PROTAGONISMO JUVENIL NO CONTROLE SOCIAL DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: UMA APOSTA QUE PODE DAR CERTO
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- Ana Laura Custódio Azeredo
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1 PROTAGONISMO JUVENIL NO CONTROLE SOCIAL DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: UMA APOSTA QUE PODE DAR CERTO RESUMO Em um país com 34 milhões de jovens, pensar em políticas para a juventude, considerando suas multiplicidades de vivências, é desafiador. Refletir nas ações governamentais os anseios e necessidades dos jovens é urgente, dado que significativa parcela desse segmento populacional vivencia situações de pobreza e vulnerabilidade social. Convidar a juventude a dialogar sobre seus problemas e soluções possíveis é um esforço necessário para o enfrentamento de uma realidade excludente, que reserva um futuro nada promissor para muitos jovens brasileiros. Este trabalho representa uma discussão teórica inicial sobre as possibilidades da participação juvenil em um mecanismo de acompanhamento da gestão de um programa público brasileiro, o Controle Social do Programa Bolsa Família. A participação dos jovens no controle social do Programa é uma aposta que pode dar certo e, para além disso, o protagonismo juvenil nesses espaços se insere num movimento maior de reconstrução da democracia no país. PALAVRAS-CHAVE Participação juvenil, Controle social, Programa Bolsa Família.
2 PROTAGONISMO JUVENIL NO CONTROLE SOCIAL DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: UMA APOSTA QUE PODE DAR CERTO 1. Introdução Em um país com mais de 34 milhões de jovens, pensar em políticas para a juventude, considerando suas multiplicidades de vivências, é uma iniciativa desafiadora. Refletir nas ações governamentais os anseios e necessidades dos jovens é urgente, dado que grande parcela desse segmento populacional vivencia situações de pobreza e vulnerabilidade social. Convidar a juventude a dialogar sobre seus problemas e as soluções possíveis, apontadas por eles, é um esforço necessário para o enfrentamento de uma realidade excludente, a qual reserva um futuro nada promissor para muitos jovens brasileiros. O presente ensaio examina as possibilidades da participação juvenil em um mecanismo de acompanhamento da gestão das políticas públicas, o Controle Social do Programa Bolsa Família (PBF), programa de transferência direta de renda com condicionalidades 1 destinado às famílias pobres e extremamente pobres do Brasil. O Controle Social do PBF é exercido por Conselhos, formados paritariamente por representantes do poder público e da sociedade civil, que realizam o acompanhamento da gestão local do Programa em municípios. Os Conselhos cumprem papel de acentuada relevância no tocante à visibilidade da política e ao atendimento das necessidades dos beneficiários do PBF. Este trabalho representa uma discussão teórica inicial sobre a importância do protagonismo juvenil nas esferas de decisão públicas, a exemplo dos Conselhos do Controle Social do PBF. A exposição compreende as seguintes partes: i) um panorama da juventude brasileira; ii) a questão do protagonismo juvenil; e iii) as possibilidades e limites do protagonismo juvenil no Controle Social do PBF. Nas considerações finais, concluímos que o protagonismo juvenil nas arenas de decisão pública representa de fato uma aposta que pode fazer acontecer o Controle Social do Programa e, 1 As famílias beneficiadas pelo Programa devem cumprir compromissos em saúde e educação, chamados de condicionalidades. O detalhamento das dimensões do PBF encontra-se descrito no item 4 deste ensaio. 2
3 para além disso, a participação juvenil nesses espaços se insere num movimento maior de reconstrução da democracia no país. 2. Panorama da juventude brasileira O Brasil possui habitantes com idade compreendida entre 15 e 24 anos 2, o que equivale a 19% da população brasileira ( ) 3. Se acrescentarmos a esse contingente os indivíduos de 25 a 29 anos, os chamados adultos jovens, temos um total de 47 milhões de pessoas. Nesta faixa etária, concentra-se o contingente populacional atingido pelos piores índices de desemprego, baixo desempenho escolar, falta de qualificação profissional, mortes por homicídio e envolvimento com drogas e a criminalidade. Como a condição da juventude no Brasil é vivenciada de forma desigual e diversa por aqueles que fazem parte desse grupo populacional, terminam por existir diferentes