O PEDAGÓGICO E A MUDANÇA : ATUALIDADE DAS IDÉIAS FREIREANAS DE MUDANÇA
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- Clara Felgueiras Salgado
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1 1528 X Salão de Iniciação Científica PUCRS O PEDAGÓGICO E A MUDANÇA : ATUALIDADE DAS IDÉIAS FREIREANAS DE MUDANÇA Carolina Pereira Schuch 1, Marcos Villela Pereira 2 (orientador) Faculdade de Educação, PUCRS Resumo É no final dos anos setenta em relação a um período de ditadura militar (na prática, de 1964 a 1984) bastante severo que vemos emergir uma Pedagogia contrária ao modelo mais tradicional, apoiado no conservadorismo, que procurou modernizar a educação. O currículo começa a se modificar, os professores a se reciclar (sic) e a escola passa a se abrir para o mundo ao seu redor. Com alguma inspiração libertadora nas idéias de Paulo Freire e Darcy Ribeiro, a década se passou com um intenso desejo de redenção e uma forte crença no potencial libertador da educação. Atrelada a outras idéias de caráter humanista Paulo freire suscita no professorado pensamentos que colocam o homem em confronto com a realidade, afirmando que toda a mudança é fruto do ser humano. Sendo assim, ele não pode ser neutro: como sujeito do processo seu dever é compreendê-la, procurar soluções e criar suas convicções. Em meados dos anos oitenta com a emergência da Teoria Crítica e das Teorias da Reprodução e da Resistência, talvez, resultado da coincidência de uma necessária crítica ao perfil redentor da educação, surge a tendência da autoflagelação pedagógica: não há redenção, não há saída, não existe libertação, ninguém emancipa ninguém - e o homem é o sujeito ativo na transformação do universo cabe a ele optar pela mudança ou pela estabilidade, mas sabendo que ao optar pela mudança optará por um certo caminho de humanização. É a esperança crítica que move os homens para a transformação (Freire, 1981). 1 Bolsista de Iniciação Científica. Linha de Pesquisa: Fundamentos, Políticas e Práticas da Educação Brasileira. Aluna do Curso de Graduação em Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 2 Doutor em Educação. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Linha de Pesquisa: Fundamentos, Políticas e Práticas da Educação Brasileira.
2 1529 Apostando na caricatura, diria que nada mais é o que aparenta ser: nessa década proliferam as interpretações e os exercícios explicativos sobre o papel e o potencial da Educação Escolar, um esforço por desvendar o que supostamente está oculto. A escola entra em descrédito e já não sustenta mais as expectativas da população, não é mais sinônimo de emprego ou futuro garantido, e o aprendizado já não tem mais valor significativo. Os anos noventa se passam de uma forma mais conturbada ainda, com profissionais da área da educação totalmente descrentes e uma crise disseminada nas políticas públicas. Surge então a necessidade constante de ruptura de paradigmas, fazer emergir um currículo mais flexível, ouve-se falar em autonomia, construtivismo, interacionismo, sóciointeracionismo, interdisciplinaridade, inclusão, emoção, inteligências, competências, currículo crítico e emancipador, enfim, um sem número de palavras mágicas que lutam entre si pela conquista do lugar principal na prática pedagógica. E neste clima de conflitos que, de certa maneira, consolidam a globalização e o neoliberalismo, em 1996, é promulgada a nova LDB (9394/96). Nessa incessante busca pela mudança, pela perfeição, em tornar-se superior que encontramos nas obras de Freire o espírito revolucionário, pois, somente poderemos ser livres quando compreendermos nosso passado, quando estivermos comprometidos com o trabalho social, o criador de toda a mudança é o homem, daí vem sua fragilidade, assim como o ser humano é contraditório, também sua criação o será. Enfim, chega-se à virada do milênio com uma escola que busca um lugar na sociedade, um cotidiano em alta velocidade e cada vez mais abarrotado de informações, uma rotina pedagógica ávida por inovações, transformações, novidades. A ordem passa a ser modificar, reinventar, reordenar em uma incessante busca pela perfeição. Tudo que antes era considerado, agora é ultrapassado, não há formas de manter coisa alguma, dada a rapidez que as coisas se modificam a todo tempo. Há perfeição em se tratando de escola? Podemos chegar a uma medida de sociedade que atenda as expectativas? Paulo Freire sabiamente em sua obra Educação e Mudança (1981) traz à tona o pensamento de que o homem é inacabado, imperfeito, e ele o sabe inacabado e incompleto, esta é a questão pela qual ele se educa, para atingir sua realização. Então, sendo a escola uma obra de criação de um ser inacabado, imperfeito, esta não pode ter a pretensão de sê-lo.
