INDICADORES DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

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1 INDICADORES DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO Miguel Ângelo Borges Mália Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil Júri: Presidente: Doutor António Heleno Domingues Moret Rodrigues Orientadores: Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito Doutor Manuel Duarte Pinheiro Vogal: Doutora Maria da Graça Madeira Martinho Outubro 2010

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3 Indicadores de resíduos de construção e demolição Resumo A indústria da construção representa um dos maiores e mais activos sectores da União Europeia (UE), consumindo mais matérias-primas e energia do que qualquer outra actividade económica. Da mesma forma, os resíduos das suas actividades constituem a grande maioria dos resíduos produzidos em toda a UE. A agressão continuada ao ambiente por parte da indústria da construção resultou, em Portugal, na publicação do Decreto-Lei n. o 46/2008, que regula a gestão de resíduos de construção e demolição (RCD). Esta legislação visa criar condições para a implementação de medidas de prevenção e reciclagem de RCD mas carece de instrumentos que acelerem o desenvolvimento de um sector tão tradicional como o da construção. Na sequência desta carência, o presente trabalho tem por objectivo determinar indicadores que possibilitem estimar a quantidade de RCD gerados, ao nível da obra, tanto globalmente como por fluxo de resíduos. A geração de RCD é estimada para seis sectores específicos: nova construção residencial; nova construção não residencial; demolição residencial; demolição não residencial; reabilitação residencial; e reabilitação não residencial. Os dados necessários ao desenvolvimento dos indicadores foram retirados de estudos anteriores existentes na literatura. A viabilidade dos indicadores propostos foi testada, neste trabalho, através da análise de casos de estudo. Verificou-se que estes oferecem uma forma razoavelmente robusta de medir e controlar as quantidades de resíduos geradas em obra. Contudo, os indicadores necessitam de ser continuamente trabalhados, de forma a melhorar a sua precisão. Palavras-chave: resíduos de construção e demolição, indicadores, legislação, impacte ambiental i

4 Indicadores de resíduos de construção e demolição Abstract Construction industry represents one of the largest and most active sectors in the European Union (EU), consuming more raw materials and energy than any other economic activity. Similarly, waste from its activities constitutes the vast majority of waste produced throughout the EU. Continuous aggression to the environment by the construction industry has led, in Portugal, to the publication of the Decree-Law No. 46/2008, which regulates the management of construction and demolition waste (CDW). This legislation aims to create conditions for the implementation of measures for prevention and recycling of CDW but this decree lacks the tools to accelerate the development of a traditional sector such as construction. In order to fill this gap, this study aims at determining indicators to estimate the amount of CDW generated at the construction site, both globally and per waste stream. CDW generation is estimated for six specific sectors: residential construction; non-residential construction; residential demolition; non-residential demolition; residential renovation; and non-residential renovation. Data used to develop these indicators were obtained from previous studies. The feasibility of the proposed indicators was tested in this work through case studies' analysis. It was found that they provide a reasonably robust way of measuring and reporting waste volume generated in the construction site. However, these indicators need to be continuously evaluated in order to improve its accuracy. Keywords: construction and demolition waste, indicators, legislation, environmental impact ii

5 Indicadores de resíduos de construção e demolição Agradecimentos Uma dissertação de mestrado é, também, um trabalho colectivo. A realização desta investigação só foi possível graças à colaboração de algumas pessoas que, de forma directa ou indirecta, se mostraram preponderantes para que eu conseguisse elaborar esta dissertação. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao meu Pai, à minha Mãe e ao meu Irmão todo o apoio, estímulo e compreensão que sempre me proporcionaram, mesmo quando o meu estado de espírito, alterado pelos obstáculos impostos por esta dissertação, não correspondeu às suas expectativas. À Eng. a Cândida Martins (Câmara Municipal de Montemor-o-Novo), Eng. a Dulcina Ferreira (Mota- Engil), Eng. a Alexandra Castro (Mota-Engil), Eng. o Brito Cardoso (Ambisider), Eng. a Vera Teixeira (Ambisider), Eng. o João Almeida (Demotri), Dr. André Coelho (IST) e ao Eng. o António Cabaço (LNEC), pela sincera disponibilidade e notável colaboração no fornecimento de dados que se revelaram fundamentais para o resultado final desta dissertação. Ao Dr. João Caixinhas (Ceifa ambiente) e ao Eng. o Miguel Gama (Opway), agradeço também a sua total disponibilidade para partilhar conhecimentos e documentos sobre as boas práticas de gestão de RCD em obra. À Prof. Sandra Ramos e Prof. Conceição Oliveira, pelas suas valiosas sugestões e pela ajuda no uso correcto da língua portuguesa. À Maria do Mar Rosa, Ricardo Santos e ao Ricardo Querido que, com a sua amizade e interesse, me ajudaram e motivaram a terminar este trabalho, especialmente nos momentos em que este parecia não ter fim. Finalmente, o maior reconhecimento dirijo-o ao Prof. Manuel Duarte Pinheiro e, em especial, ao Prof. Jorge de Brito, pela sua orientação, dedicação e confiança prestada, indispensáveis à concretização de um trabalho desta natureza. iii

6 Indicadores de resíduos de construção e demolição Índice de texto 1. Introdução Considerações preliminares Âmbito da dissertação e seus objectivos Organização da dissertação Impacte ambiental da indústria da construção Considerações preliminares Consumo de energia e de recursos naturais Desperdícios na construção e a produção de resíduos Caracterização e classificação de resíduos de construção e demolição Gestão de resíduos para a sustentabilidade da construção Desconstrução: uma ferramenta para a minimização de resíduos Reutilização e reciclagem: convertendo os resíduos em recursos Elementos de betão Alvenaria e tijolos Asfalto Síntese conclusiva Legislação e estratégias para os RCD Considerações preliminares Panorama actual na União Europeia Dinamarca Holanda Alemanha Reino Unido Espanha Panorama actual em Portugal Análise comentada do Decreto-Lei n. o 46/ Síntese conclusiva Indicadores de resíduos de construção e demolição Considerações preliminares Estudos realizados no âmbito Panorama actual da estimativa de RCD em Portugal Panorama actual da estimativa de RCD em outros países Metodologia proposta para a quantificação de RCD Recolha e tratamento de dados Nova construção Demolição Reabilitação Síntese conclusiva Validação dos indicadores propostos Considerações preliminares Casos de estudo: análise e interpretação dos resultados obtidos Caso de estudo: Grupo Mota-Engil iv

7 Indicadores de resíduos de construção e demolição Caso de estudo: Ambisider e Demotri Caso de estudo: Câmara Municipal de Montemor-o-Novo Dificuldades sentidas na validação dos indicadores Síntese conclusiva Conclusões gerais Considerações finais Conclusões Desenvolvimentos futuros Referências bibliográficas v

8 Indicadores de resíduos de construção e demolição Índice de figuras Figura 2.1 População mundial, , e projecções: Figura 2.2 Distribuição do fornecimento total de energia primária por combustível, em Figura 2.3 Distribuição das emissões totais de CO 2 por combustível, em Figura 2.4 Evolução das emissões de CO 2 a partir de combustíveis fósseis... 7 Figura 2.5 Produção mundial de agregados em Figura 2.6 Resíduos produzidos por actividade económica, em 2006, em percentagem do total de resíduos produzidos Figura 2.7 Destino dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal Figura 2.8 Composição dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal Figura 2.9 Cenários possíveis para a recuperação de materiais dentro do ambiente construído Figura 2.10 Vista interior do Cristal Palace durante a Grande Exposição de Figura 3.1 Evolução das taxas de reciclagem de RCD na Dinamarca Figura 3.2 Projecto Iguana Verde, em Stavoren Figura 3.3 Edifício habitacional Waldpirale, em Darmstadt Figura 3.4 Edifício de escritórios Vilbeler Weg, em Darmstadt Figura 3.5 Fluxo económico na gestão de RCD Figura 3.6 BRE Environment Building, em Watford Figura 3.7 Quantidade de RCD recolhidos Figura 3.8 Quantidade de sacos para RCD entregues a particulares Figura 4.1 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção residencial (kg/m 2 ) Figura 4.2 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção residencial (kg/m 2 ) Figura 4.3 Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo para a nova construção residencial (kg/m 2 ) Figura 4.4 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção residencial (kg/m 2 ) Figura 4.5 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção residencial (kg/m 2 ) Figura 4.6 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção residencial (kg/m 2 ) Figura 4.7 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção residencial (kg/m 2 ) Figura 4.8 Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a nova construção residencial (kg/m 2 ) Figura 4.9 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.10 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.11 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.12 Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) vi

9 Indicadores de resíduos de construção e demolição Figura 4.13 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.14 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.15 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.16 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.17 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.18 Distribuição dos valores referentes ao código para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.19 Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a nova construção não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.20 Distribuição dos valores referentes ao código para a demolição residencial (kg/m 2 ) Figura 4.21 Distribuição dos valores referentes ao código para a demolição residencial (kg/m 2 ) Figura 4.22 Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo para a demolição residencial (kg/m 2 ) Figura 4.23 Distribuição dos valores referentes ao código para a demolição residencial (kg/m 2 ) Figura 4.24 Distribuição dos valores referentes ao código para a demolição residencial (kg/m 2 ) Figura 4.25 Distribuição dos valores referentes ao código para a demolição residencial (kg/m 2 ) Figura 4.26 Distribuição dos valores referentes ao código para a demolição residencial (kg/m 2 ) Figura 4.27 Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a demolição residencial (kg/m 2 ) Figura 4.28 Distribuição dos valores referentes ao código para a demolição não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.29 Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo para a demolição não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.30 Distribuição dos valores referentes ao código para a demolição não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.31 Distribuição dos valores referentes ao código para a demolição não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.32 Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a demolição não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.33 Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo para a reabilitação residencial (kg/m 2 ) Figura 4.34 Distribuição dos valores referentes ao código para a reabilitação residencial (kg/m 2 ) vii

10 Indicadores de resíduos de construção e demolição Figura 4.35 Distribuição dos valores referentes ao código para a reabilitação residencial (kg/m 2 ) Figura 4.36 Distribuição dos valores referentes ao código para a reabilitação residencial (kg/m 2 ) Figura 4.37 Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a reabilitação residencial (kg/m 2 ) Figura 4.38 Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo para a reabilitação não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.39 Distribuição dos valores referentes ao código para a reabilitação não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.40 Distribuição dos valores referentes ao código para a reabilitação não residencial (kg/m 2 ) Figura 4.41 Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a reabilitação não residencial (kg/m 2 ) Figura 5.1 Distribuição dos valores referentes à geração de resíduos do subcapítulo na actividade de substituição de cobertura, em obras residenciais (kg/m 2 ) Figura 5.2 Distribuição dos valores referentes à geração de resíduos do subcapítulo na actividade de renovação / remodelação, em obras residenciais (kg/m 2 ) Figura 5.3 Distribuição dos valores referentes à geração de resíduos do subcapítulo segundo o tipo de trabalho de reabilitação realizado, em obras não residenciais (kg/m 2 ) Figura 5.4 Inexistência de triagem de RCD numa obra de reabilitação Figura 5.5 Armazenamento incorrecto de RCD, sem triagem destes, numa obra de nova construção Figura 5.6 Demolição de um edifício com recurso a pá de arrasto Figura 6.1 Vantagens económicas, ambientais e sociais da correcta gestão de RCD viii

11 Indicadores de resíduos de construção e demolição Índice de quadros Quadro 2.1 Produção de agregados na Europa, em Quadro 2.2 Perdas de alguns materiais de construção no estaleiro, na Holanda... 9 Quadro 2.3 Perdas de alguns materiais de construção no estaleiro, no Brasil Quadro 2.4 Fontes e causas de desperdícios na construção Quadro 2.5 Percentagem de RCD por tipo de actividade Quadro 2.6 Destino dos RCD na Holanda e na Dinamarca Quadro 2.7 Composição dos RCD em percentagem por peso Quadro 2.8 Composição dos RCD por tipo de actividade, em percentagem por peso Quadro 2.9 Capítulos da LER nos quais podem ser incluídos os resíduos do sector da construção.. 16 Quadro 2.10 RCD cuja reciclagem é directa e o seu reaproveitamento possível Quadro 2.11 Utilizações possíveis dos resíduos de betão consoante o seu grau de granulometria. 21 Quadro 2.12 Exemplos de dosagens de misturas betuminosas com material reciclado Quadro 3.1 Especificações técnicas para a utilização de materiais reciclados, resultantes do acordo voluntário de Quadro 3.2 Misturas de betão utilizadas no edifício Waldpirale Quadro 3.3 Misturas de betão utilizadas nos edifícios de escritórios Vilbeler Weg Quadro 3.4 Principais documentos legislativos, que podem incidir sobre os RCD, aprovados em Portugal, nos últimos anos Quadro 4.1 Estimativa de Pereira et al. para a quantidade anual de RCD produzidos na zona litoral Norte, em milhares de toneladas Quadro 4.2 Estimativa de Ruivo e Veiga para a produção de RCD em Portugal Quadro 4.3 Estimativa de Coelho para a produção de RCD em Portugal, para o ano de Quadro 4.4 Estimativa da produção de RCD em obras residenciais no Massachusetts, em Quadro 4.5 Estimativa da produção global de RCD, na Flórida, em Quadro 4.6 Estimativa da produção de RCD, na actividade de reabilitação, na Flórida, em Quadro 4.7 Volume de RCD gerado em três fases construtivas distintas, em m 3 /m Quadro 4.8 Volume de RCD gerado na actividade de demolição, em m 3 /m Quadro 4.9 Resíduos contabilizados nesta pesquisa e o código LER no qual se incluem Quadro 4.10 Escala utilizada na atribuição de um grau de confiança aos indicadores desenvolvidos Quadro 4.11 Densidades dos materiais soltos consideradas para o cálculo da geração de RCD em peso Quadro 4.12 Indicadores de geração de RCD na actividade de nova construção residencial determinados em estudos anteriores Quadro 4.13 Indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção residencial (kg/m 2 ) Quadro 4.14 Explicações padrão utilizadas aquando da análise dos indicadores Quadro 4.15 Indicadores de geração de RCD na actividade de nova construção não residencial determinados em estudos anteriores Quadro 4.16 Indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção não residencial (kg/m 2 ).. 78 Quadro 4.17 Indicadores de geração de RCD na actividade de demolição residencial determinados em estudos anteriores Quadro 4.18 Indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição residencial (kg/m 2 ) ix

