O Sistema Via Verde: Uma aposta inovadora ao serviço dos cidadãos
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- Cíntia Câmara Alencastre
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1 António Nunes de Sousa Presidente da Via Verde Portugal O Sistema Via Verde: Uma aposta inovadora ao serviço dos cidadãos 91 Duas revoluções marcaram o sector rodoviário, em Portugal, em 1991, alterando profundamente os hábitos dos portugueses, em matéria de mobilidade e de acessibilidades. Foi nesse ano, em Setembro, que a Brisa concluiu a construção da ligação Lisboa-Porto por auto-estrada, com o fim da construção da Auto-estrada do Norte (A1). E alguns meses antes, também nesse ano, a Brisa tinha criado a via verde, um sistema electrónico de cobrança de portagens, que se tornou parte do nosso dia-a-dia. A tecnologia «via verde» é, na sua génese, um sistema de cobrança de portagens que permite o pagamento automático de uma forma totalmente electrónica, sem que o veículo tenha de parar na via, através de uma comunicação rádio entre a unidade de bordo e o equipamento instalado na auto-estrada. A Via Verde Portugal explora e desenvolve este sistema electrónico de cobrança de portagens, com o seu primeiro enfoque no mercado nacional. Hoje, a Via Verde é uma realidade na vida de quem conduz, que o assiste em vários aspectos da mobilidade. O gesto de passar numa portagem de auto-estrada sem parar, de efectuar o pagamento de combustível ou num parque de estacionamento, sem perder tempo em filas de espera ou à procura de trocos, tornaram-se banais.
2 92 Two revolutions have marked the road transport sector in Portugal, in 1991, profoundly changing the habits of the Portuguese, in what concerns mobility and accessibilities. It was in that year, in September, that Brisa finished building the Lisbon-Porto connection by highway, and the Auto-Estrada do Norte (A1) was completed. And some months earlier, in that same year, Brisa had created the Via Verde, an electronic toll payment system that has become a part of our everyday lives. The «via verde» technology was, in its origins, a toll payment system allowing automatic payment in a totally electronic way, without the need for the car to stop, and using radio-frequency communication between the on-board unit and the equipment installed in toll booths on the highways. Via Verde Portugal manages and develops this electronic toll payment system primarily focused on the national market. Today, Via Verde is a reality in the lives of Portuguese drivers, and assists them in their mobility in several ways. The fact of going through a toll booth on the highway without stopping, or of paying for fuel or parking without having to waste time standing in queues or trying to get change, has become commonplace.
3 Duas revoluções marcaram o sector rodoviário, em Portugal, em 1991, alterando profundamente os hábitos dos Portugueses, em matéria de mobilidade e de acessibilidades. Foi nesse ano, em Setembro, que a Brisa concluiu a construção da ligação Lisboa- -Porto por auto-estrada, com o fim da construção da Auto-estrada do Norte (A1). E alguns meses antes, também nesse ano, a Brisa tinha criado a via verde, um sistema electrónico de cobrança de portagens, que se tornou parte do nosso dia-a-dia. Estes dois eventos fazem parte da história das técnicas de transporte e de armazenamento de bens, informação e pessoas, em Portugal. A auto- estrada do Norte e a via verde tornaram-se parte do sistema das mobilidades no nosso país. Estão no centro das dinâmicas de desenvolvimento da nossa sociedade, que passaram e passam por muitos objectos e sistemas, banais na vida de cada um, como a escrita, a Internet, o comboio, o automóvel, o telefone, o telemóvel, o betão, os hipermercados ou o micro-ondas. A invenção e o funcionamento destes bens e serviços tornaram possível o mundo em que vivemos e os nossos estilos de vida. A «revolução» trazida pela A1, há já quase 18 anos, inerente ao principal eixo rodoviário do país, representa hoje cerca de 50% do tráfego da rede Brisa. Revolução das estradas A Brisa conseguiu concluir a construção da tão desejada auto-estrada do Norte, com três anos de antecipação sobre os prazos contratados com o Estado, ultrapassando as obrigações assumidas, e garantindo deste modo ganhos consideráveis à escala nacional. Talvez por isto, a entrega desta auto-estrada, cuja construção tinha sido iniciada em 1961, tenha sido tão bem recebida pelos cidadãos e tenha contribuído de forma muito expressiva para a popularidade e para a imagem pública da