formas de acesso dos jovens brasileiros aos serviços sociais básicos. Sendo assim, parte significativa dos jovens permanece em situação de maior vulnerabilidade que outros. O Censo do ano apontou que a maioria dos jovens (68,7%) viviam em famílias com renda per capita inferior a 01 (um) salário mínimo. O exame da realidade ocupacional da juventude brasileira também não apresentou resultados animadores, tendo em vista que muitos jovens deparam-se com o desemprego ou a inserção precarizada no mercado de trabalho. No Brasil, cerca de 3,5 milhões de jovens com idades entre 16 e 24 anos estão desempregados, o que representa 45% da força de trabalho nacional. Dos empregos disponíveis para esse contingente populacional, 93% encontram-se na economia informal, de baixa remuneração, com pouca segurança e benefícios e perspectivas mínimas de crescimento profissional. 5 Quanto à escolaridade, os dados revelam que a juventude encontra-se numa posição nada confortável. Embora alguns avanços tenham sido registrados na redução do analfabetismo entre jovens de 15 a 24 anos, em quase 75% dos Estados brasileiros as médias de anos de estudo não 2 As estatísticas brasileiras, seguindo parâmetros internacionais, caracterizam a juventude a partir desse grupo etário da população. 3 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2005, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 4 Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 5 Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Brasil. 3
4 ultrapassam oito anos. 6 A análise dos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) 7 apontam uma diminuição significativa, com o passar dos anos, nos resultados de desempenho dos alunos do ensino fundamental e médio. Isso significa que os alunos aprendem cada vez menos na escola. Nas grandes cidades, as vítimas da violência têm um rosto juvenil. Segundo dados do Ministério da Saúde 8, 28 mil jovens de 20 a 24 anos vieram a óbito no Brasil, sendo que, destas mortes, 72% foram causadas por fatores externos. Grande parte dos jovens que morreram eram do sexo masculino correspondiam a 80,5% do total de mortes. Publicações recentes da UNESCO 9 mostram que a taxa anual de mortalidade por causas externas na população entre 20 a 29 anos de idade supera 100 óbitos por 100 mil pessoas, contra 67 mil óbitos por 100 mil habitantes para o restante da população. Esse tipo de mortalidade está fortemente concentrado em homicídios e acidentes de trânsito. A exemplo dos acidentes e violência, o uso e abuso do álcool e outras drogas constitui-se numa problemática desencadeadora de situações de vulnerabilidade para a juventude. Somado a isso, temos a questão não menos grave do tráfico de drogas, que produz novas vítimas a cada ano, entre as quais muitos adolescentes pobres das periferias dos centros urbanos. Para a modificação desse quadro desolador que se apresenta para a juventude brasileira, e que sinaliza para o desenvolvimento de um futuro pouco promissor para o país, um esforço conjugado de vários atores sociais fez-se necessário. Desde a década de 1990, movimentos organizados e organismos internacionais têm posto em discussão os graves problemas que assolam a juventude. A par disso, destacou-se a necessidade de pôr em evidência as necessidades, vulnerabilidades e potencialidades dos jovens, intentando com isso elaborar políticas destinadas a à promoção e desenvolvimento desse público. A grande dificuldade desse esforço residia na fragmentação das ações, o que, grosso modo, impeliu a obtenção de resultados eficazes para o enfrentamento da triste realidade da juventude brasileira. 6 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Ministério da Educação, Sistema de Informações sobre a Mortalidade DataSUS, Ministério da Saúde, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO),