12 Indicadores de resíduos de construção e demolição Quadro 4.19 Indicadores de geração de RCD na actividade de demolição não residencial determinados em estudos anteriores Quadro 4.20 Indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição não residencial (kg/m 2 ) Quadro 4.21 Indicadores de geração de RCD na actividade de reabilitação residencial determinados em estudos anteriores Quadro 4.22 Indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação residencial (kg/m 2 ) Quadro 4.23 Indicadores de geração de RCD na actividade de reabilitação não residencial determinados em estudos anteriores Quadro 4.24 Indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação não residencial (kg/m 2 ) Quadro 5.1 Quantidade de RCD gerados em obras de nova construção não residencial Quadro 5.2 Sistema de classificação desenvolvido para facilitar a comparação entre os dados obtidos e os indicadores propostos Quadro 5.3 Percentagem de resíduos de betão, tijolos, telhas e materiais cerâmicos produzidos, em relação ao total, nas diversas obras analisadas Quadro 5.4 Escala utilizada, no capítulo anterior, na atribuição de um grau de confiança aos indicadores desenvolvidos Quadro 5.5 Percentagem de desperdício de ferro e aço nas diversas obras analisadas Quadro 5.6 Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção não residencial (para edifícios com a estrutura em betão armado) Quadro 5.7 Quantidade de RCD gerados em obras de demolição residencial Quadro 5.8 Quantidade de RCD gerados em obras de demolição não residencial Quadro 5.9 Quantidade de aço utilizada em armadura nas obras fornecidas pela Mota-Engil Quadro 5.10 Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição não residencial (para edifícios com a estrutura em betão armado) Quadro 5.11 Quantidade de resíduos relativos ao subcapítulo gerados em obras de reabilitação residencial Quadro 5.12 Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação residencial Quadro 5.13 Quantidade de resíduos relativos ao subcapítulo gerados em obras de reabilitação não residencial Quadro 5.14 Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação não residencial Quadro 6.1 Taxa de reciclagem e de deposição em aterro de RCD, em alguns países da UE Quadro 6.2 Especificações técnicas do LNEC relativas à utilização de RCD em obra Quadro 6.3 Indicadores de RCD produzidos nesta dissertação Quadro 6.4 Taxa de aprovação dos indicadores propostos nesta dissertação x

13 Indicadores de resíduos de construção e demolição Lista de abreviaturas APA - Agência Portuguesa do Ambiente CER - Catálogo Europeu de Resíduos CMB - Câmara Municipal do Barreiro CMMN - Câmara Municipal de Montemor-o-Novo CUR - Commissie voor Uitvoering van Research DEPA - Danish Environmental Protection Agency DEFRA - Department for Environment, Food and Rural Affairs INR - Instituto dos Resíduos INE - Instituto Nacional de Estatística ITeC - Institut de Tecnologia de la Construcció de Catalunya LER - Lista Europeia de Resíduos LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil RCD - Resíduos de Construção e Demolição RSU - Resíduos Sólidos Urbanos SIRAPA - Sistema de Registo da Agência Portuguesa do Ambiente SIRER - Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos SWMP - Site Waste Managment Plan TGA - Teodoro Gomes Alho UE - União Europeia EUA - Estados Unidos da América xi

14 Indicadores de resíduos de construção e demolição xii

15 Indicadores de resíduos de construção e demolição 1. Introdução 1.1. Considerações preliminares A indústria da construção constitui um dos maiores e mais activos sectores em toda a Europa, representando 28% e 7% do emprego, respectivamente na indústria e em toda a economia europeia (Enterprise & Industry, 2009). Este sector é um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento social e económico dos países mas é também um dos que causam maior impacte no ambiente, promovendo a degradação ambiental através do consumo excessivo de energia e da geração de resíduos. Em termos ambientais, a indústria da construção é a terceira maior emissora de CO 2 do sector industrial a nível mundial e da UE, representando cerca de 10% das emissões totais de CO 2 (Habert et al., 2009). Além disso, esta indústria gera mais de 450 milhões de toneladas por ano de resíduos por toda a UE, sendo este o maior fluxo de resíduos, em termos quantitativos, à excepção dos resíduos provenientes das actividades mineira e agrícola (Ortiz et al., 2010). Em Portugal, cerca de 7,5 milhões de toneladas de RCD são produzidas a cada ano (Agência Portuguesa do Ambiente, 2010), representando cerca de 20% do volume total de resíduos gerados no país (Coelho, 2010). A maioria destes resíduos é depositada em aterro, ocupando um volume que ultrapassa claramente o ocupado pelos resíduos sólidos urbanos (RSU). Na sequência da evolução deste problema, a minimização do consumo de recursos naturais é apontada como o factor-chave para atingir a sustentabilidade na construção. Segundo alguns especialistas, a forma mais eficiente para atingir esse propósito passa pela incorporação dos resíduos que a indústria produz nos materiais de construção. Os resíduos de construção e demolição têm um alto potencial de recuperação, podendo 80% destes ser reciclados (Ortiz et al., 2010). No entanto, para ser viável a reciclagem dos resíduos gerados pelo sector, é fundamental assegurar a sua correcta gestão. Neste sentido, o Governo Português criou um regime jurídico próprio para o fluxo de RCD, incentivando a reutilização e reciclagem destes resíduos em detrimento da sua deposição em aterro (Agência Portuguesa do Ambiente, 2010). Contudo, continuam a verificar-se infracções como derrames de óleo e gasóleo no estaleiro, incorrecta separação de RCD em obra e despejos ilegais (Chaves, 2009), sendo complicado avaliar as alterações provocadas com a entrada em vigor desta nova legislação. Outra situação recorrente é o incumprimento quer do plano de prevenção e gestão de RCD quer do registo de dados de RCD. Para os responsáveis que elaboram estes planos, existem claras dificuldades em identificar e estimar os RCD produzidos em obra, por falta de estimativas disponíveis (Chaves, 2009). O primeiro passo para a correcta gestão deste tipo de resíduos passa por determinar a sua quantidade (Lage et al., 2010) Âmbito da dissertação e seus objectivos À medida que os diversos intervenientes nas várias fases do ciclo de vida de uma obra apreendem o conceito de Construção Sustentável, crescem as iniciativas para proteger o ambiente natural e a saúde das populações. Em Portugal, a publicação do Decreto-Lei n. o 46/2008, que regula a gestão de resíduos de construção e demolição (RCD), vem criar condições para a aplicação de medidas de prevenção e reaproveita- 1

16 1. Introdução mento de RCD, aliando a utilização das melhores tecnologias disponíveis à utilização de materiais com um potencial superior de reutilização e reciclagem. Com a entrada em vigor deste documento, não é apenas o ambiente que beneficia, podendo o sector da construção tirar proveitos económicos da correcta gestão de RCD. A redução da geração de RCD conduzirá à consequente diminuição de custos, quer pelo decréscimo de resíduos a depositar em aterro, quer pela diminuição de consumo de matérias-primas (Bossink e Brouwers, 1996). No entanto, esta legislação tem sido bem mais dinâmica do que a prática, não tendo conseguido inverter esta situação de má prática e de grande dificuldade em dissociar a produção de resíduos do desenvolvimento normal e desejável da indústria da construção. Não se deve esperar um progresso rápido de um sector com métodos e rotinas tão tradicionais como o da construção, particularmente numa área em que não existem incentivos e cujas vantagens económicas imediatas não são claras para a maioria dos intervenientes. Embora o DL 46/2008 seja um passo importante para que Portugal possa atingir o êxito dos países com maiores níveis de desenvolvimento no âmbito da gestão de RCD, este carece de meios e instrumentos para tornar mais célere a evolução da indústria da construção. Um exemplo disso é a carência de indicadores que permitam estimar a quantidade de RCD produzida em obra, de modo a que se possa preencher correctamente quer o plano de prevenção e gestão quer o registo de dados de RCD (Chaves, 2009). A falta de conhecimento acerca da quantidade e composição dos resíduos produzidos em obra torna difícil também a realização de uma fiscalização eficaz, de forma a confirmar a correcta gestão dos RCD por parte de quem os produz. É essencialmente com base nestes aspectos que se justifica o desenvolvimento desta dissertação de mestrado. Existe a necessidade de melhorar a aplicabilidade deste decreto e de produzir ferramentas que o complementem, de modo a transformar a boa gestão de RCD numa prática comum. Este trabalho teve como objectivo, numa primeira fase, efectuar uma pesquisa do panorama actual da legislação e estratégias para os RCD, na União Europeia e em Portugal, que culminou com a realização de uma análise comentada do DL 46/2008. Através desta análise, procurou-se identificar os aspectos positivos e negativos deste documento e apresentar propostas de alteração, que possam ser consideradas aquando da revisão do diploma. Numa fase posterior, ambicionou-se produzir indicadores que forneçam à indústria de construção um conjunto de valores confiáveis que possam ser utilizados como referência para quantificar os RCD gerados ao nível da obra, de forma a auxiliar a aplicação do decreto em estudo. Para atingir este objectivo, procedeu-se à investigação de métodos e técnicas de quantificação de RCD, estabelecendo-se um ponto da situação actual no que diz respeito a estudos realizados no âmbito da produção de RCD em Portugal, bem como à sua comparação com estudos efectuados em outros países. Finalmente, a viabilidade dos indicadores é testada através da investigação de casos de estudo, de modo a mostrar-se que, apesar da sua simplicidade, são uma ferramenta útil na quantificação dos RCD produzidos em obra Organização da dissertação A presente dissertação encontra-se organizada em seis capítulos. O conteúdo de cada um desses capítulos é descrito seguidamente. Capítulo 1 - Introdução - é efectuada uma introdução geral ao tema, expõe-se o âmbito da disser- 2

17 Indicadores de resíduos de construção e demolição tação e são enumerados os objectivos preconizados. É apresentada ainda a estrutura e organização do trabalho; Capítulo 2 - Impacte ambiental da indústria da construção - são identificados os problemas ambientais associados ao sector da construção analisando-se, por um lado, o consumo de energia e recursos naturais e, por outro, os desperdícios na construção e a produção de resíduos; é feita a caracterização e classificação dos RCD; retrata-se o modo como os RCD devem ser geridos, de forma a tornar a construção numa actividade mais sustentável; Capítulo 3 - Legislação e estratégias para os resíduos de construção e demolição - aborda-se o panorama actual da legislação e estratégias para os RCD na UE, caracterizando-se países com diferentes níveis de desenvolvimento no que respeita à gestão de RCD (Dinamarca, Holanda, Alemanha, Reino Unido e Espanha); descreve-se a legislação portuguesa que incide sobre os resíduos em geral e, em particular, os RCD; faz-se uma análise comentada do Decreto-Lei n.º 46/2008, de modo a poder-se dirigir a investigação dos indicadores, no capítulo seguinte, de acordo com este; Capítulo 4 - Indicadores de resíduos de construção e demolição - investiga-se o panorama actual da estimativa de RCD em Portugal e noutros países; descreve-se a metodologia proposta, neste trabalho, para a quantificação de RCD; procede-se à caracterização e quantificação dos dados recolhidos, bem como à apresentação das considerações e cálculos realizados para a determinação dos indicadores de produção de RCD, em obra (nova construção, reabilitação e demolição), para edifícios residenciais e não residenciais; Capítulo 5 - Validação dos indicadores propostos - este capítulo foi elaborado a partir de dados reais de geração de resíduos em obra fornecidos por empresas e Câmaras Municipais; são testados os indicadores propostos no capítulo anterior, verificando-se de que forma estes se adaptam ao panorama nacional; Capítulo 6 - Conclusões gerais - são feitas considerações finais e apresentadas as principais conclusões obtidas com a realização deste trabalho; são abordados possíveis desenvolvimentos futuros. 3

18 1. Introdução 4

19 Indicadores de resíduos de construção e demolição 2. Impacte ambiental da indústria da construção 2.1. Considerações preliminares A sociedade moderna, ao produzir o seu espaço, fá-lo de acordo com os seus interesses económicos e sociais, em detrimento dos da natureza. Primeiro, apodera-se do lugar e dos seus recursos naturais, para depois alterar o seu aspecto e organização. Dentro desta sociedade, a indústria da construção tem a função de transformar o ambiente natural, adaptando-o ao desenvolvimento das mais diversas actividades. O sector da construção desempenha um papel importante na União Europeia, representando 28% e 7% do emprego, respectivamente na indústria e em toda a economia da Europa dos 15 (Enterprise & Industry, 2009). O peso desta actividade reflecte-se também a nível ambiental, consumindo o sector mais matérias-primas do que qualquer outra actividade económica e produzindo a grande maioria de resíduos gerados em todo o espaço comunitário. O crescimento da população mundial (as projecções apontam para que aumente de 6,1 biliões de pessoas em 2000 para 8,9 biliões de pessoas em 2050, como mostra a Figura 2.1), e as necessidades que daí advêm em termos de construção implicarão um maior consumo de recursos não renováveis, do qual resultará um acréscimo da produção de resíduos, transformando a construção numa actividade cada vez mais insustentável. Figura 2.1 População mundial, , e projecções: (adaptado de Population Division, 2009) 2.2. Consumo de energia e de recursos naturais Como se pode ver pela Figura 2.2, mais de 80% da energia produzida mundialmente é proveniente da combustão de combustíveis fósseis, emissores de grandes quantidades de CO 2 para a atmosfera. Tal situação encontra-se explicitada na Figura 2.3. Desde a Revolução Industrial, as emissões anuais 5

20 2. Impacte ambiental da indústria da construção de CO 2 provenientes destes combustíveis aumentaram drasticamente, de perto de zero para cerca de milhões de toneladas de CO 2 em 2007, como mostra a Figura 2.4. O World Energy Outlook (2009) estima que a necessidade de energia a nível mundial cresça cerca de 40%, entre 2007 e Continuando aquela a ser produzida maioritariamente por combustíveis fósseis, é esperado que as emissões de CO 2 continuem a crescer exponencialmente, atingindo as milhões de toneladas de CO 2, em 2030 (International Energy Agency, 2009b). Esta tendência para o crescimento das emissões está em consonância com o pior cenário apresentado no relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change (2007), que projecta que a temperatura média do planeta mude entre 2,4 o C e 6,4 o C, até Este tema é particularmente importante para a indústria da construção, visto que é a terceira maior emissora de CO 2 do sector industrial a nível mundial e da UE (Habert et al., 2009). Esta indústria representa cerca de 10% das emissões totais de CO 2, estando a maioria destas relacionadas com a produção de betão (Habert et al., 2009). Fornecimento total de energia primária por combustível Total: milhões de toneladas equivalentes de petróleo 2,2% 5,9% 9,8% 0,7% 34,0% Petróleo Gás Carvão 26,5% Nuclear 20,9% Hidroeléctrica *Outros inclui geotérmica, solar, eólica, térmica, etc. Combustíveis renováveis e resíduos Outros* Figura 2.2 Distribuição do fornecimento total de energia primária por combustível, em 2007 (adaptado de International Energy Agency, 2009a) Emissões totais de CO 2 por combustível Total: milhões de toneladas de CO 2 Petróleo Gás Carvão Outros* 0,4% 42,2% 37,6% 19,8% *Outros inclui resíduos municipais não renováveis e resíduos industriais Figura 2.3 Distribuição das emissões totais de CO 2 por combustível, em 2007 (adaptado de International Energy Agency, 2009a) 6

