No entanto, na concepção grega da natureza, a noção de kyklós parece ser a idéia mais marcante. Kyklós quer dizer círculo e toma parte na crença da natureza como processo circular, cíclico. Dessa forma, não há nada de novo a não ser a repetição de processos já ocorridos anteriormente. Para Aristóteles 12, por exemplo, a Physis significava o princípio do movimento e repouso para todas as coisas do universo e, nesse processo cíclico da natureza, todo ser aspiraria ao seu lugar natural, o que remete a idéia de coexistência de elementos que é parte da definição de lugar de De Certeau 13. Collingwood 14 ainda nos fala de um movimento regular e ordenado da natureza na visão dos gregos, o que pode lembrar a indicação de estabilidade, da qual também nos fala o autor de A invenção do cotidiano. Em se tratando de Idade Média, tendo como ambiente de reflexão o ocidente cristão, a natureza não perde essa visão do organismo integral, totalizante e totalizada. Contudo, a natureza não é mais senhora de si mesma, isto é, deixou de ser a fonte de sua própria existência e autoregulação. O que os filósofos gregos chamavam physis passa a ter agora uma força criadora, representada na figura de Deus que, portanto, antecedia a natureza e a governava. O Homem era um ser integrado a essa natureza, porquanto era criatura originada do criador 15. Já na primeira fase da idade moderna, especialmente nos séculos XVI e XVII, três aspectos são importantes para a compreensão da configuração da idéia de natureza: a herança teológica da idade média; a redescoberta da antiguidade, especialmente no século XV; a maior experimentação científica sobre a natureza, iniciada sobretudo no século XIII. A conjunção desses fatores concorrem, nesse primeiro momento, para um racionalismo antropocêntrico que substitui a unipotência divina pelo poder do próprio Homem, de modo que o protagonismo de Deus cede espaço a preponderância da explicação dos fenômenos da natureza via leis naturais. No início da era moderna, portanto, o ser humano aos poucos passa a se auto conceber como dominador e conhecedor-mor da natureza Apud Kesselring, op.cit. p Op.cit. 14 Ibid. p Kesselring, ibid. p Não podemos deixar de lembrar a contribuição cartesiana para a construção desse ideário moderno, cuja divisão do universo em res extensa (corpos materiais natureza) e res cogitans (mundo do pensamento) e do homem em um princípio transcendente de

6 Na fase seguinte da era moderna, que remonta os séculos XVIII e o limiar do XIX, tanto Collingwood 17 como Kesselring 18 concordam que o idioma através do qual os cientistas usaram para falar da natureza foi a evolução. O primeiro autor discute o papel dos estudos históricos para a consolidação da idéia de evolução nas ciências naturais. O segundo nos fala da aceitação da teoria da evolução. Essa aceitação, por seu turno, provocou uma mudança de sentido na natureza se tivermos como referência a antiguidade clássica. Com a consolidação do paradigma evolutivo, a natureza deixa de ter um movimento cíclico e passa a ganhar um percurso progressivo e espiralado, extraindo daí a idéia de que a história nunca se repete, ou seja, aqui e ali ela é sempre nova, sem que haja, necessariamente, uma substância qualitativa nesse progresso 19,20. Collingwood 21 escreve sobre determinadas conseqüências trazidas pela visão moderna. Possivelmente, a principal delas é o reconhecimento da relatividade e das limitações da observação humana no que tange a natureza. Dessa forma, admitiu-se que toda atitude cognoscente diante do meio natural está condicionada às faculdades e capacidades humanas dentro de referenciais de espaço e tempo específicos, vividos por nós enquanto espécie. Isto quer dizer que os critérios de verdade da ciência são postos em xeque, haja vista que, p. ex., animais menores ou maiores, vivendo em um ritmo mais rápido ou mais lento que os seres humanos, certamente observariam e apreenderiam o mundo natural de formas diversas. Nesse sentido, classifica-se a natureza estudada pelos cientistas como antropocêntrica 22. Essa visão integralizadora da natureza atravessa a idade moderna e chega na contemporaneidade com uma outra roupagem. Nos nossos tempos, natureza e técnica já não encontram-se apartadas uma da outra como outrora. Pelo contrário, elas se imbricam de tal forma que até se confundem. Um exemplo característico são as patentes de organismos vivos ou manipulados pela Engenharia Genética. Por outro lado, a noção de evolução passa a ser entendida menos a partir de um ideário de progresso qualitativo do que sob a perspectiva da multiplicação, diversificação e especialização das espécies. Kesselring 23 chega mesmo a afirmar que a concepção de seleção (natural) se distancia da idéia da sobrevivência do mais forte até porque a expressão survival of the fittest, de Darwin, não pode ser traduzida como a prevalência do que tem mais força - e ganha uma corpo/espírito, jogou o homem para fora da natureza no sentido de tornar a sua constituição substancial radicalmente diferente da constituição da natureza, já que o conhecimento seria apreendido pela via do pensamento. Dessa forma, praticamente impossibilitounos de conhecer a natureza, delegando nossa sorte à benevolência divina no que diz respeito ao êxito no estudo dos fenômenos naturais. Ademais, ao considerar o universo como grande aparelho mecânico e o Homem como parte desse universo, o século XVII marca e vem consolidar a visão mecanicista da vida. 17 Ibid. 18 Ibid. p. 16 et seq. 19 Benjamim, no ensaio Sobre o conceito de história, critica veementemente a idéia de uma melhora qualitativa da história. Cf. In: Obras Escolhidas: Magia e técnica, arte e política. São Paulo, Brasiliense, Ainda sobre a repercussão dos ideais evolutivos para o entendimento humano na segunda metade do XIX, Cassirer (1994) atesta que a publicação da A Origem das Espécies, de Charles Darwin, marca a prevalência da biologia sobre o pensamento matemático que caracterizou o período moderno. A teoria da evolução parecia, então, ser o verdadeiro caráter da filosofia antropológica, de modo que os cientistas e filósofos precisavam somente colher evidências empíricas para formar o banco de dados da teoria da seleção natural das espécies. 21 Ibid. p Um fator que pode ter contribuído para esse efeito relativizador é a descoberta do acaso nas experimentações das ciências naturais (Kesselring, ibid.: 34). 23 Ibid. p. 39