5 Em 2005, foi instituída pelo governo brasileiro a Política Nacional de Juventude e, pela primeira vez na história do país, passou-se a contar com uma política de Estado voltada para a população jovem. Esse fato indicou a necessidade urgente de pôr em discussão na agenda pública os problemas vivenciados pela juventude brasileira, mal-educada, desamparada e desprotegida, em suma, vitimada por uma ordem social excludente. Embora sejam empreendidos esforços pelo governo brasileiro para a superação da situação de vulnerabilidade e exclusão social dos jovens, alguns aspectos costumam ser pouco aprofundados nessas discussões: os jovens têm sido convidados a definir quais são as suas principais necessidades? O que de fato querem os jovens? De que forma eles podem participar das esferas de decisão pública para poderem arbitrar sobre seus próprios destinos? Entendemos que o ingresso do jovem nos espaços de participação popular, como protagonista do seu tempo e destino, opinando sobre as ações governamentais a ele dirigidas e as políticas que o beneficiam, faz-se imprescindível. Muitas das estratégias conservadoras adotadas para o enfrentamento de situações de exclusão social rotineiramente negligenciam a escuta daqueles que irão ser beneficiados pelas ações, numa tentativa de despolitizar o discurso dos grupos a serem contemplados pelas políticas governamentais. Nesse contexto, o jovem é uma força a ser pensada enquanto agente promotor de mudanças sociais, necessárias inclusive para a sustentabilidade democrática da nação. 3. Protagonismo juvenil No atual cenário, a reflexão sobre a importância da participação dos jovens nos mais variados espaços têm sido geralmente escamoteada, quando não é cooptada para atender aos interesses que não representam de fato os anseios desse grupo populacional. Imersos em uma lógica social e econômica perversa e excludente, na qual importa mais ter do que ser, os jovens vêem-se às voltas com mensagens que apelam para o consumo excessivo e o alienam da realidade social na qual vivenciam toda sorte de problemas cotidianos, tornandoos desinteressados pela promoção e desenvolvimento de ações éticas e transformadoras. 5
6 A idéia correntemente difundida da falta de fascínio dos jovens pela participação popular encontra-se assentada de igual modo em uma ideologia que desqualifica as ações da juventude e as estereotipa como desordeiras, desinteressadas e inconseqüentes. Como resultado disso, o diálogo que não se trava com a juventude termina por reproduzir uma desqualificação generalizada dos jovens e sua participação, sem a compreensão de que estes podem ser agentes promotores de mudanças sociais significativas na sociedade. Nas duas últimas décadas do século XX, o discurso que estigmatizava a juventude cedeu espaço para novas abordagens, com representações positivas sobre essa fase da vida. O acolhimento dos modos de ver e sentir dos jovens foram conseqüências fundamentais da consolidação de uma nova postura frente aos anseios e sonhos da juventude. Os jovens, desse modo, passaram a ser compreendidos como sujeitos participativos capazes de encontrar soluções para os problemas que os afligiam. Essa nova compreensão da juventude representou um notável avanço, posto que o protagonismo juvenil teve seu conteúdo ressignificado, e acenou-se para a possibilidade da participação do jovem nos processos decisórios com vistas à redução das desigualdades sociais e ampliação do acesso dos segmentos vulnerabilizados da sociedade aos direitos de cidadania. O termo protagonismo juvenil refere-se à capacidade dos jovens de participar e influir de alguma maneira no fluxo dos acontecimentos à sua volta, exercendo um papel decisivo e transformador na vida social. Observamos que o termo, embora seja amplamente utilizado, carece de maior significação nos contextos nos quais é referenciado, tendo em vista que a sua concretização se dá muitas vezes de modo superficial, isto é, os discursos nem sempre dão conta de significar a efetivação prática do seu conteúdo. O protagonismo juvenil caracteriza-se por um nível elevado de consciência crítica frente à realidade com a qual o jovem se depara e pela ativa participação deste nos meios existentes e nos mais variados espaços. O desenvolvimento da consciência crítica possibilita que os jovens possam se inserir nos espaços de participação popular para que busquem ser sujeitos desse processo, pessoas as quais estão com o mundo e com ele reagem. Os jovens podem ser protagonistas e exercer sua participação consciente em escolas, bairros, comunidades, nos grupos religiosos dos quais façam parte, nos movimentos juvenis, dentre outros. Em todos esses espaços, o jovem, ao participar desses processos, firma um compromisso com a democracia, dada a natureza da sua participação. 6
