MÚSICA PARA DEFICIENTES VISUAIS: PRIMEIRAS AÇÕES DO PROJETO DE EXTENSÃO DESENVOLVIDO PELA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
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- Liliana Costa Anjos
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1 MÚSICA PARA DEFICIENTES VISUAIS: PRIMEIRAS AÇÕES DO PROJETO DE EXTENSÃO DESENVOLVIDO PELA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ Juciane Araldi Vânia Malagutti Fialho Resumo: O projeto de Extensão Música para Deficientes Visuais é uma parceria entre o Departamento de Música (DMU), e o Programa interdisciplinar de apoio à excepcionalidade (PROPAE), e vinculado á Pro-reitoria de Extensão e Cultura (PEC) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Tem como objetivo tornar acessível o contato dos deficientes visuais com o conhecimento sistematizado de música e para tanto, propõe a realização de cursos de vivências musicais, leitura e escrita musical em Braille - Musicografia Braille - iniciação ao instrumento musical. Além disso o projeto prevê a realização de recitais interativos para a comunidade em geral conhecer os aspectos do ensino/aprendizagem musical para deficientes visuais. Dentre os conteúdos abordados estão: desenvolvimento do senso rítmico e melódico, os princípios da notação musical alternativa e tradicional, leitura e escrita da musicografia Braille, bem como a percepção e compreensão dos elementos do som e da música. As aulas serão coletivas - turmas de até 10 alunos - e os conteúdos trabalhados a partir de atividades musicais práticas. O material didático é composto de recursos táteis como cola em alto relevo, monograma com barbantes e papel alumínio. O projeto estará organizado em módulos, incluindo iniciação instrumental. Com estas ações, pretendese oportunizar ao deficiente visual um espaço de aprendizagem sistematizada em música que possa culminar com a preparação do mesmo para cursar um Curso de Graduação em Música. O projeto de Extensão Música para deficientes visuais parte de uma demanda de deficientes visuais com interesse no estudo da música, que procuraram o Departamento de Música em fevereiro de A partir deste contato o Departamento ofereceu um curso de extensão, com duração de 7 meses, com duas horas/aulas semanais, denominado Música para Deficientes Visuais para a comunidade interna e externa. O curso teve como principal objetivo oportunizar vivências musicais por meio da criação, execução e apreciação a partir do universo musical contemporâneo. Os resultados foram positivos, sendo que dos 7 alunos inscritos, 5 concluíram o curso e realizaram o I Recital Interativo, em novembro, no encerramento do mesmo.
2 Dessa forma, a partir da experiência do curso de extensão, o departamento de música propõe a criação deste projeto de extensão, buscando a ampliação e a posterior oferta de vagas para novos estudantes. Com estas ações, pretende-se oportunizar ao deficiente visual um espaço de aprendizagem sistematizada em música que possa culminar com a preparação do mesmo para entrar no Curso de Graduação em Música da UEM. Isso porque a alfabetização musical permite aos cegos que venham atuar como profissionais capacitados, podendo exercer atividades pedagógicas e trabalhar como instrumentistas (BONILHA, 2007, p. 5). De acordo com os estudos da pesquisadora e educadora musical Berteveli (2007), para a pessoa com deficiência visual, especialmente o cego, o trabalho com música torna-se interessante principalmente porque: É necessário educar essa sensibilidade e percepção auditiva. Nesse sentido, a educação musical é de grande importância, pois com ela o deficiente visual poderá adquirir maior vivência auditiva, desenvolvendo a sensibilidade e a musicalidade, explorando, discriminando sons, criando a partir destes e posteriormente, participando de grupos vocais e instrumentais. (BERTEVELI, 2007, p. 163) Além disso, pretende trabalhar com a musicografia braille para a leitura e escrita musical. A Musicografia Braille é utilizada desde a invenção do Sistema Braille em 1825, na França, por Louis Braille ( ), que ficou cego aos três anos de idade. Essa notação musical deriva do próprio Sistema Braille de leitura e escrita, que consiste na combinação de seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas verticais. Com esses pontos é possível fazermos sessenta e três combinações diferentes; são os sinais simples, que por sua vez combinam-se entre si, formando os sinais compostos (BERTEVELI, 2007, p. 167). No Brasil, há um projeto em desenvolvimento, proposto pelo Centro Cultural Louis Braille, em Campinas, cujo principal objetivo é criar um acervo de partituras em Braille, em formato digital na internet, respeitando as normas estabelecidas no Manual Internacional de Musicografia Braille, de forma gratuita e inclusiva ( Este projeto contribui principalmente para obtenção do repertório em Braille; apoiar aulas de musicografia braile e, divulgação do assunto para pessoas com ou sem deficiência visual, estudantes e pesquisadores (IBID). O material divulgado neste site, bem como a intenção de firmar uma parceria entre o projeto musicografia braille e o projeto música para deficientes visuais da UEM, será de fundamental importância para solidificar essas ações do projeto em Maringá.