21 Indicadores de resíduos de construção e demolição Figura 2.4 Evolução das emissões de CO 2 a partir de combustíveis fósseis (adaptado de International Energy Agency, 2009b) O betão, produzido com cimento portland, é o material de construção mais utilizado em todo o mundo. As fábricas de produção de betão requerem um alto consumo de energia, provocam elevadas emissões de gases com efeito de estufa e consomem matérias-primas iguais a milhões de toneladas de água, milhões de toneladas de cimento e milhões de toneladas de agregados por todo o mundo, a cada ano (Becchio et al., 2009). Contudo, das emissões de CO 2 resultantes da produção de betão, cerca de 85% são provenientes do fornecimento de cimento (Habert et al., 2009). Uma avaliação ao ciclo de vida do cimento mostrou que 95% deste CO 2 é libertado durante a sua produção e que os restantes 5% se devem ao transporte da matéria-prima e do produto final (Habert et al., 2009). Na produção de cimento, o calcário é a principal matéria-prima utilizada, sendo queimado a 1450 o C para se produzir o clínquer, o núcleo duro do cimento. Durante o processo de produção do cimento, são libertadas cerca de 0,92 toneladas de CO 2 por cada tonelada de clínquer produzida. Esta emissão deve-se ao processo de descarbonatação do calcário, 0,53 toneladas, e ao uso de combustíveis fósseis para a produção de energia, 0,39 toneladas (Habert et al., 2009). A contribuição dos agregados para as emissões totais de CO 2 do betão é reduzida, menos de 15%, e devese essencialmente à utilização de combustíveis fósseis para a produção de energia. A extracção, o transporte e o processamento destes corresponde a menos de 25% dessas emissões (Flower e Sanjayan, 2007). No entanto, o seu peso na balança ambiental não pode ser ignorado. De todos os recursos naturais, os agregados minerais são os mais utilizados na actividade da construção. Em 2004, foram produzidas milhões de toneladas de agregados em todo o mundo (Valverde e Tsuchiya, 2007). Na Figura 2.5, mostra-se os maiores produtores de agregados a nível mundial. A indústria de agregados é a maior do sector extractivo não energético na UE, com uma produção superior a milhões de toneladas por ano (European Aggregates Association, 2009). No Quadro 2.1, apresenta-se a produção de agregados na Europa, por país e por tipo de agregado. É de notar a produção muito reduzida de agregados reciclados relativamente aos agregados originais. Os agregados naturais de origem mineral mais comuns são a areia, o cascalho e a rocha britada. São um produto final quando utilizados como balastro ferroviário, enrocamentos ou gabiões, e servem de matéria-prima para o fabrico de betão, pré-fabricados, pavimentos asfálticos e cimento. Segundo a European Aggregates Association (2009), para a construção de 1 quilómetro de auto-estrada, são necessárias cerca de toneladas de agregados, enquanto que para a construção de 1 metro de caminho-de-ferro de um comboio de alta-velocidade são precisas 9 toneladas. O seu consumo é sus- 7

22 2. Impacte ambiental da indústria da construção tentado através da extracção em leitos de rios, em pedreiras e, com menor frequência, em costas marítimas. Para além do risco de serem esgotadas as reservas mais importantes destes materiais, a actividade extractiva acarreta um grande impacte ambiental, destruindo a paisagem, contaminando a água e os solos, e prejudicando a flora e a fauna. Produção mundial de agregados Total: milhões de toneladas % % 3% 700 4% 650 4% % Brasil Canadá Japão Rússia % % EUA UE China Resto do Mundo Figura 2.5 Produção mundial de agregados em 2004 (adaptado de Valverde e Tsuchiya, 2007) País Quadro 2.1 Produção de agregados na Europa, em 2006 (adaptado de European Aggregates Association, 2008) Areia & Cascalho Rocha Britada Produção (Milhão de tonelada) Agregados Agregados Marinhos Reciclados Agregados Fabricados (3) Áustria 66,0 32,0 0,0 3,5 3,0 (1) 104,5 Bélgica 10,1 55,5 3,5 13,0 1,3 83,4 Croácia 6,2 21,8 0,0 0,0 0,0 28,0 República Checa 27,1 41,5 0,0 3,8 0,3 72,7 Dinamarca 58,0 (1) 0,3 (1) 13,6 (2) n.d. n.d. 72,0 Finlândia 54,0 46,0 0,0 0,5 0,0 100,5 França 167,0 233,0 7,0 14,0 9,0 430,0 Alemanha 277,0 270,0 0,4 48,0 30,0 625,4 Irlanda 54,0 (1) 79,0 (1) n.d. 1,0 (1) 0,0 (1) 134,0 Itália 210,0 135,0 0,0 5,5 3,5 354,0 Holanda 44,5 n.d. 50,0 25,0 n.d. 119,5 Noruega 13,4 45,0 0,0 n.d. n.d. 58,4 Polónia 115,0 43,0 n.d. 8,0 3,0 169,0 Portugal 97,5 0,0 n.d. n.d. 97,5 Roménia 15,5 6,5 0,0 0,5 0,5 23,0 Eslováquia 10,0 16,5 0,0 0,2 0,3 27,0 Espanha 170,0 314,0 0,0 1,5 0,0 485,5 Suécia 23,0 62,0 0,0 1,8 0,2 87,0 Suiça 50,0 5,7 0,0 5,7 n.d. 61,4 Turquia 24,0 260,0 0,0 0,0 0,0 284,0 Reino Unido 68,0 123,0 13,0 58,0 12,0 274,0 Total 1560,3 1789,8 87,5 190,0 63,1 3690,7 n.d. - não disponível; (1) Dados de 2005; (2) Dados de 2004; (3) Subprodutos resultantes da actividade industrial e extractiva. Total 8

23 Indicadores de resíduos de construção e demolição Como referido, a indústria da construção consome uma grande quantidade de energia na actividade de construção. Contudo, a este consumo deve ser acrescida a energia gasta durante a fase de utilização dos edifícios, podendo esta ser mais importante do que o consumo durante a fase de construção. Em 2004, a energia consumida por edifícios correspondeu a 37% de toda a energia consumida na UE, um consumo maior do que o do sector da indústria, 28%, e do que o dos transportes, 32% (Pérez- Lombard et al., 2007). O crescimento da população, a melhoria dos serviços dos edifícios e dos níveis de conforto e o aumento do tempo gasto no interior dos edifícios têm vindo a aumentar consideravelmente o consumo de energia dos edifícios. Esta energia é gasta em iluminação, equipamentos, água quente doméstica e conforto ambiental Desperdícios na construção e a produção de resíduos Outro problema que afecta o sector da construção é a quantidade de material desperdiçado durante o processo construtivo. Estas perdas aumentam o impacte ambiental da actividade por representarem um consumo desnecessário de material para a produção, ou manutenção, do produto final. Esta situação prejudica também o próprio empreiteiro que terá maiores gastos financeiros devido à necessidade de novas aquisições para substituir os materiais desperdiçados, trabalhos a mais para corrigir erros, atrasos na conclusão da obra e, ainda, por ter de lidar com os resíduos produzidos (Ekanayake e Ofori, 2000). O nível de desperdícios no local de construção é considerável. Na Holanda, descobriu-se que a quantidade de resíduos gerados (percentagem por peso), por cada material de construção, encontra-se entre 1% e 10% da quantidade comprada, como se pode ver pelo Quadro 2.2 (Bossink e Brouwers, 1996). Adicionalmente, concluiu-se que a quantidade média de material de construção comprado que acaba como resíduo no local de construção é de 9% (por peso). Estudos semelhantes têm sido realizados no Brasil, em processos de pesquisa cada vez mais abrangentes, indicando que a taxa de perda na actividade de construção é de 20 a 30% do peso total de materiais no estaleiro (Pinto e Agopayan, 1994). O Quadro 2.3 resume alguns dos resultados obtidos num desses estudos, que contou com a participação de 18 universidades e 52 empresas. A principal descoberta foi talvez a grande variação de desperdícios entre as diferentes empresas e estaleiros de uma mesma empresa, durante a fase de execução, em alguns casos 100 vezes superior (John, 2000). Quadro 2.2 Perdas de alguns materiais de construção no estaleiro, na Holanda (adaptado de Bossink e Brouwers, 1996) Resíduo Material de construção (% por peso) Blocos de pedra 9 Betão 3 Elementos de areia e cal 1 Telhas 10 Argamassa 10 Tijolos de areia e cal 6 Apesar de só na etapa construtiva as perdas se tornarem visíveis, estas começam a ocorrer com as decisões tomadas na fase de projecto. Segundo um estudo realizado por Ekanayake e Ofori (2000), uma quantidade substancial dos desperdícios no local de construção está directamente relacionada 9

24 2. Impacte ambiental da indústria da construção com erros de projecto. Alterações no projecto durante a fase de execução, inexperiência do projectista ou falta de dados para avaliar os métodos e a sequência de construção em fase de concepção são os factores mais significantes para a produção de resíduos na construção. Tais aspectos sublinham a urgência de uma comunicação eficiente e de uma partilha de informação flexível durante todo o processo construtivo. Danos na obra devido a trabalhos posteriores e mão-de-obra não qualificada foram também apontados como factores determinantes para a produção de resíduos na construção. O Quadro 2.4 mostra mais algumas fontes e causas de desperdícios na construção, divididas em quatro categorias: fase de projecto; fase de execução; manuseio de materiais; e aspectos contratuais. Embora alguns resíduos não possam ser evitados, o potencial de redução dos custos, através da prevenção de geração de desperdícios na obra, é substancial e deve servir de incentivo a todos os intervenientes nas várias fases do ciclo de vida de uma obra, de modo a juntarem esforços para minimizarem a produção de resíduos na construção. Quadro 2.3 Perdas de alguns materiais de construção no estaleiro, no Brasil (adaptado de John, 2000) Resíduo (% por peso) Material de construção Mínimo Mediana Máximo Cimento Aço Blocos e tijolos Areia Betão Quadro 2.4 Fontes e causas de desperdícios na construção (adaptado de Bossink e Brouwers, 1996) Fase de projecto Fase de execução Manuseio de materiais Aspectos contratuais Falta de atenção na coordenação dimensional dos produtos Alterações realizadas no projecto durante o decorrer dos trabalhos Inexperiência do arquitecto na sequência e método da construção Falta de atenção aos tamanhos padrão existentes no mercado Falta de conhecimento do arquitecto quanto a produtos alternativos Falta de informação nos desenhos Erros no contrato Contrato incompleto no início do projecto Selecção de produtos de pouca qualidade Erros cometidos durante o transporte ou pelos trabalhadores Acidentes devido a negligência Danos no trabalho concluído causados por operações posteriores Uso incorrecto do material que, por sua vez, exige substituição Aquisição de quantidades inexactas devido à falta de planeamento Atrasos na entrega de informação ao construtor relacionada com o tamanho e tipo dos produtos a serem utilizados Mau funcionamento dos equipamentos Condições climatéricas adversas Danos durante o transporte Armazenamento inapropriado que leva à deterioração ou dano dos materiais Materiais fornecidos em embalagens separadas (por exemplo, sacos de cimento) Utilização do material existente nas proximidades do local de trabalho, mesmo que não seja o mais indicado Conflitos entre a equipa de projecto e os trabalhadores Roubo Erros de encomenda (por exemplo, encomendar materiais a mais ou a menos) Falta de possibilidade de encomendar menores quantidades Adquirir produtos que não cumprem as especificações 10

25 Indicadores de resíduos de construção e demolição Contudo, não é só na actividade de construção nova que se geram resíduos, sendo estes produzidos também durante a renovação, remodelação e reabilitação de construções e através de trabalhos de demolição. Os resíduos de demolição correspondem ao material residual resultante da actividade de demolição. Este material é essencialmente aquele que foi utilizado na construção, menos algum material que tenha sido extraído, com aplicação imediata. Todas as partes da estrutura, desde a cobertura até às fundações, incluindo o solo circundante, podem ser um constituinte deste tipo de resíduos. A quantidade de resíduos gerados vai depender do grau de selectividade da demolição e do nível de desmantelamento que o projecto de construção permite. Os resíduos de renovação, remodelação e reabilitação resumem-se a resíduos de construção e de demolição e resultam da melhoria ou alteração de fracções de determinada construção, da correcção de anomalias e da remoção de componentes que se tenham degradado e atingido o final de vida útil, necessitando de serem substituídos. Os resíduos gerados em todas as fases do ciclo de vida de um edifício são denominados de resíduos de construção e demolição (RCD). Embora todas estas actividades sejam geradoras de resíduos, é geralmente o processo de demolição que produz a maior quantidade de resíduos, visto que a grande maioria dos materiais retirados das demolições não é reaproveitada na própria obra nem fora dela. Na Dinamarca, os trabalhos de demolição representam 70 a 75% do total de RCD produzidos (Waste Centre Denmark, 2010). Segundo Bossink e Brouwers (1996), estima-se que, na Europa Ocidental, cerca de 80% do total de RCD sejam gerados a partir de processos de demolição e remodelação, sendo os restantes 20% produzidos na actividade de construção. Nos EUA, a U.S. Environmental Protection Agency (1998) estima que 48% do total de RCD sejam provenientes da actividade de demolição, tendo também a actividade de reabilitação um forte peso, produzindo 44% do total de RCD. Contudo, em certos países, a actividade de demolição não é aquela que produz a maior quantidade de resíduos. Na Noruega, 44% do total de RCD resulta da actividade de reabilitação, enquanto que 36% resultam da actividade de demolição (Statistics Norway, 2006). No Brasil, estima-se que, em algumas cidades, mais de 50% dos RCD são produzidos na construção (Pinto, 1999). Para uma melhor percepção, os dados anteriores são apresentados no Quadro 2.5. Segundo John (2000), estas diferenças reflectem a importância de cada segmento no sector de construção em cada economia, da tecnologia empregue, da taxa de desperdício e do nível de manutenção dos edifícios. Tipo de obra Quadro 2.5 Percentagem de RCD por tipo de actividade % de resíduos por actividade Europa Ocidental Dinamarca Noruega EUA Construção Reabilitação Demolição De todos os resíduos produzidos, os resíduos municipais e industriais são aqueles que atraem mais atenções, sendo por isso alvo de legislações ambientais mais rigorosas. Segundo Ruivo e Veiga (2004), não é dada tanta importância aos RCD, apesar de estes constituírem grandes volumes, porque estes são maioritariamente inertes, não gerando preocupações de lixiviação, propagação de matérias tóxicas ou inconvenientes de putrefacção de matérias orgânicas, como acontece no caso dos resíduos sólidos urbanos (RSU). No entanto, nos últimos anos, os RCD têm-se tornado cada vez mais importantes, motivo pelo qual têm vindo a ser considerados um dos fluxos prioritários na gestão de resíduos. Como se apresenta na Figura 2.6, os RCD representam mais de 30% de todos os 11