7 O protagonismo juvenil possibilita a assunção dos interesses coletivos em detrimento das vontades e desejos particulares, de maneira que todos possam se beneficiar da participação exercida por poucos. Os temas com os quais os jovens devem estar afeitos precisam voltar-se a ações que não dizem respeito à sua vida particular, mas a problemas relativos ao bem comum. Atualmente, a participação juvenil têm sido estimulada e buscada por muitas organizações, governamentais ou não, dado o reconhecimento do potencial criativo e produtivo dos jovens, que podem estar à frente de uma gama de processos indutores de transformações nos espaços sociais, nas relações sociais e na sociedade como um todo. 4. Possibilidades do protagonismo juvenil no Controle Social do Programa Bolsa Família (PBF) A Constituição Federativa do Brasil de 1988 abriu espaço para a discussão do tema controle social na agenda pública, ou seja, a incorporação da participação popular na gestão e acompanhamento das políticas sociais. A participação popular pode ser exercida por meio de conselhos, canais institucionalizados de participação da sociedade civil nas ações de formulação, execução, fiscalização e avaliação das políticas públicas. Esses mecanismos possuem força legal para atuar na definição das prioridades a serem atendidas pelas políticas e na avaliação dos seus resultados. Neste ensaio, destacamos a inserção privilegiada de ator estratégico, o jovem, em uma instância de participação popular específica, o Controle Social do Programa Bolsa Família (PBF). O PBF, implementado pelo governo brasileiro desde 2004, constitui uma estratégia de combate à pobreza do país e atualmente atende 11,1 milhões de famílias nos municípios do Brasil 10. O Programa articula três dimensões: 1) o alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza; 2) o cumprimento das condicionalidades, ou seja, os compromissos em educação e saúde pelas famílias beneficiárias, de forma a romper o ciclo da pobreza entre as gerações e promover o acesso destas aos direitos sociais básicos; e 3) o apoio ao desenvolvimento das famílias, por meio dos programas complementares, de modo que os beneficiários consigam superar a sua situação de vulnerabilidade social e pobreza. 10 Dados sobre o Programa referentes ao mês de maio de
8 No contexto do PBF, o Controle Social é entendido como a participação da sociedade civil no planejamento, acompanhamento, fiscalização e avaliação da execução do Programa, visando potencializar os seus resultados. O Controle Social é exercido por Conselhos, que devem atender às características da paridade (formado por igual quantidade de representantes do governo e da sociedade civil) e intersetorialidade (com a representação das diversas áreas de atuação do governo, como Saúde, Educação e Assistência Social, por exemplo). O Controle Social é uma ferramenta fundamental para o êxito das ações do Programa, na medida em que cumpre papel de acompanhar a efetivação dos direitos de cidadania por parte de um grande contingente de brasileiros que vivenciam situações de pobreza e extrema pobreza. Comumente, ao se discutir a participação da juventude em instâncias representativas, afirma-se que os jovens têm pouco interesse na participação popular. A afirmativa se baseia principalmente em uma ideologia que desqualifica a participação juvenil, ou apenas a compreende de forma muito restrita. No entanto, sabemos que as formas de participação dos jovens precisam ser pensadas em um contexto mais ampliado, dada as novas formas de protagonismo juvenil 11. A presença dos jovens no Controle Social do PBF se manifesta principalmente através dos grupos juvenis e das Pastorais da Juventude e, embora poucos esforços tenham sido empreendidos para a discussão desse tema, entendemos que os Conselhos do Controle Social do PBF representam canais privilegiados de participação dos jovens, de modo que nessas instâncias poderia se viabilizar o protagonismo juvenil. Para além disso, a representação tímida dos jovens no acompanhamento de uma política pública específica indica a necessidade de repensarmos as possibilidades e os limites do protagonismo juvenil nos canais de participação popular. Concretamente, o segmento jovem encontra assento nos Conselhos, mas a importância e a necessidade do protagonismo juvenil no Controle Social do PBF precisa ser pensada como alternativa possível de incorporação das demandas de um contingente populacional que vivencia problemas específicos, cujo enfrentamento requer compromisso; e, antes disso, uma discussão aprofundada na esfera pública. Preferencialmente, esta discussão têm de ser posta em pauta pelos próprios jovens, em pleno 11 Participação dos jovens em grupos da comunidade - igrejas, pastorais e organizações juvenis; campanhas para fins diversos; grupos ligados a temas culturais, artísticos e de lazer; grupos com identidades específicas negros, mulheres, pessoas com deficiência, dentre outros. 8
