O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA REALIZAÇÃO DO EXAME CLÍNICO DAS MAMAS
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- Aparecida Mangueira Gameiro
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1 1 O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA REALIZAÇÃO DO EXAME CLÍNICO DAS MAMAS THE KNOWLEDGE OF FAMILY HEALTH PROGRAM NURSES ABOUT PERFORMING CLINICAL BREAST EXAMINATIONS KÊNIA CELY DE LIMA ALMEIDA Enfermeira do PSF de Francisco Morato SP Aluna do curso de pós-graduação em Saúde da Família da Faculdade de Medicina de Campos Trata-se de um estudo que busca avaliar o conhecimento dos enfermeiros que atuam no PSF e freqüentam a pós-graduação em Saúde da Família da FMC em relação ao exame clínico das mamas. Foram aplicados questionários a 12 enfermeiros em julho de A análise dos dados foi feita através do programa Excel e apresentados de forma descritiva, gráficos e tabelas. Concluiu-se que faltam aos enfermeiros alguns conhecimentos básicos em relação ao exame clínico das mamas, mostrando a necessidade de capacitação dos profissionais, a fim de melhorar o atendimento e colaborar com o controle do câncer de mama. Palavras-chave: câncer de mama, exame clínico das mamas, diagnóstico precoce, enfermagem, programa saúde da família. INTRODUÇÃO: O câncer de mama é um sério problema de Saúde Pública, devido sua elevada morbi-mortalidade e alto custo social e econômico, ocupando no Brasil, o primeiro lugar em mortalidade por neoplasias, no sexo feminino. Sua incidência é maior em mulheres a partir de 40 anos, sendo que cerca de 60% dos casos são diagnosticados em estágios III e IV¹. O diagnóstico nas fases iniciais proporciona elevadíssimas chances de cura e, na maior parte dos casos, permite oferecer um tratamento menos invasivo e mutilador. As estratégias básicas para sua detecção são: auto-exame mensal das mamas, exame clínico das mamas (ECM), realizado independente da faixa etária e em todas as consultas clínicas e exame mamográfico, nas mulheres com idade entre 50 e 69 anos, com intervalo de no máximo dois anos¹.
2 2 Os profissionais médicos e enfermeiros da atenção primária (Unidades Básicas de Saúde) devem proceder ao ECM, em todas as mulheres a partir de 25 anos, rotineiramente. Sinais como assimetria, abaulamentos, retrações, ulcerações, gânglios linfáticos e nódulos devem ser cuidadosamente pesquisados, na seqüência: inspeção estática, inspeção dinâmica, palpação das axilas e regiões supra-claviculares e palpação do tecido mamário¹. Obviamente, conta para a efetividade do exame, o grau de habilidade obtido pela experiência de detectar qualquer anomalia nas mamas examinadas², além de ambiente privativo adequado com boa iluminação e respeito ao recato da mulher. É importante enfatizar que o enfermeiro é um importante agente no acompanhamento desses pacientes com CA de Mama; sua ação deve ser integral e participativa, desenvolvendo ações de saúde individuais e coletivas na sua rotina de trabalho, que atendam às necessidades dos pacientes. Portanto, o objetivo deste estudo é avaliar o conhecimento dos enfermeiros das ESF em relação às técnicas corretas para realização do ECM. Tendo em vista que o controle do CA de mama depende essencialmente de ações de promoção de saúde e diagnóstico precoce da doença, torna-se fundamental a ação dos enfermeiros das ESF, incluindo o ECM na sua rotina de trabalho. Mas, para isso devem conhecer as técnicas adequadas para cada momento do exame. Assim, o trabalho em questão contribuirá para que os enfermeiros avaliem suas ações, melhorem seu atendimento e colaborem com o controle da doença. MATERIAL E MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa descritiva de campo, realizada com 12 enfermeiros que atuam no PSF e freqüentam a pós-graduação em Saúde da Família da Faculdade de Medicina de Campos (FMC) amostra de conveniência. O projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, parecer n 015/08, além do consentimento livre e esclarecido da coordenadora do curso de pós-graduação da FMC e dos respectivos enfermeiros participantes da pesquisa.
3 3 O período de coleta de dados foi julho de Como instrumentos de coleta foram utilizados questionários com perguntas abertas e fechadas com as seguintes variáveis: - demográficas: idade, sexo, tempo de formação, tempo de atuação; - clínicas: exame das mamas, etapas do exame, freqüência de realização; - físicas: estrutura e espaço adequado. Os dados obtidos foram analisados através do programa Excel e apresentados de forma descritiva, gráficos e tabelas, com freqüência absoluta e relativa. RESULTADOS: De doze enfermeiros participantes do estudo, 17% tinham 1 ano de formação, 66% de 2 a 4 anos e outros 17% tinham de 5 a 6 anos, sendo que 50% relataram 2 anos de atuação no PSF, como evidenciado na TAB. 1. TABELA 1: Tempo de atuação dos enfermeiros no PSF. Tempo de atuação N % 6 meses 01 08% 1 ano 02 17% 2 anos 06 50% 4 anos 02 17% 6 anos 01 08% TOTAL % Como mostra a FIG.1, 33% dos enfermeiros afirmaram ter pouco conhecimento em relação ao CA de mama e 67% afirmaram ótimo conhecimento.
