UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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- Sebastião Miranda de Abreu
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1 O BIOTÉRIO DE EXPERIMENTAÇÃO SEGUE OS PRINCÍPIOS DOS 3 RS DE RUSSEL E BURCH (1959). NORMAS DO BIOTÉRIO DE EXPERIMENTAÇÃO: 1. CEUA: Todos os experimentos com animais devem ser submetidos previamente a aprovação da CEUA (Comissões de Ética no Uso de Animais) da unidade, inclusive o projeto piloto. Somente após a aprovação do experimento pela CEUA, será permitido seu início. 2. CERTIFICADO DE QUALIDADE EM BIOSSEGURANÇA (CQB): O Biotério de Experimentação foi classificado como Nível II de Biossegurança Animal, para os trabalhos com animais geneticamente modificados. 3. TREINAMENTO: Os alunos que iniciarão seus experimentos devem realizar treinamentos prévios, de manuseio animal e técnicas experimentais de acordo com o estudo a ser realizado. 4. AUTORIZAÇÃO: É expressamente proibido ao usuário entrar no Biotério de Experimentação e em salas de experimentação sem autorização. Junto à autorização, o professor receberá uma senha para digitar na porta de entrada do Biotério de Experimentação. Esta senha é de uso comum de todos os integrantes do laboratório, que estão autorizados a entrar no Biotério de Experimentação. EPIs (Equipamento de proteção individual): Efetuar a troca de aventais e paramentar-se com os itens relacionados abaixo: Colocar os pro - pés, por cima do sapato; Entrar na antecâmara para assepsia das mãos: higienização das mãos, com água e sabão, e álcool 70% no final; Coloca-se a touca, que deve cobrir toda a cabeça e cabelos; Colocar a máscara cobrindo boca e nariz; Vestir o avental do próprio Biotério, que se encontra dentro do armário, o qual deve ser devidamente fechado, incluindo a parte do pescoço; Colocar as luvas (recomendam-se duas luvas para cada mão*); Passar álcool sobre as luvas.
2 *Optamos por colocar 02 luvas por mão para que ao sair do Biotério experimental, na própria sala, o pesquisador, usuários e funcionários façam a retirada da luva mais exposta e passe álcool 70% na luva de baixo, podendo assim abrir as portas. Na saída do Biotério deve-se realizar novamente a assepsia das mãos: lavagem com sabão e descontaminação com álcool 70%, após a retirada do segundo par de luvas. 5. RESPONSABILIDADE: Durante a experimentação, os animais devem ser constantemente monitorados pelo aluno (pesquisador) responsável; 6. ÁREA DE TRABALHO: É expressamente proibido comer, beber, fumar, utilizar cosméticos com odor forte e falar alto. O usuário fica restrito somente à sala de experimentação em uso, laboratório de apoio (com materiais que o Biotério disponibiliza) e sala de descontaminação. O usuário deve providenciar do laboratório de pesquisa os materiais e equipamentos que o Biotério não disponibiliza, necessários a sua pesquisa. 7. SALAS EXPERIMENTAIS: São disponibilizadas 14 salas para experimentação. As salas são compartilhadas, e vários experimentos são realizados na mesma sala simultaneamente. Procuramos selecionar os experimentos que ficarão na mesma sala de acordo com alguns parâmetros, como por exemplo, por espécie animal, e experimentos que apresentem necessidades semelhantes. As linhagens transgênicas permanecem juntas em estantes ventiladas ou em gaiolas normais de polipropileno com identificação diferenciada das outras linhagens (fichas amarelas/verdes). Já os trabalhos com animais imunodeficientes são colocados geralmente na mesma sala. Todas as salas possuem identificação nas portas com: nome do pesquisador responsável, nome do aluno, laboratório a que pertence e telefones de emergência. 