9 exercício protagônico, conscientes de suas potencialidades e sabedores dos caminhos que apontam soluções efetivas para os seus problemas. Num quadro social que se apresenta desolador para a juventude, tomá-la como partícipe de processos que ampliem oportunidades para os jovens e façam valer seus direitos é imprescindível. O desafio consiste em concretizar essa participação, como resposta às muitas angústias dos jovens que se vêem diante de um futuro pouco promissor. Entendemos que a participação juvenil no Controle Social do PBF é um processo ainda em construção, na medida em que os jovens estão começando a apropriar-se desse espaço para legitimar seus anseios. A participação dos jovens é uma conquista a ser almejada no Controle Social do PBF, pois sabemos que, ao fomentar o protagonismo juvenil nesse espaço específico, contribuímos para a formação do capital social na comunidade nas quais esse jovem participa e, além disso, o jovem aprende na prática o exercício da cidadania. Pensar nos temas e dilemas dos jovens brasileiros requer a escuta das suas vontades e necessidades. Faz parte do processo democrático inserir nos canais institucionalizados de participação popular atores estratégicos. O resgate da narrativa do jovem e a legitimação da sua fala é uma estratégia a ser discutida na atualidade brasileira, na medida em que assistimos a um movimento de abertura de espaços para a participação juvenil 12. Diante do esgarçamento do tecido social, a participação protagônica do jovem representa de fato uma grande aposta. Uma aposta que pode fazer acontecer o Controle Social e fomentar nos jovens valores e atitudes cidadãs, nas quais estes podem assumir responsabilidades pelas ações sociais mais amplas, comprometendo-se com os grupos socialmente excluídos ou em processo de exclusão. Um dos ganhos mais visíveis dessa ação reside no tempo futuro, na medida em que o engajamento juvenil nas ações sociais pode possibilitar que os jovens participem da cena política de forma mais lúcida e amadurecida, especialmente por terem vivenciado experiências concretas de participação em seus cotidianos. A sustentabilidade da democracia no país depende da atuação da juventude nesses espaços, distanciada do ativismo social acrítico e despolitizado, e comprometida com a discussão que criticiza a realidade social e seus problemas, e busca soluções de enfrentamento das situações 12 Como referência, tomamos a experiência de criação da Secretaria Nacional da Juventude em 2005 pelo governo brasileiro, fato que sinalizou a vontade política de lidar com os temas e problemas - da juventude. 9
10 de vulnerabilidade de forma negociada, refletida e imbuída do compromisso com o desenvolvimento social do país. 5. Considerações Finais A efetivação do protagonismo juvenil no contexto do PBF é um desafio a ser pensado. Embora seja necessária maior dedicação ao tema da participação juvenil nos Conselhos de Controle Social do Programa, apostamos nas potencialidades do protagonismo juvenil nesses espaços, dada a possibilidade de serem representados os anseios, desejos e interesses da juventude brasileira. A presença dos jovens em canais institucionalizados de participação popular representa uma ferramenta de suma importância para fazer valer os direitos de cidadania desse grupo, o qual se depara com um futuro nada promissor. O exercício do protagonismo juvenil facilita a assunção da responsabilidade do jovem para com o seu próprio destino e os caminhos do outro, responsabilizando-se pelas ações sociais em prol da coletividade. Ainda, a participação juvenil configura-se como um instrumento potencializador da formação de uma cultura cidadã, comprometida com o enfrentamento e a superação da pobreza e vulnerabilidade social, e a conseqüente defesa dos direitos de cidadania dos segmentos populacionais jovens da nação, que até então careciam de maior representatividade nos espaços públicos. Entendemos que, no Controle Social do PBF, o exercício do protagonismo juvenil representa de fato uma aposta que pode fazer acontecer o Controle Social do Programa e, além disso, a participação juvenil nesses espaços se insere num movimento maior de reconstrução da democracia, concorrendo inclusive para a sustentabilidade das instituições democráticas no país. 10
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