empresa. «Lisboa e Porto ficaram mais perto» e «realizou-se o sonho de muitas gerações», se quisermos sintetizar em duas ideias aquilo que a comunicação social disse em 1991 e continua a dizer sobre este evento. A «revolução» da A1 traduz-se na possibilidade de realizar uma viagem entre as duas maiores áreas metropolitanas do País, através das comunidades mais densamente povoadas e dinâmicas, numa extensão de 300 quilómetros, em apenas três horas, com níveis de conforto e segurança inexistentes até àquele momento. Em 1991, os Portugueses descobriram a liberdade de movimento e a eficiência nos transportes que este tipo de infra-estrutura representa para as suas vidas, e a redução relativa das distâncias teve reflexos importantes ao nível da cidadania, aproximando pessoas e actividades. O dinamismo exigido pela opinião pública ao Plano Rodoviário Nacional espelha bem o benefício, o valor e o interesse público atribuído às auto-estradas, como factor de desenvolvimento. A mobilidade é, de facto, uma necessidade e um consumo muito especial. Serve, em primeiro lugar, para conseguirmos realizar outras actividades trabalho, reuniões de família, estudo, etc, sendo muito raramente um fim por si próprio. E, em segundo lugar, está muito estreitamente ligada às variáveis espaço e tempo. A principal diferença entre as sociedades modernas e outros modelos de sociedade é a capacidade de inovar; inovação e mudança são os seus princípios fundamentais. As duas «revoluções» rodoviárias de 1991 demonstram a capacidade de empresas, como a Brisa, de apresentarem propostas inovadoras ao serviço dos cidadãos. A conclusão de uma infra- estrutura rodoviária estratégica, com grande capacidade e novos níveis de serviço, representou uma transformação profunda nos hábitos de vida dos Portugueses. Revolução nas estradas A auto-estrada do Norte marcou uma mudança fundamental no sector rodoviário: encurtou distâncias, reduziu tempos médios de viagem, aumentou o tráfego entre localidades, estimulou o desenvolvimento de negócios, fomentou a mobilidade do emprego e contribuiu decisivamente para a melhoria real da segurança rodoviária. O surgimento da via verde, no mesmo ano, uns meses antes da conclusão da auto-estrada do Norte, é o prenúncio de outra «revolução» 93
4 94 rodoviária, que ultrapassa, nas suas implicações, o processo de cobrança de portagens e a estrutura das praças de portagem. A lógica subjacente ao desenvolvimento e à implementação do sistema via verde combina critérios de eficiência e de serviço, com reflexos positivos, quer para a empresa, quer para os utentes, que procuram serviços acessíveis, flexíveis e fiáveis. Este sistema foi criado em 1991 e o objectivo era ter o sistema operacional para a inauguração da portagem de Carcavelos na auto-estrada da Costa do Estoril (A5), com abertura marcada para a Primavera desse ano. O tráfego previa-se intenso nesta zona e pretendia-se que o serviço via verde evitasse a aglomeração de carros nesta praça de portagem e respondesse de forma positiva a quem duvidava dos benefícios da entrada em serviço de uma auto-estrada com portagens no local. O serviço inaugurou juntamente com a portagem. Os Portugueses depressa se familiarizaram com este sistema, pela sua facilidade e pela sua novidade e, em 1995, o sistema foi alargado à totalidade da rede de auto-estradas em operação em Portugal, que a Brisa, ainda detida pelo Estado, operava na totalidade. A evolução e a expansão do sistema acompanharam o crescimento da rede de auto-estradas no País e foram fomentadas pelas suas características específicas: a adesão voluntária e o âmbito universal. A popularidade do sistema via verde junto dos Portugueses justificou um amplo reconhecimento, nacional e internacional, como a atribuição do estatuto de «Superbrand» em 2006, a distinção pelo semanário Expresso ao incluir a via verde nas «30 razões para ter orgulho em ser português» (que elegeu no seu 30.