CURSO DE AGRICULTURA ORGÂNICA ONLINE
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- Maria do Carmo Santana Mota
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1 CURSO DE AGRICULTURA ORGÂNICA ONLINE Este é curso completo sobre agricultura orgânica. Você vai ficar sabendo tudo sobre a Proteção de Plantas, Defensivos Alternativos e Naturais Esta aula está dividida em lições. Nesta primeira parte, mostramos as alternativas para a proteção das plantas na agroecologia e agricultura orgânica. Bom estudo, conte conosco se tiver alguma dúvida! Eng. Agr. Silvio R. Penteado Obs. É proibido a reprodução parcial ou total de textos em publicações, revistas, jornais, etc., sem autorização expressa do site: 14º AULA: CONCEITOS E FUNDAMENTO DA PROTEÇÃO DE PLANTAS NO SISTEMA ORGÂNICO PROTEÇÃO DE PLANTAS FUNDAMENTOS QUESTÕES Porque não utilizamos agrotóxicos? É possível controlar as pragas e doenças em culturas econômicas, como tomate e batata? Quais são os fundamentos de manejo do solo para uma planta sadia? NESTA AULA SERÁ ABORDADO Os fundamentos da proteção de plantas no sistema orgânico. Medidas auxiliares e básicas para a proteção das plantas. Principais pragas e doenças que afetam as plantas. As principais medidas de proteção.
2 1ª LIÇÃO: A PROTEÇÃO DE PLANTAS NO SISTEMA ORGÂNICO NESTA AULA SERÁ ABORDADO Conceitos de proteção de plantas no sistema orgânico. Teoria da trofobiose, como a planta fica sujeita e favorece a ocorrência de pragas e doenças. Como tornar uma planta mais resistente. 1. CONCEITO DE CONTROLE NO SISTEMA ORGÂNICO A agricultura orgânica não emprega os agrotóxicos para o controle dos insetos nocivos e patógenos que podem causar prejuízos para as plantas. O princípio é obter uma planta resistente e a presença de elevada população de inimigos naturais. Como fatores prepoderantes para manter a saúde da planta e baixa ocorrência de pragas e doenças, estão a a preservação do meio ambiente, adequado manejo do solo, nutrição equilibrada e cultivo adaptado às condições locais. Estes preceitos estão baseados na teoria de Francis Chaboussou (1987), que afirma que qualquer adubação que deixe a planta em sua condição fisiológica ótima, oferece-lhe o máximo de resistência ao ataque de fitomoléstias. Para o mesmo pesquisador insetos e fungos não são a causa verdadeira das moléstias das planta elas só atacam as plantas ruins ou cultivadas incorretamente, por isso quando são seguidos os princípios orgânicos, há redução significativa de danos causados por insetos ou microrganismos. No entanto, se cumprindo todos os preceitos orgânicos, ocorrerem ataques de insetos nocívos ou patógenos, há alternativas para substituir os agrotóxicos, por produtos de baixo custo e que não afetam a saúde do homem e nem causam desequilíbrio na natureza. Neste caso, o princípio de atuação destes produtos alternativos não é erradicar os insetos ou microrganismos nocivos, mas aumentar a resistência da planta.o produtor deve tirar as dúvidas, conhecer dosagens, época de aplicação e métodos para produzir o seu próprio defensivo natural. Há grande vantagem em produzir alimentos orgânicamente, sem agrotóxicos, são sadios, saborosos e de elevada cotação comercial.
3 Prof. Silvio R. Penteado 2. PRINCÍPIOS DE RESISTÊNCIA DAS PLANTAS Segundo o cientista francês Francis Chaboussu, as plantas acumulam seus nutrientes de reservas, na forma de proteínas, através do processo de sintese chamado de Proteossíntese. Esse princípio faz parte da Teoria da Trofobiose, na qual a adubação desequilibrada e o manejo inadequado tornam disponíveis alimentos para as pragas na seiva, favorecendo o ataque nas plantas. Conforme essa teoria, as plantas rústicas e bem manejadas sofrem menor ataque de pragas e doenças. TEORIA DA TROFOBIOSE: Nos períodos climáticos desfavoráveis ou quando são empregados excessos de nutrientes solúveis e agrotóxicos, são liberados na seiva das plantas radicais livres (aminoácidos, açucares etc) que são alimentos prontamente disponíveis para os insetos nocivos e patógenos.
