EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROMOTOR DA PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO DA CAPITAL
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- Pedro Lucas Correia Dreer
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1 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROMOTOR DA PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO DA CAPITAL REF.: Implantação de Ciclovias e de Ciclofaixas pela Prefeitura do Município de São Paulo em desacordo com a Lei Federal 8.666/93. GILBERTO TANOS NATALINI, brasileiro, casado, vereador da Câmara Municipal de São Paulo, portador da cédula de identidade RG SSP-SP, inscrito no CPF/MF com o nº , com endereço no Viaduto Jacareí, nº 100, sala 415, tel , Bela Vista, São Paulo (SP), CEP , vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer a presente REPRESENTAÇÃO, pelos motivos de fato e de direito a seguir relatados. 1. Da implantação da rede cicloviária pela Prefeitura do Município de São Paulo A Prefeitura informa que está em fase de elaboração o Plano de Mobilidade de São Paulo (PlanMob/SP), que é a referência técnica e a proposta estratégica que orienta toda a política de mobilidade urbana, indicando os princípios, diretrizes e ações dessa política, apontando ações e medidas futuras complementares que porventura escapem ao contorno técnico atual do plano (doc. 01).
2 2 O transporte não motorizado (bicicleta) está contemplado no plano, sendo que a meta estabelecida pela administração municipal é implementar 400 km de rede cicloviária até 2015 (doc. 01), como se pode observar: A Prefeitura de São Paulo abriu 220 km de novas ciclovias e deverá entregar 400 km até o final de 2015, formando uma rede cicloviária contínua que cobrirá todas as regiões da cidade. As ciclovias são implantadas conforme as seguintes diretrizes de desenho e integração: viagem; interesse; plantação preferencialmente no lado esquerdo da via; A meta da Prefeitura é que a participação das bicicletas nos modos de transporte utilizados pela população suba dos atuais 0,6% para cerca de 3% até 2029 e que a rede cicloviária chegue a 1.000km. O PlanMob/SP 2015 vai estabelecer o compromisso da administração municipal com a expansão da infraestrutura cicloviária, garantindo e estimulando o uso da bicicleta na cidade com segurança e funcionalidade. Ocorre que os métodos utilizados pela prefeitura para atingir esses objetivos são discutíveis do ponto de vista da legalidade e da eficiência no uso dos recursos orçamentários alocados.
3 3 2. Das suspeitas de ilegalidade na contratação e na execução das obras A falta de licitação específica para contratar obras de ciclovia, o uso pulverizado de atas de registro de preço para tocar os serviços a partir de secretarias, subprefeituras e empresas municipais e a suspeita de superfaturamento e corrupção no programa de construção e instalação de pistas de bicicleta em São Paulo levaram o signatário a pedir ampla investigação e providências jurídicas que, eventualmente, impliquem a interrupção das obras de ciclovias e ciclofaixas da Prefeitura. Um dos casos mais graves é o da ciclovia da Avenida Faria Lima, que liga o CEAGESP, na Zona Oeste de São Paulo, ao Parque Ibirapuera, na Zona Sul, num total de 19 quilômetros. Após manifestação do Tribunal de Contas do Município, a Prefeitura interrompeu as obras do Contrato nº 8, de 2014, no valor de R$ 15,7 milhões, em 4 quilômetros da ciclovia da pista, no trecho que vai da Avenida Professor Fonseca Rodrigues (altura do Parque Villa-Lobos) até a Avenida Pedroso de Moraes (Pinheiros). O TCM manifestou-se após descobrir que a obra, no valor de R$ 15,7 milhões, estava sendo feita exatamente em cima de outra pista, concluída em dezembro de 2012 (administração Gilberto Kassab), que havia custado R$ 1,5 milhão, ou seja, dez vezes menos. Após interromper as obras, a Prefeitura não implantou sinalização de trânsito, trazendo insegurança aos ciclistas, e abandonou trechos que haviam sido abertos, piorando as condições da ciclovia pronta desde o final de A qualidade do piso feito pela atual gestão é inferior ao realizado anteriormente, mas agora isso está em parte destruído, afirmou Natalini. Para justificar seu programa de ciclovias, a Prefeitura emitiu nota alegando que, dos 19 quilômetros da ciclovia da Avenida Faria Lima, apenas 2 quilômetros haviam sido executados pela administração anterior. Não é verdade: já estavam prontos os 10 quilômetros que ligam a Avenida Faria Lima (na altura da Avenida Cidade Jardim) até a Avenida Queiroz Filho (depois do Parque Villa-Lobos, na Vila Leopoldina). De qualquer forma, as obras da atual administração municipal na ciclovia da Avenida Faria Lima estão previstas em R$ 54 milhões, o que soma R$ 2,842 milhões