7 abordagem mais próxima da estatística, levando em conta a inconstância, os arranjos e as combinações relativas a processos que dizem respeito à diversidade das variáveis que envolvem a vida das espécies. Como se pode notar, por mais que o entendimento da natureza sofra transformações no seu conteúdo ao longo das duas fases da era moderna e do período contemporâneo, a sua substância fundamental parece manter-se a mesma. Essa persistência de um sentido totalizador que nos remete para a idéia de mundo ou universo, a qual, diga-se, a Filosofia e a Ciência Moderna vez por outra atribuíram o caráter de objeto em contraposição ao sujeito cognoscente talvez confie a Simmel um diagnóstico preciso. Com esse breve passeio sobre as concepções que o conceito de natureza adquiriu no decorrer da história, o objetivo é problematizar em que medida é o Homem real que está retratado na exposição acima. Por Homem real, entendo o Homem do cotidiano, da concretude da vida social ou, em bom português, de carne e osso. Por mais que aceite a formulação de Stein (1996) e a corrente a qual ele se filia, a Hermenêutica - que a Filosofia fala do mundo e não sobre o mundo e, nesse sentido, não teria sentido referir-se ao Homem tangível, o mesmo autor atribui ao ser humano a capacidade de pronunciar enunciados assertóricos predicativos, ou seja, para ele o que singulariza o humano é o fato de eles e elas serem operadores e operadoras de linguagem. Mesmo a partir dessa assertiva do Professor Stein, não consigo perceber onde se encontra esse ente de linguagem no corpo das definições extraídas da leitura de Collingwood e Kesselring. Sem querer ser mal entendido, não estou afirmando aqui que gregos, medievais, modernos e contemporâneos não possuíam linguagem e que não se valiam dela para tornar a natureza inteligível. Antes disso, e para me fazer entender definitivamente, suponho que no curso de toda a exposição realizada pelos autores com quem dialogo aqui, parece não se encontrar o Homem valendo-se de uma linguagem concreta em relação a uma natureza palpável, ou seja, a idéia de todo impresso no conceito de natureza implica em um ser também total se relacionando com ela, o que talvez esconda a verdadeira humanidade do Homem que é sua relação prática com a natureza sob uma diretriz de troca e aprendizado permanente. Será que se pode dizer que Platão, Bacon, Locke ou Darwin saíram de suas casas para estudar a natureza? Ao que tudo indica, parece quase impossível filosofar sobre a natureza sem ter a idéia do todo e sem perder de vista o ser humano em uma situação de interação efetiva a qual, insisto, parece ser a forma através do qual a nossa compreensão e formação sobre este universo (dito) natural se constrói, material e simbolicamente. Em poucas palavras, sob essa diretriz totalizante, possivelmente o Homem tenha sido subtraído diante de uma mega-estrutura que lhe deixou órfão da face, do gesto e da atitude que lhe tornam o que só pode ser: humano. Paisagens: espaços objetivados e imaginados Na seção anterior, procuramos expor uma suposta inviabilidade de tomar heuristicamente o conceito de natureza - pelo menos tal como formulado na história do pensamento ocidental

8 (Kesselring, 1992; Collingwood, 1986) - para tratar das relações Homem-Natureza (humana e não-humana) sob um ponto de vista dos elementos concretos que constituem as múltiplas e complexas faces dessas interações. Nesta seção, a tarefa consiste em apresentar o fenômeno da(s) Paisagem(s) (Simmel, 1996) associado à idéia de espaço(s) (De Certeau, 1994) que, por sua(s) vez(es), têm como força vital sustentadora a faculdade imaginativa dos sujeitos que habitam tais cenários, aqui considerados como regiões de intimidade (Bachelard, 2008). Destarte, assumimos as Paisagens como uma alternativa teórica que pode ser frutífera no que diz respeito ao mesmo objetivo acima mencionado, qual seja, o de procurar categorias de pensamento que possam repercutir construtivamente na elucidação mais clara e precisa dos intercâmbios técnico-simbólicos que conformam as relações Homem-Natureza na concretude da vida social. Para tanto, procurarei interlocução junto à autores que discutem o fenômeno das Paisagens desde a perspectiva da memória, da estética e da tentativa de classificação por parte de cientistas. Da natureza a paisagem: do lugar ao espaço Procuramos demonstrar anteriormente que a concepção simmeliana de natureza corresponde a uma unidade indivisível, uma cadeia sem fim de coisas cuja realização está sempre por se dar. Nesse cenário de totalidade, parece não haver espaço para situações reais de contato com a natureza, ou seja, para instaurar uma relação sensível com esse mega universo natural, tudo indica que precisamos recortá-lo em pedaços. Em outras palavras, por mais que alguém possa contar que saiu de casa para passar um tempo em contato com a natureza, o que efetivamente atrai a pessoa são extratos desse meio, isto é, fragmentos de um ambiente específico que ganham cor, forma e luz singulares. Em uma palavra, o que toca o nosso naturista é a paisagem. Portanto, é assim que o filósofo alemão entende a paisagem: um fragmento da realidade natural. Contudo, para Simmel 24, não basta somente um elemento isolado ou mesmo a soma de diversos elementos da natureza para se formar uma paisagem. É preciso que a cena possua um senso de conjunto, uma nova unidade que cative nosso espírito e seja acompanhada por um sentimento singular denominado pelo filósofo de Stimmung 25. Aproximamos, então, a idéia de paisagem do conceito de espaço, tal como proposto por De Certeau 26. Nos termos do historiador francês, diferentemente do lugar, ao espaço não cabe nenhuma indicação de um próprio, ou seja, o espaço caracteriza-se pela multiplicidade e plurivocidade de elementos em circulação oscilando entre interações conflituosas e afinidades consentidas ao longo do tempo. Dito de outra forma, o espaço é um lugar que ganha vida pela 24 Ibid. p.1 25 Dentre os textos que consultei e que citam este trabalho de Simmel, nenhum deles tenta traduzir Stimmung para o português, limitando-se a, no máximo, explicar as possibilidades do significado do termo. Pelo que pude extrair da leitura do ensaio, por Stimmung, Simmel quer nos comunicar um estado psíquico que confere cor - constantemente ou em um momento específico - à totalidade da parcela que se visualiza, neste caso, a paisagem. A Stimmung da paisagem, segundo Simmel, penetra todos os detalhes das particularidades que compõem o cenário percebido. 26 Op.cit. p. 202