º aniversário em 2003) e o prémio IBTTA Toll Excellence Award, em Mais e mais serviços A tecnologia «via verde» é, na sua génese, um sistema de cobrança de portagens que permite o pagamento automático de forma totalmente electrónica, sem que o veículo tenha de parar na via, através de uma comunicação rádio entre a unidade de bordo e o equipamento instalado na auto-estrada. A Via Verde Portugal explora e desenvolve este sistema electrónico de cobrança de portagens, com o seu primeiro enfoque no mercado nacional. O sistema começou por estar disponível na rede de portagens das auto-estradas e das pontes. O início desta década coincide com dois momentos importantes para o sistema via verde no seu posicionamento como proposta inovadora ao serviço dos cidadãos. Em 2001, a via verde atinge a «meta» simbólica do primeiro milhão de clientes, com uma taxa de crescimento anual de 15%, muito elevada em comparação com as taxas de penetração e de expansão de sistemas semelhantes adoptados em países europeus como a França ou a Itália. A via verde ao atingir este objectivo, logo fixou novos e mais arrojados objectivos. Em 2002, e cada vez mais centrada na facilidade e na mobilidade do automobilista, a via verde alarga o âmbito dos seus serviços para fora da infra-estrutura rodoviária e da cobrança de portagens, criando serviços inovadores de pagamento com o mesmo identificador, nomeadamente através da celebração de uma parceria com a GALP, resultando na instalação do serviço nas principais áreas de serviço desta empresa petrolífera. No mesmo ano, é criada uma parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, para aplicar a funcionalidade da via verde no controlo de acessos aos principais bairros históricos da cidade, começando pelo mítico Bairro Alto. No final de 2003, e em parceria com a Emparque, a via verde é lançada como um meio de pagamento nos principais parques de estacionamento do operador. Esta solução é bem recebida pelos clientes, e rapidamente se estende a parques de outros operadores, num sucesso sem precedentes. Hoje, a via verde é uma realidade na vida de quem conduz, que o assiste em vários aspectos da mobilidade. O gesto de passar numa portagem de auto-estrada sem parar, de efectuar o pagamento de combustível ou num parque de estacionamento, sem perder tempo em filas de espera ou à procura de trocos, tornaram-se banais. Sinónimos disto são os mais de dois milhões de clientes que já aderiram à via verde, os 190 milhões de transacções processadas por ano, os
5 três mil pontos de venda e comercialização de produtos. Acresce que a via verde pode hoje ser utilizada em mais de 1600 quilómetros de auto- estradas, mais de 80 parques de estacionamento, 98 postos de abastecimento de norte a sul do País e em cinco zonas históricas de acesso restrito. Um sucesso traduzido em números, que permite as parcerias mais inesperadas, como no sector da restauração a McDonald s instalou o serviço, ainda em fase de piloto, em dois McDrives. Os aspectos mais práticos acompanham a evolução do sistema. A acompanhar a oferta de aplicações e o impacto que tem nos estilos de vida, a via verde desenvolveu um conjunto de produtos que permitem adaptar o serviço às necessidades de cada um, quer pela possibilidade de repartir a facturação do mesmo identificador por mais de um cliente, a via dupla, direccionado a clientes empresariais, quer pela possibilidade de poder receber a factura no seu computador em formato electrónico, a via electrónica. Com uma simples chamada, os clientes podem ainda ter acesso a uma senha privada, a Via Verde Fácil, a qual permite uma série de operações sem necessidade de se deslocar a uma das lojas. O cliente pode ainda receber informações úteis através de um serviço de SMS, que o alerta para a necessidade de substituição da bateria do seu identificador, ou simplesmente quando é necessária uma actualização do cartão bancário associado. A via verde muda, transforma-se e adapta-se às novas realidades sociais. Tecnologia para a sociedade O desenvolvimento da interoperabilidade de sistemas ETC na Europa, prevista para os próximos anos, abre naturalmente novas perspectivas para o negócio da via verde no âmbito de cobranças electrónicas no espaço europeu. Também o lançamento do Dispositivo Electrónico de Matrícula (DEM), obrigatório em todos os veículos a partir de 2010, representará uma mais- valia para os clientes Via Verde, uma vez que este sistema deverá ser compatível com a via verde, simplificando a adesão a este serviço. Acrescentando ainda às funcionalidades base, objecto do serviço DEM, todos os serviços adicionais actualmente disponíveis, em exclusivo para os clientes Via Verde, tais como o pagamento em postos de abastecimento de combustíveis, em estacionamento e a mais recente possibilidade de utilizar o serviço nos McDrives, dos restaurantes McDonald s e outros que se avizinham num futuro próximo. O saber fazer necessário é um activo da via verde, que pode ser comprovado por várias experiências internacionais. Em 2002, a Comissão Europeia lançou o projecto Pilot on Interoperable Systems for Tooling Applications (PISTA), com o objectivo de definir normas para a interoperabilidade europeia de