8. SALA DE PROCEDIMENTOS Possui alguns equipamentos como: um frigobar, bancada com pia, balança para pesagem de animais, um microscópio, um aparelho de anestesia inalatória, contensores para ratos e camundongos, material cirúrgico e um fluxo laminar. Os Materiais disponíveis são como: álcool 70%, Iodo polvidine, algodão, papel toalha, sacos de lixo hospitalar. Esta sala é apropriada para a realização de procedimentos experimentais como: inoculações, coleta de sangue e cirurgias em geral. Tais procedimentos não podem ser realizados na própria sala dos animais, pois liberam alguns odores e possíveis vocalizações, que quando realizados nas próprias salas de animais, acabam deixando-os
3 estressados, refletindo negativamente nos resultados experimentais. Sala disponível mediante agendamento prévio na agenda localizada na própria sala. 9. SALA DE DESCONTAMINAÇÃO - Possui uma autoclave dupla-porta para a esterilização de materiais provenientes da seção de higienização para a seção de experimentação. Os materiais esterilizados são: gaiolas, grades, maravalha e bebedouros já com água. A descontaminação de materiais é realizada pelo caminho inverso, durante a troca de gaiolas dos animais, as gaiolas potencialmente contaminadas são embaladas e identificadas com o símbolo de risco biológico, sendo que este procedimento é realizado dentro do fluxo laminar, e colocados na autoclave do lado da seção de experimentação para a seção de higienização. Também encontra-se nesta sala, materiais de limpeza, sacos de lixo hospitalar, sacos autoclaváveis e fichas de identificação. 10. ANTI-CÂMARA: Esta anti-câmara está localizada entre a seção de experimentação e a seção de higienização e esterilização, é neste espaço que deve ser colocado todo material que não será mais utilizado pelo usuário do Biotério de Experimentação, bem como lixo e materiais sujos. 11. BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS: As superfícies de trabalho precisam ser descontaminadas sempre antes e depois do uso e especialmente após a ocorrência de respingos ou qualquer outro tipo de contaminação. Para o descarte de materiais perfurocortantes, como seringas e agulhas, deve-se descartar o conjunto todo (não recapear as agulhas) em caixas próprias para materiais perfurocortantes, que são encontradas nas salas experimentais. Quando o balde de lixo (saco de lixo hospitalar) estiver cheio, amarrar a boca do saco e colocar na antecâmara para materiais sujos. Pegar outro saco de lixo hospitalar na sala de procedimento e recolocar no balde. Quando a caixa para perfurocortantes estiver cheia, fechar a caixa devidamente como manda as instruções do rótulo, e colocá-la na antecâmara para materiais sujos. Pegar outra caixa para perfurocortantes na sala de procedimentos e recolocar na sala experimental, caso tiver dificuldades para montar a caixa para perfurocortantes, solicitar ajuda do funcionário da área. 12. IDENTIFICAÇÃO: A identificação das gaiolas deve constar: o nome do aluno, do pesquisador responsável, quantidade de animais, linhagem, data de nascimento dos animais, e anotações sobre óbitos de animais, sendo que as fichas são encontradas no laboratório de apoio. As colorações das fichas estão designadas abaixo; - Ficha rosa: para gaiolas de fêmeas - Ficha azul: para gaiolas de machos
