VIAGENS DE lndios BRASILEIROS A EUROPA

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1 que o padre Yves d'evrcux não fica atrás do seu companheiro Claude d'abbeville nos louvores que dispensa aos nossos índios. Não cremos ser necessma a citação de outros textos. Seria alon.. o trabalho sem proveito especial para o leitor. O objetivo vi.sadi pode ser considerado atingido com os viajantes cujos livros percam mos rapidamente. Tem-se por eles uma síntese das idéias exisleo" nos séculos dezesseis e dezessete a respeito do selvagem brasileinl sendo que deixamos para mais tarde o exame dos escritores século dezoito, como Lafitau e Rayoal. Aquelas idéias, como marcavam uma grande evolução sobre as que predominavam Europa antes da era dos descobrimentos. A noção do selvagem e monstruoso, graças aos depoimentos dos viajantes, tinha sido pletamente suplantada pela idéia do bom selvagem. Esta velha ~ cepção interpretativa do homem natural passara do plano espccult tivo em que se situava, desde a antiguidade, para um outro piam que o púbhco do tempo poderia considerar como sendo de verdadeit verificação experimental. Fora superada a etapa das abstratas codji: derações indagativas sobre a bondade natura] do animal humano As proposições hipotéticas, avançadas sobre este tema, antes e depoil da era cristã, viam se, agora, coroadas por uma sensacional demon.. tração, trazida através do conhecimento e da experiência. Os tros, ou maus selvagens, se esbatiam nas brumas do improvável, evaporavam, pouco a pouco, na incredulidade dos povos, graças progresso da observação geográfica e, também, graças à negati\1 continuada da existência deles, que traziam as revelações. mundos, dentro dos quais a presença de tais figuras ou era mente desmentida pelos observadores, ou, então, era vagamente gada mas nunca constatada por autor que merecesse fé. Enquanto isso, os bons selvagens eram descritos com fantásticas, pelos viajantes que regressavam das Indias Ocidentais. Através das suas obras cada vez mais se consolidava na Europa I convicção de que eram gentes que desfrutavam uma verdadeira Idade de Ouro, t60 suspirosamente cobiçada pelos poetas e tão gravemente entrevista pelos filósofos. Foi deste movimento evolutivo da opinião pública européia sentido da formação da teoria da bondade natural que procuramos dar uma idéia, resumindo os autores mais responsáveis por limitando voluntariamente, tanto quanto possível, o campo da tigação ao selvagem do nosso país e à sua influência na Europa em França em particular. Assim não fugimos à nossa tese, q_ procura situar a figura do índio brasileiro dentro do movimento ideológico da Revolução Francesa. 30 CAPITULO SEGUNDO VIAGENS DE lndios BRASILEIROS A EUROPA NESTE CAPiTULO procuraremos demonstrar que, além de freqüentemente descritos pelos livros de viagens, os selvagens eram vistos na Ruropa de corpo presente, tocados, examinados, interrogados. Com deito, desde que se estabeleceu o intercâmbio marítimo com a Améraca, não cessou a expedição dos naturais desta para a Europa. Era h'bito dos navegantes, na ocasião dos descobrimentos, enviarem ou trazerem como uma espécie de prova da empreitada, plantas, animais c homens da nova terra. Este bábito não foi peculiar ao nosso continente, e já era praticado Intes que ele fosse conhecido. Mas com a América se intensificou, Incontestavelmente, e cremos que foi ainda mais freqüente com o Indio brasileiro do que com qualquer outro silvícola. O nosso índio, e o da América Central, despertavam maior curiosidade Da Europa do que os de outra procedência, por causa do fato de andarem nus na sua grande maioria. Os que provinham da América do Norte ou das planícies meridionais da América do Sul eram obrigados a se cobrirem de peles e tecidos, por causa do clima. Davam assim uma Impressão de maior adiantamento, gozavam de rudimentos de civililção, que se chocavam com a idéia romântica da existência pura 'nte natural, que era cara aos europeus. Quanto aos habitantes do Peru e do México, o grau elevado da sua cultura foi logo constatado pelos primeiros invasores. Nào poderiam também, assim, dar ao mundo a lição de inocência que os intelectuais humanistas estavam :Iamando. Mais adiante voltaremos a este assunto, explanando-o melhor. Por enquanto o que convém é acentuar a freqüência das viagens do Brasil aos diferentes países do Velbo Mundo, a escandalosa que despertavam, e o sucesso, por vezes com que eram recebidos. Colombo foi quem iniciou este estranho turismo, levando consigo, volta da sua primeira viagem, dez índios centro-americanos dos apenas, chegaram vivos, e provocaram tanto interesse na que cbegaram a ter o rei e a rainha por padrinho e ma. batismo. exemplo do descobridor não deixou nunca mais de ser seguido navegantes que se dirigiam ao Brasil, e a estes vamos cingir 31

2 <t nossa observação, relaciooando-os, para tanto, numa lista, qui acreditamos não ser completa, e que aceitamos csteja mesmo, p0ssivelmente, longe disto. Foi, contudo, a mais documentada que conseguimos organizar, nos custou não pequeno esforço de paciência e de pesquisa, pois II nos foi dado encontrar qualquer tentativa anterior no mesmo sentida por parte dos historiadores do Brasil, nacionais ou estrangeiros. Os nossos índios eram levados à Europa ou como simples dade da terra, ou como produto de exportação, na condição escravos. Desta última maneira milhares devem ter sido os tados e é impossível levantar-lhes uma estatística exala, ou aproximada, pela absoluta carência de elementos. Antes de se verem forçados, pelas condições da lavoura açucarein a fazerem a importação de escravos africanos para o -.. caram OS portugueses, relativamente em alta escala, o escravos índios com a metrópole. Aliás, os espanhóis fizeram o mo, e o próprio Colombo, na carta que escreve a Rafael fazendo o relato da sua recente descoberta, propõe-se a levar número de índios escravizados para o serviço da Marinha. Os lusos sempre tiveram tendência para a escravidão dos._._ das terras conquistadas. No Brasil, segundo depoimento de cronistl insuspei tos, não havia português ou portuguesa, por mais pobre fosse, que não tivesse duas ou três "peças" de escravos, qu.. encarregavam de prover ao sustento do senhor ou senhora. A primeil: coisa que faziam os reinóis, quando aqui cbegavam, era se munira desses instrumentos dóceis para a execução das suas ordens,. se tratava de escravos homens, e para a satisfação dos seus sexuais, quando eram índias mulheres. Dos homens se serviam dos cavalos e outros animais e, quando morriam, mantinham a ma identidade de tratamento, enterrando-os nos mu ladares. este mau costume de que tanto se escandalizava o padre B1asqUl não era privilégio dos portugueses no Brasil. Em Roma, também. cadáveres da gente da plebe eram enterrados em comum, dos animais... As índias, frescas e moças, eram objeto de cuidados especiais, serviam em casa como mucamas, ou como raparigas para. mais intimos. Tão ardentes eram os lusos na sua procura que, o correr dos tempos, chegavam a comprá-las, por dinheiro, aos Navarrete _ Coleccl6n de los viajes }' descubrimiemos. Madrid, pia: Cartas avulsas dos jesuftas. Rio, 1931, pás: A carta informaçiio é do padre Antonio B1asquez.... Spengler _ Du Umugang des Abendlandes. Munich, 193 ), pi,_ 4$. 32.'1 ins pais, apesar dos veementes protestos e proibições dos padres da I Ifnpanhia. Rlça forte, orgulhosa, dominadora, caíam de rijo os portugueses,,,hre aquelas gentes dóceis e subntissas, oferecidas passivamente aos ",UI apetites de mando e de prazer. As cartas dos jesuítas, colocadas... "Icance do público pela Academia Brasileira de Letras, são repat&h\rioi admiráveis de documentos contemporâneos e palpitantes, sobre rrjpme de vida dos índios escravizados. Remetemos o leitor desede conhecimentos mais completos, a esse respeito, a tais publia fim de não nos estendermos demais sobre este ponto. l.isboa, em determinado momento, era um verdadeiro museu etno- U.oo. Represcntantes das mais variadas e das mais estranhas nações ~ricanas, africanas e asiáticas sc cruzavam nas suas ruas, nos seus jardins e palácios. Quase todo o serviço doméstico das casas )u simplesmente abastadas era feito por esses escravos de ~m.mar, entre os quais se contavam numerosíssimos índios brasi. Estes últimos eram preferidos para os trabalhos de casa, ou, engajados como marinheiros, nas naus dos donatários de ou dos comerciantes ricos. Os negros africanos, desde _-- ~_ da descobena do Brasil, eram especialmente destinados ao rude tr.hallio dos campos, para o qual faltavam já braços, porque os válidos despovoavam as terras e vinham para as cidades, se empregavam no sorvedouro das aventuras militares e navais Colónias. Provavelmente, a ocupação militar da lndia terá sido 'rtlnde causa do despovoamento do campo português e do afluxo escravos no século dezesseis. () fato é que, como dissemos, Lisboa, capital do reino, no princípio quele século era uma Babel. A quantidade de homens de todos :ses recém-conhecidos que lá se juntavam, numa terrível conde trajes, costumes, línguas e religiões, chegou a assombrar a de Resende, que se refere, impressionado, a tal situação. Escomerciantes, marujos e aventureiros, de todas as origens e as categorias, se acotovelavam naquele porto que era o centro de convergência do comércio colonial. Gentes bizarras,uspeitas, negros, índios da Ásia e da América, chins e japões, lado de beróis, soldados, navegantes, apóstolos e sábios, formiganaquelas ruelas escuras e escusas, que se enovelavam nos arredo Palácio Real, onde o soberano verificava os balanços, canos relatórios de preços, controlava escrupulosamente a colodos seus produtos nas praças est rangeiras. O rei português à vista dos armazéns da Casa da lndia e, das janelas, poderia ir, em pleno êxtase mercantil, como qualquer vendeiro ventrudo, entrada das caixas, fardos e tonéis que vinham dos dodúnios dis:. em cujas terras cálidas os seus barões assinalados pelejavam glória do pendão das quinas. 33