transacções electrónicas de portagem. O objectivo principal desta iniciativa era muito aproximado ao modelo de interoperabilidade nacional, que permitia que um veículo, com um identificador e um contrato com uma entidade de cobrança, por exemplo via verde, pudesse circular pelas auto-estradas europeias acumulando transacções na sua conta. Um modelo em tudo semelhante ao serviço de roaming oferecido pelos operadores de telecomunicações móveis. A primeira diferença e dificuldade era o nível de consolidação dos sistemas nacionais, por vezes regionais, de cobrança. A segunda dificuldade prendia-se com a diferença dos sistemas instalados para recolha de transacções, que era necessário normalizar para permitir que um veículo, com um identificador, pudesse viajar na Europa. Havia, portanto, dois tipos de interoperabilidade a normalizar: a tecnológica e a de negócio. A Via Verde liderou este projecto que culminou com testes operacionais com a identificação bem-sucedida de veículos estrangeiros, com contrato válido nos respectivos países e o consequente processamento e transferência das transacções resultantes. Os impactes ambientais do tráfego, como as emissões de dióxido de carbono imputáveis aos veículos, dependem de uma busca colectiva da respectiva solução. Os benefícios da via verde como solução de operação rodoviária, que previne o «pára-arranca» nas portagens e reduz as emissões associadas a esta situação, já foram demonstrados por um estudo independente, realizado pelo Instituto Superior Técnico. As vantagens desta aplicação serão ampliadas com a evolução do sistema multilane freeflow, desenvolvido pela via verde com a designação Via Mais Verde, já disponível em algumas auto-estradas, como a A17 e a A10. 95
6 96 Na sua forma original, a passagem pelas vias de portagem com via verde é apenas condicionada pela limitação de velocidade a 60 km/h. Ao contrário, a maioria das instalações para cobrança electrónica de portagens a nível internacional, como Espanha, França e Itália, são limitadas por barreiras físicas no local de passagem. Em 2007, a Brisa volta a destacar-se com a instalação e a operacionalização do primeiro sistema Multilane free-flow (MLFF) na Ponte da Lezíria, na ligação entre o Carregado e Benavente pela A10. De forma simplificada, este sistema materializa-se numa praça de portagem com a largura da faixa de rodagem mas sem as vias físicas convencionais de passagem e, ainda, sem a anterior limitação de velocidade. De novo, uma evolução ao nível da tecnologia, que não afecta o modelo de relação com o cliente automobilista. Este novo passo inovador, para além de voltar a elevar as competências e as capacidades da engenharia das tecnologias Brisa, estabelece um novo padrão para a inevitável cobrança de taxas de portagens do futuro, mas também para a busca de uma operação rodoviária mais eco-eficiente e mais orientada para a prevenção dos riscos de congestionamento de tráfego. Via Verde do futuro Numa óptica de oferta de serviços com elevado conteúdo tecnológico, o desenvolvimento mais recente da via verde é o projecto Vehicle Infrastructure Integration (VII). Este sistema permite que os automóveis e as estradas falem entre si, prevenindo acidentes e aumentando a capacidade de gestão activa do tráfego, com impactos positivos sobre os problemas associados à fluidez e à segurança rodoviária. Este sistema está a ser testado no laboratório da Brisa, em Loures, num protótipo da Via Verde aplicada à segurança rodoviária, cujo desenvolvimento é fruto de uma parceria com o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) e a Universidade de Aveiro. Este sistema, através de identificador semelhante ao da via verde instalado num veículo, permite que este receba informações de risco ou de perigo originárias de outros veículos ou de emissores colocados nas estradas e, assim, avisa o condutor. A informação pode chegar ao automobilista através de um sinal sonoro ou de uma mensagem do computador de bordo ou de dispositivos móveis, como PDA, sistemas de navegação portáteis ou de telemóveis. A ideia de criar uma comunicação entre veículos e infra-estrutura tem já muitos anos, no sector rodoviário e no sector automóvel. A novidade é que a tecnologia desenvolvida pela Brisa e seus parceiros de I&D para a via verde é uma produção nacional, ainda que no estádio de protótipo, que permitirá suportar um conjunto vasto de novas aplicações, com importante benefício para todos os cidadãos que utilizam ruas, estradas e auto-estradas. Junho 2009
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