9 coexistência ativa de entidades diversas que, apesar de estarem sob a influência do tempo, não deixam de constituir identidades bem marcadas circunstacialmente. Enfim, nas palavras de De Certeau, o espaço é um lugar praticado (grifos do autor). O espaço estaria para o lugar como a palavra quando falada, isto é, quando percebida na ambigüidade de uma efetuação.... Segundo Simmel 27, o sentimento da paisagem nem sempre existiu. Aliás, seu advento é até adjetivado por ele como tardio. O processo histórico e cultural que concorreu para que o homem dissolvesse antigas concepções (de natureza?) e admitisse retratar a realidade sob perspectivas mais autônomas e de caráter diferenciado se consolidou somente no período pós-medieval. Quando o processo de construção do sentimento da paisagem conheceu uma determinação psíquica efetiva e, ademais, ganhou autonomia plena, a paisagem apareceu pela primeira vez na pintura. (...) a compreensão de todo o nosso problema se prende ao motivo seguinte: a paisagem no sentido artístico nasce quando se prolonga e se purifica cada vez mais o processo pelo qual a paisagem no senso comum se desprende para todos, da impressão crua que se tem das coisas da natureza tomadas em detalhe. O que o artista faz subtrair ao fluxo caótico e infinito do mundo, como imediatamente dado, um pedaço delimitado, o alcançar e o formar como unidade daquilo que até então encontra em si seu próprio sentido e cortar os fios que ligam ao universo é precisamente o que nós também fazemos, em dimensões menores, sem tantos princípios e de modo fragmentário, pouco seguro das suas fronteiras, quando temos a visão de uma paisagem no lugar de um prado e de uma casa, de um riacho e de um cortejo de nuvens 28. Esse excerto da Filosofia da Paisagem não é somente ilustrativo da concepção simmeliana de Paisagem aplicada a arte pictórica, mas também é útil para a hipótese que um dia formulei e ainda pretendo desenvolver, qual seja, a de associar a atividade do artista com a de conhecedores 29 que praticam seus lugares, ou seja, de indivíduos e grupos habitando espaços e estabelecendo com as paisagens relações técnico-culturais que contribuem na formação (educativo-imaginativa) dos sujeitos (humanos) e na conformação (técnico-simbólica, estética e espiritual) dos indivíduos (ecológicos) envolvidos nesses processos construtivos. Nesse sentido, conceberia o saber e o fazer cotidiano também sonhado e imaginado - desses conhecedores como um artesanato impresso nas paisagens. Não obstante de, ao longo dessa exposição, natureza e paisagem estarem sendo tratadas como duas dimensões quase que mutuamente exclusivas, espero dirimir todas as dúvidas sobre essa questão assinalando que essas duas noções mantém uma com a outra uma relação intrínseca de interdependência. Não existe paisagem sem a sua referência original, esta um pano de fundo sobre o qual se erige uma fotografia singular, plena, una da realidade. Por outro lado, conforme já foi sugerido, o Homem real, por mais que sinta a presença da natureza considerada como um todo, não estabelece contato direto com ela, ou seja, sua experiência palpável, sonora, visual ou 27 Op.Cit. p.2 28 Simmel, op.cit. p Ver Capítulo 3.

10 simplesmente energética é sempre situada no tempo e no espaço. Em poucas palavras, em nenhuma circunstância o todo pode existir sem a parte e vice-versa. Paisagens: memória, estética e ciência A pertinência da assertiva acima parece encontrar amparo nos propósitos dos viajantes que no Brasil aportaram no século XIX. Tanto os naturalistas de inspiração romântica quanto os artistas tinham a missão de, ao observar paisagens, fornecer ao leitor ou apreciador da obra de arte um espectro mais completo possível da natureza tomada na totalidade. Conrad Martens, artista que substituiu Augustus Earle durante a segunda viagem do Beagle (Dez Ago. 1832), durante a expedição de levantamento das costas meridionais da América do Sul, afirmava que o paisagista deveria procurar retratar a amplitude e a grandeza da natureza, mais do que limitar objetos individuais, produzindo uma arte que brotava do brilho da luz e da profundidade da sombra 30. Da mesma forma, os naturalistas alemães Spix e Martius, ao descreverem romanticamente paisagens pitorescas no Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX, seguiam as propostas de Humboldt de criar no quadro da natureza (Naturgemälde) a impressão totalizante da experiência humana na paisagem tropical (Totaleindruck). Dessa forma, por mais que essas descrições variassem quanto a profundidade e a amplitude espacial, o jogo entre o panorâmico e os detalhes era invariável, ou seja, para representar um cenário tropical, o naturalista deveria necessariamente se valer do Naturgefühl (sentimento de natureza), procurando expressar neste recorte paisagístico a sensação universal de comum união com a natureza 31. Contudo, não incorramos no erro de pensar que a representação artística ou científica de qualquer paisagem é fruto somente da percepção circunstancial do artista ou cientista. Ao mesmo tempo em que são obras sincrônicas da mente, os trabalhos desses sujeitos estão informados por mitos e fragmentos de memória que conformam as suas criações de forma descontínua, tornando a paisagem não só o fruto de camadas de lembranças, mas também de estratos de rochas, entendendo pelas rochas possíveis tabus, barreiras e, quem sabe, até esquecimentos, todos resultantes de trajetórias específicas. Também aparecem como fatores importantes os elementos fantásticos e oníricos, assim como as expressões do devaneio e, por isso, do poético. Enfim, o que quero sugerir é que as visões da natureza são sempre reconstruídas a partir dos raios de alcance e de penetração da cultura 32. É justamente isso que Martins (2001) parece constatar com relação aos artistas britânicos que pintavam as paisagens cariocas na primeira metade do XIX. Para a historiadora, o que eles retratavam não era fruto somente das suas subjetividades puras, mas também resultado do que eles conheciam, aprenderam e esqueceram ao longo das viagens. Com efeito, talvez eles não soubessem que ao se valerem de sentimentos e imagens de outras paisagens para pensar os 30 MARTINS, Luciana de Lima. A pintura inquieta da paisagem tropical. In: O Rio de Janeiro dos viajantes: o olhar britânico ( ). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, P LISBOA, Karen Macknow. O prazer da paisagem In: A nova Atlântida de Spix e Martius: natureza e civilização na Viagem pelo Brasil ( ). São Paulo Hucitec, P SCHAMA, Simon. Introdução. In: Paisagem e Memória. São Paulo: Companhia das Letras, Passim.