3 Mas o que interessa especialmente a este estudo 6 a escravidão do selvagem. Ela foi. desde os primeiros tempos, conforme já ficou acentuado acima. largamente praticada pelos portugueses. Aliás, não se lhes deve nenhuma severidade por isso. A escravidão era uma conseqüência natural da economia agrícola, tal como então se entendia e praticava. E, portanto, não podia deixar de ser aceita pela moral corrente e pelo sistema jurídico do tempo. A própria Utopia, de Tomás MOTUS, livro que contém nas suas páginas um verdadeiro resumo de todas as reivindicações revolucionárias do pensamento da época, chegando até a abolição da propriedade privada, inclui a escra\lidão, pelo resgate dos prisioneiros, entre as instituições daquela republica ideal. A escravidão sempre existiu na antiguidade, e foi praticada pelos povos de maior adiantamento cultural. Os gregos baseavam se no fala da desigualdade natural dos homens; os romanos, no poder irrecusável do conquistador sobre os povos vencidos; e, finalmente, a Igreja Medieval, no conceito adotado pejos povos navegadores, da Renascença, de que os cristãos podiam conquistar e dominar os desconhecedores da Verdade revelada salvando os do pecado e di ignorância e incorporando-os ao rebanho do Senhor. A explicaçãe romana do instituto da escravidão foi a que serviu de base à idéil do "resgate" dos escravos, ou melhor, da apropriação da liberdade do homem, em retribuição ao salvamento da sua vida. Informa, a este respeito, Wilfredo Pareto, que durante se acreditou que a palavra servus, escravo, era derivada do servare, conservar, ou manter com vida. Tal é o conceito estabelecidc nas Institutas de Justiniano. Entretanto, verificou se posteriormenb que tal elnnologia era falsa, e que a palavra servlis indicava, no latin antigo, a pessoa encarregada de guardar a casa. Mas o princípit do resgate, isto é, do direito que o vencedor tinha de poupar a do vencido, escravizandcro como compensação, transportou se sistema romano para os usos e costumes medievais, e era corrente na ocasião dos descobrimentos. O conceito de resgate ainda fortalecido com a tolerância com que a princípio a Igreja siderou a escravidão dos bárbaros, sob pretexto de evitar lhes a _ ção das almas. Não nos esqueçamos, porém, de que esta tolerânci logo se extinguiu porque cedo verificaram os padres em missão lica nos países gentílicos a miserável e desumana opressão que se condia sob esse manto hipócrita. Daí a reação provocada pelo no, que se iniciou publicamente com a bula de Paulo III, a que Pareto _ Trai" de Sociofogie Glnirale. Paris, 191 7, voi. I, páp. 34 aos referimos, e continuada nas colónias, pela pregação ardellle dos missionários. Ninguém esquece a grande obra que os jesuítas reali IAram a este respeito, no Brasil. Parece que, a princípio, os portugueses não tencionavam exportar ('.cravos do Brasil. Tanto que Pera Vaz Caminha, na sua carta, H:tere o fato de terem os mais avisados chefes da esquadra de Cobrai se oposto à idéia de se levarem, pela força, alguns naturais ~o terra, como peças de convicção e como informantes das riquezas uistentes no país, conforme era hábito. Pensavam de início, e com,azão, os lusos, que a morte desses selvagens, acaso ocorrida em viaaem, daria má impressão aos que tivessem ficado, fazendo com que estes hostilizassem os brancos, chegados depois. Essa idéia está bem expressa no regimento da nau Bretoa, que veio ao Brasil em 1511, regimento este que foi publicado por Varohagen. O trecho é o seguinte: Nom Irares na dy'd niioo em nem maneyra nem 11110,., da terra do dy/o brasr/l [etc.l. p.4 dos na/u O que, aliás, foi recomendação de pouco peso, porque constam doi assentamentos da nau alguns destinados aos escravos que ela própria transportou. Essa curiosa inobservância da proibição regulamentar exemplifica bem o que em geral se dava. Os portugueses não atendiam às conlkjeraçõcs humanas ou políticas, em face das possibilidades do lucro.onómico. E começaram logo a escravizar o índio. A princípio,.aturalmente, como a terra estava inteiramente inculta e abandonada,.. lo existindo aldeias, plantações nem lavouras, era o escravo man dado para o reino, a fim de lá servir ao seu amo ou ser por ele vendido a outrem. Este foi o período de maior remessa dos fndios IICravizados à Europa. Mais tarde eles eram poucos para as necessida terra colonial, e foi necessário lançar mão do negro. Então, vez da exportação, passou O Brasil a fazer a importação de l_ravos. Em todo caso, o que convém lembrar é que os povos ibéts foram os principais agentes do comércio de escravos índios. franceses, se o fizeram, foi em muito menor escala, pelo que ina Capistrano de Abreu. r Varnhagen - História Geral. S.II. ed., vo!. T, pág. 60 _ "... com Autorj. ~ Apostólica, pel~ teor da presente ~eterm.inamos. e declaramo~ que os.di!os -- e todas as mais gentes que daqui em diante vierem à noticia dos cnstaos que estejam fora da F6 de Cristo, não estão privados, nem devem $!-lo, IUI liberdade... " Varnhagen - História Gtral. 1.& ed., voi. t, páa O descobrimento do BrflJil. (Ed. da Soe. Cap. de Abreu, Rio, 1929.) 35

4 A Espanha, desde 1504, declarava legítimo o cativeiro dos ca nibais,. merecendo esta medida franco apoio de autoridades ecle-ii siásticas. Em Portugal, as cartas de doação das capitanias estipulavam formemente que os donatários poderiam mandar para o reino escravos índios cada ano, livres de direitos de entrada, além dos estariam sujeitos a eles. Havia exceçôes a esta regra, como a se concedeu a Pero Lopes de Souza, o qual foi autorizado com 39 índios sem nada pagar. Quando deixavam os donatários a terra e recolhiam ao reino, hábito levarem toda a sua escravatura, para o que obtinham missão, como aconteceu com Pero Capico, capitão de uma das tanias reais, que em 1526 regressou do Brasil. Conforme se vê por esses dados, não é possível uma estimati"". nem mesmo aproximada, do número de índios brasileiros que entraram no reino escravizados. Sabemos que era corrente o tráfico, e isto vemos por vários cumentos insuspeitos, como O regimento da nau Bretoa, que fala 36 escravos, homens e mulheres; como a Nova Gazeta do Brasil, 1514, que fala em inúmeros escravos chegados de fresco; como cartas de doação das capitanias, que permitiam o trálico; ou co_. as referências fe itas ao degredado Duarte Peres, que era, provavclo mente, o chamado "Bacharel de Cananéia", o qual, em 1526, cuidaw de apresar e enviar 800 escravos para a Espanha, empreitada qim não se sabe se levou avante. Aliás, a região de São Vicente foi de grande importância na tação do gado humano. O velho porto de S. Vicente, que já -'" com este nome em um mapa de 1502, era um verdadeiro entreposli de escravos, mais ou menos o que viriam a ser, depois. em correol de direção inversa, as regiões de Angola ou Mina. Em São Vio. costumavam vir verdadeiras armadas pegar os pobres silvícolas, a de carregá los para a Europa. Entre outros documentos o que nos mostra que Caboto levou daquele porto cinqüenta vos, na sua armada. Os escravos eram, segundo diziam os senhores, resgatados próprios índios, isto é, tratava-se de vencidos e prisioneiros nas ras, que os portugueses salvavam de morte certa. Mas isso não verdade, e os jesuítas se encarregam de desmentir tais pretextos suas cartas. Afinal, em 1570, por provisão de 20 de março, o Rei D. Sebastiio proíbe a ida dos selvagens escravizados para o reino. Daí por diante a faculdade da exportação de 26 peças de escravos por aoo, Hvres de direitos, desaparece das cartas de doação de terras. Mas a proibição real veio num momento em que a lavoura do.çúcar no Brasil já se utilizava muito do braço escravo para o seu desenvolvimento, tendo sido, mesmo, obrigada a apelar para o braço negro. Num momento, portanto, em que a exportação de índios para Portugal já deveria ser muito menor, senão quase nula. Aliás, muito depois desta proibição, os portugueses ainda remel'lm índios escravizados para o exterior. Em 1641, por exemplo, lemos notícia de que o almirante ComeLius Jol, chamado "o Perna de Pau", levou consigo trezentos índios brasileiros como lropa de desembarque, no assalto que levou a efeito contra a ilha de S. Tom~ e a colônia de Luanda, com o fim de arrebanhar escravos pretos para as plantações holandesas do BrasiL Porém não eram ~omente como mercadoria venal que os índios brasileiros atravessavam o Atlântico, em direção ao Velho Mundo, ou às colónias deste. Costumavam, tamb6m, ser conduzidos como uma espécie de meio de prova dos progressos da conquista, juntamente com outros produtos e curiosidades da terra, Neste caráter foram levados não só pelos portugueses como por navegantes e conquistadores de outras nacionalidades, que (izeram incursões na Brasil. Aliás, não era difícil aos estrangeiros convencer os índios de que deviam acompanhá los. Ao cootrário, estes últimos 6 que se ofereciam com açodamento, almas infantis que eram, imprevidentes, desconhecendo os riscos e amando as aveoturas. Provavelmente, se sentiriam engrandecidos no conceito dos patrícios, com a idéia de que partiam dentro daquelas embarcações bizarras, em companhia de leres tão estranhos, em busca de costumes superiores. Vemos bem o estado de espírito dos selvagens, com relação às suas viagens para a Europa, no depoimeoto insuspeito da Nova Gazeta do Brasil, Diz O autor anónimo desta carta publicada no princípio do século dezesseis que os nossos índios estavam sempre dispostos a embarcar nos navios europeus, porque "supunham partir para o du". S. interessante ootar que, antes mesmo da viagem de Pedro Álvares Cabral, antes, portanto, que o Brasil fosse oficialmente revelado à Europa, já os habitantes do oosso litoral eram conduzidos ao Velho Mundo. Varnhasen _ op. cit. 1.. cd., voi. 1, pág. 34. Varnhagen _ op. cit., I. ed., vai. I, pág Eugênio de Castro _ "Sam Vicente." ln Di4rio de Navegação, cit., 389 c sei!. 36 " Inventário dos Documentos do Arquivo Ultramarino", ln Anais da Biblio '«a Nacional do Rio de Janeiro, vai. XLVI (1934), pág Watjcn - Das Holljindisclle Kolonlalreich in BrtlSllitlf. Haia, 1921, pás. 108 c Vamhagcn, op. cit., S. d., vai. II, pág