4 - Ficha para acasalamentos: Casais de animais sendo acasalados - Ficha amarela: para animais transgênicos (positivos) - Ficha verde: para o grupo controle dos animais transgênicos (negativo) ATENÇÃO: O funcionário do Biotério de Experimentação deve ser avisado quando os animais forem mantidos em regime de restrição alimentar ou hídricos, bem como a não autorização do funcionário do Biotério de administrar água e ração. O mesmo também deve estar descrito na ficha de identificação. 13. MANUSEIO DOS ANIMAIS: Os animais devem ser manuseados gentilmente. Os ratos devem ser manuseados pelo meio do corpo, e somente pegar pela cauda quando for estritamente necessário e para procedimentos rápidos. Os camundongos são manuseados pela cauda, deve-se pegar do meio para o começo da cauda, com pinça ou com os dedos. 14. CONTENÇÃO: Os ratos devem ser contidos firmemente, porém de forma gentil, atrás das patas dianteiras e cabeça, segurando as patas e cauda com a outra mão. Nos camundongos, deve-se segurá-lo com o polegar e o dedo indicador, por meio da pele solta na base do pescoço, e segurar a cauda com o dedo mínimo; 15. SEPARAR GRUPOS: Para a separação dos grupos de animais do experimento, os materiais necessários podem ser encontrados na sala de apoio. Atenção deve ser dada as grades das gaiolas, pois as grades de ratos e de estoque de camundongos são similares com diferença apenas no espaço entre uma fresta e outra, sendo o espaço maior nas grades de ratos e menor nas grades de camundongos. Bebedouros: apertar bem a rolha do bebedouro e perceber se está vazando ou se não está caindo à água, virando o bebedouro para baixo, só então colocá-lo na gaiola. Preencher as fichas das gaiolas com todas as informações requeridas acima. Sempre observar a quantidade máxima de animais por gaiola, que é de 5 ratos (gaiolas grandes), 5 camundongos nas gaiolas pequenas ou 20 camundongos nas gaiolas grandes. 16. ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL: Elementos adicionais ao ambiente de um animal podem contribuir para um enriquecimento ambiental. Os dispositivos artificiais como, por exemplo, Iglu de tamanhos apropriados para a espécie ou tubos de PVC demonstra benefício ao bem estar animal, assim como um pedaço pequeno de algodão colocado em gaiola de camundongo sem pêlo (nude e hairless) diminuindo o estresse por exemplo. Quando for utilizar enriquecimento ambiental, comunicar ao chefe da área.
5 17. GAIOLEIRO METABÓLICO: Entrar em contato com o chefe da área de experimentação antecipadamente para treinamento de sua utilização e para que o material possa ser preparado com antecedência. 18. GAIOLAS DE TRANSPORTE: Na utilização de animais provenientes de outros biotérios, deve-se preencher previamente formulário específico, sem o qual não será autorizada e nem permitida a entrada e permanência desses animais. 19. DESCARTE DE MATERIAIS-O lixo resultante da limpeza da sala, material e carcaça de animais provenientes da seção de experimentação, devem ser acondicionados em sacos plásticos brancos, identificados como risco biológico (encontrado na sala de descontaminação) e colocado na anti-câmara. Em caso de lixo contaminado, este deverá ser autoclavado, para então ser acondicionados em sacos plásticos brancos, identificados como risco biológico e colocados na anti-câmara. Os animais mortos devem ser enrolados em papel, acondicionados em sacos plásticos brancos, identificados como risco biológico e colocados no freezer da sala de procedimentos. Se os animais estiverem contaminados segue-se o mesmo processo descrito acima para com o lixo contaminado. 20. CADERNO DE REGISTRO DE OCORRÊNCIAS: Está disponível na antecâmara de entrada do Biotério de Experimentação para anotações de possíveis ocorrências neste local, bem como estão disponíveis uma pasta com a legislação, vigente no País, para uso de animais e os procedimentos operacionais padrão (POPs) da seção de experimentação. RECOMENDAÇÕES PARA O TRABALHO COM ANIMAIS: 1. JEJUM: A) O jejum alimentar e pré-operatório deve ser de no máximo 6-8 horas. (Exceto sob justificativa) B) A privação de água não deve ultrapassar 6 horas, o funcionário do Biotério experimental deve ser informado quanto à utilização do jejum nos animais, para que o mesmo identifique a estante ou a gaiola do animal de maneira correta; (ARTIGOS RELACIONADOS A JEJUM NO ÍCONE EXPERIMENTAÇÃO DESTE SITE) 2. DOR: Todo animal que em qualquer fase do experimento demonstrar sofrimento deverá ser imediatamente eutanasiado, exceto nos casos em que informações, como dor e estresse sejam relevantes para o experimento. (ARTIGOS RELACIONADOS A DOR NO ÍCONE EXPERIMENTAÇÃO DESTE SITE)