11 cenários tupiniquins - agora acompanhados de todo o espanto e maravilha peculiar dos trópicos, eles estariam contribuindo para a nossa própria forma de se ver, comparar-se com os outros e negociar identidades. Essas pinturas tropicais são, acima de tudo, o resultado da constante conservação de paisagens de lugares distantes e as paisagens das mentes dos próprios artistas; um processo de transculturação que requeria que eles conciliassem as paisagens in situ com as paisagens da memória in visu, buscando atender às exigências de seus públicos, fossem estas artísticas ou científicas. (Martins, 2001: 160) (As palavras em português são grifos meus e as em latim os grifos são da autora) As limitações presentes no ideário e nas obras românticas não invalidam a contribuição do legado de seus representantes no que diz respeito ao papel da carga poética nos relatos de espaço. Mesmo no século XVII quando a Inglaterra já sentia os efeitos da moda das paisagens holandesas e do surgimento da palavra landscape (paisagem) na língua inglesa no final do XVI - Schama nos lembra que o artista erudito inglês Henry Peacham produzia xilogravuras idílicas de ambientes -diga-se, significativamente antropizados como as margens do Tâmisa, por exemplo - como se fossem recados dizendo que a verdade da imagem era muito mais poética que literal; que todo um mundo de associações e sentimentos envolvia a cena e lhe conferia significado (1996: 22). É mister ressaltar que o sentimento de natureza, tal como ensinado por Humboldt e que procurava ser seguido pelos viajantes naturalistas vindos especialmente da Prússia, pretendia fugir dos devaneios da natureza, caracterizados por ele como afetos selvagens e taxados como a peste daqueles tempos. Ademais, Humbold acreditava que o Naturgefühl carregava consigo o céu e o inferno ao mesmo tempo, ou seja, o cientista precisaria encontrar uma justa medida entre a percepção sensível da natureza e a necessidade objetiva de seu ofício como agente sistematizador do conhecimento (Lisboa, 1997: 90-91) Martius, em carta a Goethe datada de 1825, conclui o texto assinalando que a natureza concebida na totalidade das suas relações e encarada como objeto de ciência - pressupondo, assim, o sentimento de natureza como suporte de observação - podia ser comparada a mais bela obra de arte, seja sob um ponto de vista objetivo ou subjetivo. Dessa forma, ele considerava a atividade científica como um trabalho poético, o qual seria mais ou menos limitado pela razão dependendo do objeto de pesquisa, conquanto sempre guiado pelas diretrizes poéticas. Em suma, o ofício do historiador da natureza estaria atravessado por oscilações entre a ciência e a poesia 33. (grifos meus). Paisagens como espaços poéticos: imaginação e devaneio Até o tempo presente, talvez ainda não esteve entre nós nenhum outro pensador que harmonizou tão brilhantemente em sua obra a ciência e a poesia do que Gaston Bachelard 34. Dentre as suas obras estéticas, destaco aqui A poética do espaço (2008), na qual o autor realiza uma 33 Id. Ibid. 34 Cf. CESAR, Constança Marcondes. Bachelard: ciência e poesia. São Paulo: Paulinas, (Ensaios filosóficos).

12 fenomenologia da imaginação poética 35, ou seja, ele promove a leitura de grupos de poesias que tratam de regiões de intimidade, isto é, cenários caracterizados por ele como felizes e que exercem atração no ser de tal forma que se tornam espaços louvados 36. O estudo compreende tanto espaços físicos casa, ninhos e conchas como formas e grandezas a miniatura, a imensidão íntima e a fenomenologia do redondo e concebe a imagem da criação poética como um valor de origem do próprio ser falante, imagem essa dotada de autonomia completa diante de qualquer conhecimento prévio. Em poesia, o não saber é uma condição prévia 37. No capítulo denominado A casa. Do porão ao sótão. O sentido da cabana, Bachelard percorre espaços da casa com o objetivo de encontrar uma essência íntima e concreta que indique o valor singular das imagens de proteção da intimidade 38. Nesse cenário caseiro, a tarefa do fenomenólogo das imagens poéticas seria descobrir a concha inicial em toda moradia, de modo que ele possa estudar os verdadeiros pontos de partida das imagens referentes aos valores do espaço habitado ou, nas palavras de Bachelard, o não-eu que protege o eu 39. Bachelard nos conduz por cantos de aconchego das moradas humanas e, de forma perspicaz, conclui que diferentemente do que se possa entender como moradia, todo espaço realmente habitado traz a essência da noção de casa 40. Nessa concepção, a atmosfera envolvida em uma paisagem pode fazer com o que o ser abrigado se sinta na sua casa verdadeira, talvez até em um sentimento de retorno, primitividade ou refúgio, como é o caso da cabana, descrita pelo filósofo francês. Porque a casa é o nosso canto do mundo. Ela é, como se diz amiúde, o nosso primeiro universo. É um verdadeiro cosmos. Um cosmos em toda acepção do termo. Vista intimamente, a mais humilde moradia não é bela? (...) 41. As descrições poéticas da casa naturalmente desafiam os padrões lógicos e racionais, dando lugar aos imponderáveis da vida imaginativa. Dessa forma, p. ex., o ser abrigado pode sentir medo de invasões exteriores no interior de fortes edificações ou, de outra forma, transformar um minúsculo espaço caseiro em um grande universo dotado de vida própria e funcionamento institucional particular 42. A casa é, portanto, uma das maiores forças de integração entre pensamentos, lembranças e sonhos por intermédio do devaneio. Sua função transborda os limites da moradia e se constitui como centro de sonhos, onde cada cantinho da casa foi objeto de devaneio e não raro construiu uma identidade com esse mesmo devaneio 43. Se pensada em 35 Ibid. p Quando fala em espaços louvados, Bachelard deixa claro que não quer dizer que a relação estabelecida com essas paisagens seja de amor incondicional. O que designa pelo termo atração corresponde a uma força que oscila entre aproximação e distanciamento, atração e repulsão, atribuindo a essas imagens um comportamento variável, de acordo com o trabalho de enriquecimento da imaginação diante de seu ser imaginado. É essa riqueza do ser imaginado que gostaríamos de explorar. (id., ibid.: 19). 37 Ibid. p Ibid. p Ibid. p Ibid. p Ibid. p Ibid. p Ibid. p. 34