3 1530 Também a constante necessidade pela mudança é característica da busca pela totalidade, por uma sociedade que não se reduza a essa dicotomia entre mudança/estabilidade. Em se tratando de ser homem em constante processo de mudança, em meio a uma sociedade que se modifica a todo o momento, a busca pela totalidade torna-se mais uma utopia. Sobretudo porque, para o autor, não se trata de apenas mudar por mudar, só para se dizer sujeito emancipador. Para haver troca, deve haver consistência, ela deve ser feita por um sujeito ativo, comprometido, que conhece sua história, submerso na realidade a tal ponto de não conseguir dela dissociar-se. Assim a mudança assume um caráter significativo, quando um sujeito crítico, consciente de si, fundamenta seu presente para então, projetar as idéias para o futuro, sabendo que seu feito deve ter compromisso social, dever ético e assumir um caráter de seriedade. Quando analisamos a realidade, a observamos como um campo de lutas entre o bem e o mal. O termo bem foi geralmente atrelado às idéias de mudança, transformação, inovação, movimento, complexidade, inclusão; o mal, às idéias de estagnação, limite, permanência, repetição, linearidade e exclusão. Essas expressões já foram anteriormente assimiladas pelo nosso subconsciente, como reflexo destes fatos históricos. Temos sido submetidos de modo definitivo ao imperativo da mudança. Na base de tudo isso, os professores acabam sendo pressionados a dominar as novas tecnologias, forçados a aderir a um modelo pautado na novidade a qualquer custo, responsável (senão culpado ) pelo insucesso dos alunos, constantemente cobrado, vigiado, controlado por sujeitos eles mesmos muito pouco consistentes em suas convicções. Em favor de formar o professor crítico, prático, pesquisador, reflexivo, policompetente e multiinteligente, promovese uma corrida desenfreada a modelos novos e antigos (a reforma educacional espanhola ou a pedagogia de projetos, entre tantos), bem como o investimento nas mais diferentes agências de formação (o Curso Normal Superior, os Institutos Superiores de Educação, a proliferação dos Programas de Educação Continuada, em Serviço, à Distância, etc.). É inegável a força da onda fanática das idéias crítico-reflexivas, do professor-reflexivo, das pesquisas sobre a própria prática, nesse decênio que compreendeu os cinco últimos anos do século passado e os cinco primeiros deste. A mudança referida por Paulo Freire no início dos anos setenta em meio a ditadura militar, ainda serve de base para as práticas pedagógicas modernas e inovadoras. O novo não tem valor positivo apenas por ser novo. O que já existe, o que é velho também vale, na
4 1531 medida que é significativo para a manutenção ou realização do projeto político ao qual está vinculado. Introdução Que indícios da compulsão à mudança podemos observar no desenhamento do discurso pedagógico oficial brasileiro dos últimos 50 anos? Os referentes históricos do pedagógico e da mudança vêm se tornando cada vez mais rarefeitos: Do que trata o pedagógico? O que é o pedagógico? Como opera o pedagógico? O que manda o pedagógico? O que é mudar? Por que mudar? Quando mudar? Qual a necessidade da mudança? Como movimentos do mundo contemporâneo vêm se manifestando nas práticas educacionais? Nosso foco são os arranjos cujos rastros sejam visíveis em alguns dispositivos expressivos resultantes e produtores dessas mesmas práticas, destacando duas categorias para análise: o pedagógico e a mudança. Investigar em que medida essa operação articula-se ao arranjo sócio-político global que parece vir interferindo no discurso educacional pós década de 60. Metodologia Revisão de literatura acerca de inovação, progresso e mudança ; Delineamento conceitual desses termos; Mapeamento dos sinais e rastros do conceito de mudança ; Análise do contexto histórico, político e cultural brasileiro. Resultados (ou Resultados e Discussão)
5 1532 O trabalho aborda, em uma linguagem coloquial, o paradoxo da razão iluminista como matriz da idéia de liberdade que, por sua vez, compõe uma forte linha de subjetivação para o sujeito contemporâneo. Contrariando o ímpeto recente pela inovação, pela mudança e pela diferença, o razoável, no presente, é ser igual. Conclusão A pesquisa ainda encontra-se em andamento, sem dados suficientes para o fechamento de uma conclusão. Continuamos trabalhando para então termos resultados definitivos alcançados. Referências FREIRE, P., Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra
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