5 De fato Vicente Pinz.ón, que tocou nas costas brasileiras em nas alturas da foz do Amazonas (que ele chamou Maranhão), levou consigo 36 índios para a Europa, dos quais chegaram, apepas, vivos. 20, tendo os outros morrido durante a travessia. Diego do Lepe, que chega ao litoral do Brasil logo depois de pinzón e, também, um pouco antes de Cabral, arrebanha, igualmente, como escravos, vários índios e os entrega, em Sevilha, ao Bispo Joio da Fonseca. Cabral mandou, na caravela de Gaspar de Lemos, que foi comunicar ao rei o descobrimento da nova terra, um dos índios dela. Simão de Vasconcelos, nos seus habituais transportes, nos informa que este nosso selvagem foi recebido em Portugal com alearia do Rei e do Reino. Não se fartavam 01 arandc:s e pequenos de ver e ouvir o gesto, a faua, os meneios daquelle novo individuo da aeração bumana. Huns o vinhão a ter por hum Semicapro, outrol por um Fauno, ou por alguns daquelles monstros anliguos, entre poetas celebrados. Reconheçamos que, como estréia, não foi muito mal sucedido nosso indiozinho, que tão viva curiosidade provocava entre "gra des e pequenos". Notemos também a coexistência das duas tendências antag6nicas, em relação ao bom e ao mau selvagem. Enquanto alguns cortesãos, mais ou menos literários, se esforçavam por nosso tupiniquim (que esta foi a tribo com que se defrontou uma espécie de fauno ou semicapro, o bom Rei Manuel, depois conhecê-lo e de, provavelmente, com ele tentar se entreter, mandava dizer ao Rei da Espanha, oa carta que acima citamos, que os homens da Santa Cruz eram "inocentes, mansos e pacíficos". No ano seguinte à viagem de Cabral, Américo Vespúcio consigo três íodios para o reino, a fim de que aprendessem a língua.1 Diz o florentino que convidara dois selvagens, constantes de grupo que se encontrava na praia, apreciando a evolução das Mas um terceiro logo se ofereceu para embarcar com os companheiros. Pela localização que Vespúcio fornece da tribo (um dia de viagem, para o norte, a contar do Cabo de Santo Agostinho), conclui-se que seriam índios caetés. E o curioso é que o autor. Letera, que se queixa de maus tratos so[rjdos por tribos que esta" 150 léguas ao sul (portanto tupinambás), louva a cordura dos que passaram mais tarde por irascíveis e violentos. Não se sabe _ fim tiveram esses primeiros intérpretes, conduzidos a Portugal. Em janeiro de 1504 chegou ao Brasil o navio Espoir, de Honfleur l comandado pelo Capitão Binot Paulnier de Goneville. Aportou Simão de Vasconcelos _ Crónica da Companhia de Jesus. Lisboa, pág. XXXlll. Carta a Sonderini, in Vila e Lttltre di.amerigo Vespucci, cit. 38 parte sul do nosso litoral, onde se demorou em oegociações com 01 fndios carljós, que habitavam a região. O cacique local era chamado Arosca e tinha um filho, por nome Essomeriq, jovem de quinze anos, curioso e sedento de aventuras. Quando a nau francesa regressou, em julho de 1504, consentiu "rosca que o seu filho acompanhasse OS brancos, sob a guarda de 11m outro índio, por nome Namoa. Destinava-se o pequeoo príncipe 1;11 nossas selvas a aprender o manejo e a fabricação das armas de 'Ola, que o velho cacique, na sua ingenuidade, julgava realizável ~ desejava para o esmagamento dos seus vizinhos inimigos. Namoa e I $IOmeriq foram atacados a bordo pelo escorbuto, tendo o primeiro morrido e o segundo conseguido se salvar. Receando, porém, que do sobrevivesse, o capitão francês batizou-o com o seu próprio nome. Chegou, pois, à Europa, cristão e chamado BinoL Contava n capitão de Goneville fazer voltar o seu pupilo ao Novo Mundo, conforme prometera ao velbo pai, mas isto não lhe foi possível. RelOlveu, então, educar o jovem índio com esmero e carinho, o que Ct:lnseguiu. Mais tarde, tomou-se de tal afeição pelo hóspede brasileiro que o casou, em 1521, aos trinta anos, com a sua própria rllha, Susana, e deixou-lhe todos os bens em testamento, com a Ctlndição de que ele usasse o escudo e o nome de Goneville. Este venturoso carijó, que tão prodigiosa reviravolta teve na vida, passando da condição de bárbaro nômade, habitante de um mundo perdido, a nobre e abastado cidadão de um grande país, com o seu lar organizado e a sua fanulia constituida, deve ter sido o primeiro INlsileiro que pisou terras de França. O capitão de Goneville, nas.formações que prestou, mais tarde, sobre a sua viagem às autoriporto, diz que o jovem índio brasileiro audit HonlJeur el lolts Jes Iieux de la passü, estoit bien regardé poltr n'avoir jamais ln France personnage de s/ loingtain pays. () ex-índio Essomeriq, agora senhor Binot Paulnier de Goneville, - rc descendentes do seu consórcio com a jovem Susana. Entre esses a..cendentes conta-se um padre do mesmo nome o qual foi cônego. Catedral de S. Pedro, em Lisieux, e que escrevia obras históricas COrrer do século dezessele, denominando-se a si próprio pré/re Vê-se pois que não se envergonhava do sangue que lhe corria veias. Nos primeiros anos, que se seguiram à descoberta da América informa com exatidão a data o livro de que nos servimos para este episódio), o embaixador de Veneza junto à Corte de - Op. cit. págs. 30 a 54. O fato é lambém referido pelo viajante no xu livro Vo]age aulollr du Monde. Paris, Ed. Feste, rs.d.], 39

6 Carlos V viu, em Sevilha, um grupo de meninos selvagens jogando às cabeçadas e rebatendo com as costas, bolas de borracha do ta~ manha de um melão. - :E. um jogo semelhante ao que, o general Rondon chamou matanaariti, e que ainda hoje se pratica entre as tribos da região amazónica. Com efeito, o autor deste livro teve oportunidade de assistir no Rio, em 1922, por ocasião dos festejos do Centenário da lodependência, a uma demonstração do jogo, feita por índios provavelmente amazónicos. Dava~ se, então, ao jogo o nome de,;el/nali. Foi tentada a sua aplicação por alguns clubes esportivos cariocas, mas sem resultado. A pequena equipe de meninos que se exibia em Sevilha tinha sido levada à Espanha por um frade. Eram, provavelmente, brasileiros da região amazônica, e embarcados nalgum porto do litoral por qualquer navio espanhol, o que era freqüente. Funda~se esta vicção no fato de a contribuição cultural do uso da borracha adstrita, natu ralmente, à região delimitada pelo habitat da bra.siliensis. Quanto à tribo à qual pertenceriam esses índios é dihcil de esclarecer, pois, conforme já ficou dito, o ma/anaari, z.icunati é comum a toda a zona da borracha, tendo-o, mesmo, don, encontrado em pleno sertão de Mato Grosso, entre os parecis; Nordenskiold, no seu livro sobre a civilização indígen a do Chacal acha que o jogo pode ser até originário dessa região. Em 1509, O Capitão Tomás Aubert, que andou navegando as do Brasil no comando do navio La Pensée, pertencente ao famoscl armador Ango, primeiro do nome, levou consigo para a França índios brasileiros. Henri Estienne, que imprimiu em 1512 uma edição da Cronologia de Eusébio de Cesareia, ajunta, em continu& ção a esta obra, uma descrição do desfile que fizeram esses selvagens pelas ruas de Ruão. Diz ele que esses homens eram originários des5a ilha que se chama Novo Mundo, e chegaram a com a sua barca, os seus adornos e as suas armas. Têm a cor carrep.da e lábios grossos, seus rostos são recortados de cicatrizes, dir se ia que veias azuladas partem das orelhas para se encontrarem no queixo. Não pêlos na harba, nem no púbis, nem em qualquer outra parte do corpo, "- os cabelos e as sobrancelhas. Usam uma sorte de cinto com uma esp6cie bolsa que lhes cobre as partes pudendas. Falam pela boca e nlio têm ~-_... - religião. A barca 6 de casca de árvore e pode ser carregada sobre a de um só homem. Suas armas são grandes arcos, cuja corda 6 feita de ou nervos de animais. Desconhecem o pão, o vinho e o dinheiro. Andam e não têm nenhuma religião. Seu pak esta no paralelo do sétimo clima abaixo para o Ocidente que a reiião francesa." Gilberto Freyre _ Cosll.(;rllnde &; S~ntplll til., pág Apud GaUarel _ Op. cit., págs. 58 e Esta curiosa descrição parece ter sido feita por quem assistiu à CCna. Aliás, não seria difícil que Estienne estivesse presente ao desfile de Ruão. Por ela se vê como ainda andavam confusas as idéias.obre a humanidade dos índios. Parece que ainda se os considerava \:omo entes à parte, pois Estienne os descreve como bichos estranhos, ~ chega, mesmo, a anotar, quase com surpresa, que eles "falam l'!tla boca". Mas ao mesmo tempo já despontam as observações sobre ausência da religião, a nudez, o desconhecimento do dinheiro, bases da rutura noção da bondade natural. Quanto à localização geográfica desses índios, ela é bastante vaga. NIo há dúvida que são brasileiros, porque do Brasil foi que os levou romás Aubert. A expressão "sétimo clima", que procura localizar a '''&ião de onde eles provêm, não tem nenhuma segurança e parece I~r sido usada de forma puramente arbitrária, por Henri Estienne. (;oro efeito, na ciência cosmográfica da época, o sétimo clima compreendia não o Novo Mundo, mas, exatamente, uma parte da França ftlm a embocadura do Loire e, precisamente, a cidade de Ruão, onde os índios desfilaram.- Pela descrição, entretanto, se pode ounclu ir que os selvagens eram da nação tupi, à qual eram mais ou meoos comuns os costumes e característicos indicados, aliás sem "ande exatidão, por Estienne. A tribo a que pertenciam esses índios llria, provavelmente, alguma das regiões mais quentes, pelo fato de filo trazerem nenhuma coberta ou vestimenta. Nessas condições po~ deremos tê~los por tupinambás, potiguares ou caetés. m a já mencionada nau Bretoa, comandada por Cristóvão 'Ires e pertencente a um consórcio de comerciantes, de que faziam os famosos Fernão de Noronha e Bartolomeu Marchione, levou Lisboa 36 índios, entre homens e mulheres. Eram tamoios, a nau os embarcou na zona de Cabo Frio, onde andara ca rre~ [:"._0 pau-brasil. Toda a sua tripulação, entre oficiais, marinheiros, ",metes e pajens era de 35 homens, e assim, ela recambiou mais.'vagens do que tinha trazido de tripulantes. Foram os índios como.ravos, mas as preferências dos lusos se mostram antes pelas rapa~ do que pelos homens. Não é difícil de se atinar com a razão.. Os serviços que poderiam prestar as jovens tamoias, tanto na ilvessia como em terra, pareciam, decerto, aos navegan tes, dados amores aachares, mais proveitosos do que quaisquer outros. Se acompanh armos o livro dos escravos, anexo ao regimento da veremos como se distribuíram essas presas humanas. n Capitão Cristóvão Pires levou cinco, sendo dois moços e três além de outra moça, chamada Bu~ysyde, que levou de encoa um certo Francisco Gomes, que ficara em Portugal. O C"( Pierre d'ailly - Imago MUlJdi. Paris, 1930, vol. lu, págs