13 relação aos outros elementos que lhe possibilitam existir terra e águas subterrâneas, p.ex. a casa pode converter-se em verdadeiro ser da natureza 44. Como se pode notar, a faculdade da imaginação confere ao ser humano a capacidade de ultrapassar sua própria humanidade. Permite-o ser mais. A imaginação renova a paisagem que não está senão na sua própria caixa de surpresas mental, fruto de seus sonhos, projeções e desejos. Ela renova não só espaços, mas também sua própria vida, fazendo dela a própria novidade essencial e deixando se surpreender com o curso dos acontecimentos. Inevitavelmente, estamos aqui diante de outro ser, um ser extra-ordinário. Um aprendiz que se educa não somente pela quantidade de saber acumulado, mas pela luz radiante da imagem soberana. Eis o sujeito bachelardiano: um espírito encarnado que se deixa educar pelos seus próprios devaneios. A imaginação não é, como sugere a etimologia, a faculdade de formar imagens da realidade; é a faculdade de formar imagens que ultrapassam a realidade, que cantam a realidade. É uma faculdade de sobre-humanidade. Um homem é um homem na proporção em que é um super-homem. Deve-se definir um homem pelo conjunto das tendências que o impelem a ultrapassar a humana condição. Uma psicologia da mente em ação é automaticamente a psicologia de uma mente excepcional, a psicologia de uma mente tentada pela exceção; a imagem nova enxertada numa imagem antiga. A imaginação inventa mais que coisas e dramas; inventa vida nova, inventa mente nova; abre olhos que têm novos tipos de visão. Verá se tiver visões. Terá visões se se educar com devaneios antes de educar-se com experiências, se as experiências vierem depois como prova de seus devaneios. (Bachelard, 2002: 17) (grifos meus em educar-se com devaneios e enxertada e do autor em cantam e humana condição ). Uma natureza praticada, imaginada e (re)desenhada: a agência de conhecedores diante de paisagens Conhecedores: seres de fala, seres de fato Ao questionar primeiramente a capacidade heurística do conceito de natureza para responder à complexidade das relações social e culturalmente construídas entre o Homem e seu meio biocultural no transcurso do tempo, em seguida sugerimos a presumida potencialidade da noção de paisagem como espaço no qual a ação humana se realiza em uma base melhor visualizável, isto é, ao que parece encontramos um cenário onde a dimensão eco-antropológica aparece de forma mais transparente, ensejando a constituição de uma linha contígua e indissolúvel entre natureza e cultura. Estes espaços, outrora denominados espaços louvados ou regiões de intimidade, são lugares praticados que guardam lembranças, sonhos e devaneios humanos. Por isso, a relação original estabelecida pelo sujeito com os elementos deste espaço não resulta de um saber acumulado. Pelo contrário, sob uma vertente bachelardiana, o princípio vital da ligação entre o ser e o seu espaço está na criação da imagem. Nesse sentido, estabelecer intercâmbios com cenários atrativos não é privilégio desse ou daquele agente, mas um atributo de todo ser imaginante. Toda 44 Ibid. p. 41

14 mente devaneadora pode conhecer, basta ter visões. E, para ter visões, como já visto alhures, tem que se educar com devaneios. Feita esta breve recapitulação, pretendo agora inserir a temática dos conhecedores no corpo das hipóteses até aqui arroladas. Conforme já foi citado, me apoio na proposição de Sá (2000) quando realiza uma revisão sobre parcelas do imaginário social de conhecedores sobre a Amazônia, concebendo esta antropologia do imaginário tanto em suas limitações (fracassos e impossibilidades) como na qualidade de um tipo de saber para formar conhecedores. Na conclusão, o antropólogo defende o imaginário como dimensão importante para que não se transponham comportamentos e soluções de fora para problemas locais acriticamente, como se fossem padrões de consumismo. A idéia seria, então, combinar criações gestadas interna e externamente, desde que seja observado o seu contínuo reprocessamento. Ao trazer o papel de conhecedores diante de paisagens para o conjunto da presente argumentação, dois aspectos fundamentais relativos às suas constituições enquanto sujeitos merecem ser relevados. O primeiro é a sua qualidade de seres produtores de imagem que ultrapassam a realidade factual, ou seja, agentes capazes de fabular, sonhar e devanear sobre seus espaços de atração. Entretanto, suas características não se esgotam aí. Assim como Sá 45, também atribuo relevância ao caráter intersubjetivo do imaginário. Isto implica em dizer que conhecedores são narradores e narratários que compartilham universos polifônicos e polissêmicos de linguagem e que buscam conferir sentido às suas vidas objetivas a partir de processos de simbolização de objetos e relações construídas em níveis de realidade diversos 46. Nesse sentido, em uma definição parcial, o imaginário seria então atos de fala (Searle apud Sá, op.cit.: 890). Contudo, o antropólogo amazônida caracteriza os conhecedores de que trata no artigo como agentes dispostos ao diálogo que visa não só atos de fala, mas também atos de fato. Contudo, particularmente, seria mais cuidadoso ao sugerir que na Amazônia estamos tratando com sujeitos e imaginários que são capazes de aprimorar suas formações e formulações, respectivamente, tendo como premissa fundamental e relacional o diálogo, mas que nem sempre os contatos intra e interculturais entre conhecedores estão fundados nesse princípio. O segundo aspecto constitutivo dos conhecedores em face de paisagens é o caráter artesanal e mutante de suas práticas no tempo e no espaço. Com isso, estou sugerindo que as formas assumidas por diversas paisagens no mundo inteiro, além de serem resultados de processos naturais, são também obras humanas. Ressaltar este ponto torna-se importante porque, como demonstra Schama (1996), espaços que foram sacralizados e apontados como representações puras de uma natureza intocada, em verdade tinham sido o efeito de queimadas realizadas por indígenas que habitavam a região. Voltaremos a outros exemplos e dimensões deste primeiro ponto mais a frente. Por outro lado, ao mesmo tempo em que esses conhecedores são delineadores dos contornos desses cenários paisagísticos, é essa mesma base ecossistêmica 45 Op.cit. 46 Meu entendimento do que sejam conhecedores está a serviço da idéia defendida neste trabalho e não coincide exatamente com a definição proposta por Sá (ibid.: 890, 891).

