Diferença entre portadores de doenças graves aposentados, pensionistas e reformados para o portador de doenças graves trabalhando
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- Elias Almada Barbosa
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1 Diferença entre portadores de doenças graves aposentados, pensionistas e reformados para o portador de doenças graves trabalhando INTRODUÇÃO Ao ser diagnosticada uma doença grave em si próprio ou em um ente querido é de se perder o chão, muda rotina, pode trazer sequelas psíquica e física, e muitas vezes até a depressão ao paciente e aos familiares. Mesmo com toda mudança radical do dia-a-dia, a luta pela vida, ainda assim, os pacientes se deparam com outra luta mais árdua que é a busca de seus direitos. DAS LEGISLAÇÕES Quando acometido de doenças graves previstas na Portaria Interministerial n.º 2.998/01, art. 1º, 2º e 3º. Com auxilio/complemento de outras Leis, podem beneficiar pacientes (exceto para servidores públicos e Militares que são regidos por regime próprio) portadores dessas doenças. No entanto, não são divulgadas e pior ainda, não existe única Lei que abrange este assunto. Portanto, pacientes de câncer e doenças graves prevista na Portaria Interministerial n.º 2.998/01, art. 1º, 2º e 3º, têm direitos específicos e benefícios garantidos por lei, mas poucos pacientes/familiares sabem disso. Assim, visando facilitar a vida do paciente que já está debilitado emocionalmente, reunimos as Leis que poderão facilitar e solucionar as pedras que encontrarem no caminho, possibilitando uma luz no fim do túnel. O Decreto-lei n.º 1.044/69 nos art. 1º, 2º e 3º atribuem aos estudantes como compensação das ausências às aulas, exercício domiciliares com acompanhamento da escola, sempre que compatíveis com o seu estado de saúde e as possibilidades do estabelecimento. A Constituição Federal de 1988, art. 203, V, garante um salário-mínimo de beneficio mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.
2 Neste mesmo contexto, também, possui a Lei 8.742/93, com modificações da Lei 9.720/98, regulamentada pelos Decretos n.º 6.214/07 e 6.564/08. A lei n.º 8.213/91, arts. 59 a 63 referem-se ao Auxílio-doença INSS para o segurado que ficar incapacitado para seu trabalho ou atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos. A Lei n.º 8.213/91, art. 151 prevê independentemente de carência a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa; hanseníase; alienação mental; neoplasia maligna; cegueira; paralisia irreversível e incapacitante; cardiopatia grave; doença de Parkinson; espondiloartrose anquilosante; nefropatia grave; estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante); síndrome da deficiência imunológica adquirida-aids; e contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada. Neste mesmo contexto o Decreto n.º 3.048/99, art. 45 regulamenta que o valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de vinte e cinco por cento, ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal; e/ou recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado. A Lei n.º 8213/91, art. 16, I, II, III e paragrafo único prevê quais dependentes do trabalhador possa se valer da Pensão por Morte INSS. Já no art. 15, I,II, III,IV, V e os parágrafos únicos 1º e 2º prevê em quais situações é mantida a qualidade de segurado. A Lei 8.922/94 acrescentou dispositivo ao art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, para permitir a movimentação da conta vinculada quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de neoplasia maligna. A Lei 7.670/88, art. 1ª estende aos portadores SIDA/AIDS. As Leis deveriam ser mais abrangentes, pois doenças graves não é apenas neoplasia maligna (câncer), mas também os demais relacionados na Portaria Interministerial n.º 2.998/01. No caso do PIS/PASEP somente trabalhadores cadastrados até 04/10/88, portadores de neoplasia maligna (câncer) e portador do vírus SIDA/AIDS, e que possuem saldo de quotas poderão sacar o saldo conforme Resolução n.º 1, de 15/10/96 e Resolução n.º 5, 12/09/02, ambas do Conselho Diretor do PIS/PASEP.