4 Prof. Silvio R. Penteado Os organismos patogénicos, dependem de substâncias solúveis, como açúcares e aminoácidos livres. Essa manifestação é resultado do desequilíbrio - excesso ou carência de nutrientes, tais como nitrogênio, potássio, entre outros ou ainda pelo uso indiscriminado de agrotóxicos. Esta ocorrência é uma nítida manifestação de desequilíbrio químico biodinâmico no vegetal. A ocorrência descrita acima é chamada de proteólise, isto é, há uma quebra do processo metabólico de formação de proteínas, com liberação de aminoácidos. Quando são aplicadas as caldas fertiprotetoras, os nutrientes da sua composição, penetram na planta e estimulam a formação de proteínas, isto é, retiram os aminoácidos disponíveis, transformando-os em substâncias não assimiláveis (proteínas) pela maioria dos insetos e patógenos, estimulando o processo que favorece a resistência da planta, a proteossíntese. As caldas Bordalesa, Sulfocálcica e Viçosa se inserem neste contexto de fertiprotetoras das plantas, pois, além terem efeito repelente e biocida, não afetam os mecanismos de defesa natural das plantas, como os agrotóxicos em geral. Ao contrário, atuam como fertilizante, fornecendo cálcio, cobre e enxofre, estimulando os processos de síntese de proteína (proteossíntese). No entanto, nem sempre os resultados surgem nas primeiras aplicações, porque as plantas estão saturadas com elementos químicos e os patógenos com elevada resistência.
5 2ª LIÇÃO: CONHEÇA OS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS NESTA LIÇÃO SERÁ ABORDADO Conceitos de proteção de plantas no sistema orgânico. Teoria da trofobiose, como a planta fica sujeita e favorece a ocorrência de pragas e doenças. Como tornar uma planta mais resistente. 1. HISTÓRICO DOS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS De forma geral, apenas as técnicas preventivas não são suficientes para garantir a saúde das plantas nos cultivos, principalmente em função de variações climáticas bruscas e/ou quando o sistema de produção ainda não está totalmente equilibrado. Nestes casos, lançamos mão de produtos naturais (verdadeiramente defensivos por não agredirem o homem ou ambiente). Os inseticidas naturais podem ser preparados a partir de plantas ou minerais não tóxicos à saúde humana e ao ambiente. O combate às pragas da lavoura, que pode ser necessário para assegurar a integridade das colheitas, pode acarretar efeitos negativos quando realizado com emprego inadequado de defensivos agrícolas. Entre as piores conseqüências do uso desses produtos se enumeram a agressão ao meio ambiente (ar, água, solo, flora e fauna), contaminação de alimentos, prejuízos para a saúde de quem os manipula e a progressiva resistência aos agrotóxicos pelos seres-vivos que se pretende eliminar, exigindo emprego de pesticidas cada vez mais potentes e em quantidades maiores. Como o próprio nome sugere ( cida = que mata), os defensivos agrícolas são substâncias ou misturas, naturais ou sintéticas, usadas para destruir plantas, animais (principalmente insetos), fungos, bactérias e vírus que prejudicam as plantações. São classificados em várias categorias: acaricidas, para eliminar ácaros; germicidas, que destroem microorganismos patogênicos e embriões; fungicidas, que eliminam fungos; herbicidas, que combatem ervas daninhas que brotam no meio de certas culturas e prejudicam seu desenvolvimento; raticidas; formicidas; cupinicidas e outros. Já na época neolítica, cerca de 7000 anos a.c., a ocorrência de pragas já se constituía séria preocupação. Os métodos, mais naturais, restringiam-se à seleção de sementes de plantas mais resistentes às pragas agrícolas. Os profetas do Antigo
6 Testamento mencionam nuvens de gafanhotos que destruíam lavouras inteiras, como a que se abateu sobre as margens do Nilo no século XIII a.c. Mas somente a partir dos séculos XVI e XVII começaram os estudos científicos referentes às pragas e meios de combatê-las. Os primeiros combates em larga escala que obtiveram sucesso foram realizados na Europa, de 1840 a 1860, utilizando as caldas Bordalesa e Sulfocálcica contra o míldio da videira e outros fungos. Em 1942, o patologista suíço Paul Müller descobriu as propriedades inseticidas de um composto organoclorado já sintetizado em 1874, que passou a ser conhecido como DDT. Pesquisas com gases venenosos, realizadas pelos alemães durante a segunda guerra mundial, levaram à descoberta de inseticidas ainda mais poderosos, os compostos organofosforados. Surgiu daí a ilusão de que se poderia usar inseticidas cada vez mais fortes e deter para sempre o avanço das pragas. Na verdade, não se levou devidamente em conta dois obstáculos: a possibilidade de que as próprias pragas desenvolvessem defesas naturais; a cada ano, o crescente número de pragas resistentes a todos os defensivos conhecidos e os danos ao meio ambiente, que acabam por afetar o homem. 