15 onde eles atuam que fornece os elementos simbólicos que concorrem na conformação de suas estruturas cognitivas e categorias de entendimento que irão fundamentar todas as relações técnico-culturais construídas em seus ambientes. Nessa perspectiva, Humanidade e Ambiente figuram conjuntamente no meio biocultural, tornando as trocas energéticas e as mudanças formais da natureza um processo construído em co-deriva (Silveira, 2009; s.d). Tendo em vista os objetivos traçados em nosso plano de trabalho, estou interessado em desenvolver neste capítulo esse segundo aspecto da agência de conhecedores sobre as paisagens e, concomitantemente, das paisagens sobre os conhecedores. Para tanto, irei me remeter a alguns exemplos que nos reportam novamente para momentos da colonização européia nos quais as transformações nas paisagens e nos ambientes são o foco da atenção. Somado a isto, também destacarei exemplos de manejo ecológico realizados na região amazônica, unindo interesses de investigação particulares com o fio condutor da reflexão de Sá 47, que aqui nos serviu de inspiração. O imperialismo da biota européia: plantas e animais mudando o visual do(s) Novo(s) Mundo(s) Durante muito tempo, vigorou nos nossos estudos de história(s) do(s) período(s) colonial(ais) uma visão tradicional da chegada de colonizadores com suas armas e um desejo insaciável de exploração dos recursos humanos e naturais nas terras do Novo Mundo. Aos poucos, se foi dando mais relevo para a repercussão gerada pelos outros itens de bagagem trazidos por esses viajantes, cientistas, missionários e migrantes. Dois desses itens são as plantas e os animais, os quais imprimiram uma nova fisiologia nos ecossistemas e redesenharam irreversivelmente a fisionomia das paisagens coloniais. Em se tratando de colonização européia, particularmente da Inglaterra, Crosby (2002) destaca o papel das ervas na reorganização do solo alterado pelas espécies trazidas da Europa. Por sua característica competitiva, as ervas empurraram, sombrearam e afastaram as plantas rivais seja por meio da extensão dos seus rizomas por baixo da terra ou pelos brotos que se lançavam por cima dos outros vegetais. Entre as funções desempenhadas por essa espécie exótica também figuram a estabilização do solo e o bloqueio dos raios solares, recompondo os nutrientes necessários para vigorar nova vida nas terras coloniais inglesas, particularmente Estados Unidos e Austrália. Para Crosby, as ervas somente prosperaram nesses novos mundos porque encontraram um solo passando por mudanças radicais, ou seja, superfícies sofrendo a influência de organismos estranhos à configuração habitual dos seus ecossistemas. Nesses ambientes, as ervas pareceram ser, de fato, a Cruz Vermelha do mundo das plantas 48. No entanto, como estamos tratando de sistemas ecológicos integrados, as ervas não promoveram somente uma mudança na flora do Novo Mundo. Foram também, em muitos casos, alimentos para os animais exóticos que por lá aportavam como mais um item trazido nos navios 47 Op.cit. 48 id., ibid. p. 153

16 metropolitanos e que contribuíram na redefinição das paisagens recém descobertas (ou seriam invadidas?). Crosby nos fala que até seria possível que os migrantes ingleses chegassem nas terras novas e lá exercessem domínio. Todavia, não conseguiriam estabelecer morada até que transformassem essas glebas em um lugar mais parecido com a Europa. Os agentes que desempenharam de forma determinante esse papel familiarizador das paisagens coloniais foram os animais, tanto os domesticados quanto os que se adaptavam mais rapidamente. Nesse pacote, estão incluídos: cavalos, vacas, porcos, cabras, carneiros, asnos, galinhas, gatos e outros. A importância desses bichos para o sucesso dos impérios transoceânicos europeus foi tamanha que o historiador estadunidense chega a afirmar que mesmo que os colonizadores tivessem chegado nos novos torrões munidos de toda a tecnologia do século XX, não teriam tido tanto êxito no seu empreendimento como tiveram ao criar essa admirável fauna no Novo Mundo. Em virtude de esses animais se auto-reproduzirem em uma velocidade fantástica, foram capazes de alterar o ambiente em uma proporção tal que nenhuma máquina poderia conhecer. No Brasil do século XVI, também assistiu-se a mudanças significativas nos ecossistemas a partir da introdução de espécies animais e vegetais vindos de outros continentes. O trabalho de Miranda (2004), por exemplo, sai em defesa da contribuição dos jesuítas, não somente na diversificação biogenética dos ambientes brasileiros, mas também na sistematização das formas de classificação indígenas da fauna e da flora. Conta também em favor dos missionários cristãos o fato de terem lançado diversas hipóteses que contestavam a dimensão fixista do criacionismo 49, criando assim embriões do que seriam mais tarde a teoria da seleção natural e evolução das espécies. Essa última contribuição, na visão do autor, ainda hoje não é devidamente reconhecida. Ao longo do período colonial, os portugueses e, entre eles, os jesuítas, trouxeram para cá todos os artigos que sentiam falta e os que cogitavam que iriam precisar. Um exemplo dessa medida preventiva foram as plantas medicinais vindas, além da Europa, também da África, América Central e principalmente da Ásia. Miranda 50 cita a carambola como uma fruta que, apesar de saborosa, veio da Índia para o Brasil para ser usada no tratamento de doenças cardíacas. Outra espécie com ascendência indiana e que é tida hoje como uma marca indissociável das paisagens do litoral brasileiro é o coqueiro 51. Cenários Amazônicos (ou da ciência do concreto 52 vivida na Amazônia) 49 Dentre essas hipóteses, destacam-se: (...) criações múltiplas, geração espontânea, transformações e metamorfoses das espécies e heterogonia em face do criacionismo fixista. (id., ibid.: 88) 50 Ibid. 51 Vale a pena arrolar todas as espécies citadas por Miranda (ibid. p. 98) para percebemos como construímos equivocadamente sob um ponto de vista objetivo, claro - visões de paisagens genuinamente brasileiras quando estas foram em verdade forjadas por estrangeiros que aqui estiveram por muitos anos: (...) cana de açúcar, algodão, manga, bananas, carambola, melão, melancia, arroz, feijão, trigo, aveia, sorgo, uvas, coco, figo, fruta-pão, jaca, laranjas, limões, limas, tamarindo, tangerinas, café, trigo sarraceno, cravo, canela, caqui, biribá, gengibre, romã, inhame, amoras, nozes, maçãs, pêras, pêssegos, sapotis, pinhas e graviolas, abacates...uma infinidade de outras hortaliças, temperos, ervas medicinais e tubérculos. 52 Cf. LEVI-STRAUSS, Claude. A ciência do concreto. In: O pensamento selvagem. Campinas: Papirus, 1989 [1952]. P

