Um novo modelo de formação para dirigentes da administração pública portuguesa
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- Lídia Azevedo Madureira
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1 Um novo modelo de formação para dirigentes da administração pública portuguesa Luís Valadares Tavares Presidente do INA e Professor Catedrático do IST Os desafios da modernidade que se lançam sobre os dirigentes da Administração Pública são importantes e complexos. Importantes porque não é possível melhorar a administração sem uma nova cultura dirigente e complexos porque são múltiplos e exigentes os talentos agora pedidos. É com esta consciência que o Governo de Portugal solicitou ao INA - Instituto Nacional de Administração a concepção e o lançamento de um novo curso avançado para a formação dos novos dirigentes: CADAP - Curso de Alta Direcção para a Administração Pública Este curso funcionará ao longo de 1 ano, incluindo sessões presenciais semanais e formação por E-learning entre sessões, baseando-se na metodologia do estudo de casos e de projectos aplicados. O seu conteúdo desenvolve-se em torno de 3 eixos principais: as capacidades de liderar, de gerir e de compreender o contexto, quer público, quer privado. Nesta intervenção, o autor discutirá as principais opções curriculares e metodológicas que estão a ser assumidas e a possibilidade de alargar a cooperação internacional, designadamente no âmbito do CLAD, a partir deste novo programa. 1. Os Desafios da Modernidade Os desafios da modernidade têm vindo a exigir processos de mudança profunda na gestão pública e, muito especialmente, no próprio aparelho da Administração Pública. Os principais desafios situam-se em 3 planos distintos 1) Missão A concepção moderna do Estado enfatizando o Princípio da Subsidiariedade, o primado da Sociedade Civil sobre o aparelho estatal e a opção pela Economia de Mercado exigem a redefinição da sua missão, evitando-se a proliferação de aparelhos públicos de produção de bens ou serviços e centrando-se a sua missão nos deveres de Soberania, de Segurança, de Planeamento, de Regulação, de Promoção do Desenvolvimento, de Responsabilização pela Gestão dos Bens e Serviços Públicos, de Avaliação, Controlo e Fiscalização. 2) Exigências A generalização de uma cultura de Cidadania e de Economia dos Recursos estabelecem como princípios essenciais a respeitar pelo Estado não só os princípios políticos fundamentais à Democracia mas também os da Eficiência, Eficácia e Qualidade aplicados a sistemas progressivamente interligados por redes multifuncionais não menos importantes à sociedade moderna 3) Cultura Os objectivos da governação das sociedades traduzem-se, cada vez mais, por imperativos de melhoria do nível de vida das populações, da sua coesão e da sua competitividade, no quadro de modelos de desenvolvimento sustentável, em harmonia e equilíbrio estável com o meio ambiente. Ora este novo modelo de desenvolvimento assenta, cada vez mais, na Informação, na Comunicação e no Conhecimento pelo que a Gestão Pública tem de basear-se nos novos
2 paradigmas da Sociedade do Conhecimento e da Gestão por Objectivos, expressos em programas, projectos e actividades. E estes paradigmas só são concretizáveis potenciando as novas Tecnologias da Informação e da Comunicação. Estes três grandes tipos de desafios afastam-se bem das formas mais tradicionais da Administração Pública orientada para a perpetuação de situações e para a gestão directa de operações e investimentos alimentada por fundos inesgotáveis e não avaliados 2. A Gestão da Mudança e a Formação dos Dirigentes As reflexões anteriores explicam facilmente que pois, que a última década tenha sido fértil na proposição e no desenvolvimento de novas ideias para a Administração Pública na generalidade dos países ocidentais, desde a simples publicação de livros tais como o