2. CLASSIFICAÇÃO DOS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS Os defensivos agem por contato, envenenamento, asfixia ou repelência. Podem ser de origem vegetal, animal, mineral e produtos orgânicos de síntese. Dentre os inseticidas de origem vegetal, destacam-se os alcalóides de veratrina, anabasina, nicotina, nornicotina, piretrinas, rianodina e rotenona. Os de origem animal incluem, por exemplo, as toxinas elaboradas com Bacillus thuringiensis contra lagartas, baculovírus contra a lagarta da soja e dezenas de outros produtos utilizados com sucesso no controle biológico. No campo do controle biológico, também é feita criação e disseminação de machos esterilizados. Embora sexualmente potentes, esses insetos são estéreis, de modo que os ovos postos pelas fêmeas são estéreis também. Os inorgânicos ou de origem mineral, muito usados até a década de 1950, incluem cloretos de mercúrio, arseniatos de chumbo, de cálcio, de sódio, e de alumínio, acetoarsenito de cobre, arsenito de sódio e de bário, criolita e selênio. Os defensivos orgânicos de síntese abrangem os seguintes conjuntos: organoalogenados (DDT, BHC, lindano, clordane, heptacloro, aldrin, dieldrin, endrin, etc.); organofosforados (azinfos, malation, paration, forato, oxidemetonmetilo, etc.); sulfonas e sulfonatos (tetrasul, tetradifon, fenizon etc.); e os carbamatos (carbaril, isolane etc.). Grande parte é de uso banido ou proibido nos países desenvolvidos e no Brasil, como é o caso do DDT, BHC, paration e cianetos. Os fungicidas são produtos especialmente ativos que destroem fungos ou paralisam seu crescimento. São aplicados nas folhas e frutos em crescimento, frutas
7 colhidas, sementes e no próprio terreno cultivado. A aplicação é feita principalmente por aspersão, em tanques acionados por trator. Os fungicidas são misturas de água com cal, enxofre e sulfato de cobre que podem ser preparados na propriedade, como é o caso da calda bordalesa, viçosa ou sulfocálcica. Já os germicidas, são substâncias químicas suficientemente fortes para matar os germes por contato. Os anti-sépticos inibem o crescimento das bactérias e os desinfetantes matam os microrganismos produtores de moléstias (Etda,2006). 3. OS RISCOS DOS DEFENSIVOS CONVENCIONAIS O emprego dos defensivos na agricultura, e também na região urbana, oferece grande risco ao homem e ao meio ambiente. Seus efeitos geralmente não podem ser circunscritos à área de aplicação e são sentidos em toda a natureza. Portanto, devem ser aplicados com parcimônia e orientação técnica. Por exemplo, muitos produtos perigosos são utilizados como inseticida doméstico contra insetos transmissores de doenças infecciosas, tais como aerossóis caseiros e a popular naftalina (á base de DDT). Às vezes o homem, na ânsia de solucionar o problema, desequilibra sistemas biológicos inteiros e acaba agravando situações que pretendia remediar. Os defensivos podem destruir conjuntamente pragas e insetos benéficos, sobretudo devido à tendência dos seres nocivos em se tornarem mais resistentes. Um fato ocorrido no Brasil, na década de 1980, veio a comprovar esse fato: aplicações em massa nas grandes plantações, visando erradicar a lagarta-da-soja, eliminaram também seus predadores naturais. Os resíduos de defensivos também provocam contaminação em nível planetário, como se verificou na Antártica, onde foram detectados vestígios de DDT em focas e pingüins. Os organoclorados agem sobre o sistema nervoso, modificam atividades metabólicas e favorecem o desenvolvimento do câncer. O planeta Terra não tem mais condições de absorver milhares e milhares de toneladas de produtos petroquímicos perigosos atualmente usados na agricultura convencional. É de conhecimento geral que tais produtos geram uma série de problemas de saúde. Os inseticidas sintéticos originários da indústria petroquímica matam insetos e larvas indiscriminadamente, poluem o ambiente, intoxicam operadores, seus familiares, consumidores e, portanto, têm sido substituídos no mundo todo. Não obstante serem extremamente tóxicos, a patente da fórmula encarece o produto para o produtor que por sua vez, não disponibilizará do inseticida sempre que necessário. Consequentemente, o controle dos insetos nocivos não é feito de maneira adequada.