17 Não é muito difícil admitir que os processos de intervenções e modificações nos ambientes e nas paisagens brasileiras não cessaram ao longo dos séculos e, tampouco, foram reduzidos. Pelo contrário, o advento das máquinas e equipamentos industrializados para tratar terras cultiváveis e instituir monoculturas colaborou para tornar mais agudo o impacto das modernas técnicas agrícolas nos ecossistemas brasileiros. Contudo, apesar de determinadas formulações e discursos que tentam classificar a situação ambiental sob a rubrica catastrófica da crise, da perda e da escassez, experiências de populações que construíram relações duradouras com os seus ambientes provam que a atividade agrícola pode ser realizada com um equilíbrio tal que, além da manutenção da variabilidade genética das espécies animais e vegetais em um determinado sítio ecológico, o sistema de preparo da terra, plantio, cultivo e colheita também possa servir para fins alimentícios, medicinais e rituais, além de atrair a caça e tornar o ambiente propício para a criação de animais. Um exemplo desse tipo de manejo sustentado é o reflorestamento realizado pelos índios Caiapó da aldeia Gorotire, sul do Pará. O estudo etnobotânico de Posey e Anderson (1990) mostra como os caiapós desempenham atividades que promovem um tipo de agricultura que parece imitar a natureza, uma vez que semeiam uma diversidade de plantas da mesma espécie e praticam um plantio sucessivo de acordo com a ordem natural do crescimento de uma floresta, induzindo aquele determinado micro-clima a funcionar nos seus moldes originais. Ao redor da aldeia Gorotire, os índios cultivam pequenas porções de terra destinadas a concentrar madeira para extração. Saber se essas ilhas (apetês, na língua nativa) se formavam por causa da ação dos caiapós (ou não) era um dos objetivos da pesquisa de Posey e Anderson 53. O interesse dos dois etnobiólogos se justificava porque, nas planícies brasileiras, esse tipo de vegetação encontra-se dispersa e não concentrada como nos apetês. A conclusão do estudo dos pesquisadores estadunidenses é que os apetês são realmente criados e cultivados pelos caiapós. Além da finalidade extrativa, essas zonas ecológicas já serviram como esconderijo dos índios em situação de guerra; foi utilizada como abrigo quando grandes epidemias assolavam as aldeias (uma delas inclusive assistida in loco por Posey); em tempos de paz, os apetês também eram utilizados para descanso e encontros amorosos, motivo pelo qual instruía-se as crianças que não entrassem nas áreas internas, sob a justificativa de que lá moravam fantasmas 54. No entanto, Ballée (2003), relativiza as conclusões de Posey e Anderson lembrando que existem muitas formas de se plantar uma floresta. Para sustentar seu argumento, o antropólogo estadunidense escreve sobre a possibilidade de certas espécies como a mandioca, por exemplo, terem sido plantadas (ou semeadas) por animais como o veado. Pelo fato de caminharem por outras florestas anteriormente queimadas e quase que inteiramente renovadas depois de um tempo (fallows), os veados comem a mandioca desses campos e, quando se dirigem para uma 53 Ibid. 54 ibid. p. 207, 208.

18 roça limpa, eles jogam fora as sementes ou as jogam em buracos feitos na terra destinados para os restos de alimentos (garbage pits, middens). O mesmo processo também acontece com frutas não domesticadas como o cacau, mamão e star apple (?). O autor também descreve o caso dos macacos Capuchin que espalham sementes de cacau em toda a área das fallows depois de comerem a polpa doce que circunda a semente. Vale a pena ressaltar ainda que os Caiapó conhecem esse mecanismo de dispersão e costumam dizer que os macacos semeiam sementes (sic) do cacau não domesticado nas fallows antigas. A observação feita por Ballée pode conduzir a uma análise menos antropocentrista da conformação das paisagens. Nesse sentido, portanto, incluímos a natureza não humana como participante ativa nesse ciclo de trocas materiais e energéticas entre os seres e seus ambientes 55. Outro ponto destacado tanto por Ballée 56 como por Posey e Anderson 57 é o papel desempenhado pelas queimadas não somente na renovação dos solos e da vegetação da floresta, mas também na atração da caça; no controle de animais peçonhentos e na eliminação de gramíneas e cipós que invadem as trilhas. Além do mais, o fogo promove espetáculos visuais que chamam a atenção dos índios durante a noite. Segundo William Ballée, a agricultura amazônica baseada no cultivo da roça, cujo princípio é capinar-queimar (slash-burn method) possibilitou o crescimento de florestas inteiramente renovadas em função dos incêndios que vinham (vem?) sendo provocados pelos primeiros habitantes da região. Apesar de o ato de atear fogo e aguardar o novo crescimento da floresta nem sempre resultar em sucesso, nos casos em que essa renovação ocorreu, a diversidade da nova vegetação sempre se apresentou de forma mais ampliada, aí também inclusa a vegetação do entorno. Segundo o antropólogo estadunidense, essas novas florestas pareciam florestas virgens. Dessa forma, ele conclui: a nova evidência sugere que essas florestas são de um tipo diferente e que elas não existiriam se não fosse por causa de atividades agrícolas humanas que mudaram as condições edáficas [relativas ao solo] e bióticas [relativas a fauna e a flora] em favor delas 58. A constatação acima reforça um dos princípios arrolados por Ballée no início do artigo em questão que, basicamente, reconhece que desde a pré-história, os primeiros povos habitantes da Amazônia vem transformando as paisagens da região através da redistribuição de uma série de espécies por entre os diversos ambientes regionais, enriquecendo a biota e revigorando o material orgânico da superfície da terra em vários locais Quando Crosby (op.cit.: 173) escreve sobre a ocorrência da superpopulação de ratos e coelhos nas Neo-Europas, parece chegar a uma conclusão semelhante a de Ballée, conquanto um pouco mais pessimista no que concerne ao caráter consciente e intencional da ação humana nas mudanças ambientais. Diante do fato dos neo-europeus terem gasto rios de dinheiro em vão tentando evitar que a reprodução acelerada desses animais tomasse conta de suas cidades, o historiador estadunidense conclui: Isso parece indicar que os seres humanos raras vezes foram senhores das mudanças biológicas que provocaram nas Neo-Europas. Eles se beneficiaram com a grande maioria dessas mudanças, por certo, mas, quer se beneficiassem ou não, sua atuação foi quase sempre menos uma questão de opção e discernimento do que de acompanhar a correnteza de uma barragem que arrebenta. (grifos meus) 56 Ibid. p. 281; Op.cit. p. 202; Id. Ibid Tradução livre. 59 Ibid. p. 277