3 Já a isenção do Imposto de Renda somente beneficia os aposentados, reformados e pensionista, desde que se enquadram na Lei n.º 7.713/88, art. 6º, XIV. Não gozam de isenção o paciente que for portador de uma moléstia, mas ainda não se aposentou, ou seja, que permanece trabalhando. Neste mesmo contexto, constam o Decreto n.º 3.000/99, art. 39, XXXI, XXXII, XXXIII, XLII, XLIII e XLIV. Os pacientes portadores de doenças graves, mesmo permanecendo em atividade de trabalho merecem usufruir do beneficio fiscal, já que também, efetuam imensos gastos com tratamento e remédios para sua sobrevivência, não sendo justo fazer com que eles contribuam para com Estado neste momento delicado da sua vida e saúde. Sobre esse assunto, Antonieta Barbosa, na obra Câncer Direito e Cidadania, 14ª edição, editora Atlas, salienta: As doenças citadas no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/88, entre elas a neoplasia maligna, acarretam pesados encargos aos seus portadores. Tratamentos cirúrgicos, exames dos mais simples aos mais sofisticados, medicamentos de uso contínuo, quimioterapia, radioterapia, além de acompanhamento médico, psicológico e fisioterapêutico, constantes e dispendiosos, passam a ser rotina para o paciente acometido de câncer. Tributar seus proventos seria impor um encargo muito pesado aos rendimentos de quem já é obrigado a arcar com tantas despesas extras e imprevistas, que implicam a diminuição de sua capacidade contributiva. O mesmo ocorre para isenção do IPI (compra de veículo), somente beneficia os aposentados, reformados e pensionista, desde que se enquadram na Lei n.º 8.989/95, regulamentada pela IN-RFB n.º 988/09, art. 2º. Em 2003 surgiram duas Leis n.ºs e isentando o Deficiente Condutor (beneficiário que pode conduzir o veiculo próprio) e o Deficiente não Condutor (representantes que poderão conduzir o veículo). Portanto, os portadores de doenças graves poderão usufruir dessas duas leis quando em função da doença/tratamento tenha se tornado deficiente físico. No caso do ICMS a isenção só ocorre em decorrência da isenção do IPI, conforme Convênio ICMS n.º 03/07, cláusula 1ª e 2ª e cláusula 1ª, paragrafo 3º.
4 A Lei n.º 8.383/91, art. 72, IV, a, b e art. 72, paragrafo primeiro, a isenta IOF única vez. A isenção do IPVA no Estado de São Paulo não é concedida por ser portador de doenças graves e sim pelas sequelas causadas pela doença, conforme Lei n.º /08, art. 13, III. Para o IPTU não existe Lei especifica para isenção, ainda tramita na Câmara dos Deputados Federal um Projeto de Lei Complementar n.º , mas isso não impede do paciente contatar à Secretaria de Finanças do seu município para verificar a possibilidade de isenção. O intuito desse texto é demonstrar que existem muitas isenções aos portadores de doenças graves, mas que não devem ser fácil de conseguir, e que também, não é para desmotivar a luta de buscar os direitos de cidadania. Mas o intuito maior é demonstrar que as Leis aqui relacionadas não contemplam a todos portadores de doenças, contrariando o art. 5 º da Constituição Federal, in verbis: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade... Ainda neste mesmo contexto, o art. Art. 196 da Constituição Federal prevê: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Por que há diferença entre os portadores de doenças graves aposentados, pensionistas e reformando e os que estão trabalhando, já que o custo do tratamento é alto e todos merecem qualidade de vida e psíquica.
5 DOS PROJETOS DE LEI É lamentável saber que existe desde 2001 um Projeto de Lei elaborado pelo Deputado Feu Rosa tramitando no congresso para incluir isenção ao Imposto de Renda a todos os portadores de doenças graves prevista em Lei, mesmo a àqueles que permanecem na ativa profissional. Em 2011, outro Projeto de Lei elaborado pelo Deputado Edinho Bez semelhante ao que já foi apresentado ao Congresso e não continua na gaveta. Nenhum desses Projetos de Leis aparentemente foram adiante. No entanto, a população não tem ciência de que essa proposta encontra-se parada, impossibilitando que portadores de doenças graves possam suprir o seus gastos ficando isento do Imposto de Renda mesmo estando trabalhando. DO NOVO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL Em 30/01/2013 o Tribunal Regional Federal da Primeira Região -TRF-1, envolvendo o tema em questão, altera o seu entendimento quanto à isenção do IRPF para os portadores de doença grave que permanecem trabalhando. Essa decisão, ainda, cabe recurso e pode ser reformada. Dados Gerais Processo: EIAC 9545 BA Relator(a): DESEMBARGADOR FEDERAL LUCIANO TOLENTINO AMARAL Julgamento: 30/01/2013 Órgão Julgador: QUARTA SEÇÃO Publicação: e-djf1 p.1023 de 08/02/2013 Ementa TRIBUTÁRIO - AÇÃO ORDINÁRIA - IRPF - MOLÉSTIA GRAVE (ART. 6º, XIV, DA LEI Nº 7.713/88)- ISENÇÃO: "RENDIMENTOS"