3 Dessa forma, o presente projeto está fundamentado, inicialmente nas pesquisas e autores acima descritos, além das experiências já em desenvolvimento em outras instituições, tais como os relatos de Oliveira (2008) que relata um projeto em andamento na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e Sena (2007) sobre uma pesquisa em andamento na Universidade de Federal de Goiás. No que se refere a iniciação instrumental, serão utilizados como fundamentação os estudos de TOULLIEUX e CASSIET (2007) sobre o ensino do piano para deficientes visuais e a pesquisa de GIESTEIRA (2007) com ensino básico de violão para deficientes visuais. Encaminhamento metodológico As ações do projeto estarão estruturadas de acordo com as tendências contemporâneas de ensino e aprendizagem musical. Nestas, entende-se que o ensino e aprendizagem musical devem partir da vivência prática, onde o aluno se relaciona com a música em três aspectos fundamentais: executando, apreciando e criando. As aulas serão coletivas - turma de até dez alunos - e os conteúdos a trabalhar serão a partir de atividades musicais práticas. O material didático será composto de recursos táteis como cola em alto relevo, monograma com barbantes e papel alumínio. Para os alunos com baixa visão, serão utilizados impressos ampliados. O curso deverá ser organizado em módulos atendendo os níveis de dificuldades. Consideramos Módulo I o Curso de Extensão Música para deficientes Visuais, ofertado no ano de Esse módulo teve como objetivo: oportunizar vivências musicais por meio da criação, execução e apreciação a partir do universo musical contemporâneo; Dentre os conteúdos abordados destacam-se: desenvolvimento do senso rítmico e melódico por meio de vivências musicais; princípios da notação musical alternativa e tradicional; iniciação a leitura e escrita musical por meio da musicografia braille; apreciação musical. O Módulo II prevê uma hora aula semanal de teoria e percepção musical, e uma hora/aula de instrumento/canto. Serão oferecidas as modalidades: teclado, violão e canto, conforme a demanda anunciada pelos próprios alunos que cursaram o módulo 1 em 2008.
4 Os módulos terão duração de quatro meses, incluindo um Recital Interativo ao final de cada módulo. Este formato de recital teve sua primeira edição em novembro de 2008, oportunizando os familiares dos estudantes, bem como a comunidade em geral, o conhecimento sobre os processos de ensino aprendizagem musical para deficientes visuais. Resultados esperados Para a área de educação musical da UEM o desafio desse curso tem rendido estudos e pesquisas que fundamentam a prática pedagógico-musical com essa clientela e solidifica e diversifica a formação do professor de música. Isso porque, configura-se em uma oportunidade de aprendizagem para os alunos do curso de Graduação em Música que atuam como monitores juntamente com os professores ministrantes. Para o trabalho com a musicografia Braille, dentro de um contexto de aprendizagem musical a partir de vivências práticas, Bonilha (2007) ressalta a importância do papel do professor: Logo, ainda que o professor desconheça o código musical em Braille, ele tem o papel de ensinar os fundamentos da Música, com base em sua formação profissional. Ele pode ensinar a técnica de um instrumento, bem como os conceitos relativos à Teoria Musical, à Harmonia, à História da Música, a aspectos estilísticos das obras, etc. Esses conhecimentos de que o professor dispõe subsidiarão o aprendizado da Musicografia Braille por parte de seu aluno. (BONILHA, 2007, p. 6) Referencias bibliográficas:
5 BERTEVELLI, Isabel. O ensino da Musicografia Braille dentro do contexto da inclusão de cegos: desvendando a notação musical em relevo. In: SIMPÓSIO PARANAENSE DE EDUCAÇÃO MUSICAL, 13., 2007, Londrina. Anais... SPEM, BONILHA, Fabiana; CARRASCO, Claudiney. Ensino de Musicografia Braille: um caminho para a educação musical inclusiva. In: Congresso da Assossiação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música, 17., 2007, São Paulo. Anais... ANPPOM, GIESTEIRA, Adriano Chaves.Uma proposta de ensino do violão básico para deficientes visuais. In: SIMPÓSIO PARANAENSE DE EDUCAÇÃO MUSICAL, 13., 2007, Londrina. Anais... SPEM, OLIVEIRA, Danilo. Uma luz no início do túnel: a Musicografia Braille na Escola de Música da UFRN. In: Encontro da Associação Brasileira de Educação Musical, 17.; 2008, São Paulo. Anais... ABEM, SENA, Sabrynne Sampaio de. A Musicografia Braille na Formação do Músico Cego. In: Encontro da Associação Brasileira de Educação Musical, 16.; 2007, Campo Grande. Anais... ABEM, TOULLIEUX, Jorge Enrique; CASSIET, Sandra Noemi. Iniciación pianística de personas ciegas - Recursos didácticos para el estudio del piano. In: Encontro da Associação Brasileira de Educação Musical, 16.; 2007, Campo Grande. Anais... ABEM, TOMÉ, Dolores. Introdução à Musicografia Braille. São Paulo: Global, 2003.
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