7 - escrivão Duarte Fernandes. casado e morador na Alfama, também, cinco, sendo um moço e quatro moças, e mais qu I liycenças" (sic). Estas quatro eram destinadas a EU8tr.o indivíduol! que não faziam parte da viagem, por nomes PeTO Lopes, Luís ÁlvarClt João Fernandes e Gonçalo Álvares. O mestre da nau, Feroando - também casado e morador na Alfama, levava um homem e mulheres. O piloto (cujo nome não consta do regimento, mas deveria sec um certo João Lopes, porque este nome consta, designação de título. entre os graduados de bordo, separado marinheiros e grumetes), levou nove, sendo três homens e mulheres. O dispenseiro Jurami, criado do armador Marquione, teyt cinco, um moço e quatro moças. O marinheiro Nicolau Rodriguel casado, se contentou com uma escrava. Igualmente modesto, monógamo, foi o contramestre Antônio, também casado, que duziu apenas uma moça. O marinheiro calafate Pedro ADes _ ~ grumete Diogo Fernandes, ambos solteiros, preferiram levar escrav~ homens, o que fizeram, tocando um a cada um. Ao todo 22 res e 14 homens. No ano de 1513, segundo relata Damião de Góis, estava o D. Manuel em Santos o Velho, despachando papéis em uma de madeira, quando dele se acercou Jorge Lopes Bixorda, que naquele tempo, o contratador de pau-brasil da Terra de Santa Vinha Bixorda acompanhado de três nativos desta mesma terra.., Damião de Góis que os selvagens eram bem dispostos, estavestidos de penas, e conversavam com o rei, por intermédio de intérprete. Depois fizeram, diante do soberano, e com grande ração dele, vários exercícios de pontaria com as suas flechas, tando com grande destreza em alvos móveis, que desciam o rio por perto passava. Não informa a que tribo pertenciam esses dores, que foram tão graciosamente recebidos pelo rei. Aliás, D. nuel, conforme vimos acima, já tinha tido prazer em se avistar o índio, que, em 1500, Ibe mandara Cabral. Em 1514 (convém notar que é muito discutida a exatidão data), chega à Europa a nau de que trata a célebre Nova do Bras:!, Conta este escrito anônimo que o referido navio um selvagem, provavelmente influente na sua tribo, que se entreter com o rei de Portugal a propósito das minas de ouro prata. Além disso, estava a coberta da embarcação cheia de índios de ambos os sexos, trazidos como mercadoria venal, e IC)I não fora difícil, porquanto eles acreditavam embarcar para uma,pécie de paraíso. Esses índios, segundo os costumes e vestimentas umariamente descritos, e também segundo a região em que foram. mbarcados que é a das cercanias do Rio da Prata, deviam ser carijós. Em 1519 partia o primeiro cidadão brasileiro para uma viagem à "lilta do mundo. Aliás, esta viagem se fazia, também, pela primeira \.'1 na História, pois foi precisamente a de Fernão de Magalhães. Infelizmente o pobre índio da Guanabara, que o grande português ""bareara na frota, não conseguiu cumprir até o fim o seu estranho de.tino de sair de uma taba carioca, circundar o globo, na primeira "'fi que esta viagem era realizada, e acabar na Europa. Morreu de,'.:orbuto, quando a frota de Magalhães, depois de atravessar o I"'teito, que traz o seu nome, velejava, já sobre as águas do Pacífico. I!m 1526 regressava à Europa, na armada de Sebastião Cabot, que, dissemos acima, levava cinqüenta escravos índios, o português 111,~nrique Montes, o qual, tendo embarcado dez anos antes, na ta1luadra de Dias de Solis, fizera naufrágio, já na volta, pelos arre- Ires do porto dos Patos. Este porto dos Patos, segundo ensina,liaênio de Castro, ficava no continente, fronteiro à ilha de Santa.. Iarina, e bem à sombra dela. Ali viveu Montes, ent re os silvírolas, até o ano referido em que tornou ao Velho Mundo. Na sua ~j.gem de regresso levou duas índias libertas como suas concubinas. Ikmorou se com as duas na Espanha, durante algum tempo. Em..,uida deixou uma, tendo partido, em companhia da outra, para 'urtugal. mulheres de Henrique Montes deveriam ser carijós ou tapés, eram as tribos que habitavam o litoral, por perto do porto dos 1529 os navios que participaram da malograda expedição dos Parmentier à Ásia, recolheram, na ilha de Santa Helena, seis que os portugueses aí haviam deixado. Foram estes selvagens a Dieppe, segundo conta na sua narrativa GujJJaume Lefêvre, participou da viagem. Um deles se casou, naquela cidade, onde, em 1569, depois de quarenta anos de vida européia. Não é que estes índios fossem brasileiros, mas é bem provável. Em 1530 o viajante William Hawkins, de Plymouth, que parece _ o primeiro inglês que visitou o Brasil, segundo informam os ~!IIis.tas da época,.levou à corte um "rei" brasileiro que foi apre.. ao ReI Hennque VIII e à sua nobreza. tendo causado grande Varnhagen _ Op. cit., l.a ed., pág Conservamos as expressões mem" e "mulher", "moço" e "moça", tal qual se encontram no regimento I nau. Provavelmente a distinção diz respeito às idades dos índios e~raviul dl Damião de Góis _ Chronica dc EI Rcy D. Manucl. Usboa páa. Â Nova Galcta.A Icmà _ Ed. Record, Rio, págs. 49 e ,.fclta - Op. ci!., pig. 51. Varnbagen - Op. cit., 5. 8 ed., '101. 1, pág E. de Castro - Diário da Nal'cgação, '101. I, pág. 63. ú discours de la navigalion de Jcan CI Raoul Parmcntier, Paris, 1883, XXV1 e 3. 43

8 sensação entre todns os presentes à cerimônia. Não resistiu, o principaj brasileiro às brumas britânicas. Depois de uma néncia de quase um ano na Inglaterra, morreu em viagem, voltava à pátria em companhia de Hawkins. Como garantia do cacique, ficara no Brasil um certo Cockeram que os recearam (asse morto, pelos índios, em represália à morte chefe. Mas tal não se deu e o refém pôde ser devolvido aos patricicl Vinha da zona do litoral da Bahia e era, portanto, com certeza, chefe tupinambá. Em dezembro de 1532 ou janeiro de 1533, chegava a Pera Lopes de Souza, regressando do Brasil. Em Pernambuco embarcado quatro principais, provavelmente caetés, e os deixou bordo, no porto de Faro, enquanto se ia entender com D. João [ que se achava com a corte em E.vora. Sabedor da presença d índios, assim se dirigiu EI-Rei ao seu ministro, Conde de Castanheir E porque 'Vem nas ditas naoos quatro reys da terra do brasil tanto que caoos cheaarem {aliarei!! a aífonso de torres que os mande agasalhar e lhes [ dareis dar de 'Vestir de seda, como 'Vos dira pero topes e nisto mandareis muyla diligencia por ser coisa que tanto cumpre a meu scr'yiço. Assim, ao mesmo tempo que abria aos selvagens este acolhimea principesco, mandava o rei português que trinta franceses aprisioll dos em Pernambuco por Pera Lopes fossem metidos na cadeia Limoeiro. Entre o ano de 1547, que foi aquele em que subiu ao trono França o Rei Henrique n, e 1557, que foi o da morte de Alvares Corrêa, é que deve ser situada a famosa viagem da Paraguaçu, imortalizada pelo poema de Santa Rita Durão. A ida do Caramuru à Europa, com os episódios conhecidos que se revestiu, foi assegurada, com modificação apenas de por vários cronistas e historiadores sucessivos. No século é contada por Frei Vicente do Salvador, e por Simão de VascoDcel No século dezoito é referida por Rocha Pita. No século dezenove Varnhagen, em erudita memória apresentada Instituto Histórico, e por este premiada procurou desfazer SoUlhey - História do Brasil (Tradução portuguesa). Rio, 1862, pág. 7. Varnhagen _ Op. cit., l.a ed., vol. I, pág. 55, e História da ColoniUl! Portuguua no Brasil, 'Vol. III, Porto, 1924, páls Frei Vicecte do Salvador _ H/st6rU! do Brasil, 1931, pág. I!H. concejoi _ Cr6nica, P:l.I. 26. Rocha Pita _ História da América Portu,. Usboa, 1880, pás. 30. Revista do Instituto Histórico, vol. 10, pap. 129 e sep. 44 1,I'"lmente a tradição da viagem à França. Com a pluxao que o erizava na defesa das suas convicções, critica e ataca o grande Iftlriador, às vezes com violência, a Vasconcelos, Brito Freire, Ro "1 Pita e Jaboatão. Guarda, porém, a maior reserva sobre o depoi _1110 de Frei Vicente do Salvador. E este silêncio voluntário sobre unlco texto que destrói, irremediavelmente, toda a sua engenhosa é um traço característico do feitio intelectual de VarlIoge de nós a idéia de acusá-lo de má fé. Não chega realmente má fé esta desenvoltura, nem é censurável a paixão fogosa com o grande visconde de Porto Seguro mantém as suas posições, vez assumidas. Simples tonalidade de temperamento, que, aliás, posta em relevo por vários dos seus críticos e biógrafos. que, entretanto, não pode sofrer dúvidas é que Varnhagen, ao ao Instituto Histórico a sua memória, contestando (onnalmente l ~~Iem de Caramuru à Europa, já tinha lido (e com todas as como só ele sabia ler). o livro de Frei Vicente. Com o estudo de Varnhagen sobre Diogo Alvares (ai publicado em tendo já o autor mais de trinta anos. E desde adolescente, assegura Capistrano, ao fazer a história do livro de Frci e segundo provam vários trechos da obra de mocidade de já este conhecia o livro inédito do padre, atrav6s de exemplar existente nas Necessidades, em Lisboa. entretanto, em 1848, ninguém, entre nós, ainda pusera os Hist6ria do Brasil de Frei Vicente do Salvador, podia irnhagen, escamotear à sorrelfa este testemunho, decisivo contra t_pretensões que ele sustentava. - hoje se sabe que a Índia Paraguaçu esteve, mesmo, erp onde foi batizada, não com o nome de Catarina, mas com -- _uísa, e onde se casou com o seu amante Diogo Alvares. O ~imento de Frei Vicente é irrespondível, pois foi colhido diretada heroína, que ele chegou a conhecer, pessoalmente, n3 Bahia. (diz o autor no seu liytol alcancei eu, morto já o marido, viúva mui amiga de fazer esmolas aos pobres e outras obras de piedade. Morreu e viu em sua vida todas ruas filhas e algumas desllls casadas. possível, como quer Varnhagen, que Vasconcelos e os que se aeguiram tenham romanceado os episódios da aventura. Mas a propriamente, é indiscutível. 6 provável que o padre Simão de Vasconcelos tenha, como Vicente do Salvador, conhecido pessoalmente a mulher de Ca Com efeito o jesuíta português, embora tivesse vindo menino Vicente do Salvador - Op. cit. páa