26 2. Impacte ambiental da indústria da construção resíduos produzidos pelos vários sectores económicos da UE, representando 31% do total de resíduos gerados na UE (EUROSTAT, 2009). Pinto (1999), num estudo realizado em dez cidades brasileiras, estima que os RCD representem entre 41 e 70% do total de RSU, nos centros urbanos do Brasil. O Central Pollution Control Board estimou que, na Índia, são produzidos cerca de 48 milhões de toneladas por ano de resíduos sólidos, dos quais 25% são RCD (Technology Information, Forecasting and Assessment Council, 2001). Na Austrália, a quantidade de resíduos sólidos gerados é de cerca de 32,4 milhões de toneladas, pertencendo 42% desses resíduos à indústria de construção (Productivity Commission, 2006). Figura 2.6 Resíduos produzidos por actividade económica, em 2006, em percentagem do total de resíduos produzidos (adaptado de EUROSTAT, 2009) Actualmente, a nível mundial, a grande maioria dos RCD acaba em aterros, ou depositada ilegalmente ao longo das vias de comunicação ou em espaços abertos. A deposição ou incineração ilegal de RCD provoca a contaminação do solo, da água e do ar devido a substâncias tóxicas presentes nos resíduos, trazendo consequências graves não só para o ambiente mas também para a saúde pública. No entanto, o impacte real destas deposições é pouco conhecido, sendo-lhe dada pouca atenção pelas autoridades locais ou nacionais que controlam e regulamentam esta prática de eliminação. Segundo John (2000), em cerca de dez anos, a antiga pedreira de Itatinga em S. Paulo, originalmente um buraco de 300 metros de diâmetro e 80 metros de profundidade, foi convertida numa montanha de resíduos de 80 metros de altura, devido ao aterro diário de 4 mil toneladas de RCD depositados ilegalmente no município. Segundo Pereira (2002), pode dizer-se, sem grande erro, que, em Portugal, a esmagadora maioria dos RCD teve até há muito pouco tempo como destino final a lixeira, sem qualquer tratamento ou aproveitamento. Em 2002, com a transposição da Directiva 1999/31/CE (relativa à deposição de resíduos em aterro) para a legislação nacional, estes resíduos são transferidos para aterros. Na zona Litoral Norte de Portugal, como exemplo, 68% dos RCD têm como destino final o aterro, como mostra a Figura 2.7. Em 2006, existiam em Espanha cerca de 45 milhões de toneladas de RCD, sem contar com solos de escavação, dos quais 50% foram eliminados sem tratamento, e apenas 3 milhões de toneladas foram reciclados, ou seja, menos de 7% (Institution of Civil Engineers, 2009). Em Itália, apenas 6% do total de RCD são reciclados, dos mais de 20 milhões de toneladas de RCD que são produzidos anualmente (Costa e Ursella, 2003). Contudo, não interessa a Portugal comparar-se com países nos quais se pratica uma má gestão de RCD, mas sim com países como a Dinamarca e a Holanda, que tomaram prontamente medidas para combater a problemática dos RCD, apresentando agora taxas de sucesso elevadas como resultado das iniciativas tomadas. Nestes dois 12

27 Indicadores de resíduos de construção e demolição países, a percentagem de reciclagem de RCD é de 95% e 94%, respectivamente, como se mostra no Quadro 2.6. Destino dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal (% por peso) Reutilização Reciclagem Incineração Aterro 25% 68% 5% 2% Figura 2.7 Destino dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal (adaptado de Pereira et al., 2004) Quadro 2.6 Destino dos RCD na Holanda e na Dinamarca (adaptado de Gonçalves, 2007; Waste Centre Denmark, 2010) Destino dos RCD Holanda % por peso Dinamarca Reciclagem 95,3 94,0 Incineração 1,2 2,0 Aterro 3,5 4, Caracterização e classificação de resíduos de construção e demolição O material residual designado de RCD tem uma constituição heterogénea, sendo composto por fracções de diversas dimensões, que podem apresentar elementos como, por exemplo: betão e argamassas; materiais cerâmicos; madeiras; metais; plásticos diversos; vidros; papel e cartão; tintas e colas; materiais betuminosos; e solos. A composição dos RCD vai variar, entre outros factores, com o tipo, fase e localização da obra e com os materiais, equipamentos e processos utilizados na construção. A fracção mais importante dos RCD é a dos materiais inertes, representando esta mais de 50% do volume total de resíduos (quando não são contabilizados os solos de escavação e as lamas de dragagem e perfuração, esta fracção é geralmente superior a 80%). O betão e os materiais cerâmicos são a principal fonte de material inerte, embora também se possam encontrar pedras, vidros e metais. O betão como resíduo pode aparecer de duas formas como betão armado em elementos estruturais do edifício, tendo aço incorporado na sua constituição, e como betão simples, em fundações e pavimentos. É na actividade de demolição que os resíduos de betão são mais significativos. Os tijolos, telhas, azulejos e porcelanas são os principais materiais cerâmicos encontrados nos RCD. Estes vêm geralmente partidos e misturados com argamassas à base de cimento e cal. Segundo Pereira (2002), os materiais cerâmicos constituem cerca de 50% do material utilizado na construção de edifícios. A grande porção de vidro encontrada nos edifícios é utilizada em janelas exteriores. Deve-se proceder sempre à sua remoção antes dos processos de demolição, através do corte do vidro da estrutura ou da remoção das armações de janelas com vidro. A natureza siliciosa do vidro vai afectar o desempenho dos resíduos que possam vir a ser utilizados como agregados reciclados para betão (Ruivo e Veiga, 2004). Os metais, dos quais se destacam o ferro e o aço, são largamente utilizados na construção, 13

28 2. Impacte ambiental da indústria da construção nomeadamente nas estruturas. Enquanto resíduos, os metais são gerados essencialmente durante a demolição, visto que, durante a obra, o material utilizado é pré-fabricado e, portanto, feito com a medida necessária, gerando assim poucos resíduos (Ruivo e Veiga, 2004). De salientar que têm a vantagem de serem facilmente separados dos outros materiais devido às suas propriedades magnéticas (Pereira, 2002). Para além dos materiais inertes, também são correntes na construção a madeira, os plásticos, os materiais betuminosos, o papel e o cartão. A madeira assume maior relevância na fase de construção, servindo essencialmente para a execução de cofragens. Pode-se encontrar também em quantidade razoável em demolições de edifícios antigos com a estrutura em madeira. Elementos como caixilhos de janelas, portas, divisórias e outros acessórios também podem ser encontrados como resíduos. De notar que a madeira utilizada na construção é normalmente tratada com produtos químicos, pelo que é necessário ter cuidados especiais, visto tratar-se de um resíduo perigoso. Outros problemas associados aos resíduos de madeira são a inclusão de pregos, parafusos e buchas (Technology Information, Forecasting and Assessment Council, 2001). A origem do papel e cartão como RCD está relacionada com as embalagens dos materiais e equipamentos instalados na obra. Como tal, a parte mais significativa do volume destes resíduos provém dos trabalhos de construção, sendo o seu peso, no total dos resíduos de demolição, pouco significativo (Carvalho, 2001). Os principais plásticos utilizados na construção são o polietileno (PE), o cloreto de polivinilo (PVC) e o poliestireno (PS). Estes três tipos de plástico são termoplásticos e têm a vantagem de ser recicláveis. Aparecem na construção como embalagens e películas aderentes, condutas de água e de esgoto, e isolamentos. Os materiais betuminosos mais utilizados na construção são o asfalto, as emulsões betuminosas e as telas betuminosas. A principal utilização do asfalto surge na pavimentação de estradas, onde é utilizado como material aglutinante para as partículas de agregados, enquanto que as emulsões e telas betuminosas são aplicadas em muros de suporte, caves e coberturas como material de impermeabilização, devido às suas características hidrófugas. O asfalto tem a vantagem de poder ser totalmente reaproveitado após a sua aplicação, desde que não contenha alcatrão, já que possui baixo ponto de fusão e não reage quimicamente em contacto com outros materiais. Existem diversos materiais na construção que são considerados perigosos, pelo que devem ser processados e transportados com especial cuidado e separados dos restantes RCD. A contaminação dos RCD com estes materiais inviabiliza uma posterior reutilização, passando a totalidade dos resíduos contaminados a ser considerada como resíduos perigosos. Para além dos materiais que já são considerados perigosos só por si, existem aqueles que se obtêm pela reunião de componentes perigosos (colas, revestimentos, selantes) e os que se tornam perigosos pela acção do meio onde permaneceram durante anos (contendo agentes poluentes). No caso de edifícios antigos, existe maior probabilidade da existência de materiais perigosos, tais como o amianto, clorofluorocarbonetos (CFC s) e policlorobifenilos (PCB s), do que em novos edifícios, uma vez que o controlo destes materiais tem vindo a intensificar-se. Outros materiais perigosos, ou potencialmente perigosos devido às suas características, que se pode encontrar como resíduos numa obra são: algumas tintas e materiais de revestimento; resinas; aditivos para betão à base de solventes; produtos químicos impermeabilizantes; emulsões à base de alcatrão; chumbo; madeira tratada; placas de gesso cartonado; embalagens contaminadas com restos de materiais perigosos; botijas de gás vazias, utilizadas nas operações de corte e soldadura; e equipamentos eléctricos com componentes tóxicos. No Quadro 2.7, compara-se a constituição dos RCD produzidos em vários países e, no Quadro 2.8, apresenta-se os resultados obtidos por um estudo realizado em Oslo, na Noruega, envolvendo

29 Indicadores de resíduos de construção e demolição projectos de construção, que determinou a composição dos RCD por tipo de actividade (Statistics Norway, 2006). Na Figura 2.8, apresenta-se a constituição dos RCD produzidos na zona Litoral Norte de Portugal. Quadro 2.7 Composição dos RCD em percentagem por peso (adaptado de Technology Information, Forecasting and Assessment Council, 2001; Brito Filho, 1999; Waste Centre Denmark, 2010; Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001) Composição dos resíduos Índia S. Paulo Dinamarca Holanda Solos de escavação, areia e cascalho 35,0 32,0 37,0 n.c. Alvenaria e tijolos 30,0 30,0 5,0 25,0 Betão e argamassas 25,0 33,0 22,0 40,0 Metais 5,0 n.d. n.d. 1,0 Asfalto 2,0 n.d. 14,0 26,0 Madeira 2,0 n.d. n.d. 1,5 Outros 1,0 5,0 22,0 6,5 n.c. - não contabilizado; n.d. - não disponível. Quadro 2.8 Composição dos RCD por tipo de actividade, em percentagem por peso (adaptado de Statistics Norway, 2006) Composição Construção Reabilitação Demolição Total Betão e tijolos 45,79 47,69 84,16 67,24 Madeira 13,67 30,31 6,42 14,58 Metal 1,32 3,59 4,33 3,63 Gesso 6,25 5,72 0,15 2,77 Papel, cartão e plásticos 4,50 0,89 0,27 1,14 Vidro 0,47 0,41 0,12 0,26 Isolamentos 1,87 0,51 0,07 0,49 Amianto - 0,70 0,32 0,38 Outros resíduos perigosos 0,23 0,04 0,04 0,07 Outros 25,89 10,13 4,13 9,44 Composição dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal (% por peso) 6,0% 5,0% 1,5% Betão, alvenaria e argamassa Madeira 35,0% Papel e cartão Vidro 40,0% Plásticos Metais (aço incluído) 5,0% 1,0% 1,0% 0,5% 5,0% Solos de escavação Asfalto Lamas de dragagem e perfuração Outros Figura 2.8 Composição dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal (adaptado de Pereira et al., 2004) 15

30 2. Impacte ambiental da indústria da construção Segundo Ruivo e Veiga (2004), estima-se que sejam utilizados pela indústria da construção mais de produtos, para os quais mais de 600 normas europeias têm vindo a ser elaboradas. Os crescentes problemas, associados à produção de resíduos, levaram a UE à necessidade de repensar toda a sua política de gestão destes. Para tornar essa gestão mais eficaz, considerou-se importante a existência de uma correcta caracterização dos resíduos através de critérios de classificação análogos a todos os países membros. A introdução do Catálogo Europeu de Resíduos (CER), e mais tarde da Lista Europeia de Resíduos (LER), veio revelar-se determinante neste aspecto. A LER divide os resíduos em 20 capítulos e, para além de classificar um maior número de resíduos do que o CER, contém os resíduos considerados perigosos devidamente assinalados por um asterisco. Na LER, os RCD são representados pelo capítulo 17 que, para além dos resíduos de construção e demolição, inclui os solos escavados de locais contaminados. No entanto, devido à enorme diversidade de materiais utilizados pela indústria de construção, este sector vai ter de classificar os seus resíduos em vários capítulos. Apresenta-se, no Quadro 2.9, alguns capítulos em que os vários resíduos produzidos pela actividade de construção podem ser incluídos. Quadro 2.9 Capítulos da LER nos quais podem ser incluídos os resíduos do sector da construção (adaptado de Ruivo e Veiga, 2004) Capítulos Definição da lista 08 Resíduos do fabrico, formulação, distribuição e utilização (FFDU) de revestimentos (tintas, vernizes e esmaltes vítreos), colas, vedantes e tintas de impressão 13 Óleos usados e resíduos de combustíveis líquidos (excepto óleos alimentares) 14 Resíduos de solventes, fluidos de refrigeração e gases propulsores orgânicos 15 Resíduos de embalagens, absorventes, panos de limpeza, materiais filtrantes e vestuário de protecção não anteriormente especificados 16 Resíduos não especificados em outros capítulos desta lista 17 Resíduos de construção e demolição (incluindo solos escavados de locais contaminados) 2.5. Gestão de resíduos para a sustentabilidade da construção O sector da construção não tem intenção de parar de construir, intervir e demolir o ambiente construído existente. Com o contínuo crescimento da produção de resíduos e da procura de recursos naturais, num futuro próximo, os aterros estarão sobrelotados e o Planeta cada vez mais e mais poluído e explorado. Este problema não pode ser ignorado, necessitando o sector de melhorar a actual gestão de RCD, de modo a tornar a construção sustentável. Para atingir esta meta, é necessário ver os resíduos de construção e demolição como um recurso ou um subproduto, que através da reutilização e reciclagem se converte em novos produtos que podem ser usados para uma variedade de fins. Este cenário vai permitir não só minimizar a produção de resíduos mas, também, reduzir o consumo de recursos naturais, já que os materiais são recuperados dentro do ambiente construído. Reciclar e reutilizar materiais de antigos edifícios não é novo. Na Roma Antiga e na Grécia, colunas e coliseus de pedra foram frequentemente desmantelados, sendo os seus blocos de pedra reutilizados 16