6 3. VIAS DE INOCULAÇÃO: Na administração de injeções, os animais devem ser corretamente imobilizados para que a mesma seja conduzida sem risco para o pesquisador e o animal, a manipulação incorreta ou brusca pode implicar estresse e, consequentemente, desequilíbrio das funções orgânicas. Os volumes recomendados de administração das principais vias estão em artigos sobre Boas Práticas de administração de Substâncias no ÍCONE EXPERIMENTAÇÃO DESTE SITE. 4. COLETAS DE SANGUE: Todas as recomendações sobre coleta de sangue estão relacionadas no artigo Boas Práticas em coletas de sangue no ÍCONE EXPERIMENTAÇÃO DESTE SITE. 5. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS: Para o bem-estar do animal, bem como obtenção de resultados confiáveis, são necessárias técnicas cirúrgicas adequadas, anestesia apropriada, instrumentação correta, procedimentos anti-sépticos e cuidados pré e pósoperatórios (administração de analgésicos, antiinflamatórios e antibióticos). A saúde, o estado psicológico do animal e a habilidade do responsável pela cirurgia também devem ser considerados. Artigos relacionados a refinamento são encontrados no ÍCONE EXPERIMENTAÇÃO DESTE SITE. DADOS RELATIVOS À MANUTENÇÃO DO AMBIENTE DO BIOTÉRIO DE EXPERIMENTAÇÃO FCF/IQ USP: Sistema de Ar Condicionado Central:! Temperatura Adequada- 22± 2 c! Umidade Adequada- 55± 10%! Trocas de Ar Trocas/Hora! Um timer para cada sala experimental para controle da luminosidade- 12H Luz/12H Escuro! Nutrição- Ração Comercial Esterilizada pelo Método de Irradiação Gama. O uso de animais em pesquisa é um privilégio. Estes animais que estão nos ajudando a desvendar os mistérios da Ciência merecem nosso respeito e o melhor cuidado possível.
7 Um animal bem tratado irá proporcionar resultados científicos mais confiáveis, o que deve ser o objetivo de todos os Pesquisadores. ( Guimarães,2004) Bibliografia ANDERSEN, L. M; D ALMEIDA, V; GUIMIKO; KAWAKAMI, R; MARTINS, F. J. P; MAGALHÃES, E. L.; TURFIK, S. Princípios Éticos e Práticos do Uso de Animais de Experimentação. 1 Edição, São Paulo: Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Psicologia, ANDRADE, A. Animais de Laboratório: Criação e Experimentação. Organizado por Antenor Andrade, Sérgio Correia Pinto e Rosilene Santos de Oliveira, Rio de Janeiro: Fiocruz, p. FESTING, M., KONDO, K., LOOSLI,R., POILEY, S.M., SPIEGEL,A. International Commitee on Laboratory Animals. International Standardized Nomenclature for outbred stocks of Laboratory Animals. ICLA Bull COLÉGIO BRASILEIRO DE EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL (COBEA), Princípios Éticos na Experimentação Animal.. CANADIAN COUNCIL ON ANIMAL CARE. Guide to the Care and Use of Experimental Animals. Ottawa Canadian Council on Animal Care (CCAC), 1984,v.1.120p. RUSSEL, W.M.S.; BURCH,R.L. The principles of human experimental technique. Disponível em: URL: exp/het-toc.htm NATIONAL RESEARCH COUNCIL-INSTITUTE OF LABORATORY ANIMAL RESOUCES, Committee on Rodents. Guide for the Care and Use of Laboratory Animals. Washington:National Academy Press, p. POOLE, T.B. (ED). The UFAW handbook on the care and management of laboratory animals. 6 th ed. London: UFAW, Churchill Livingstone, p. FELASA. Recommendations for the health monitoring of mouse, rat, hamster, guinea pig and rabbit breeding colonies. Lab Anim, v.28, p.1-12, 1994.
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