9 pata o Brasil. era trinta anos mais moço do que o capucho E este alcançou a Paraguaçu já madura, viúva honrada,,. declínio da vida em que as mulheres de posses, como ela, cost~ se dedicar especialmente às obras de caridade. Mas a distância relativamente muito próxima em que se frava Vasconcelos, do tempo da índia viajante, permitiu-lhe, certo, recolher depoimentos autênticos de contemporâneos e cidos dela. No seu relato da ocorrência apresenta Vasconcelos uma i importante, desprezada por Varnhagen, e que parece concorrer sivamente para a autenticidade da tradição. Varnhagen sustenta dos representantes de Portugal junto à corte (rancesa, não nenhuma referência à presença de Caramuru e sua mulher, o seria inadmissível, visto as grandes pompas com que teriam recebidos. Mas Simão de Vasconcelos supre esta lacuna, informaa que o batismo, o casamento e as demais festas foram assistidas por meio de um Português por nome Pedro FernandCII Sardinba, em Paris seus estudos, c voltava a Lisboa, fez aviso a fl Rci D. "" bondade da barra c terra da Babia, a fim de que a mandasse pa'--- Pcdro Fernandes Sardinha_.. bc o mesmo quc depois veio por bispo do Sruil, D. Pedro FernandeJ Sardinba. Nota-se neste texto a ligação das duas idéias do autor, que representavam a realidade política do acontecimento. Por ter às cerimônias e festejos em honra de Caramuru e sua mulher, que os franceses procuravam captar as boas graças de um m; de índios, o astuto Sardinha percebeu o perigo que isso representa para Portugal e deu aviso ao seu rei de que desse mais atenção deresa da Babia. Tanto mais quanto, como informam Vasconccl e Frei Vicente, os franceses não deixaram Caramuru passar Lisboa e despacharam-oo diretameote ao Brasil, de regresso. bem o plano dos Valais, de irem estabelecendo elementos de tígio e simpatizantes com a sua causa, 00 Brasil. Por todas razões parece-nos fora de dúvida a viagem espetacular da índia raguaçu, embaixatriz das nossas selvas junto à requintada corte França. O ano de ISSO ia oferecer o mais extraordinário espetáculo até então fora assistido, na Europa, e em que figuraram como sonagens os selvagens do Brasil. Trata-se da famosa festa de Rouen. Esta cidade ilustre da Normandia, cujo grande menta comercial, de eotão, datava da proteção especial que lhe cara Francisco I, preparou, naquele ano, uma luxuosa para o Rei Henrique II e sua esposa Catarina de Médicis, andavam percorrendo a região. As entradas eram festas usuais época, como os torneios e cavalhadas, e consistiam em cortejos 46 1'11.. triunfais, organizados em homenagem a algum hóspede de Henrique rr tinha sido festejado, pouco antes, com uma '''II1()1a entrada em Lioo, e a cidade de Rouco resolveu não medir,.11<:105 para organizar um cerimonial que superasse o outro em e magnificência. Assim, entre as festividades religiosas, os "1.,Ida, os arcos de triunfo, os discursos e apoteoses oficiais, de que 1Ir11~'lparam sábios e artistas vindos de toda a França e, até, do es lembraram se os organizadores da entrada de oferecer ao 'ell um espetáculo estranho e pitoresco: a vida dos habitantes,hamado Novo Mundo. considerados os diferentes povos da América, não foram os que arranjaram a festa procurar aqueles mais civilizados, os do Mh:ico ou do Peru, a fim de exibirem aspectos da uda. Cedendo ao gosto da época, inclinaram se por uma demonsem que figurassem os brasileiros, como representantes do verestado natural do inocência e de bondade. Aquela corte -o fatigada e corrompida por todos os requintes da civilização cultura, preferia ter diante dos olhos, qualquer coisa que fosse -- de felicidade, através da frescura dos instintos e do espírito. rei e da rainha estavam presentes, à festa brasileira, as altas personalidades francesas e estrangeiras que se encontranaquele momento em França. A narrativa as enumera cuidado- e por ela ficamos sabendo que se deliciaram à vista dos nus dos nossos índios e índias, a rainha da Escócia, Maria a famosa duquesa de Poitiers, amante titulada do rei, verdasoberana sem coroa; os embaixadores da Espanha, da Alede Veneza, da Inglaterra, de Portugal e de outras nações; arcebispos, bispos e prelados de França: sete cardeais, incluum italiano, que chegaram vestidos com as suas capas de veludo e montados nas suas mulas; vários duques e prmcipes de real. Entre as damas, viam-se, além das já citadas, algumas portadoras dos mais ilustres nomes da França, inclusive a Prin Margarida, filha de Francisco I. Apertadas nos seus brocados, veludos e sedas, faiscantes de jóias, recendentes de aromas _, discípulas estouvadas e matreiras de mestres como Bocácio Rabelais, batiam com entusiasmo as mãozinhas ociosas, ou mos... _vam, encantadas, os dentinhos brancos, diante das atitudes simples a~otescas daqueles bárbaros desnudos, bronzeados pelo sol dos ~picos., Os índios figuravam como sendo tabajaras e tupinambás e exibiamnum combate simulado. Como bem observa Ferdioand Deois, na ftlrodução que escreveu para o texto da narrativa do século dezesseis I mais provável que eles fossem de uma só tribo, talvez tupinambás, costas da Sabia, com os quais os franceses entretinham tráfico 47

10 assíduo. E isso porque, se se tratasse realmente de duas tribos sárias, a farsa degeneraria seguramente em tragédia, porquanto 4 ódios americanos, transplantados por aquelas mentalidades primitivl para o palco europeu, poderiam atuar de modo a, no calor da d monslração, fazer com que os combatentes tomassem excessivamen a sério o papel que estavam representando. Eram mais de trezentos os figurantes da cena brasileira, mas selvagens verdadeiros não iam além de cinqüenta, em número. O em que se apresentavam era uma espécie de campina, que vinha fortificações da cidade até às margens do rio Sena, com a de duzentos passos de comprimento e trinta e cinco de largura. árvores. que naquele espaço exisliam. foram cuidadosamente meoladas, com tufos de folhagens de (reixo e buxo, e carregadas {rutos artificiais de vários tamanhos e cores, imitando o. uma autêntica floresta brasileira. Nos extremos do campo se vam tabas indígenas, construídas a capricho. Entre as árvores agitavam numerosos animais brasileiros como macacos, micos, além de papagaios de várias cores. Os selvagens verdadeiros falsos (que eram marinhei ros bretões e normandos, habituados as viagens ao Brasil), apareciam completamente nus, inclusive mulheres, segundo mostra o desenho algum tanto ingénuo, mas lante sincero e minucioso que acompanha a descrição. Não se cupavam os figurantes em COllvrir aucunement la portie que commande, como acentua, algo escandalizado, o autor pudico narrativa. E, nessa indumentária paradisíaca, enlregavam se os selvagens todos os misteres e afazeres normais da sua vida natural. Uns atit vam setas contra os bichos; outros se balançavam preguiçosamen: aos pares, nas redes adrede suspensas aos troncos, ainda alguns cagavam toros de madeira e entregavam nos a marinheiros, contra. quenos objetos, tais como machados ou foices. O pau assim resgatae era levado, em seguida, em pequenos batéis até um grande ancorado próximo, provavelmente no rio, onde era recebido e Ihado. Fazia se, desse modo, uma reprodução viva do que sistema do comércio do pau brasil. Subitamente, e este foi o ponto culminante da representação, selvagens que figuravam como tupinambás foram violentamente tados por uma tropa de tabajaras, amigos dos portugueses. zaram, então, um combate simulado, no qual os assalt antes completamente destroçados, e em fuga desordenada, perseguidos inimigos que acabaram por lhes incendiar a taba. Ficava, com esta apoteose final, exposto também um capítulo áspera luta que portugueses e franceses travavam no Brasil predominância no comércio colonial. E é provável que o embaixadl 48 Portugal, que, como vimos, estava presente à cerimônia, não visse 'm muito bons olhos aquela cena em que os aliados do seu pais, protetores inconscientes dos seus interesses mercantis. eram tão,iuramente tratados, nem ouvisse com prazer os versos explicativos, j,dos em voz alta para o rei, no qual o seu país era indicado como 1111 migo e derrotado. A festa brasileira de Ruão, cuja descrição foi acima resumida, talvez, a mais interessante demonstração da freqüência e impor das relações existentes no século dezesseis entre os povos ~ prlmitivos do Brasil e a França. Não é preciso que acentuemos o ela representa de importante para a nossa tese. A simples narrasucinta desse curioso episódio prova, mais que quaisquer comen ios, como era fácil reunir, em um porto francês, dezenas de índios como a vida, os costumes e as pessoas deles eram já coobecidos sempre apreciados pelos mais altos círculos sociais e culturais da nça, a ponto de uma reconstituição do ambiente em que viviam preferida a qualquer outra simbolização do Novo Mundo, dentro um programa feito para divertir e ensinar aos soberanos e a toda lua corte. O alemão Ulrich Schm.idel, voltando do Brasil em 1553, depois de uma estada de quase vinte anos na América do Sul, levou coo a'&o vários índios. Não se sabe quantos, pois ele apenas conta que,ois dos índios que levava consigo morreram em Lisboa". Provavel nte os selvagens que com ele embarcaram, eram a totalidade ou e do grupo de vinte carijós, que, segundo a sua narrativa, seauiram na última expedição que empreendeu pelo interior, em direção ponto onde tomou o navio. Em julho ou agosto de 1552 o padre Manuel da Nóbrega, em cana dirigida ao Provincial de Portugal, comunica Jhe que vai mandar o reino, no ano seguinte, quer dize r, em 1553, dois men inos, da terra, que sabiam ler, escrever e contar, aprenderem li!. virtudes um ando e algum pouco de latim., para se orde. como tiverem idade, e folgari!. EI-Rei muito de os ver, por serem pri. desta terra. A carta é datada da Bahia, e os pequenos selvagens deveriam ser, portanto, tupiniquins ou tupinambás. Antes disso já havia mandado um mameluco, que andava perdido pelo sertão, comendo carne hu I.. ana. Ferdinand Denis - Une fite brisiuenne c:elebrü à RQuen en USO. Paris, IUO. Schmidel _ Op. cit., pá",. 236, 240 e 2S2. NÓbrega - CartQ.j do Brasil. Rio, 1931, pap. 115 e