31 Indicadores de resíduos de construção e demolição em novos edifícios. Muitas das antigas mesquitas e palácios, no Cairo, foram erguidas com blocos de pedra que tinham sido removidos da superfície externa das grandes pirâmides de Gizé. Por todo o Mundo, casas de terra têm sido repetidamente demolidas e reconstruídas usando a mesma terra e vigas de madeira. Após a Segunda Guerra Mundial, a maioria dos trabalhos de reconstrução na Europa foi realizada com os resíduos de demolição. Embora se verifique um rápido aumento do espaço construído e uma maior complexidade nas construções, não foi dada mais importância à reutilização e reciclagem dos RCD (GTZ-Holcim, 2007). O difícil desmantelamento das novas construções dificulta o processo de separação dos RCD, não permitindo que se faça um processamento eficiente destes. Para tornar viável o reaproveitamento dos RCD, é necessário intervir logo na fase de concepção do edifício, quando é determinada a substância e as características deste. Os arquitectos e os projectistas devem começar a desenhar os edifícios de modo a permitir a sua desconstrução e capacidade de adaptação a novos componentes e materiais, incluindo os reciclados (van der Meer et al., 2006) Desconstrução: uma ferramenta para a minimização de resíduos A desconstrução é um processo que consiste em pegar num edifício, ou em parte dele, desmantelando-o selectivamente e removendo os materiais antes de a estrutura ser demolida, ou evitar a demolição por completo, desmontando toda a estrutura na ordem inversa em que foi construída (Hagen, 2007). Como se mostra na Figura 2.9, a desconstrução abre caminho para a revalorização e reutilização de materiais de construção e elementos construtivos que, de outra forma, seriam tratados como resíduos inúteis e removidos para espaços de armazenamento que, muitas vezes, não estão legalmente autorizados a manter tais resíduos (Couto e Couto, 2007). Segundo Hagen (2007), a desconstrução: - permite que os materiais recuperados possam ser reutilizados, reciclados ou reprocessados, devido ao maior cuidado que é tomado na remoção destes; - promove o crescimento de um novo mercado de materiais usados ou reciclados, pois o valor de mercado para os materiais recuperados da desconstrução é maior do que o dos da demolição; - gera benefícios ambientais, já que a recuperação de materiais ajuda a reduzir os encargos nos aterros, elimina a necessidade de gastar energia adicional na manufactura de novos materiais e reduz o consumo de matérias-primas; - cria postos de trabalho, pois é um processo que envolve uma quantidade significativa de trabalho, através da remoção, preparação, classificação e transporte dos materiais recuperados. Um exemplo de um edifício que foi desenhado para ser desmontado e deslocalizado foi o Cristal Palace (Figura 2.10), uma enorme construção em ferro fundido, madeira e vidro erigida, em Londres, para albergar a Grande Exposição de A construção foi inovadora, quer pela sua rápida montagem, que durou apenas seis meses, quer pela estrutura, leve e fina, em grelha montada em série, que tornava possível desmontar o edifício peça a peça e montar noutro local (Hobhouse, 2002). Depois de a Grande Exposição ter terminado, o edifício foi totalmente desmontado e reconstruído em Sydenham Hill. Outro exemplo foi a EXPO 88, em Brisbane, que viu serem erigidos numerosos edifícios temporários que foram desenhados para serem desmontados depois do evento e reutilizados noutro local. O sistema de painéis pré-fabricados e o quadro estrutural externo aparafusado permitiram que os edifícios fossem facilmente desmontados, transferidos e convertidos para uso 17

32 2. Impacte ambiental da indústria da construção como edifícios comerciais e industriais (Crowther, 2000). As exposições mundiais foram muito importantes, pois permitiram o conhecimento dos avanços técnicos de diferentes países, avivando a competição e o avanço nos processos técnicos. Figura 2.9 Cenários possíveis para a recuperação de materiais dentro do ambiente construído (Crowther, 2000) Figura 2.10 Vista interior do Cristal Palace durante a Grande Exposição de 1851 (adaptado de 18

33 Indicadores de resíduos de construção e demolição Segundo Webster e Costello (2005), certas características dos edifícios simplificam o desmantelamento, reduzindo o tempo e o custo de recuperação dos materiais: - transparência - criar sistemas que são visíveis e fáceis de identificar; - regularidade - criar sistemas e materiais que são semelhantes em todo o edifício e definidos em comum (padrões de repetição); - simplicidade - criar sistemas e interligações que são simples de entender, com um número limitado de diferentes tipos de materiais e tamanhos de componentes; - número limitado de componentes - este autor descobriu que é mais fácil desmontar as estruturas que são compostas por grandes elementos do que as com elementos menores; elementos de maior dimensão tendem a resistir a danos mais facilmente durante o processo de desconstrução e podem ser removidos mais rapidamente da estrutura; - materiais facilmente separáveis - os materiais devem ser facilmente separáveis em componentes reutilizáveis. Contudo, apesar de todos os benefícios inerentes à desconstrução, esta ainda não angariou a compreensão e a aceitação geral, necessitando de continuar a ser desenvolvida e promovida. É necessário aumentar a consciência sobre a sua importância junto das várias partes envolvidas na indústria da construção, especialmente os donos de obra, os projectistas e os empreiteiros (Liu et al., 2003) Reutilização e reciclagem: convertendo os resíduos em recursos A reutilização e a reciclagem como estratégias de minimização de resíduos oferecem três benefícios: reduzem a procura sobre novos recursos naturais; diminuem a energia necessária para a produção de novos materiais; e usam resíduos que de outra forma teriam o aterro como destino final. A reutilização é a opção mais desejável em comparação com a reciclagem, porque é mais eficaz na redução do desperdício e na procura de recursos. Ao ser reutilizado, o material recuperado não sofre qualquer tipo de processamento, ao contrário da reciclagem, em que o material usado é reprocessado para a produção de um novo produto similar ou diferente. Apesar de existirem muitos sistemas recomendados de reciclagem de material, a actual reciclagem de RCD é limitada a alguns tipos de resíduos. Ao considerar um material reciclável, três grandes áreas precisam de ser levadas em consideração (Mindess et al., 2003): a economia; a compatibilidade com os outros materiais; e as propriedades do material. De um ponto de vista puramente económico, a reciclagem de RCD só é atraente quando o produto reciclado é competitivo com os recursos naturais, em relação ao custo e à quantidade (Tam e Tam, 2006). Os materiais reciclados serão mais competitivos em regiões onde existe escassez de matérias-primas e de locais de deposição. Este aspecto é confirmado em países como a Dinamarca, Holanda e Bélgica, onde a escassez de matérias-primas levou a que se tornassem pioneiros na área de recuperação de RCD, sendo actualmente os países com as taxas de reciclagem de RCD mais elevadas, como se mostrou no Quadro 2.6. Os esforços para promover a reutilização e a reciclagem de RCD têm levado bastante tempo para se desenvolver, por implicarem uma mudança de percepção entre todas as partes envolvidas na indústria de construção, que sempre viram os RCD como um resíduo sem qualquer tipo de utilidade. Para acelerar esta mudança de ideias, as seguintes condições devem ser satisfeitas (GTZ-Holcim, 2007): - aceitar que os RCD são um recurso valioso, que podem ser reutilizados tal como são, ou reprocessados num novo produto; para implementar este conceito, é necessário desenvolver investigações, 19

34 2. Impacte ambiental da indústria da construção projectos-piloto, campanhas informativas e outro tipo de actividades; - tem que ser mais rentável reutilizar e reciclar os RCD do que depositá-los em aterros; um mecanismo eficaz para isso é impor taxas elevadas sobre a deposição em aterro e pesadas multas para os despejos ilegais; subsídios e isenções fiscais para a reciclagem são meios adicionais para incentivar a reutilização e a reciclagem; - se é para reutilizar e reciclar os RCD, então deve existir um mercado para estes materiais e subprodutos; por outras palavras, o preço dos RCD reciclados deve ser suficientemente baixo para atrair compradores e, ao mesmo tempo, rentável para quem os recicla; - os produtos reciclados devem idealmente ter uma qualidade igual ou superior à dos novos produtos; se não puder ser alcançada a mesma qualidade dos novos produtos, as normas e especificações deverão ser ajustadas para permitir que os produtos de menor qualidade possam ser usados em aplicações menos exigentes; a criação de um sistema de certificação de qualidade para produtos reciclados contribuirá para reforçar a confiança dos consumidores; - para os RCD poderem ser reutilizados ou reciclados, a demolição dos edifícios tem de ser cuidadosamente planeada, devidamente organizada e estritamente controlada; esta demolição, com mãode-obra qualificada e motivada, deve suceder na ordem inversa da construção; - é de extrema importância que os RCD sejam triados na fonte e que cada fracção seja armazenada e transportada separadamente, protegendo-a de qualquer contaminação ou mistura com outros resíduos; - um importante incentivo para a reutilização e reciclagem de RCD seria implementar certificações de boas práticas, similares à certificação ISO para sistemas de gestão ambiental. Por representarem uma parte significativa dos RCD e por a sua reciclagem não ser directa, como no caso do vidro, plásticos e metais (como se mostra no Quadro 2.10), considerável investigação tem vindo a ser desenvolvida em vários países para reciclar betão, asfalto, alvenaria e tijolos. Descrevese, de seguida, o tipo de reaproveitamento que cada um destes materiais pode ter. Quadro 2.10 RCD cuja reciclagem é directa e o seu reaproveitamento possível (adaptado de GTZ-Holcim, 2007) Material Processo Utilização final Aço Alumínio Limpeza Reciclagem Limpeza Reciclagem Reutilização dos elementos de aço Novos componentes de aço Plásticos Reciclagem Novos produtos Vidro Limpeza Britagem Reciclagem Reutilização dos elementos de alumínio Novos componentes de alumínio Reutilização dos elementos em janelas, espelhos, entre outros Agregados reciclados Novos produtos Embalagens Reciclagem Novas embalagens Isolamento Placa de gesso cartonado Limpeza Reciclagem Limpeza Britagem Reciclagem Reutilizado Novos produtos Reutilizado Regulador de solos Novos produtos de gesso 20

35 Indicadores de resíduos de construção e demolição Elementos de betão Sendo o betão o material mais usado à face da Terra e, consequentemente, um dos maiores constituintes dos RCD, é fundamental encontrar soluções que permitam a sua reciclagem. Os resíduos de betão, dependendo da sua qualidade, podem ser utilizados como agregado reciclado para o fabrico de betão novo ou como camada de base de pavimentos rodoviários (Tam e Tam, 2006). Contudo, na prática, a grande maioria dos resíduos de betão está a ser consumida na construção de estradas, já que a sua utilização como agregado reciclado do betão ainda não é consensual. A falta de especificações que assegurem a manutenção dos requisitos de segurança e utilização dos elementos construídos é uma das razões pelos quais o receio da aplicação deste tipo de subprodutos ainda subsiste, apesar das potencialidades que os agregados reciclados têm vindo a demonstrar (Gonçalves, 2007). O betão produzido com agregados reciclados é tão fácil de misturar, transportar, aplicar e compactar como o betão convencional. No entanto, devido à absorção de água relativamente alta do agregado reciclado, é recomendado que os agregados reciclados estejam o mais perto de uma condição seca superficial saturada quanto possível (Hansen, 1986). Os resíduos de betão podem ter diferentes finalidades, consoante o seu grau de granulometria, como se mostra no Quadro Quadro 2.11 Utilizações possíveis dos resíduos de betão consoante o seu grau de granulometria (adaptado de Kawano, 1995) Grau de granulometria Aplicação Elemento demolido Fragmentado (de mm) Britado (menos de 50 mm) Britado e desgastado (menos de 40 mm) Pó (subproduto da britagem) Material de aterro, pavimento Protecção de diques Sub-base, enchimento, material de fundação Agregado de betão, agregado de betão betuminoso para sub-base, enchimento Ligante para betão betuminoso, material de estabilização de solos Alvenaria e tijolos Sempre que possível, devem reutilizar-se os tijolos inteiros em vez de britá-los para aplicações menos exigentes. No entanto, os tijolos vêm normalmente contaminados com argamassas e muitas vezes são misturados com outros materiais, como madeira e betão. Nestes casos, que são a grande maioria das situações, a separação dos tijolos e posterior limpeza é difícil e morosa, acabando por se tornar dispendiosa. Qualquer contaminação significativa dos tijolos irá tornar a sua reutilização inviável economicamente, já que o custo de limpeza dos tijolos antigos acaba por ser superior ao custo do tijolo natural (Tam e Tam, 2006). A opção para este tipo de resíduos acaba por ser a mesma do que para a maioria dos RCD que são reciclados por britagem. A alvenaria é normalmente britada como agregado reciclado. Uma aplicação especial do agregado reciclado de alvenaria é a sua utilização em blocos de betão para isolamento térmico contendo micro esferas de poliestireno (Hendriks e Pietersen, 2000), a qual produz um tipo de betão leve com características de isolante térmico elevadas. Outra aplicação potencial para o agregado reciclado de alvenaria é a sua utilização como agregado em tijolos de argila tradicionais, bem como em tijolos de silicato de sódio (Hendriks e Pietersen, 2000): uma pequena porção de agregados reciclados é utilizada como um substituto para a argila nos tijolos tradicionais e como um substituto para a areia nos tijolos de silicato de sódio; para uso na fabricação de tijolos de barro tradicional, esta fracção não deve 21

36 2. Impacte ambiental da indústria da construção conter cal para evitar efeitos adversos sobre a resistência, a retracção, a durabilidade e a cor do tijolo; quando utilizado em tijolos de silicato de sódio, esta fracção pode conter cal, mas os tijolos de silicato de sódio devem ser produzidos a uma pressão de 15 bar e a temperaturas mais baixas do que os tijolos de argila. Quando o agregado reciclado de alvenaria é usado para tijolos de silicato de sódio, a argamassa de cimento aderida aos agregados tem de ser removida por um processo mecânico ou térmico. O material resultante do processo térmico é bastante fino, podendo ser aquecido para a produção de clínquer. A quantidade de CO 2 produzida por este processo é menor do que quando o material natural é usado (Tam e Tam, 2006). Podendo este material ser uma alternativa viável ao cimento, um dos materiais de construção que causa mais impactes no ambiente, é importante que se continue a desenvolver investigação neste campo Asfalto Cerca de 90% das estradas europeias são revestidas de asfalto (Hendriks e Pietersen, 2000). Por este motivo, torna-se essencial reunir esforços que conduzam à reciclagem deste. A produção de misturas betuminosas com material fresado de pavimentos asfálticos antigos tem como princípio a junção de agregados, betume e material proveniente da remoção de camadas betuminosas, de modo a formar uma mistura homogénea com características muito semelhantes a uma mistura betuminosa tradicional (Simões e Botelho, 2009). O restante asfalto fragmentado pode ser ligado com cimento, no lugar das sub-bases de areia estabilizada com cimento. Na Holanda, em 1990, 50% do asfalto antigo foi usado para a produção de novo asfalto, contendo este 10 a 15% de asfalto reciclado (Hendriks e Pietersen, 2000). Em Portugal, a Teodoro Gomes Alho (TGA) tem vindo a desenvolver este processo, com claros benefícios económicos: redução da quantidade comprada de betume e agregados; diminuição de resíduos a eliminar. Como se mostra no Quadro 2.12, a TGA utiliza cerca de 20 a 25% do material fresado na produção de novo asfalto. Quadro 2.12 Exemplos de dosagens de misturas betuminosas com material reciclado (adaptado de Simões e Botelho, 2009) Mistura % de betume na % de % de betume % betume % de mistura, proveniente do material material no material novo a betume fresado fresado introduzir fresado Poupança Macadame betuminoso 4,5 25 5,0 1,3 3,3 16% Mistura betuminosa densa 4,9 20 5,0 1,0 3,9 13% As tecnologias de reciclagem de asfalto que têm vindo a ser implementadas com mais frequência são: a reciclagem a frio, onde os resíduos asfálticos são reduzidos em tamanho e lhes são adicionados água e um agente estabilizador, tal como o cimento, a espuma-betume ou as emulsões betuminosas (Cheung, 2003); a reciclagem a quente, que resulta num rearranjo das propriedades físicas e da composição química original do betume (Hendriks e Pietersen, 2000). Relembre-se que se optou por realçar apenas o tipo de reaproveitamento destes materiais (betão, asfalto, alvenaria e tijolos) pois, como referido, estes constituem uma fracção significativa dos RCD e a sua reciclagem não é directa, como no caso de outros materiais (vidro, plásticos e metais). 22