19 Ao trazer os exemplos do período colonial e outros mais recentes da Amazônia Brasileira, minha intenção não difere muito do objetivo dos autores aqui citados, ou seja, busco ilustrar o quanto as paisagens que hoje se quer proteger, preservar ou conservar são paisagens erigidas, modificadas e redesenhadas por agentes históricos e culturais, os quais construíram não somente uma relação técnico-instrumental com seus ambientes, mas, sobretudo, trataram os recursos naturais sob o fundamento de uma interação cognitiva que, por sua vez, está atravessada por uma dimensão técnico-cultural. Com isso, quero sugerir que a relação Humanidade-Natureza tem nos seus feixes de ligação categorias de entendimento construídas social e culturalmente em ecossistemas diferenciados. Considerações finais Em verdade, o que foi até aqui exposto pretende convidar a uma reflexão que esteja fincada nos cuidados que (nós), os educadores, devemos ter ao considerarmos a possibilidade de contribuir na formação de um sujeito na relação com o ambiente em que reproduz sua vida material, simbólica, afetiva e espiritual. Essa espécie de alerta passa pela devida ciência do educador que naqueles ambientes existem extratos de natureza (Simmel, 1996) no qual estão impressos marcas da memória (e do esquecimento) que foram construídos histórica, social e culturalmente através de vínculos de intimidade (Bachelard, 2008). Nesse sentido, vimos que a natureza praticada é também imaginada, mas trata-se de uma imaginação sentida, compartilhada e transmitida em um aprendizado geracional recíproco que conforma o acervo de saberes de conhecedores que marcam presenças perenes nesses locais. Referências BACHELARD, Gaston. Imaginação e matéria. In: A água e os sonhos. São Paulo: Martins Fontes, 2002 [1942]. P A casa. Do porão ao sótão. O sentido da cabana. In: A poética do espaço. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008 [1957]. P Introdução. In: A poética do espaço. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008 [1957]. P BALLÉE, William. Native views of the environment in Amazonia. In: SELIM, H. Nature across cultures: views of nature and the environment in non-western cultures. S.l: Kluwer Academic Publishers. P CASSIRER, Ernst. A crise do conhecimento de si do homem In: Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana. Trad. Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Martins Fontes, 1994 [1944]. P (Coleção Tópicos). CESAR, Constança Marcondes. Bachelard: ciência e poesia. São Paulo: Paulinas, (Ensaios filosóficos) COLLINGWOOD, R.G. Introdução. In: Ciência e Filosofia: A idéia de natureza. 5ª ed. Lisboa: Presença, P. 7-33

20 CROSBY, Alfred. Ervas. In: Imperialismo biológico: a expansão biológica da Europa São Paulo: Companhia das Letras, 2002 [1986]. O Animais. In: Imperialismo biológico: a expansão biológica da Europa São Paulo: Companhia das Letras, 2002 [1986]. P DE CERTEAU, Michel. Relatos de espaço In: A invenção do cotidiano. Rio de Janeiro: Vozes, P KESSELRING, Thomas. O conceito de natureza na história do pensamento ocidental. Ciência e Ambiente. Ano III n o 5 Jul./Dez P LISBOA, Karen Macknow. O prazer da paisagem In: A nova Atlântida de Spix e Martius: natureza e civilização na Viagem pelo Brasil ( ). São Paulo Hucitec, P MARTINS, Luciana de Lima. A pintura inquieta da paisagem tropical. In: O Rio de Janeiro dos viajantes: o olhar britânico ( ). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, P MIRANDA, Evaristo Eduardo de. Biodiversidade e teoria da geração espontânea. In: O descobrimento da biodiversidade: a ecologia de índios, jesuítas e leigos no século XVI. São Paulo: Loyola, P ANDERSON, Anthony; POSEY, Darrel. O reflorestamento indígena. In: BOLOGNA, Gianfranco (org.). Amazônia Adeus. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, P SÁ, Samuel Maria de Amorim. O imaginário social sobre a Amazônia: antropologia dos conhecedores. História, Ciências, Saúde, vol. VI (suplemento), , set SALES, Breno Augusto Garcia. Paisagens e Meio Ambiente: um estudo das práticas e percepções dos estudantes do entorno do Parque Estadual do Utinga (Belém Pará). Belém, 2009, 10p. (Pré- Projeto apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UFPA, para seleção de Mestrado em Ciências Sociais área de concentração Antropologia). SCHAMA, Simon. Introdução In: Paisagem e Memória. Trad. Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, P SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da. A paisagem como fenômeno complexo: reflexões sobre um tema interdisciplinar In: SILVEIRA, Flávio Leonel Abreu da & CANCELA, Cristina Donza (orgs). Paisagem e Cultura: dinâmicas do patrimônio e da memória na atualidade. Belém: EDUFPA, P Qual o lugar do homem na Educação Ambiental?. S.l: s.n, s.d. Disponivel em: Acessado em: 03/09/2010 SIMMEL, George. A Filosofia da Paisagem. Política e Trabalho. João Pessoa, v. 12, p , Set STEIN, Ernildo. Aproximações sobre hermenêutica. Porto Alegre: EDPUCRS, 1996

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