Reinventing Government de (Osborne e Goebler, 1992), à condução de processos generalizados ou confinados de reformas administrativas tal como aconteceu nos EUA, no Reino Unido ou em alguns países nórdicos. Para lá da diversidade de culturas e tradições, surgem, talvez, alguns denominadores comuns: - Uma nova Administração Pública pressupõe uma concepção de Estado menos baseada na sua dimensão de poder hierárquico precedendo a própria sociedade e mais alicerçada numa filosofia construtivista em que o Estado surge como um produto das diferentes unidades integrantes da sociedade, orientando-as, mediando-as, servindo-as. - Uma nova Administração Pública exige novos modelos de gestão, mais baseados na gestão e avaliação de projectos do que na realização de procedimentos formais, e potenciar novos instrumentos, em especial, as Tecnologias de Informação e Comunicação e sistemas modernos de orçamentação e controlo baseados em actividades. Este novo estilo de Administração Pública depende principalmente da possibilidade de dispor de dirigentes qualificados e adaptados aos novos desafios. A titulo exemplificativo, citam-se as 5 competências essenciais estabelecidas pela Administração dos EUA para os seus dirigentes (Executive Core Qualifications): 1) Capacidade de conduzir processos de mudanças 2) Talento para dirigir pessoas 3) Competências de gestão orientadas para a obtenção de resultados 4) Competências de gestão de recursos materiais e tecnológicos 5) Talento para comunicar e estabelecer parcerias Compreende-se, assim, a importância crescente que sendo dada à formação dos quadros da Administração Pública, e, em especial, à dos seus dirigentes. Na verdade, a sociedade moderna tem vindo a exigir formação profissional específica, após a conveniente formação académica, para o exercício das diferentes profissões, desde a Medicina à Engenharia, desde a Advocacia à Contabilidade, e a Administração Pública não deve ser excepção. A generalidade dos países da OCDE exige formação profissional específica para o acesso à função pública e programas exigentes para o acesso a cargos dirigentes. É neste quadro de orientações que se compreende a importância do programa de acesso à função pública, CEAGP, já oferecido pelo INA e a natureza estratégica do presente programa agora lançado pelo INA e que visa preparar dirigentes para a Administração Pública, deixando Portugal de ser um dos raros países onde não se oferece e se valoriza tal formação. 2
3 3. O Curso de Alta Direcção em Administração Pública Os objectivos deste programa consistem em preparar os novos dirigentes da nossa Administração Pública segundo um modelo estruturado na base de três tipos de valências: A Organização, Liderança e Desenvolvimento Estratégico B Gestão de Recursos Humanos, Financeiros e Tecnológicos C Enquadramento Legal, Jurídico e Institucional, Nacional e Europeu. O curriculo distribui-se ao longo de 3 períodos escolares cada um dos quais inclui: a) primeira semana dedicada a um Seminário intensivo (W1, W2, W3) b) 8 semanas seguintes destinadas ao estudo das matérias curriculares c) a última semana dedicada à avaliação de conhecimentos d) A metodologia de ensino baseia-se na: a) apresentação dos principais conceitos b) ponto de situação dos conhecimentos fundamentais c) resolução de casos de estudo. Prevê-se a utilização de instrumentos de E-learning durante os dias da semana em que os participantes não têm aulas presenciais e a carga horária presencial do curso é de 378 horas. Inclui-se em anexo mapa curricular exemplificativo. 4. Considerações Finais Este, programa pretende contribuir para criar uma nova estratégia de mudança e de formação dos dirigentes da Administração Pública portuguesa, julgando-se que tal implicará: a) fomento de redes de intercâmbio e cooperação (participantes, docentes, estágios, etc) valorizando a dimensão internacional. Neste âmbito, a rede do CLAD pode ser especialmente útil. b) a publicação do novo estatuto de dirigente atribuindo importância a este curso como requisito de acesso à função de dirigente. Na verdade, prevê-se que tal diploma, exigente a aprovação neste curso, ou noutro julgado equivalente, venha a ser aprovado ainda no corrente ano. Em suma, crê-se que existem condições, para podermos concluir que se irá concretizar, a partir de 2003/4, um novo modelo de formação para dirigentes da Administração Pública Portuguesa. 3