4 4 67% 33% pouco conhecim ento ótim o conhecim ento Figura 1: Como os enfermeiros avaliam seu conhecimento em relação ao CA de mama. Ao serem questionados se tinham ou não conhecimento em relação aos sinais e sintomas do CA de mama, passos do exame físico das mamas e qual a freqüência em que o exame deve ser realizado em relação à idade da paciente, 1 enfermeiro (8%) respondeu que não tinha nenhum conhecimento e 11 (92%) que tinham conhecimento em relação a esses assuntos (FIG.2). Entretanto, dos 11 enfermeiros que responderam sim, 7 enfermeiros conseguiram citar dois sinais/sintomas, apenas 1 enfermeiro citou corretamente todos os passos do ECM corretamente e nenhum enfermeiro soube relacionar a freqüência de realização do exame com a idade da paciente. As técnicas (como realizar) de ECM variam bastante em seus detalhes, entretanto, todas elas preconizam a inspeção visual, a palpação das mamas e dos linfonodos (axilares e supraclaviculares)¹. Mas para executar tal técnica, o enfermeiro deve conhecer bem tal assunto e aplicar seu conhecimento para suspeita diagnóstica, orientação e encaminhamento de pacientes ao médico da equipe, para confirmação diagnóstica. Sobre as circunstâncias nas quais realizavam o ECM, 03 enfermeiros responderam que não realizavam em nenhum momento do seu atendimento, 07 realizavam na sua rotina de trabalho, 01 realizava apenas em pacientes acima de 40 anos e 01 realizava apenas se a paciente apresentava alguma queixa. O exame clínico das mamas é fase de avaliação no processo de assistir em enfermagem, fazendo parte dos protocolos de assistência do Programa Saúde da Família, mais especificamente do Programa de Saúde da Mulher³, sendo que deveria ser realizado rotineiramente nas consultas de enfermagem, com a finalidade de detectar anormalidades na mama num estágio precoce de evolução, sem sobrepor
5 5 ao ato médico e a fim de alcançar a integralidade da assistência à Saúde da Mulher na Atenção Básica. Como mostra a FIG.3, 58 % das unidades de saúde não tinham estrutura adequada, como ambiente privativo e com boa iluminação, importantes para realização do ECM. 8% sim não 92% Figura 2: Conhecimento dos enfermeiros em relação aos sinais e sintomas, passos do exame clínico e freqüência de realização. 42% 58% NÃO SIM Figura 3: Opiniões dos enfermeiros em relação à estrutura adequada para realização do ECM. CONCLUSÃO: Com base nos dados apresentados, os enfermeiros entrevistados tinham pouco tempo de formação e de atuação no PSF; e, apesar de avaliarem seu conhecimento em relação ao CA de mama de maneira positiva, faltaram alguns conhecimentos básicos em relação aos sinais e sintomas do CA de mama, passos do ECM e a freqüência em que o exame deveria ser realizado em relação à idade das pacientes.
6 6 Apesar do ECM fazer parte dos protocolos do PSF, alguns enfermeiros ainda não adotaram esse procedimento na sua rotina de trabalho, e grande parte não têm estrutura adequada para isso, o que impede uma assistência completa. Portanto, os dados mostraram a necessidade de implantação de protocolos de assistência nas unidades do PSF e a capacitação dos enfermeiros para o desenvolvimento de ações de controle do CA de mama, a fim de alcançar a integralidade à Saúde da Mulher. ABSTRACT: The study aims at evaluating the clinical breast examination knowledge of nurses which work for the Family Health Program and take the graduate course on Family Health at FMC. The nurses were given 12 questionnaires in July, The data analysis was made through Microsoft Excel and presented in charts, tables and descriptive ways. The results show that nurses lack some basic knowledge regarding clinical breast examinations, resulting in the need of training these professionals, aiming at improving the attendance and collaborating with the control of breast cancer. Key-words: breast cancer, clinical breast examination, early diagnosis, nursing, Family Health Program REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. BRASIL a. Ministério da Saúde. Falando sobre Câncer de Mama Rio de Janeiro: MS/INCA, BRASIL b. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Ações de prevenção primária e secundária no controle do câncer. 2.ed. cap. 3, Rio de Janeiro, BRASIL c. Ministério da Saúde. Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama Cadernos de Atenção Básica n 13. Brasília DF, Disponível em 4. KLIGERMAN, J., Fundamentos para uma política nacional de prevenção e controle do câncer. Revista Brasileira de Cancerologia, 48 (1): MAMEDE, M. V. et al. Orientações pós mastectomia: o papel da enfermagem. Rev. Bras. Cancerol., v. 46, n.1, p
7 7 6. NASCIMENTO, M. S. ; NASCIMENTO, M. A. A. Prática da enfermeira do Programa de Saúde da Família: a interface da vigilância da saúde versus as ações programáticas em saúde. Ciênc. Saúde coletiva, v.10, n. 2, p , abr.-jun NEGRINI, M. R. ; RODRIGUES, A. R. F. Relacionamento terapêutico enfermeiro-paciente junto a mulheres mastectomizadas. O Mundo da Saúde São Paulo, ano 24, v.24, n.4, PINHO, V. F. S. Perfil de Risco para Câncer de Mama em uma População-alvo do Programa Viva Mulher: um inquérito epidemiológico nas Unidades de Saúde da Família do município de Teresópolis/Rio de Janeiro. 86p. Dissertação (Mestrado em Ciências na área de Saúde Pública) Escola Nacional de Saúde Pública, Rio de Janeiro, RODRIGUES, D. P. et al. O suporte social para atender as necessidades de mulheres mastectomizadas. Rev. Bras. Cancerol., v. 44, n. 3, p , SOUTO, C. M. R. M. ; GARCIA, T. R. ; COLER, M. S. Processo de enfermagem aplicado a cliente com câncer de mama: estudo de caso embasado no referencial teórico de Imogene King. Rev. RENE, v.1, n.1, p , jan-jun TODESCHINI, D. ; FABRIS JUNIOR, S. ; BORTOLUZZI, G. P. ; PACHECO, S. S. Aspestos psicossociais do câncer de mama. Acta méd. Porto Alegre, v.15, p , 1994.
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