37 Indicadores de resíduos de construção e demolição 2.6. Síntese conclusiva Existem sinais claros de que o actual modelo de crescimento do sector da construção, baseado na extracção maciça de recursos naturais, com o recurso a energias poluentes, e na produção desequilibrada de resíduos não é sustentável a longo prazo. O sector tem de aproveitar os novos padrões de exigência ambiental que têm vindo a ser impostos pela opinião pública e substituir o seu modelo de desenvolvimento por um que permita à construção tornar-se uma actividade sustentável. Para isso acontecer, toda a cadeia produtiva da indústria terá de sofrer transformações significativas. A reciclagem é essencial para o desenvolvimento sustentável, uma vez que é impossível pensar na actividade de construção sem a produção de resíduos. Aquela permite aos RCD não só um destino diferente do aterro mas, também, a sua transformação num novo produto. De facto, é necessário que se comece a pensar nestes resíduos não como desperdícios mas sim como recursos importantes que têm vindo a ser desbaratados. Projectar os edifícios de modo a serem auto-suficientes e construir com uma menor quantidade de recursos naturais e energia poluente, reaproveitando os RCD como subprodutos, é talvez o maior desafio que a indústria da construção enfrenta nos dias de hoje. 23

38 2. Impacte ambiental da indústria da construção 24

39 Indicadores de resíduos de construção e demolição 3. Legislação e estratégias para os RCD 3.1. Considerações preliminares Com elevada frequência, assiste-se à deposição em aterro dos RCD, sem nenhum controlo e sem qualquer preocupação de separação na origem. Para agravar a situação, verifica-se também um número significativo de despejos ilegais com consequências graves não só para o ambiente mas também para a saúde pública. De modo a resguardar o ambiente e a garantir o crescimento sustentável das cidades, um grande número de regulamentações ambientais e iniciativas têm vindo a ser implementadas. Muitas destas leis procuram, por um lado, fiscalizar a gestão de RCD e, por outro, encontrar soluções que conduzam à valorização de RCD através de normas e especificações técnicas que credibilizem o seu uso como material reciclado e reutilizável. Na União Europeia, não existe legislação específica para os RCD. Apesar disso, alguns países da UE tomaram acções prontamente, criando várias regulamentações e iniciativas de modo a estimular a correcta gestão de RCD. No entanto, existem ainda muitos países dentro do espaço europeu em que a gestão de RCD se encontra numa fase inicial, necessitando de percorrer um longo caminho até alcançar o êxito dos países com maiores níveis de desenvolvimento. É o caso de Portugal, que aprovou legislação para regular a produção e gestão de RCD somente em Panorama actual na União Europeia Na União Europeia, não existe legislação específica para os RCD. No entanto, os resíduos em geral começaram a ser regulados em 1975, aquando da primeira intervenção legislativa da comunidade europeia na área, com a entrada em vigor da directiva 75/442/CEE. Esta tinha como objectivos primordiais: garantir uma eliminação de resíduos que proteja a saúde humana e o ambiente; harmonizar a legislação a nível europeu; incentivar a recuperação de resíduos e a sua reutilização, a fim de preservar os recursos naturais. Esta política da UE para os resíduos manteve-se até 1991, quando foi publicada a directiva 91/156/CEE. Esta vem alterar substancialmente o texto original da antiga directiva, visando como principais objectivos: garantir uma correcta eliminação de resíduos, mas sobretudo promover a sua prevenção; harmonizar a legislação a nível europeu, criando uma terminologia comum e uma definição de resíduos; encorajar a reutilização e a reciclagem dos resíduos, como alternativa aos recursos naturais; assegurar que a Comunidade e que cada Estado-Membro se tornem auto-suficientes no que se refere à eliminação de resíduos. Em 2006, foi publicada a directiva 2006/12/CE, que revoga a directiva 75/442/CEE adoptando, quase sem alterações, o texto da directiva 91/156/CEE (Caixinhas et al., 2009). Neste âmbito, recentemente, em 2008, foi publicada a directiva 2008/98/EC. Esta quebra a linha de pensamento seguida até então, focando-se em aspectos como: minimizar o impacte negativo da produção e gestão de resíduos na saúde humana e no ambiente; harmonizar a legislação a nível europeu, clarificando não só as definições usadas mas também a distinção entre valorização e eliminação, e resíduo e não resíduo; reduzir a utilização de recursos e propiciar a aplicação prática da hierarquia de gestão de resíduos; a prevenção de resíduos deverá constituir a primeira prioridade e a reutilização e reciclagem deverão ter prioridade em relação à valorização energética dos resíduos. Com a publicação desta directiva, a UE passa de uma política que se concentrava essencialmente na 25

40 3. Legislação e estratégias para os RCD eliminação de resíduos para uma que privilegia o uso desses resíduos como subprodutos, de modo a poupar os recursos naturais. Apesar de a directiva 2008/98/EC não ser específica para nenhum tipo de resíduos, nesta existem duas importantes referências aos resíduos de construção e demolição: - na alínea c) do artigo 2. o, onde é excluído do âmbito de aplicação da directiva o solo não contaminado e outros materiais naturais resultantes de escavações no âmbito de actividades de construção, sempre que se tenha a certeza de que os materiais em causa serão utilizados para efeito de construção no seu estado natural e no local em que foram escavados; - na alínea b) do n. o 2 artigo 11. o, onde se expressa que, até 2020, a preparação para a reutilização, reciclagem e valorização de ( ) resíduos de construção e demolição não perigosos ( ) sofre um aumento mínimo de 70% em peso. Na primeira referência, encontra-se uma solução para os solos de escavações, que representam a maior fracção dos RCD e que, em alguns casos, como descreve a alínea, não deveriam sequer ser considerados como resíduos. Na segunda referência, são traçadas metas para a reciclagem de RCD que precisa de ser impulsionada na UE, já que, tirando alguns países que, como se mostrou, apresentam taxas elevadas de reciclagem, a grande maioria continua a não aproveitar convenientemente os resíduos que produz, apresentando taxas de reciclagem muito reduzidas. Constata-se então que, apesar de não existirem leis comunitárias próprias, alguns países da União Europeia tomaram acções prontamente, criando várias iniciativas de modo a estimular a prevenção e o reaproveitamento de RCD. Interessa aqui descrever de um modo geral o panorama dos RCD nesses países mais desenvolvidos nesta área mas também naqueles cuja actual gestão de RCD se aproxima mais do cenário português, como é o caso de Espanha. Assim, para além deste país, optou-se por caracterizar também a Dinamarca, a Holanda, a Alemanha e o Reino Unido. Realça-se que se preferiu fazer incidir esta análise apenas sobre países da União Europeia porque é desta comunidade que Portugal faz parte e é dentro desta comunidade que se encontram os melhores exemplos na correcta gestão de RCD, como se mostra de seguida Dinamarca A Dinamarca é um dos maiores casos de sucesso no que diz respeito à gestão de RCD, onde a reciclagem dos mesmos é uma prática corrente. O objectivo de 2004, atingir uma taxa de reciclagem de 90%, foi alcançado em 1997 e manteve-se a este nível desde então (Waste Centre Denmark, 2010). Os RCD constituem cerca de 37% do total de resíduos gerados (Danish Environmental Protection Agency, 2007) e a elevada taxa de reciclagem deve-se a dois importantes factores: o elevado imposto a que estão sujeitos os resíduos que não são reciclados e a obrigatoriedade de separação dos resíduos na origem. Até à década de 1980, a Dinamarca ainda dependia fortemente da deposição de resíduos em aterro. A mudança do aterro foi precipitada pela preocupação com a poluição das águas subterrâneas, especialmente porque toda a água potável da Dinamarca vem de águas subterrâneas. Também existia pouco espaço para a construção de novos aterros e o país dependia fortemente dos combustíveis importados, encontrando-se ansioso para encontrar fontes alternativas de energia (Department for Environment, Food and Rural Affairs, 2003). Em 1985, a Danish Environmental Protection Agency (DEPA) começou a regular a reutilização de 26

41 Indicadores de resíduos de construção e demolição asfalto. De acordo com essa regulação, o uso de asfalto demolido na construção de novas estradas deixa de requerer aprovação, podendo ser usado na sub-base e na pavimentação de estradas, caminhos, espaços públicos e similares (Waste Centre Denmark, 2010). A aprovação é contudo necessária para a deposição permanente ou temporária do asfalto demolido. Em 1990, a DEPA possibilitou a reutilização, sem autorização prévia, de determinados materiais de construção (pedra, telhas e elementos de betão) em processos construtivos, desde que livres de contaminantes e separados na origem (Waste Centre Denmark, 2010). Esses dois aspectos são uma condição prévia para que a utilização destes RCD não esteja sujeita ao imposto sobre resíduos (Montecinos e Holda, 2006). O imposto sobre resíduos foi instituído em 1990 e revelou-se um instrumento eficaz no aumento da reciclagem de RCD. Em 1984, a taxa de reciclagem rondava 15% e, em 1994, já era superior a 80%, como se mostra na Figura 3.1. Como um instrumento fiscal, o imposto sobre os resíduos destina-se a exortar os produtores de resíduos a reduzir as quantidades de resíduos que produzem e a reciclar os resíduos (Montecinos e Holda, 2006). O imposto sobre os resíduos é, desde 2001, de 44,30 por tonelada para os resíduos incinerados e de 50,34 por tonelada para os resíduos depositados em aterro (Waste Centre Denmark, 2010), não havendo nenhum imposto sobre os resíduos a ser reciclados. A extracção de agregados naturais encontra-se também sujeita ao pagamento de uma taxa específica. 100% 80% 12 Destino dos RCD na Dinamarca 60% 40% 20% Reciclagem Incineração Aterro 0% Figura 3.1 Evolução das taxas de reciclagem de RCD na Dinamarca (Veltzé, 2006) Em 1995, foi publicado o regulamento municipal sobre a triagem de RCD (Waste Centre Denmark, 2010). As Câmaras Municipais ficaram encarregues do dever de elaborar regulamentação sobre os RCD, a fim de aumentar a sua reciclagem. Essa regulamentação deve obrigar à separação de RCD na fonte quando o total de resíduos produzidos for superior a uma tonelada (Montecinos e Holda, 2006). Isto significa que mesmo os edifícios de menores dimensões estão obrigados a separar os resíduos na origem. Um acordo voluntário foi selado, em 1996, entre o Ministério do Ambiente e Energia e a Associação Dinamarquesa de Empreiteiros de Demolição. O acordo assegura a correcta demolição das construções de modo a privilegiar a reciclagem dos resíduos através da sua correcta separação (Waste Centre Denmark, 2010). A demolição selectiva é aplicada mesmo quando é mais cara e demorada do que a demolição tradicional. Isto acontece porque são obtidas grandes poupanças através da redução de custos para o imposto sobre os resíduos e de maior venda de materiais recicláveis (Montecinos e Holda, 2006). 27

42 3. Legislação e estratégias para os RCD Na Dinamarca, não há problemas com o consumo de materiais processados a partir de RCD. Geralmente, a comercialização dos materiais recicláveis é organizada em conformidade com a comercialização dos materiais originais (Montecinos e Holda, 2006). Aliás, a maioria dos centros de reciclagem e reprocessamento de RCD tanto comercializa materiais originais como materiais recicláveis. Um exemplo da boa gestão de RCD que se pratica nos estaleiros dinamarqueses foi presenciado por uma comissão inglesa do Department for Environment, Food and Rural Affairs (DEFRA). A comissão visitou um estaleiro para observar a triagem dos RCD na origem e uma empresa, a RGS 90, que aceita, trata e vende esses resíduos como um substituto para os agregados, entre outras utilizações. No estaleiro, existe um contentor para cada fracção de resíduos e os trabalhadores colocam cada elemento de resíduo no recipiente adequado, sendo os recipientes levados várias vezes por semana. A RGS 90 era originalmente um fornecedor de agregados mas mudou-se para a reciclagem de RCD quando o imposto sobre resíduos aumentou. Esta empresa privada ocupa um lugar de 100 hectares nos arredores de Copenhaga e lida com 10 a 15% de todos os resíduos da Dinamarca. A empresa cobra uma taxa mais elevada para a recepção de resíduos indiferenciados, pois com estes só pode ser manufacturado um produto de qualidade inferior (Department for Environment, Food and Rural Affairs, 2003). Um projecto de demonstração de utilização de RCD na construção foi realizado em Odense, onde foi construído um edifício de habitação com materiais reciclados, sempre que tecnicamente exequível (Carvalho, 2001): as fundações e a estrutura de betão foram feitas com agregados reciclados de betão e alvenaria de tijolo; as paredes foram feitas com tijolos reutilizados; e os pisos, portas e janelas construídas com madeira reutilizada. O projecto foi levado a cabo pela Sociedade de Renovação Urbana de Odense, com o apoio do Ministério do Ambiente e Energia e da Câmara Municipal Holanda A Holanda é um dos países da UE que apresenta um sistema de gestão de RCD mais avançado. O uso de materiais reciclados é promovido não só pelo Estado mas também pela própria indústria da construção. Em 1990, foi traçada a meta de 90% de reciclagem até 2000, tendo esta sido atingida em 1999, quando, dos 18 milhões de toneladas de RCD produzidos nesse ano, 16,2 milhões de toneladas foram reutilizados ou reciclados (Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001). Desde 1993 que uma variedade de iniciativas para estimular a prevenção e a reciclagem de RCD têm vindo a ser implementadas. As mais importantes que levaram a atingir uma taxa de reciclagem tão elevada são (Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001): a obrigação de separação na origem; a criação de um mercado atractivo para o uso de produtos reciclados; a elevada taxa existente para a deposição de RCD em aterro. Para além destas iniciativas, promove-se os produtos com maior durabilidade, o desenvolvimento de elementos construtivos facilmente desmontáveis e a melhoria de qualidade dos materiais de construção produzidos a partir de RCD. Hoje em dia, a maioria dos RCD é separada na origem como resultado de várias campanhas informativas, incentivos financeiros e regulações (Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001). Este factor aumenta consideravelmente as possibilidades de reciclagem, pois, ao proceder-se à separação dos RCD na origem, uma larga porção destes pode ser directamente reencaminhada para uma central de reciclagem, não necessitando de passar primeiro por uma central de triagem. Segundo o Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment (VROM), um elemento crucial 28