6 DA ATIVIDADE, NÃO APENAS "RENDIMENTOS" DA INATIVIDADE (PROVENTOS DE APOSENTADORIA/REFORMA) - EMBARGOS INFRINGENTES NÃO PROVIDOS. 1- A isenção, vicejando só em prol dos "inativos portadores de moléstias graves", está descompromissada com a realidade sóciofático-jurídica; a finalidade (sistemática) da isenção, na evolução temporal desde sua edição em 1988; os princípios da isonomia e da dignidade humana e, ainda, com o vetor da manutenção do mínimo vital. 2- Acontextualização fático-jurídica, em olhar conectado com o hoje, da isenção (salvoconduto tributário), que propende a ser vitalícia, é do tipo "geral" e "ex vi legis", a toda situação em que caracterizadas as patologias. Eventual e continuada ampliação do rol das doenças não considera eventuais cura, agravamento, recidivas ou remissão de sintomas. 3- Da institucionalização da isenção (1988) até hoje transcorreram 25 anos. Àquele tempo, a transposição para a inatividade, imperativa e com afastamento obrigatório das atividades, era a conseqüência para os males. Mantida a densidade de significado ("ratio legis") para justificar a isenção, que sempre foi o "fato objetivo da moléstia grave em si" e a idéia genérica do incremento de custos para continuidade da vida (perda/redução da capacidade contributiva), abrem-se novas situações: contribuintes conseguem manter-se, em certos casos, em pleno potencial profissional, auferindo proventos de aposentados (rendimentos da inatividade) e, até, valores decorrentes de vínculos ulteriores (rendimentos da atividade). 4- Inimaginável um contribuinte "sadio para fins de rendimentos ativos" e, simultaneamente, "doente quanto a proventos". Inconcebível tal dicotomia, que atenta contra a própria gênese do conceito holístico (saúde integral). Normas jurídicas não nascem para causar estupor. 5- Osó conviver com a patologia, à constante sombra da morte ou da má qualidade de vida, alça novos vínculos empregatícios ao grau de
7 terapêutica afeto-social (de higiene mental) e reforço do sentido de existir: tributação seria desestímulo sem justa razão. 6- Cabe ao interprete da norma legal extrair da sua objetividade normativa o seu alcance social, não significando, tal, ampliação dos seus destinatários e/ou os casos de sua incidência. 7- Embargos infringentes não providos. 8- Peças liberadas pelo Relator, em Brasília, 30 de janeiro de 2013, para publicação do acórdão. CONCLUSÃO O tema em questão demonstra por si só as dificuldades dos portadores de doenças graves conseguirem quaisquer isenções nos impostos. E mais difícil ainda àqueles que não estão aposentados, reformados e pensionistas. Mas sempre ao meio turbulento encontra-se uma boa alma que consegue fazer diferença, principalmente, aqueles que já se encontram com um fardo maior que é lutar, lutar, lutar pela VIDA! A atual decisão do TRF-1, ainda, cabe recurso e pode ser reformada, infelizmente! Mas neste momento, podemos acreditar que essa Turma fez a diferença quebrando o paradigma de uma decisão inovadora. A Justiça não deve parar por aí, existem outros benefícios que devem se estender, também, aos Portadores de Doenças Graves que estão trabalhando, e que já estão disponibilizados aos Portadores de Doenças Graves Aposentados, Pensionistas e Reformados. Como outros benefícios que não foram concedidos, tais como IPVA no Estado de São Paulo que ainda não é concedida por ser portador de doenças graves e sim pelas sequelas causadas pela doença. E o IPTU não existe Lei especifica para isenção, ainda tramita na Câmara dos Deputados Federal um Projeto de Lei Complementar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
8 Barbosa, Antonieta Câncer, Direito e Cidadania: Como a Lei pode beneficiar pacientes e familiares 14. Ed. São Paulo: Atlas, 2012 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de Brasília: Senado Federal. Sitio Consultado: MOURA, Wesley Luiz de. O alcance da isenção do IRPF no caso dos portadores de doença grave que permanecem trabalhando. Recente paradigma do TRF1. Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3586, 26abr Disponível em: < Acesso em: 13 set JusBrasil, jurisprudência Autora: Angela Favorin da Cunha Graduada em Administração de Empresas pela Faculdade Oswaldo Cruz, Pós-Graduada em Marketing pela Fundação Armando Alvares Penteado- FAAP. Atualmente, cursando Direito e estagiando no escritório Costa Oliveira Consultoria.
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