11 Os jesuítas agiam sobretudo politicamente, fazendo tomar aos naturais da terra, Seria mais fácil, com instrumentos como padres índios, consolidar a confiança do gentio e convertê-lo facilmente à f6 católica. O que, de certo modo, e num outro representava, tamb6m, um resultado de largo alcance para a portuguesa, porque equivalia à submissão gradual dessas gentes tantemente fugitivas ou rebeladas. Aliás, a medida era tão sábia os franceses da França Antártica não tardaram muito em enviando, tamb6m, índios da Guanabara para Genebra, a fim de Calvino os transformasse em pastores protestantes. Sobre isso o depoimento do próprio Nóbrega, que diz o seguinte: Estes franceses icguiam as beresias da Alemanha, principajmen\.e yino, que est' em Genebra e se;undo soube tinba mandado muit... ""'"11 do gentio a aprendt.jas ao mesmo Calyino e outras partes para t' mestres, e destes levou a alguns VilIaaalhão (ViUeaaianon) que fizera aquela fortaleza e se intitulan rei do Brasü.- Entre 1555 e J 560 é que deve se ter dado a viagem infortunado índio Antônio, de que nos fala Jean de Léry. O encontrou, certa vez, numa aldeia próxima ao acampa Villegaignon um prisioneiro que estava à espera do dia de ser _ Percebeu Ury que o selvagem falava português, e, por interm6d de dois franceses que conheciam bem o espanhol, pôde convet1 com o infeliz na presença dos outros bárbaros, sem deles ser dido. Contou o pobre Antônio a sua odisséia. Estivera em aprendera a língua, convertera-se à religião cristã, assimilara princípios de civilização, entre eles o amor à vida e o medo da., Eis porque, ao contrário dos seus companheiros, estava apavotii com a proximidade do sacrifício, e pedia que o salvassem comido. Decidiu Léry voltar no dia seguinte, com os seus c_"-r nbeiras, trazendo instrumentos com que o mísero pudesse escapar cordas que o cingiam, e assentou que o tomaria, uma vez fugido, praia, num sítio combinado. Mas os algozes desconfiaram longa conversa em língua estranha. Quando Léry voltou no o~..... e perguntou pelo prisioneiro da véspera, os bárbaros mostraram-lhl entre risadas matreiras, a cabeça do pobre Antônio, e os seus bras, já convenientemente espostejados, assando a fogo lento. Caso parecido e ainda mais terrível é o que nos conta Thevet que devemos situar na mesma época do anterior, relatado por Diz ele que os normandos, habituados ao tráfico do paulevaram para a Europa um jovem tabajara, que viveu muitos em Ruão, tendo lá se educado, se integrado na religião católica e te casado. Certa vez o pobre índio civilizado se lembrou de acompanhar alguns franceses numa viagem ao Brasil. Em má hora o fez, porque o navio que vinha tocou na Guanabara, habitada pelos tamoias. Estes, ao saberem que havia um tabajara a bordo, invadiram nau como uns perversos e despedaçaram o desgraçado representime da raça inimiga, aos olhos pasmados dos cristãos, impotentes para contê-los. léry indica também alguns selvagens enviados da Guanabara à Suropa, antes dos que levou consigo VilIegaignon. Foram dez rapanhos, escravos de outros índios, resgatados pelo chefe da França Amártica, os quais partiram num navio que regressou da Guanabara 4 de junho de Chegados em França (oram, como tantos QUtros anteriormente, apresentados ao rei, que, na ocasião, era ainda Henrique n. O soberano distribuiu-os, como presente, a vários senhores da sua corte. Entre outros ele deu um selvagenunbo ao senhor Passy, que o fez batizar e conservou-o consigo. Léry, de volta à uropa, em meados de 1558 ainda reconheceu o pequeno brasileiro,jvendo em companhia do nobre francês. Estes dez índios eram con Irários aos selvagens amigos dos franceses, e tinham sido escravizados cm guerra, situação de que os libertou Villegaignon pelo resgate. Esta indicação de Léry autoriza a concluir que eles (assem tamoios, que eram os adversários dos rupinambás, amigos dos franceses na 'gião da França Antártica. Quanto aos tupinambás levados por Villegaignon, no seu regresso, tm fins de 1558, Gaffarel fornece um esclarecimento completo. Diz ele que Claude Halon, em um livro de memórias, atesta que o chefe francês levou consigo cerca de cinqüenta selvagens brasileiros (quel que demy cem de personnes de ce pays-là) entre homens, mulheres crianças. Reteve uma meia dúzia para o seu serviço e o do seu lrmão, e distribuiu os outros, por diferentes amigos, em várias lugares da França. Alguns viveram muitos anos, adaptando-se ao clima aos usos da Europa. O próprio Rei Henrique II recebeu mais de um, como presente. Os índios oferecidos ao irmão do aventureiro 'am dois rapazes de ]8 anos e se chamavam Donato e Doncart.,nverteram~se, foram batizados na igreja de Provins, onde o irmão de Villegaignon era juiz, aprenderam o idioma francês e ficaram até morte ao serviço do seu senhor, que os tratava com muita bondade. Em 1562, no mês de novembro, é que se deu, provavelmente, o,,~iebre encontro entre os três índios brasileiros e o ilustre senhor de Montaigne, o qual escreveu sobre essa entrevista um dos seus mais - N6breaa - Op. cit., pás liry _ IIjstoirt d'utl ~ oyagt 'altl tn la lerre du Brbi/. Paris, II, páp. 54 5$. 50 Thevet _ SingulariUz de la Frante Anlarttiqut. Paris, 1878, pás Jean de liry - Op. til, pág's. 99 e OaHarel - Cp. ci!., pág

12 famosos Ensaios, que é, ao mesmo tempo, uma das mais expressi~ sínteses do pensamento humanista da Renascença. GaHarel pretende que o encontro entre Montaigne e os selva,. teve lugar em novembro de 1566, quando Carlos IX terminava UI longa viagem que sua mãe Catarina de Médicis com ele empreen&lll pelas diferentes províncias do reino. lnclinamo-nos, antes, pela'.. tese de 1562, afirmada por Pierre VilIey, no seu livro sobre taigne. Vários são os elementos que nos autorizam a optar por data. Em primeiro lugar, Gaffarel, apesar dos seus méritos eminetd de pesquisador, era excessivamente apressado e pouco cuidadoso verj[jcação de datas e, mesmo, de fatos. Os historiadores brasilei~ têm recolhido inúmeros erros e confusões desse benemérito do Brasil. Em seguida, se é possível que o Rei Carlos IX em Ruão, em fins de 1566, não parece provável que Montaigne tornasse a se encontrar com o soberano, sendo certo que no ano 1562 ele estava naquela cidade, acompanhando o rei e a exercício de certa missão oficial, que lhe fora confiada pelo menta de Bordéus, onde o filósofo tinha assento e função. sendo segura a presença simultânea do escritor e do rei em em 1562, fica bastante duvidosa a alusão a outra visita de mesma cidade, quatro anos mais tarde, sobretudo porque Montaij no seu ensaio sobre os canibais fala dessa estada cm companhia rei como se ela se tivesse verificado apenas urna vez. Finalrnen convém não esquecer que no Ensaio célebre, está acenluado rei era "uma criança". Ora, se se podia dar esta designação a IX em 1562, quando ele devia ter doze anos, ela já não seria em 1566, época em que o rei contava mais de dezesseis, tendo mesmo, a sua maioridade proclamada oficialmente. De qualquer maneira, porém, e abandonada essa questão do em que se verificou a entrevista, a qual não tem nenhuma im _ r tância, convém ressaltar o enorme interesse desses pobres tupinamb' que vão servir de pretexto a uma das mais terríveis páginas. cionárias da Renascença. Mais adiante voltaremos a Montaigne e seu Ensaio sobre os canibais. O que importa acentuar aqui é que o sucesso da festa brasileir1 de Ruão, encorajou outros poderes municipais a repelirem tejos em que aparecessem selvagens. Foi assim que, em 1564, quando se realizou a visita oficial do Rei Carlos IX à de Troyes, preparou-se um desfile no qual figuravam várias selvagens. Esse episódio é narrado num livro editado em 1619 e tem por título Cérémonial de France ou Description des cérémollfe~ rangs et séanees observées aux eouronnements, entrées e enterremelu, Gaffarel - Op. cil., pág VilIey - Monla ign~. [s.d.1 pás Roys el Roynes de Franee el aulres aeles el QJsemblüs sole,. /lu. Ferdinand Denis atesta que o cerimonial não refere a nacio,. hd,de dos índios apresentados a Carlos IX em Troyes. Entretanto,, precedentes, que já conhecemos, nos autorizam perfeitamente a tllllor que entre eles houvesse brasileiros. Nlo guardou o cerimonial a mesma reserva no que se refere a festa, realizada em homenagem ao mesmo soberano, na cidade no ano de A este desfile sabe-se, com certeza, compareceram selvagens brasileiros, os quais formaram em conao rei, tendo o cacique pronunciado uma saudação, dirigida que foi logo traduzida ao homenageado, por intermédio de um ~tcirpret c. Não nos foi possível colher elementos que informassem ~ue tribos perteociam esses índios. No ano de 1573 o padre Rodrigo de Freitas, que esteve em Per mbuco e na Bahia muitos anos, levou para Lisboa um índio, que o nome cristão de Ambrósio Pires, provavelmente por causa um outro jesuíta, deste nome, que estivera anteriormente no Brasi l regressara à Europa com Duarte da Costa. Depois de prolonestada em Portugal regressou ao Brasil o índio Ambrósio Pires, se encontrava por ocasião da viagem de Cardim, em este cronista, que o civilizado silvícola organizou, certa vez, bailado, para divertir os padres o qual, embora algum taoto e passavelmente pagão, não deixa de se r episódio bastante 'furioso. Foi durante uma das viagens do visitador Gouvêa, em hora Idt calma, quando os missionários se encontravam sob um bosque de '.roeiras em diligentes e copiosas mastigações, enternecidas e umede-. com o vinhozinho de Portugal, nunca faltava, (e sem n qual], não se liustenlava bem a natureza, por a ser desleixada e os manlimentos fracos. Inesperadamente, saiu de um mato próximo Ambrósio Pires, Can :!dado de Anhangá, e, por isso, em horrenda figura. Cercado de l'ienloos e de cunhãs graciosas e nuas, a todos encantou, dançando, seus muitos "trejeitos e gatimanhas". As frescas índias nuas ("coisa para nós mui nova", diz Ca rdim, com gulodice), nuas e como as fontes, úmidas como os bosques, douradas como o 101 das praias, vieram saudar, depois daquele ba ilado agreste e ingênuo Ambrósio Pires, aos missionários assentados sobre a relva, bem e lânguidos. E não será talvez, temeridade, imaginarmos que o senhor visitador Gouvêa, austero pescador de almas perdidas, Denis _ Op. ti!., pág. 23. GaUarel - Op. cil., pág Denis - Op. e loco di. Gaffarel - Op. e loc. cito Fernão Cardim - Trlltados da T~"a ~ G~t1U do Brasil. Rio, 1925, :