43 Indicadores de resíduos de construção e demolição na gestão de RCD é o mercado para materiais de construção manufacturados a partir de resíduos. O produto principal é o agregado reciclado, que é vendido como material para a construção de estradas e, em menores quantidades, para a produção de betão. As normas ambientais que os materiais secundários têm de cumprir são estabelecidas num decreto no âmbito de materiais de construção. A certificação do produto final dá aos clientes a confiança de que os produtos cumprem todas as exigências técnicas e ambientais. O Centro de Investigação Holandês (CUR) tem vindo a desenvolver especificações para a utilização de agregados reciclados. Em 1984, foi lançada a especificação para a utilização de agregados reciclados provenientes da britagem de betão e, em 1986, entrou em vigor a especificação homóloga para agregados reciclados de alvenaria (Gonçalves, 2007). Posteriormente, o CUR desenvolveu mais uma especificação, para agregados provenientes de resíduos de argamassa britada. Em 1997, foi proibida a deposição de RCD recicláveis em aterro, sendo mais tarde alargada a proibição a RCD combustíveis. Contudo, em 2001, a maioria dos aterros obteve uma isenção desta proibição. Essas isenções foram concedidas por de momento não existir capacidade suficiente de valorização ou incineração dos RCD (Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001). Apesar deste retrocesso, a deposição em aterro de RCD é pouco atraente por causa do alto imposto de aterro. No final da década de 80, era possível em algumas partes do país depositar RCD em aterro por cerca de 5 por tonelada. No entanto, nos anos recentes os preços cresceram bastante, custando agora cerca de 122 por tonelada (Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001). Sai geralmente mais barato processar os RCD para reciclagem ou, se combustíveis, para incineração. Em contrapartida, um significativo incentivo financeiro foi criado para compensar o uso benéfico dos RCD. Figura 3.2 Projecto Iguana Verde, em Stavoren (adaptado de Um projecto-piloto desenvolvido na Holanda é a Iguana Verde (Groene Leguaan), que contou com o apoio do programa LIFE da União Europeia e que consistiu na construção de casas ecológicas (Figura 3.2), em Stavoren, a preços acessíveis e com uma habitabilidade de alta qualidade (Gommer, 2000). Os materiais usados na construção das casas são na sua grande maioria reutilizados ou reciclados: as fachadas são de madeira; foram utilizadas tintas naturais; as paredes são de adobe, gesso cartonado e papel reciclado; e o isolamento térmico é à base de celulose e conchas. O aquecimento é feito através de painéis solares e tubagens subterrâneas e é reaproveitada a água da chuva para fins sanitários, máquinas de lavar roupa e loiça. Os referidos materiais têm muito menos impacte sobre o 29

44 3. Legislação e estratégias para os RCD ambiente durante todas as etapas do seu ciclo de vida do que os materiais de construção usuais, como o betão, os metais e os plásticos Alemanha A Alemanha é o país da UE que mais RCD produz mas também é um dos que tem a maior taxa de reciclagem destes. Em 2002, produziu cerca de 214 milhões de toneladas de RCD, cerca de 60% de todos os resíduos produzidos no país, tendo 85% destes sido reutilizados ou reciclados (Weisleder e Nasseri, 2006). A primeira lei da Alemanha sobre a eliminação de resíduos foi promulgada em 1972, estabelecendo uma mudança das lixeiras para aterros centralizados, controlados e regulados (Weisleder e Nasseri, 2006). Em 1986, foi publicada a lei para a prevenção e eliminação de resíduos. Esta descreve os princípios para a transição de eliminação para a gestão de resíduos. Segundo esta lei, o primeiro objectivo deve ser a prevenção de resíduos. Não sendo esta possível, a composição dos resíduos deve ser melhorada, a fim de permitir a reutilização ou reciclagem destes. Com base nesta lei, foi produzida, em 1993, regulamentação referente aos resíduos urbanos, especificando o tratamento e eliminação de resíduos e abrangendo os vários fluxos de resíduos, como os resíduos domésticos e os resíduos de construção e demolição. As metas desta regulação são (Weisleder e Nasseri, 2006): reciclar os resíduos que não possam ser evitados; reduzir a toxicidade dos resíduos; garantir que o tratamento ou eliminação dos resíduos não produz impactes ambientais. Descreve, ainda, que os RCD devem ser recolhidos e preparados para a recuperação separadamente na origem. Os municípios responsáveis devem encorajar a utilização de instalações móveis ou semi-móveis de recuperação de resíduos. Também contém requisitos relativos à eliminação de resíduos, sendo que as fracções de resíduos que não preencham os requisitos do regulamento não podem ser depositadas em aterro e terão que ser tratadas. A principal lei no âmbito da reciclagem e gestão de resíduos, KrW / AbfG, foi promulgada em 1996 (Weisleder e Nasseri, 2006). Esta lei definiu os princípios para o desenvolvimento da gestão de resíduos em direcção a uma economia de ciclo fechado. Estabeleceu uma nova hierarquia de tratamento de resíduos, onde a prevenção é melhor do que a reciclagem de resíduos, mas a reciclagem é preferível à eliminação de resíduos. A eliminação de resíduos só é permitida quando a reciclagem é inviável economicamente ou impossível. A fim de cumprir os objectivos da lei, os resíduos destinados a serem recuperados devem ser mantidos e tratados separadamente. Esta lei estabeleceu também a responsabilidade dos produtores sobre os resíduos resultantes dos seus produtos. Em 1992, um decreto oficial foi elaborada no âmbito dos RCD, contendo os requisitos para a prevenção, valorização e eliminação de resíduos sem afectar a qualidade do ambiente. Este também contém metas quantitativas para a recuperação e reciclagem de resíduos, com uma taxa de reciclagem de 60% a ter de ser atingida até 1995 (Weisleder e Nasseri, 2006). Em 1996, um novo documento foi divulgado contendo requisitos para a demolição ou desconstrução. Este exige, entre outras coisas, um plano de desconstrução que permita a separação dos materiais recicláveis. O documento estabelece ainda que a eliminação de RCD recicláveis tem de ser reduzida em 50%, com base nos níveis de 1995, até Embora estes dois projectos nunca tenham entrado em vigor, acabaram por produzir um acordo 30

45 Indicadores de resíduos de construção e demolição voluntário, assinado em 1996 por várias organizações industriais (Weisleder e Nasseri, 2006). O acordo incidiu essencialmente sobre os RCD e definiu a meta de atingir os objectivos previstos nos dois projectos que não chegaram a ser promulgados. Deste acordo saíram também algumas especificações técnicas referentes à utilização de materiais reciclados, como se mostra no Quadro 3.1. Consequentemente, passou a ser possível a utilização de RCD para a produção de betão. Quadro 3.1 Especificações técnicas para a utilização de materiais reciclados, resultantes do acordo voluntário de 1996 (adaptado de Schultmann, 2001) Área de aplicação Regulamento Aplicação Uso geral de minerais da reciclagem dos materiais Construção de estradas com material reciclado Betão com agregados reciclados Especificações técnicas do Bund / Länder-Arbeitsgemeinschaft Abfall (LAGA) RAL-RG 501/1 TL Min-StB 2000 TL RC ToB-StB 1995 Conselho Alemão para o Aço e Betão - Código para betão com agregados reciclados DIN DIN 4226 DIN 1045 Requisitos para a reciclagem dos resíduos inertes Avaliação da qualidade de materiais reciclados na construção de estradas Condições técnicas de entrega de materiais inertes na construção de estradas Condições técnicas suplementares de entrega de materiais inertes reciclados na construção de estradas Linha de orientação para o betão com agregados reciclados Agregados reciclados para o betão e argamassas Agregados para o betão Betão e betão armado: dimensionamento Bons exemplos de construções que aproveitaram estas especificações para a utilização de betão com agregados reciclados são o edifício habitacional Waldpirale (Figura 3.3) e os edifícios de escritórios Vilbeler Weg (Figura 3.4), ambos em Darmstadt. No primeiro caso, foi produzido um betão com agregados reciclados para as fundações e outro para a estrutura do edifício. A composição das misturas de betão é apresentada no Quadro 3.2. No segundo caso, os edifícios foram construídos simetricamente, com um projecto estrutural idêntico e praticamente com o mesmo uso. Ambas as estruturas são feitas com betão armado mas num dos edifícios, recorreu-se a um betão somente com agregados naturais e, no outro, a um betão com agregados reciclados, de modo a poder-se analisar no tempo o comportamento de ambos os betões. Apresenta-se no Quadro 3.3 a composição da mistura de betão para cada um dos edifícios Reino Unido Em 2003, o Gabinete do Vice-Primeiro-Ministro realizou um inquérito, na Inglaterra, sobre a amplitude e a utilização de RCD na construção. As estimativas sugerem que a quantidade de RCD produzidos na Inglaterra aumentou de cerca de 69 milhões de toneladas em 1999 para cerca de 91 milhões de toneladas em 2003 (Voronova, 2006). Durante este período, a proporção de RCD reciclados aumentou de 35 para 50%. A proporção de RCD enviados para aterro diminuiu de 37 para 32%. Os restantes 28% de RCD foram depositados em locais desocupados (normalmente na recuperação de terras, na modernização agrícola ou em projectos de infra-estruturas). O Reino Unido é um dos paí- 31

46 3. Legislação e estratégias para os RCD ses que mais RCD produz dentro da União Europeia mas é também um daqueles que mais políticas tem implementado de modo a reaproveitá-los. A estratégia para os resíduos tem como principais objectivos (Department for Environment, Food and Rural Affairs, 2010): fornecer as ferramentas ao sector para que este possa melhorar a sua eficiência através da produção de menores quantidades de resíduos, desde a concepção até à demolição; tratar os resíduos como um recurso, aumentando não só a reutilização e a reciclagem mas também a utilização de material recuperado; desenvolver o sector de reutilização e reciclagem, aumentando a sua procura e garantindo o investimento no tratamento de resíduos. Descreve-se de seguida os regulamentos mais importantes relativos à gestão de RCD. Figura 3.3 Edifício habitacional Waldpirale, em Darmstadt (adaptado de Figura 3.4 Edifício de escritórios Vilbeler Weg, em Darmstadt (adaptado de Quadro 3.2 Misturas de betão utilizadas no edifício Waldpirale (adaptado de Grübl et al., 1999) Tipo de betão Betão para as fundações Betão para a estrutura do edifício Classe de resistência à compressão B25 B25 Água (kg/m 3 ) CEM I 42,5 R (kg/m 3 ) CEM III / A 32,5 R (kg/m 3 ) Cinzas volantes Relação água / cimento 0,59 0,59 Areia 0/2a (kg/m 3 ) Agregados naturais 2/8 (kg/m 3 ) Agregados reciclados 8/16 (kg/m 3 ) Agregados naturais 16/32 (kg/m 3 ) Agente redutor de água (kg/m 3 ) 1,5 - Consistência inicial a 10min (cm) O Environmental Protection Act, de 1990, estabelece a base para o controlo da concessão de licenças e outras disposições destinadas a assegurar que o tratamento de resíduos, a sua eliminação ou recuperação, não prejudique o ambiente. Esta lei declara ainda, através do Duty of Care, que a responsabilidade pelos resíduos recai sobre todas as partes envolvidas na sua gestão (Voronova, 2006). Publi- 32

47 Indicadores de resíduos de construção e demolição cado em 1991, o Duty of Care informa que quem produz, importa, transporta, armazena, trata ou elimina os resíduos tem o dever de garantir que qualquer resíduo produzido é tratado de forma segura e em conformidade com a lei. Quadro 3.3 Misturas de betão utilizadas nos edifícios de escritórios Vilbeler Weg (adaptado de Garg et al., 1999) Constituintes Betão com agregados Betão com agregados reciclados naturais CEM I 42,5 R (kg/m 3 ) Água (kg/m 3 ) Cinzas volantes Areia 0/2a (kg/m 3 ) Agregados 2/8 (kg/m 3 ) Agregados 8/16 (kg/m 3 ) Em 2002, foi publicado um regulamento referente a aterros, Landfill Directive, que visa prevenir ou reduzir, tanto quanto possível, os efeitos ambientais negativos dos aterros sanitários (Voronova, 2006). Com esta directiva, é ilegal para um operador de aterro receber resíduos não tratados ou líquidos. Segundo a Agência Ambiental, esta é uma oportunidade para as empresas melhorarem as suas práticas de redução, triagem e reciclagem dos seus resíduos. Anteriormente, em 1996, já tinha sido implementada uma taxa para a deposição de RCD em aterro, sendo esta diferente para o caso de estes serem inertes ou não. A taxa para os RCD inertes é de 2,50 ( 2,85) por tonelada enquanto que para os RCD não inertes a taxa é de 40 ( 62,53) por tonelada. As taxas têm vindo a ser aumentadas todos os anos mas o Governo já assegurou que irão ser congeladas este ano (Department for Environment, Food and Rural Affairs, 2007). Também em 2002, foi introduzido um imposto sobre os agregados, para garantir que o impacte ambiental da extracção de agregados naturais é plenamente reflectido no preço, encorajando assim a utilização de agregados reciclados. Este imposto visa estimular a economia no uso de produtos reciclados a partir de RCD em lugar de produtos naturais. Em 2007, o imposto estava fixado em 1,60 ( 1,82) por tonelada de agregados naturais mas, desde 2008, esta taxa tem vindo a ser aumentada de 1,95 ( 2,22) por tonelada por ano (Department for Environment, Food and Rural Affairs, 2007). Em 2008, foi publicada uma nova regulamentação, tornando os planos de gestão de RCD na obra obrigatórios para todos os projectos de construção que custem mais de ( ). Este plano de gestão de RCD, Site Waste Managment Plan (SWMP), regista a quantidade e tipo de resíduos produzidos no estaleiro e a forma como os RCD vão ser reutilizados, reciclados ou eliminados. Segundo o DEFRA, o planeamento atempado da gestão de RCD na obra vai permitir (Department for Environment, Food and Rural Affairs, 2010): aumentar a quantidade de resíduos de construção que são recuperados, reutilizados e reciclados; melhorar a eficiência dos recursos materiais; diminuir a produção de resíduos; impedir os despejos ilegais. A implementação do SWMP é da responsabilidade do empreiteiro, cabendo às autoridades garantir a aplicação do plano e, em caso de falhas, impor sanções. O fluxo económico na gestão de RCD no Reino Unido pode ser descrito como mostra a Figura 3.5. O Governo publica leis e regulamentos sobre a gestão de resíduos. Todas as empresas, que produzem, processam e armazenam resíduos deverão cumprir esses regulamentos. As empresas de construção que produzem resíduos têm que pagar às empresas de resíduos para os reutilizar ou reciclar. Ao 33