8 Não raro, a patente da fórmula dos inseticidas é protegida por órgão fiscal do governo. Em outras palavras, este tipo de proteção oficializa o monopólio sobre a venda desses produtos altamente tóxicos que afetam toda a população. Outro problema relacionado ao uso incorreto de inseticidas é a aquisição de resistência aos venenos por insetos nocivos. Os insetos são dotados de complexo mecanismo de defesa, capacitando-os a desenvolver resistência em apenas três gerações. Após este curto período de tempo, surgem novas variedades de insetos resistentes. Este contínuo processo de seleção acelera o desenvolvimento de novas fórmulas patenteadas. Em 1988, já haviam sido registrados no E.P.A. (Environment Protection Agency) cerca de produtos químicos para uso na agricultura. A cada ano surgem venenos mais poderosos: inseticidas e fungicidas que antes controlavam problemas na ordem de 1,0 a 2,0 kg por hectare foram atualmente substituídos por outros utilizados em doses de apenas 200 g por hectare. Os novos produtos desenvolvidos são cerca de 10 vezes mais venenosos do que aqueles anteriormente utilizados. Porém, são apresentadas pelas multinacionais como sendo mais seguros ao meio ambiente simplesmente por que são utilizados em quantidades menores. Contudo, neste caso é que são extremamente agressivos, pois em pequenas doses apresentam o mesmo efeito demonstrado por produtos anteriores, quando utilizados em quantidades superiores. (Junho de 2000 Engº Agrº José Luiz M. Garcia-M. Sc. Horticultura Michigan State University). 4. EFEITOS NOCIVOS DOS INSETICIDAS SINTÉTICOS Poluição ambiental. Danos à saúde devido aos níveis elevados (ou mesmo baixos) de resíduos. Destruição indiscriminada de insetos sem nenhuma consideração sobre seu papel no meio ambiente, muitas vezes benéfico, como no caso dos inimigos naturais. Envenenamento de animais de sangue quente como pássaros, gado, criação em geral e pessoas que tenham contato com os mesmos. Desenvolvimento de resistência em insetos. Ressurgimento de certas pragas secundárias e/ou principais que estavam sendo anteriormente controlada por insetos destruídos pelo agrotóxico. Este desaparecimento significa menos concorrência, corroborando com o surgimento de novas pragas.
9 Prof. Silvio R. Penteado
10 3ª LIÇÃO: PROTEÇÃO NATURAL DAS PLANTAS NESTA LIÇÃO SERÁ ABORDADO Como deixar as plantas resistentes contra as pragas e doenças. Conceitos e fundamentos da proteção natural das plantas, sem o emprego de defensivos Medidas auxiliares de proteção. Manejo adequado para aumentar a resistência das plantas. 1. CONCEITOS E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Num sistema de produção agroecológico o passo inicial é implantar a cultura num solo sadio, rico em micro e macrorganismos, além de matéria orgânica. Tais fatores favorecem a biovida e equilíbrio no ambiente. Num solo adequado, as plantas crescem saudáveis, pois encontram permeabilidade para ar e água, possuem pleno desenvolvimento do sistema radicular, retém e liberam nutrientes, sem formação de radicais livres. Contudo, mesmo quando são adotados todos os princípios da agroecologia, dependendo das condições climáticas desfavoráveis e do estado da planta, podem ocorrer situações favoráveis ao ataque de insetos-nocivos e patógenos. Neste caso, deve-se em primeiro lugar, manter o equilíbrio nutricional da planta e caso haja necessidade, empregar defensivos alternativos e naturais. Assim sendo, esta opção somente deve ser utilizada quando ocorrer níveis de insetos-nocivos ou patógenos em condições de causar dano econômico. O princípio de atuação dos produtos alternativos não deve ser erradicar insetosnocivos ou patógenos, mas sim fornecer a resistência à planta, ativando os mecanismos de defesa, estimulando a proteo-síntese (redução dos radicais livres) e tornando os tecidos mais rústicos e resistentes. Nas normas para a produção orgânica, há alternativas para substituir os agrotóxicos por produtos de baixo custo e que não afetam a saúde do homem e nem causam desequilíbrio na natureza. 2. PROCEDIMENTOS RECOMENDÁVEIS NA PROTEÇÃO DE PLANTAS Antes de qualquer intervenção com produto, é necessária a conjugação dos fatores para promover resistência e proteção das plantas. Para manejo adequado e aumento da resistência das plantas, o produtor deve tomar os seguintes cuidados:
11 Ter conhecimento geral da cultura (ciclo, exigências edafoclimáticas); pragas de ocorrências importantes e métodos alternativos mais indicados. Avaliar ocorrência e desenvolvimento da população de pragas e doenças em relação ao clima. As dosagens dos produtos alternativos em função das condições climáticas. Fazer identificação, levantamento e monitoramento das pragas e doenças. Gerenciamento de dados e ação rápida. Avaliar a eficiência de cada procedimento de combate. Fazer somente intervenção com defensivos alternativos quando a presença do insetopraga ou patógenos atingir o nível de dano econômico. Conhecer dosagens, época de aplicação e métodos para produzir o seu próprio defensivo natural. Os produtos obtidos organicamente, sem agrotóxicos, são sadios, saborosos e de elevada cotação comercial. Fazer controle rígido sobre adubação e nutrição das plantas, mesmo que empregado somente adubos orgânicos. Níveis elevados de um ou outro nutriente na planta são fatores de desequilíbrio dos mecanismos de defesa, e ainda promovem liberação dos radicais livres. 3. MEDIDAS AUXILIARES DE PROTEÇÃO DE PLANTAS O segredo da resistência é ter plantas fortes. Para tanto, o ambiente deve estar em equilíbrio, com a presença de inimigos naturais das pragas, disponibilidade de água e solo bem preparado, tratado, vivo e bem adubado. Essas condições funcionam como medidas preventivas contra pragas e doenças. Os procedimentos considerados como medidas auxiliares de proteção das plantas são apresentados a seguir: Escolher espécies e cultivares adaptadas ou resistentes às condições de clima e solo existentes na propriedade (germoplasma adequado). Emprego de mudas e sementes comprovadamente sadias. Tratamento de sementes com produtos alternativos, como micro-nutrientes e biofertilizantes. Retardar ou adiantar épocas de plantio visando obter períodos de cultivo mais favoráveis.
12 Adotar um espaçamento adequado, mais amplo para evitar umidade excessiva e a ocorrência de doenças fúngicas e bacterianas. Os plantios muito adensados favorecem doenças como a antracnose, requeima e podridão. Evitar solos encharcados e excesso de irrigação, os quais favorecem doenças de raízes, assim como murchas bacterianas, requeima e outras. Eliminar plantas hospedeiras de pragas e moléstias, principalmente aquelas vetores de fitopredadores. Fazer inspeção semanal, eliminando as plantas com pragas, viroses ou murchas. Combate a insetos vetores de doenças, principalmente na fase de mudas (pulgão e tripes). No caso de mudas deve-se prevenir o ataque com a instalação dos canteiros em telados. Instalação de cercas-vivas. As faixas de cercas-vivas funcionam como corredores de refúgio ou nichos de preservação dos inimigos naturais, podendo ser empregadas plantas silvestres medicinais. Formação de quebra-ventos para fazer o isolamento da cultura, para prevenir ventos fortes e a disseminação de doenças, principalmente as bacterianas. Para grandes áreas devem ser instaladas árvores altas, enquanto em pequenas o plantio de capim napier ou camerum é muito recomendada, em torno da área cultivada ou entre as linhas de cultivo. Manter a planta suprida com os micronutrientes essenciais, como boro, zinco, manganês, magnésio e molibdênio. A presença de ervas nativas e plantas com flor favorecem a permanência de inimigos naturais. Fazer adequado controle das ervas nativas: limpar as faixas junto aos caules das plantas e mantendo-se a vegetação nativa nas entrelinhas de plantio. Fazer a roçada ou capinas das entrelinhas de forma alternada. Plantio em faixas, bordadura ou consorciação de culturas, com base em princípios alelopáticos. Inclusão de plantas benéficas e plantas repelentes. Promover uma boa aeração da planta (retirar folhas e brotações em excesso), reduzindo as condições favoráveis para o desenvolvimento de fungos patogênicos.