4 4 por quilômetro de obra. Outra ciclovia em obras, a da Avenida Paulista, na região central da cidade, com 4 quilômetros de extensão, deverá custar R$ 12,2 milhões, o equivalente a R$ 3,050 milhões por quilômetro. A terceira grande ciclovia planejada pela Prefeitura, a da Rua Amaral Gurgel/Avenida São João, também no Centro de São Paulo, está orçada em R$ 7,6 milhões e terá 4,8 quilômetros de extensão R$ 1,583 milhão por quilômetro. Em reportagem publicada em 13 de fevereiro, a revista Veja São Paulo (doc. 01) calculou em R$ 650 mil o quilômetro das ciclovias/ciclofaixas da Prefeitura, contra a média mundial de R$ 300 mil por quilômetro. Na verdade, o custo médio por quilômetro das três ciclovias programadas pela administração municipal é de R$ 2,491 milhões, quase quatro vezes mais do que o estimado por Veja São Paulo. Em outra frente, a Prefeitura pretende gastar R$ 2 milhões com ciclofaixas. O TCM aguarda informações da administração para calcular o custo por quilômetro, estimado em R$ 180 mil na nota emitida pela gestão municipal. O valor é alto, pois as ciclofaixas implicam apenas pintura e instalação de tachas e tachões na via pública. O gabinete de Gilberto Natalini calculou em R$ o custo de tinta por quilômetro de ciclofaixa. O autor, que é médico e ambientalista, explica que sempre foi um defensor do uso de bicicletas e da criação de ciclovias, mas não aceita os métodos que vêm sendo usados pela Prefeitura. Ao decidir fazer as obras por ata de registro de preços e não por licitação específica, a Prefeitura incorreu em outras irregularidades. As tais atas estão pulverizadas em quatro secretarias, subprefeituras e em duas empresas municipais, dificultando a fiscalização e, principalmente, a obtenção de preços melhores pelos mesmos serviços. Obras de ciclovia são incompatíveis com atas de registros de preço, que servem para serviços simples, de manutenção, e não para construções mais complexas como pistas para bicicletas. Por isso, ciclovias requerem licitações com editais, projetos básicos e executivos para que os trabalhos possam ser realizados com correção e economia de recursos públicos.
5 5 A administração municipal usa item de ata de registro de preços para a ciclovia da Avenida Paulista, por exemplo, que prevê até 30 m³ de retirada de terra com carga em caminhão, transporte e descarga de terra até o local do bota-fora. O serviço tem de ser realizado em até 20 dias. O problema é que a obra da ciclovia da Avenida Paulista tem prazo inicial de 12 meses de duração e, pior, a Prefeitura estima retirar mais de 24 mil m³ de terra com carga em caminhão, ou seja, mais de 800 vezes a mais que o limite máximo da ata de registro de preços. Outra irregularidade, na ciclovia da Rua Amaral Gurgel/Avenida São João, é a do uso de ata de registro de preços que estabelece, por exemplo, a remoção de entulho com caçamba metálica, inclusive carga mecânica e descarga em bota-fora, de até 53 m³. No contrato da Prefeitura, porém, é solicitada a remoção de m³ de entulho, isto é, 100 vezes mais que o limite autorizado pela ata. A conduta é suspeita porque não foi feita licitação específica, por meio de pregão presencial, o que seria o mais indicado para essas obras. São necessárias explicações sobre os altos custos que fazem das ciclovias e ciclofaixas de São Paulo, provavelmente, as mais caras do mundo. 3. Do pedido Segundo o Tribunal de Contas do Município (TCM), há suspeitas de condutas ilegais na construção das ciclovias iniciadas na gestão de Fernando Haddad (doc. 03). Haveria desrespeito à Lei Federal 8.666/93 (Lei de Licitações), o que pode levar à paralisação das obras, no caso de a prefeitura não dar respostas que justifiquem a forma de contratação das empresas. Os problemas verificados pelo TCM são os seguintes; (I) a falta de projeto básico; (II) a falta de justificativa para as quantias estimadas no orçamento das obras; (III) a falta de detalhamento do objeto dos contratos; (IV) a indevida utilização da Ata de Registro de Preços para a contratação dos serviços, quando o correto seria a modalidade de concorrência, prevista na Lei de Licitações.
6 6 Tendo em vista os fatos acima relatados, o autor requer: 1) que seja instaurado procedimento investigatório, a fim de apurar os indícios de violação à Lei Federal 8.866/93 (Lei de Licitação) nas obras de execução da malha cicloviária implementada pela Prefeitura do Município de São Paulo; 2) que sejam requeridas informações aos órgãos competentes da Prefeitura do Município de São Paulo e ao Tribunal de Contas do Município de São Paulo; 3) caso sejam reunidos elementos de convicção suficientes, que sejam adotadas as medidas judiciais cabíveis em face dos agentes responsáveis pela violação à legislação em vigor, nos termos do art. 129, inc. III da Constituição Federal. São Paulo, 27 de fevereiro de Termos em que, pedem deferimento. Gilberto Tanos Natalini Vereador (PV/SP) Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo
7 7 LISTA DE DOCUMENTOS ANEXOS: 1. Plano de Mobilidade de São Paulo: Texto base fevereiro de Câmara Municipal e Ministério Público investigam projeto de ciclovias (Revista Veja13 de fevereiro de 2015). 3. Tribunal aponta irregularidades em rota (Folha de S. Paulo, 10 de fevereiro de 2015).
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