48 3. Legislação e estratégias para os RCD mesmo tempo, as empresas de resíduos pagam aos aterros a taxa de deposição de RCD que não podem ser tratados. Figura 3.5 Fluxo económico na gestão de RCD (adaptado de Voronova, 2006) Algumas obras realizadas evidenciam a evolução nesta área, sendo um exemplo disso o BRE Environment Building (Figura 3.6), construído em Os materiais de construção especificados para a construção do edifício têm um alto teor de materiais reciclados e reutilizados, incluindo (Label for Environmental, Social and Economic Buildings, 2007): tijolos recuperados; 96% do edifício que anteriormente ocupava o local foi recuperado ou reciclado; no pavimento do hall de entrada e da área de conferências foi utilizado parquet de mogno recuperado; 90% do betão fabricado in situ utilizou agregados reciclados; foram utilizadas cinzas volantes na mistura de cimento. Figura 3.6 BRE Environment Building, em Watford (adaptado de Label for Environmental, Social and Economic Buildings, 2007) 34

49 Indicadores de resíduos de construção e demolição Espanha Em Espanha, a reciclagem de RCD ainda se encontra pouco desenvolvida, sendo a taxa de reciclagem menor do que 10%. Tal como em Portugal, só em 2008 foi publicada legislação para regular a produção e gestão deste fluxo específico de resíduos. Esta medida foi tomada como resposta aos aumentos imprevistos na produção de RCD, que superaram as estimativas mais pessimistas, após um período em que a indústria da construção registou um grande desenvolvimento (Sólis-Guzmán, 2009). Segundo as autoridades espanholas, as causas que levam ao baixo reaproveitamento dos RCD são: o despejo ilegal ou descontrolado de RCD, sem o cumprimento dos requisitos da legislação de aterro, e as baixas taxas de admissão de RCD em aterros autorizados, que dificultam a sustentabilidade e a rentabilidade da operação de estações de tratamento de RCD (Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino, 2009). Contudo, antes da implementação da nova legislação, já existiam alguns progressos na correcta gestão de RCD, particularmente na Comunidade Autónoma de Madrid, do País Basco e da Catalunha (Ruivo e Veiga, 2004). Este facto deve-se ao aumento da iniciativa pública e privada para a implementação de instalações de tratamento, tanto de equipamentos fixos e móveis para o tratamento de RCD como de aterros controlados (Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino, 2009). Existiram também avanços na formação e sensibilização do sector, em grande parte devido a iniciativas de formação levadas a cabo pela Confederação Nacional de Construção (CNC), congressos desenvolvidos pela Associação das Entidades de Reciclagem e Demolição (GERD) e outras iniciativas que beneficiaram do apoio institucional e financeiro do Ministério do Meio Ambiente e Meio Rural e Marinho (MARM). Estas Comunidades Autónomas desenvolveram também políticas activas no âmbito dos RCD, incluindo a aplicação de taxas sobre a sua deposição em aterro. É o caso da Catalunha, onde se alcançou um bom controlo do fluxo de RCD e o desaparecimento virtual de despejos não controlados no seu território (Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino, 2009). O Real Decreto 105/2008, de 1 de Fevereiro de 2008, é instituído como uma peça fundamental da política espanhola no âmbito dos RCD, esperando-se que contribua para o desenvolvimento sustentável de um sector tão importante para a economia espanhola como é o sector da construção. Este decreto aplica os princípios: da responsabilidade do produtor; de prevenção de resíduos; da responsabilidade entre todos os agentes envolvidos na cadeia de produção e gestão de RCD (Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino, 2009). Este novo regulamento obriga o arquitecto a incluir um estudo sobre a gestão de RCD na fase de projecto e compele o construtor a desenvolver um plano de gestão de RCD para a obra. Tanto o estudo como o plano são necessários para a obtenção da licença de construção e necessitam de conter dois aspectos importantes: as quantidades de resíduos e o custo do tratamento destes (Sólis- Guzmán, 2009). O decreto impõe também a obrigação de separação dos RCD na origem, a partir de certos limites, de modo a facilitar a sua posterior valorização, e a proibição de deposição de RCD sem tratamento prévio, de maneira a desencorajar a deposição de resíduos valorizáveis. Prevê ainda o estabelecimento de um mecanismo de controlo vinculado à obtenção de licenças de construção, no qual o produtor, através de uma caução, garante o cumprimento das exigências de gestão dos RCD a ser produzidos no local. A fim de atingir níveis de reciclagem aceitáveis, as autoridades espanholas pretendem ainda agir, através de regulamentos futuros, sobre dois aspectos fulcrais para a correcta gestão de RCD: incidir de forma especial na erradicação de aterros ilegais e nas condições de funcionamento daqueles que 35

50 3. Legislação e estratégias para os RCD estão legalizados, especialmente nos preços de admissão de RCD; estimular a procura por produtos reciclados de RCD, especialmente agregados reciclados, através da aplicação de normas sobre as condições técnicas e ambientais destes materiais, a fim de facilitar a sua inclusão em obra (Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino, 2009). Um exemplo de boa gestão de RCD ocorreu, em 1992, em Barcelona, durante a construção das infraestruturas necessárias para os Jogos Olímpicos. Foram produzidas cerca de 1 milhão de toneladas de agregados reciclados. Estes foram utilizados sobretudo como sub-base de auto-estradas e para a construção das estradas e ruas da cidade olímpica. Outros exemplos de aplicação de RCD reciclados são a auto-estrada Ronda del Litoral, em Barcelona, e a auto-estrada que liga Valdepeñas e Almuradiel, cujas camadas de base e sub-base são constituídas por material reciclado (Ruivo e Veiga, 2004) Panorama actual em Portugal A indústria da construção em Portugal não tem a tradição de reutilizar ou reciclar os próprios resíduos que produz, acabando a grande maioria destes depositados em aterros ou despejados ilegalmente. A legislação para a regulamentação do fluxo de RCD foi aprovada em Esta surgiu como uma necessidade de grande importância dentro da gestão de resíduos, não só devido às grandes quantidades que são produzidas deste resíduo específico mas também devido às frequentes deposições ilegais de RCD que têm de ser travadas. O regime jurídico de gestão de resíduos foi pela primeira vez aprovado em Portugal através do Decreto-Lei n. o 488/85. Este documento incentivava: a menor produção de resíduos; o desenvolvimento de processos tecnológicos que permitissem a reciclagem dos resíduos; a eliminação dos resíduos não reciclados em condições de máximo aproveitamento do seu potencial energético. Contudo, a evolução rápida do direito comunitário determinaria a revogação daquele diploma pelo Decreto-Lei n. o 310/95, que tratou de operar a transposição para a ordem jurídica interna das directivas europeias. Mais tarde, este seria revogado pelo Decreto-Lei n. o 239/97, que estabelecia as regras gerais para a correcta gestão de resíduos. Actualmente, encontra-se em vigor o Decreto-Lei n. o 178/2006, que veio revogar o DL 239/97. Segundo este decreto, as obrigações gerais são: separação selectiva dos resíduos na origem, de forma a promover preferencialmente a sua valorização; envio de resíduos para entidades licenciadas para a sua gestão; proceder ao licenciamento das operações de gestão de resíduos; cumprir as regras sobre operações de transporte de resíduos; registo e envio electrónico de resíduos. Apesar de todo o esforço legislativo que a gestão de resíduos sofreu desde 1985, só em 2008 foi publicada a primeira regulamentação específica à gestão de RCD, através do Decreto-Lei n. o 46/2008. No Quadro 3.4, apresenta-se a principal legislação portuguesa, que pode incidir sobre os RCD, em ordem cronológica. Das alterações instituídas pelo DL 46/2008, a Agência Portuguesa do Ambiente (2010) destaca, entre outras: - a possibilidade de reutilização de solos e rochas não contendo substâncias perigosas, preferencialmente na obra de origem; caso isso não seja possível, é prevista a reutilização noutras obras para além da de origem, bem como na recuperação ambiental e paisagística de pedreiras, na cobertura de aterros destinados a resíduos ou ainda em local licenciado pelas câmaras municipais; - a definição de metodologias e de práticas a adoptar nas fases de projecto e execução da obra que privilegiem a aplicação do princípio da hierarquia das operações de gestão de resíduos; 36

51 Indicadores de resíduos de construção e demolição Quadro 3.4 Principais documentos legislativos, que podem incidir sobre os RCD, aprovados em Portugal, nos últimos anos (adaptado de Coelho e Brito, 2007) Legislação Descrição geral Portaria n. o Aprova as operações de gestão de resíduos (revogado 15/96, 23 de Janeiro de 1996 pela Portaria n. o 209/2004) Portaria n. o 335/97, 16 de Maio de 1997 Estabelece as regras de transporte de resíduos Portaria n. o Aprova a lista europeia de resíduos (revogado pela 818/97, 5 de Setembro de 1997 Portaria n. o 209/2004) Decreto-Lei n. o Estabelece as regras gerais de gestão de resíduos (revogado pelo Decreto-Lei n. o 178/2006) 239/97, 9 de Setembro de 1997 Legisla a autorização de processos de gestão de resíduos industriais, urbanos e de outros tipos (revogado Portaria n. o 961/98, 10 de Novembro de 1998 pelo Decreto-Lei n. o 178/2006) Portaria n. o Aprova a lista de resíduos industriais não perigosos 792/98, 22 de Setembro de 1998 (revogado pela Portaria n. o 1408/2006) Decreto-Lei n. o Regula a instalação e a gestão de aterros de materiais 321/99, 11 de Agosto de 1999 não perigosos (revogado pelo Decreto-Lei n. o 152/2002) Decreto-Lei n. o Aprova o Plano Estratégico para os resíduos industriais 516/99, 2 de Agosto de 1999 não perigosos Regula a instalação, utilização, encerramento e pósencerramento de aterros (revogado pelo Decreto-Lei n. o Decreto-Lei n. o 152/2002, 23 de Maio de /2009) Portaria n. o 209/2004, 3 de Março de 2004 Lista europeia de classificação de resíduos Decreto-Lei n. o 178/2006, 5 de Setembro de 2006 Estabelece as regras gerais de gestão de resíduos Portaria n. o Aprova o Regulamento de Funcionamento do Sistema 1408/2006, 18 de Dezembro de 2006 Integrado de Registo Electrónico de Resíduos Decreto-Lei n. o 46/2008, 12 de Março de 2008 Estabelece as regras gerais de gestão de RCD Decreto-Lei n. o 183/2009, 10 de Agosto de 2009 Regime jurídico da deposição de resíduos em aterro - o estabelecimento da obrigação de triagem prévia à deposição dos RCD em aterro; - a introdução de uma taxa de gestão de resíduos específica para a deposição de inertes de RCD, de valor inferior ao previsto no DL 178/2006, de forma a ajustar o referido instrumento tributário ao forte condicionamento criado pela concorrência dos agregados resultantes da actividade extractiva; - a definição de requisitos técnicos mínimos para as instalações de triagem e fragmentação; - a dispensa de licenciamento para determinadas operações de gestão, nos casos em que não só o procedimento de licenciamento não se traduzia em mais valia ambiental, como constituía um forte obstáculo a uma gestão de RCD concordante com os princípios da hierarquia de gestão de resíduos; - a aplicação de RCD em obra condicionada à observância de normas técnicas nacionais ou comunitárias; na ausência de normas técnicas aplicáveis, são observadas as especificações técnicas definidas pelo Laboratório Nacional de Engenharia (LNEC), relativas à utilização de RCD designadamente em agregados reciclados grossos em betões de ligantes hidráulicos, aterro e camada de leito de infraestruturas de transporte, agregados reciclados em camadas não ligadas de pavimentos e misturas betuminosas a quente em central; - a obrigação de emissão de um certificado de recepção por parte do operador de gestão dos RCD; - o condicionamento do licenciamento de obras particulares e a recepção de obras públicas que se encontram dependentes da evidência de uma boa gestão dos RCD; esta interligação é conseguida por via da aplicação simultânea do diploma específico de RCD, do Código dos Contratos Públicos (CCP) e do Regulamento Jurídico da Urbanização e da Edificação (RJUE), sendo que a elaboração e execução do Plano de Prevenção e Gestão de RCD (PPG), no âmbito das obras públicas, e o Registo 37

52 3. Legislação e estratégias para os RCD de Dados de RCD no respeitante às obras particulares, constituem mecanismos inovadores que permitem condicionar os actos administrativos associados ao início e conclusão das obras à prova de uma adequada gestão deste tipo de resíduos. As Câmaras Municipais têm um papel fundamental na correcta gestão de RCD, não só pela criação de espaços para a instalação de unidades de triagem mas também pela disponibilização de locais para deposição dos inertes passíveis de reaproveitamento. Descreve-se de seguida dois projectos pioneiros levados a cabo pela Câmara Municipal do Barreiro (CMB) e pela Câmara Municipal de Montemoro-Novo (CMMN). A CMB tem em prática, há dez anos, um sistema de recolha de RCD no caso de pequenas obras, como trabalhos de reabilitação, renovação ou remodelação (Costa, 2009). Os interessados requisitam na CMB uns sacos, denominados Big Bags, até a um máximo de seis, cada um com capacidade para 1 m 3. Estes sacos encontram-se marcados e são entregues mediante apresentação de uma guia de pagamento. No final da obra, a recolha dos sacos fica a cargo da CMB através da empresa SUMA (Serviços Urbanos e Meio Ambiente). O destino dos sacos é o aterro sanitário da AMARSUL (Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos), onde os inertes são utilizados para a camada de base do aterro e os solos como cobertura (Lobato, 2009). Realça-se que, desde a sua origem até ao seu destino final, os RCD não sofrem qualquer tipo de triagem ou tratamento. A CMB procura neste momento inverter esta situação, encontrando-se em conversações com empresas da área e com o Instituto Superior Técnico (Costa, 2009). Em 2008, a CMB recolheu 1075 sacos, o correspondente a toneladas de RCD. Segundo a própria, mais de 90% do total de RCD produzidos em obras deste tipo. Nas Figuras 3.7 e 3.8, apresenta-se a evolução dos resultados desta recolha levada a cabo pela CMB. Quantidade de RCD recolhidos Quantidade recolhida (toneladas) Figura 3.7 Quantidade de RCD recolhidos (adaptado de Costa, 2009) Quantidades de sacos para RCD entregues a particulares Quantidades de sacos para RCD entregues a particulares Figura 3.8 Quantidade de sacos para RCD entregues a particulares (adaptado de Costa, 2009) 38

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