13 se tenha arriscado a colher em sonhos, na rede dos seus ~w_,. aqueies corpos bronzeados e virgens, em vez de atentar no dançarfl das selvas, evoluindo ritmicameote, ao som iogêouo e rude da brasileira. Passam se agora mais de vinte anos sem que tenhamos eocootl1l noticias da ida de índios para a Europa. Nada, porém, autoria crer que o hábito se tenha interrompido. Ao contrário, deve ter tinuado como dantes. Apenas não consta mais dos documento! ~poca, porque passara a ser coisa corriqueira. Agora só um ou caso especial será relerido pelos cronistas. Entre semelhantes casos vemos, por exemplo, em 1605, índio brasileiro que Jean Mocquet levou aos apartamentos de rique IV, que muito se divertiu com ele, principalmente qual nosso selvagem fez, diante do rei, uma demonstração prática pela qual as tribos conseguiam acender o fogo cm pleoa selva, meio de um rápido movimento de fricção rotativa, da ponta de graveto bem seco, sobre outra supedície de madeira. No ano anterior, em 1604, começaram as curiosas aventuras índio Yapoco, que passamos a relatar. Este jovem cacique, sobrinho de um chefe respeitado, do nome, fora levado da região amazónica para a Europa, com três companheiros, a bordo do navio de La Ravardiêre, conta Mocquet, que tomou parte nessa viagem. Ficou o Yapoco vivendo em França, provavelmente no castelo do seu e protetor, até o ano de 1612 quando, pelo que nos informa Ronci ~ re, regressou ao Brasi l na expedição de La Ravardiêre e bordo da nau La Rigente, que vinha comandada por François Razilly. Em 1613 voltou com este último senhor e no mesmo para a França, onde se encontrou em Paris, com Jean Mocquet, o reconheceu e com ele se entreteve cordialmente. Contou, então, índio, as suas aventuras. Disse que voltava ainda uma vez, ao em companhia de um certo capitão Ou Sos quando foi vítima ~ um oavio pirata, na costa inglesa, e, depois de vários incidente! regressou à França. Dirigiu se, eotão, para o castelo de La Ravardier situado em Poictou, cujo dono estava no Brasil, e obteve consen1 meoto da mulher dele para lã permanecer. Não tardou muito, que o seu gênio orgulhoso de pequeno cacique se chocasse incompreensão que a castelã revelava quanto ao seu nível e sideração que merecia. Mocquct _ Op. cit.. pá,. 81. Cbarles de la Roocihe - Histoire de lo Morine Fronroist. Paris, vol. 4, pág rerta vez um leitão caiu dentro do fosso que circundava o castelo. " IRulher de La Ravardi~re incumbiu a um dos seus homens de IIflr o porquinho, mas como este não o conseguisse, ordenou a "rlc'lco que o ajudasse no serviço. O nosso índio recusou secamente,.,illndo que um trabalho como aquele era indigno de um chefe da c.tegoria. Como a senhora o maltratasse, chegando, mesmo, a recolheu se aos seus aposentos, despiu se, a fim de não nada da sua ama, e, com absoluta dignidade, desinteressado dos terrenos, que eram conseguidos a custa de tantas humilhações, ~Ialu se para a cidade de La Rochelle e depois para Paris. Mocquet, a história, levou-o ao Rei Luís XITI, o qual lhe forneceu dinheiro, seguindo então Yapoco para o Havre, a fim de como o lobo de La Fontaine à sua selva, onde pelo menos, usava a coleira da servidão. Mas a mulher de La Ravardi~re, de súbita ternura pelo índio a quem maltratara, mandou..., de novo, no Havre, provavelmente com promessas e de klnstraçães de arrependimento. l)i2 Mocquet que, depois disso, perdeu de vista o jovem Yapoco, orgulho amolecera o coração rude da nobre camponesa. Sorô-bebé era um chefe potiguar, que, por ordem do Governador Botelho destruiu um quilombo de negros fugidos, existente na Matou muitos pretos e poucos restituiu aos seus senhores, os mais escravizou e vendeu, teodo com o produto dessas comprado cavalo, bandeira, tambor e vestido de seda. Atra,... ~._ as aldeias de índios com grande estardalhaço, precedido de.ledores, e exigia que os principais das tribos lhe rendessem espe ~.i, homenagens. Contra esses hábitos pomposos e irritantes se... ntou o velho cacique Braço de Peixe, que se deixou ficar ostensi ~.mente deitado na rede no momento em que o orgulhoso atravessava aldeia. E alegou o velho intratável que só se levantari a para alguém quando esse alguém viesse para lhe fazer guerra ou uma dama. O despeito do velho potiguar, pela glória do outro, disfarçava, assim, debaixo de aceitáveis sentimentos de cavalhei e galanteria. Mas Sot!S... bebé estava ficando impossível, mordido demônio da ambição. Dava audiência sentado em cadeira coberta pano de cores vivas, era belicoso e ardente, tinha muitas mu _._._s (fato que impedia a visita dos padres à sua casa, o que muito O desgostava), e, nos banquetes com que se regalava oferecia finos [ IL-cpipes aos convivas. Os padres o aconselhavam, mas Sorô-bebé tomava juízo com os conselhos dos padres e tanto se excedeu seus luxos e desmandos, inclusive no da embriaguez, que os I reillóis, receosos de que a sua presença provocasse agitação e rebeldia Mocquct - Op. c loe. cil. 55

14 no meio das tribos, O mandaram para Lisboa, em fins de 1603 princípios de 1609, como suspeito de insurreição. Tentaram os carcereiros, por várias vezes, matá-lo com peçonha, mas Sorô-bt era atilado e prudente, e, quando lhe punham veneno na água, a própria urina, como antídoto. Como receassem que fugisse Lisboa, em algum navio, para o Brasil, foi enviado a E.vora, morreu. E aqui termina a história tragicômica de Sorô-bebé, o exilado polílico brasileiro.' Em 1610, quando La Ravardiere veio. outra vez, em viagem estudos ao Brasil, para lançar as bases da futura colonização cesa do Maranhão, levou, de regresso, alguns "embaixadores" nambás e tabajaras, para que estes servissem de peças de e se entendessem pessoalmente com o Rei Henrique IV. Entrettul os selvagens brasileiros resistiram mal ao clima e à travessia,. garam agonizantes a Cancale. Aliás, o próprio rei, que,. vezes, Linha se encontrado com índios do Brasil já fora assassinl havia pouco tempo (maio de 16 10). Em 1613, a nau La Régellte, na mesma viagem a que acima referimos, e em que regressou à França o cacique Yapoco," também, os célebres tupinambás a que se refere o padre d'abbeville e tantos outros escritores do tempo, e que tão extraol nário sucesso alcançaram em Paris. Eram seis, dos principais nambás do Maranhão, e embarcaram com Razilly, a fim de homenagem ao Rei de França, bem como lhe oferecer os seus viços, em nome de toda a nação tupinambá, dando, dessa uma demonstração de que eram súditos reconhecidos da Equinocial. Depois de uma viagem tormentosa, em que se forçados a arribar nas costas inglesas, chegaram RazilJy e _ comitiva ao Havre. Desembarcaram os índios nesse porto, investicl das qualidades de verdadeiros embaixadores e recebidos com as honrarias. Foram conduzidos, preliminarmente, ao 'Palácio do vernador, diante de cuja porta Linha sido colocada uma bela tapeçl Daí seguiram, acompanhados de grande procissão, em que vam muitas confrarias, até a igreja matriz. Durante o percurso vam os canhôcs e enorme multidão aclamava, nas ruas, os do Novo Mundo. Na entrada da igreja os índios, para edifica; dos fiéis, rezaram, em voz alta, e na sua própria língua, a ' Maria e o Padre-Nosso. Depois da missa solene visitaram o vento de freiras de Montvilliers, a pedido da abadessa, Senhora Vitry, porque as religiosas, que não podiam sair em virtude do Frei Vicente do Salvador - Op. cil., págs Charles de Ronciere _ Op. cit., vo!. 4, pág clausu ra, manifestavam grande curiosidade de ver os pobres bár,ros americanos. 00 Havre foram os tupinambás levados a Ruão, onde tiveram 11'"' acolhimento, tanto pela nobreza, quanto por toda a população II. cidade, sendo que eles próprios não se fartavam de admirar.'fllela estranha e requintada civilização européia. tão diferente dos primitivos que acabavam de deixar, no Maranhão. De partiu a embaixada para Paris, onde o entusiasmo público ao paroxismo. As portas da cidade foram os índios recebidos ais de cem padres e, em procissão, com a cruz alçada na frente, Mriairam-se para a igreja dos capuchinhos, onde teve lugar o ofício. com a presença de tudo o que havia de mais fino e mais na nobreza de França. Tão grande foi, no entanto, a aglome.~"..~ popular, que tiveram os padres de recolher os tupinambás ao ti'nvento. Eles desfilaram pelas ruas un icamente vestidos das suas plumas e carregando os seus maraeás, e bem se pode imaginar o íntusiasmo que causava aquele singular espctáculo. Tal foi a nfluên.. de povo que os religiosos, com receio, pediram garantias, e o rei de mandar tropa armada para guardar as entradas do edifício. Claude assegura que nunca nenhum outro episódio provocou interesse entre os parisienses. As ruas que conduziam ao conviviam apinhadas de gente, que a ele se dirigia. O convento, o capuchinho, não era mais uma casa particular, mas uma pública para a qual convergiam massas populares de vinte ao redor. Afinal tomou-se inútil a de[esa das portas, porque quando fechadas. eram arrancadas pelas mullidões em delírio, desordens e injúrias., Foi nesse ambiente verdadeiramente triunfal que os silvícolas se 41rigiram ao Louvre, a fim de visitar oficialmente o rei. Todas as 'porsonalidades notáveis da corte se achavam nas Tulherias na ceri, da apresentação dos tupinambás, inclusive o ilustre Malherbe, fala dos "topinambous" (ortografia mantida também no reinado Luís XIV) e das habilidades do famoso intérprete Migan. Diante jovem soberano, e da rainha regente, o índio Itapueu pronunciou discurso em língua tupi cuja tradução francesa, inserida pelo Claude no seu livro, está longe de ser fiel ao original. O revecapuchinho se preocupa em amoldar as palavras do selvagem desejos e interesses da sua Ordem, conforme se veririca pelo da tradução que apresenta. com a outra, verdadeira, elarecentemente por Rodolfo Garcia. Também suprime o padre F. Denis, in Notes d YVe.f D'Evreur, op. cil., pais. 403 e 404. Rodolfo Garcia - Glossário das pal(lyras e /ro.res em Ifngutl lup; contjdps ms/ória do Pe. Claude d'ab~vme. (Separata da Rel'. lru/. His/.), pái