13 Rotação de culturas e biodiversidade de cultivos (evitar a mono-cultura): alternar espécies diferentes em cada área para evitar as pragas e doenças da planta anterior. Para evitar as doenças bacterianas em plantas susceptíveis, como as solanáceas, devem ser plantadas sempre em terras novas ou depois de longas rotações (03 a 04 anos), tendo bastante cuidado com a água de irrigação. Tratamento preventivo com defensivos que aumentem a resistência das plantas nos períodos críticos, como biofertilizantes, caldas sulfuradas, extratos de plantas, caldas cúpricas (Bordalesa ou Viçosa), etc. Cuidados com a colheita e manuseio dos frutos em condições de umidade alta. Fazer a colheita dos frutos em período seco do dia. Fazer o tratamento de acordo com as condições climáticas. O excesso de chuvas altera o equilíbrio químico (maior teor de nitrogênio e difusão de nutrientes), físico (menor aeração do solo) e biológico (menor taxa de respiração), reduz a proteosíntese e as plantas ficam mais suscetíveis, deverá haver maior rigor nos tratamentos. Nas estiagens, com solo pouco oxigenado, há déficit de água e ar para a proteosíntese. Nestas condições excesso de pulverizações podem até ser prejudiciais por ativar as plantas sem que elas tenham condições de absorver e metabolizar os nutrientes. 4. INFLUÊNCIA DOS NUTRIENTES NA SANIDADE DAS PLANTAS Tanto o excesso como a deficiência dos nutrientes minerais, pode favorecer a ocorrência de pragas e doenças. O importante é manter a planta sempre em equilíbrio nutricional. Veja os principais efeitos dos nutrientes nas plantas: Cobre: Elemento importante nos mecanismos de defesa da planta às doenças. Potássio: aumenta a resistência contra pragas e doenças e aos fatores climáticos adversos. Zinco: um dos elementos que a planta apresenta maior deficiência. Indispensável para boas produções. Enxofre: estimula a formação de sementes e favorece o crescimento vigoroso das plantas. Magnésio: componente da molécula da clorofila. Auxilia a absorção e translocação de fósforo na planta e ativa as reações enzimáticas.
14 Manganês: pode aumentar a resistência da planta às doenças, devido aos níveis mais elevados de ligninas e de compostos fenólicos. Boro: elemento responsável pelo transporte de açúcares, formação das paredes celulares, sua falta pode favorecer o ataque de pragas, como da lagarta do cartucho do milho. Cálcio: fortalece e dá resistência aos tecidos. Sua falta pode provocar doenças fisiológicas como podridão apical no tomate, bitter pit em maçãs, etc. Nitrogênio: O nitrogênio é um dos nutrientes que devem ter controlado o seu teor nas plantas. Á seguir apresentamos algumas doenças causadas por excesso de nitrogênio nas plantas: Alternaria >Fumo, Tomate Botrytis >Videiras, Morango Erwinia >Batata Erysipha, oídio >cereais e Frutas Peronospora >Alface, Videira Pullinia >Cereais Pseudomonas >Feijão, Pepino, Couve Verticilium >Tomate, Algodão 5. INFLUÊNCIA DO MANEJO DO SOLO Na agricultura ecológica o controle de insetos, ácaros, fungos, bactérias e viroses é feito basicamente através de medidas preventivas, tais como: 1) Plantio na época correta e com variedades adaptadas ao clima e ao solo da região; 2) Adubação orgânica, através de compostos de restos de culturas, materiais vegetais e estercos enriquecidos com fosfatos naturais, adubos minerais de lenta liberação de nutrientes e micronutrientes; 3) Rotação de culturas e adubação verde; 4) Cobertura morta e plantio direto; 5) Consorciação de culturas e manejo seletivo do mato; 6) Uso de quebra-ventos e cercas-vivas. 7) Solo com boa aeração, permitindo o desenvolvimento norma do sistema radicular. 8) Fornecimento de boro e zinco no solo e nas fases iniciais de crescimento da planta.
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