4 LUÍS VALADARES TAVARES Professor Catedrático de Sistemas e Gestão do Instituto Superior Técnico (Universidade Técnica de Lisboa) e Presidente do Instituto Nacional de Administração (INA). Áreas Actuais de Especialização: Gestão Estratégica e Administração Pública; Processos de Decisão e Modelos Comportamentais e de Negociação; Sistemas de Informação e de Mercados Electrónicos (E-Business e E-Government); Avaliação e Gestão de Projectos: Prospectiva e Análise de Políticas Tecnológicas e de Desenvolvimento; y Contratação Tecnológica Cargos Públicos.Director Geral do GEP, ME (88-92). Presidente do Programa MINERVA (89-92). Director do Programa de Informatização de Escolas do Banco Mundial (89-91). Gestor do PRODEP (89-92). Vice-Presidente do Conselho de Educação da OCDE (89-91). Coordenador nacional de Programa EURYDICE (União Europeia). Presidente do Comité de Educação do Conselho das Comunidades (1º Semestre 92). Presidente do Conselho da Educação da OCDE (92-93) Autor de nove livros: Reformar Portugal, (co-autor), 2002, Oficina do Livro. A Engenharia e a Tecnologia ao Serviço do Desenvolvimento de Portugal: Prospectiva e Estratégia , Verbo, Casos de Aplicação de Investigação Operacional (co-autor: C. H. Antunes), Mc Graw-Hill, Optimização Linear e Não Linear (co-author: F. Nunes Correia), 1999, Calouste Gulbenkian Foundation, Lisbon, 2 nd edition. Advanced Models on Project Management, 1998, Boston, Kluwer Academic Publishers. Investigação Operacional (Co-authors: Isabel Hall Themido, Rui Oliveira and F. Nunes Correia), 1996, Mc Graw-Hill. Estratégias de Internacionalização das Empresas Portuguesas (co-authors: Fátima Velez, José Filipe Rafael, José Paulo Esperança, Nuno Carracho e Pedro Delduque Gonçalves), 1995, ICEP. New Information Technology in Education in Portugal (co-author: T. Patrocínio), 1993, European Commission, Bruxelles. Desenvolvimento de Sistemas Educativos: Modelos e Perspectivas, 1991, GEP, Ministério da Educação, Lisboa. e de cerca de 100 artigos, a maioria dos quais foram publicados em numerosas revistas internacionais. Instituto Nacional de Administração Palácio dos Marqueses de Pombal Oeiras Telefone: , Fax: , lvt@ina.pt 4
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6 6 VIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Panamá, Oct Período I Período II Período III A1 A3 Sociologia das Organizações Introdução ao Direito B1 Tecnologias de Informação e da Comunicação B3 Inovação Conhecimento C1 Políticas Públicas e A2 A4 B2 B4 C2 Administração Pública Direito Administrativo Sistemas de Informação Gestão Financeira Sistemas Políticos A5 Modelos Organizacionais A7 Contratação Pública B5 Modelos Simulação B7 Contabilidade Pública C5 Estudos Europeus I de A6 Gestão das Pessoas A8 Avaliação do Desempenho B6 Modelos de Decisão B8 Gestão Orçamental C6 Estudos Europeus II A9 Liderança e Motivação A11 Gestão da Mudança B9 Logística e Activity- Based Costing B11 Gestão de Projectos C9 Modelos Negociação e Parcerias de A10 Gestão de Equipas A12 Gestão Estratégica e por Objectivos B10 Gestão das Operações em Serviços B12 Avaliação de Projectos C10 Reformas Administração Pública da C3 Economia I C4 Economia II C7 Desenvolvimento Regional C8 Competências Gestão Autárquica e C11 Governo Electrónico C12 Prospectiva
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