15 Claude, não se sabe por que, uma alusão clara que faz o necessidade do rei ir pessoalmente ao Maranhão. A notícia dessas festas se espalhou rapidamente, e em Roma papa se entreteve a respeito com o embaixador francês. Mas festejos, essas exibições públicas e essas fadigas excessivas, o tempo traiçoeiro do fim de inverno parisiense, não haveriam fazer muito bem àqueles filhos do trópico, habituados a o. a uma vida totalmente diversos. Pouco tempo depois da índio Caripira, cujo nome de batismo foi Francisco, mas de uma moléstia que, pela descrição do padre uma boa pneumonia dupla. E, em poucos dias, morre, receber o batismo e a extrema-unção. Caripira, que já contava de sessenta anos, era tabajara de origem, mas, por assim dizer, ralizado tupinambá, e nesta t.ribo estava, havia vinte anos. Seu foi enterrado no convento dos capuchinhos. No mesmo dia do seu enterro cai de cama o pequeno Patua, chamado Jacques, jovem cacique de dezesseis anos,. risica e moral o padre Claude não se farta de louvar. ungido e batizado. Depois de morto enterraram-no com São Francisco. O terceiro, chamado Maneo, no batismo Antônio, teve semelhante. Morreu provavelmente pela mesma causa, foi, batizado e ungido, e, finalmente, enterrado junto aos seus nheiros, com o hábito de franciscano. Os três sobreviventes foram Itapucu, autor da saudação fei ta rei, que tomou, no batismo, o nome de Luís Maria; Uaroio, chamou Luís Henrique, e Japuaí, a quem fo i dado o nome de de São João. O primeiro parecia ser uma espécie de chefe dos outros, e o padre Claude conta, a seu respeito, algumas interessantes sobre fatos ocorridos em Paris, Existem três no livro, que representam esses três selvagens, aparecendo, vestidos da mesma forma, com os seus trajes batismais, que.. tiam numa roupagem longa e rodada, de tafetá branco, provida botões de seda do pescoço até os pés, colarinho à moda dos VaI. e chapéu de copa alta, com pluma. Em todas as gravuras os fi gurall aparecem tendo na mão um ramo de flores de!is, o que deve balizar a submissão deles à Casa de França. A cerimônia do batismo se efetuou na igreja dos capuchinhos, Faubourg de Saint-Honoré, tendo comparecido a ela o Rei Luís _. e a R ainha Regente, Maria de Médicis, que foram o padrinho. madrinha dos novos cristãos. No séquito do soberano se encontrava naturalmente, toda a nobreza e os maiores dignitários do - Quem deu o batismo foi o próprio arcebispo de Paris. Finda a mônia, o orador Itapucu tomou a palavra e, como haveriam de nos séculos seguintes tantos brasileiros cm tantas emergências, 58 dyldamente os soberanos e as pessoas presentes, congratulando-se ' t I lvissareiro acontecimento, e pedindo o auxílio do governo de "liça. Em resposta a rainha pronunciou algumas palavras e fez, mls promessas vagas. " laída da igreja organizou-se nova procissão, que foi visitar o de Santa Clara, porque as íreirinhas clarissas, também pelo voto de clausura, consumiam-se no desejo de ver de aqueles estranhos indivíduos, cuja presença estava causando tal em Paris. princípios de 16 14, a nau La Régente, a que várias vezes nos referido, regressa ao Brasil trazendo os nossos três tupinambás. Igora, para coroar deliciosamente a sua história, eles vêm casacom três mulheres francesas." dezembro daquele mesmo ano de 1614, depois de sucessivos sofridos pelos franceses, o Sargento--mor Diogo de Campos r:... _- fo i ao Maranhão tratar com La Ravardiere as condições do.. ndono da praça pelo invasor. Em São Luís, durante as negociaque conduzia, viu o sargento--mor um espetáculo curioso. Conta ~ue, em dado momento vieram saudá-lo P"" "".. ~~ vestidos à francesa, de calções e casacas curtas de veludo carmesim,.'flecidas de passamanes de ouro fino, e gibões de tela de ouro fino lavrado, douradas e dargas, com talabartes de veludo carmesim lavrados o mais nesta conformidade, até chapéus de castor com muitas ~nl" brancas, e bandas de Paris de resplandor de prata lavrada e cruzes de.,._. -~scoço como homens de hábito de São Luis. Traziam consigo moças francesas brancas, vestidas de damas, com tais cotas, e adereços, que tudo era seda, guarnição e ouro. Ravardiere explica ao sa rgento-mar que eram dois dos três levados por Razilly à F rança, sendo que o terceiro morrera. o francês que os selvagens tinham sido, em Paris, recebidos todas as honras, sendo-ihes, mesmo, conferidas mercês especiais o hábito da ordem de S. Luís e o título de Cavaleiro, que era Início da nobreza. Com eles se gastou mais de dez mil cruzados. aliás inúteis, como inúteis foram os festejos e as pompas uma vez que os franceses perdiam a França Equinocial. H fica-se pensando na sorte que teriam tido aquelas "moças fran _ brancas", aventurosamente ligadas aos tupinambás e exiladas ~hitamente, em plena barbárie maranhense, longe dos seus compa- Claude d'abbeville _ Hisroiu de la Minion des P~'es Capucins en l'isle Maragnan er Terres Circonvoisines. Paris, 1922, págs. 334 a La Ronci~re - Op. cil~ vai. IV, pág Diogo de Campos Moreno - " Jornada do Maranhão", in Cândido Men Mem6rias para a História do Exrinto Estado do Maranhão. Rio, 1874, II, pág

16 triotas e ao lado daqueles rústicos cavaleiros, mal saídos da pofagia para os casacos de veludo carmesim e os chapéus de com plumas... Ainda no período da ocupação uancesa do Maranhão verificou a viagem de um cacique caeté, ao qual o Ph_ D'Evreux dá o nome de Grand-Raye. Era um índio honrado, amigo dos franceses. Conta-se dele que, por ocasião do r. de uma embarcação em que vinha, salvara a todos os companh. O padre Yves dá, no seu livro, o resumo de um discurso caeté, feito aos seus companheiros, no qual ele narra as as belezas das cidades de França, que visitara. A sua permanência na Europa tinha durado um ano e, ríodo, ele aprendera perfeitamente a língua francesa, que com correção e facilidade. Em 1632 um principal dos tupinambás foi batizado e nome de D. Luís de Souza. Nesse ano estava em Lisboa e obter mercês do Rei da Espanha que era, então, também, Portugal. Contra o ambicioso D. Luís de Souza intrigava tenazdl o capitão-mor do Pará, mas o Conselho de Portugal, desprezl essas influências, sugeria ao rei espanhol que não tomasse nenh medida COntra o índio, e, antes, o fizesse regressar, prestigiada Brasil, por ser do interesse da Coroa tê-lo ao seu serviço. D. Luis de Souza, índio do Maranhão, regressou ao Brasil em panhia de Coelho de Carvalho, que dera informações favoráveis respeito ao rei espanhol. O irlandês Bernardo O'Brien (o mesmo que faz pitorescas _ laçóes a propósito das amazonas brasileiras), quando regress<l Europa, levou consigo um indiozinho do Pará. Este índio com ele cm Amsterdam em 1630 e certa vez, numa rua dessa holandesa, foi identificado e abordado pelo célebre jesuíta Manuel de Morais, que se encontrava na Holanda, por esse escandalizando a todos pelos excessos e sua falla de comi O índio e o ex-jesuíta português travaram, então, na cidade desa, uma animada e cordial palestra em língua tupi. Os holandeses seguiam, pois, o hábito adotado por tantos povos que comerciavam com o Brasil, de levar para a Europa bárbaros destas paragens. O próprio Mauricio de Nassau, regressou ao seu país, em 1644, embarcando DO porto da levou na sua frota onze selvagens brasileiros, pertencentes tribos. Cremos poder sustar por aqui esta enumeração das viagem índios. Da segunda metade do século dezessete em diante, Yves D'Evreux _ Op. cit., págs. 131 e seg!. Varnhagen _ 3.a ed., voi. 11, páss americano já começa a ser considerado menos como objeto de Wsidade do que como modelo. Como procuraremos mostrar, as divagações filosóficas em torno tema vão se precisando em sistemas jurídicos, os quais preparam Iaboração futura das doutrinas e teorias francamente políticas..0 era mais necessário que os índios fossem vistos, apalpados, Interrogados. A literatura subversiva que se formara sobre a pretenijut. excelência das suas instituiçõcs, filhas do estado de natureza,.. vida própria, autônoma, desligada do objeto que lhe dera não quer dizer que os selvagens deixassem de ser transpora Europa. Ter-se-ia, provavelmente, diminuído a corrente deles, porque a sua presença corpórea não despertava... - curiosidade dos primeiros tempos. Mas eles continuaram, ~ramente, a ser levados. Os escritores do século dezoito se referem, quando em vez, à presença de índios nas cortes do Velho Mundo. ~ exemplo, poderemos citar Voltaire que conta no seu Ensaio os costumes das nações que encontrou, em 1725, em Fontaiquatro índios da América do Norte, tendo entretido palestra um dos selvagens (uma mulher) por intermédio de intérprete. mbém norte-americano era o índio que Rousseau diz ter sido. o à corte de Londres por volta de 1720 e cujo desprezo pelos da civilização serviu ao filósofo de argumento em prol da natural. Assim como estes, outros teriam ido, seguramente, partidos do Parece-nos, porém, desnecessário prosseguir na pesquisa das viagens, atendendo às razõcs que expusemos. ~uintes Ed. Fume. Paris, 1828, vol. I, pág Rousseau - Oeuvru divtrsts - Ed. Duchesne. Neuchâtel (de fato Paris), 1164, vot. UI, pãa. 24S. 61

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