A Sala de Recursos Multifuncionais como ferramenta para a Educação inclusiva, um estudo de caso no Colégio Estadual de Dois Vizinhos PR

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1 Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão Região Sul A Sala de Recursos Multifuncionais como ferramenta para a Educação inclusiva, um estudo de caso no Colégio Estadual de Dois Vizinhos PR Veridiana Lúcia Stachowski Kuss UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro Oeste - Paraná - veridiana@utfpr.edu.br Izaura Maria Ceolatto Colégio Estadual de Dois Vizinhos Ensino Fund., Médio e Profissionalizante izauramc@hotmail.com Gilmar de Carvalho Cruz UNICENTRO Universidade Estadual do Centro-Oeste - Paraná gilmailcruz@gmail.com Jussara De Bortoli UNICENTRO Universidade Estadual do Centro-Oeste- Paraná - jussaradebortoli@hotmail.com Silvana Maria Sasso UNICENTRO Universidade Estadual do Centro-Oeste Paraná - nana.sasso@hotmail.com Eixo temático: Teoria e Prática da Interdisciplinaridade 1. Introdução Atualmente, tem sido tema de amplo debate a busca pela inclusão social das pessoas com deficiências, com foco na inclusão educacional. A partir da concepção de homem como ser social, que se constrói na relação com os demais, faz-se necessário pensar nas formas de relacionamento com as pessoas com deficiências como algo que deve ser perseguido e buscado incondicionalmente, pois já não mais se pode prescindir da convivência/interação de todas as pessoas na amplitude da vida social. Neste sentido, visando a melhoria na qualidade da Educação a nível nacional e o desenvolvimento de politicas públicas de inclusão, o governo através do Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007, implementou o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, tendo como uma de suas diretrizes garantir o acesso e permanência das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do ensino regular, fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas. Ainda, na mesma data foi publicada a portaria normativa nº. 13, que dispõe sobre a criação das salas de recursos multifuncionais, a qual denomina a referida sala como um espaço organizado com equipamentos de informática, ajudas técnicas, materiais pedagógicos e mobiliários adaptados, para atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos. Neste sentido, o Colégio Estadual de Dois Vizinhos presta o supracitado serviço de apoio 1

2 especializado, de natureza pedagógica, complementando o atendimento educacional realizado em classes regulares do Ensino Fundamental (6 ao 9 ano). O referido Colégio, localizado no Centro Norte do município de Dois Vizinhos PR foi a primeira escola pública criada neste município. O Decreto Estadual nº de 30 de dezembro de 1969 deu origem ao Ginásio Estadual de Dois Vizinhos, que iniciou suas atividades pela LDB 4.024/61, revogada em 1976 pela LDB 5692/71. Até o ano de 1981 o Estabelecimento ofertou o Ensino de 1º Grau, reconhecido pela Resolução nº 2765/81 de 24 de novembro de Em 1992 foi implantado o curso de 2º Grau Educação Geral Preparação Universal, reconhecido pela Resolução nº 4353 de 05 de novembro de A partir da nova LDB nº 9394/96 os cursos de 1º e 2º Graus passaram a denominar-se Fundamental e Médio e o Estabelecimento para Colégio Estadual de Dois Vizinhos- Ensino Fundamental e Médio. O Colégio Estadual de Dois Vizinhos é mantido com recursos do Governo do Estado do Paraná e possui uma estrutura física ampla, com: 15 salas de aula, 01 sala de aula multifuncional, 01 cozinha, 01 laboratório de ciências, 02 laboratórios de informática, 01 biblioteca, 01 secretaria, 01 sala para Equipe Pedagógica, 01 sala de direção, 01 sala de professores, 01 cantina, 01 sala de mecanografia, 02 banheiros para professores, 10 banheiros sendo 05 masculinos e 05 femininos, 01 depósito para merenda, 01 quadra de esportes coberta, 01 quadra aberta, 01 saguão coberto e 01 sala ambiente ao ar livre. Hoje o supracitado Colégio conta com um total de 1292 alunos devidamente matriculados nos períodos da manhã, tarde e noite. Destes 29 (vinte e nove) apresentam algum tipo de deficiência e frequentam a Sala de Recursos Multifuncionais e 03 (três) são deficientes auditivos e têm acompanhamento de uma interprete. Neste sentido, visando ainda a complementação curricular, o Colégio oferta desde o ano de 2011, Curso de Espanhol, Sala de Recursos, Sala de Apoio e Ensino Médio Inovador. Segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial da Educação Básica, a sala de recursos multifuncionais é um espação de atendimento educacional especializado a alunos que apresentam, temporariamente ou permanente, alguma necessidade educacional especial, especificadas em três grupos: alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, intelectual, mental ou sensorial; alunos com transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e; alunos com altas habilidades/superdotação. Para frequentar a Sala de Recursos Multifuncionais no Colégio Estadual de Dois Vizinhos os alunos regularmente matriculados no ensino regular que apresentarem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou superdotação (identificadas pelos educadores) são avaliados por uma equipe multiprofissional da Instituição, visando comprovar a real necessidade deste atendimento educacional especializado. O trabalho pedagógico especializado, desempenhado na Sala de Recursos Multifuncionais, constituise um conjunto de procedimentos específicos, de forma a desenvolver os processos cognitivo, motor, sócio 2

3 afetivo e emocional; procedimentos estes trabalhados de forma diferenciada, através de atividades lúdicas, dinâmicas e em linguagem informal, envolvendo ainda de forma integral interdisciplinaridade necessária para a apropriação e produção de conhecimentos, uma vez que a A interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, ao contrário, mantém sua individualidade. Mas integra as disciplinas a partir da compreensão das múltiplas causas ou fatores que intervêm sobre a realidade e trabalha todas as linguagens necessárias para a constituição de conhecimentos, comunicação e negociação de significados e registro sistemático dos resultados. BRASIL (1999). O Artigo 3 da Resolução 02/01 (BRASIL, 2001), que Institui Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica, no parágrafo único, salienta que Os sistemas de ensino devem constituir e fazer funcionar um setor responsável pela educação especial, dotado de recursos humanos, materiais e financeiros que viabilizem e dêem sustentação ao processo de construção da educação inclusiva. Neste sentido, o trabalho pedagógico especializado, desempenhado na Sala de Recursos Multifuncionais, constitui-se um conjunto de procedimentos específicos, de forma a desenvolver os processos cognitivo, motor, sócio afetivo e emocional; procedimentos estes trabalhados de forma diferenciada, através de atividades lúdicas, dinâmicas e em linguagem informal, envolvendo ainda de forma integral interdisciplinaridade necessária para a apropriação e produção de conhecimentos. Atendendo assim, a proposta da interdisciplinaridade que segundo Brasil (1999) é estabelecer ligações de complementaridade, convergência, interconexões e passagens entre os conhecimentos. O currículo deve contemplar conteúdos estratégias de aprendizagem que capacitem o aluno para a vida em sociedade, a atividade produtiva e experiências subjetivas, visando à integração dos conteúdos. Juarez (2008) salienta que a interdisciplinaridade é um movimento importante de articulação entre o ensinar e o aprender. Compreendida como formulação teórica e assumida enquanto atitude tem a potencialidade de auxiliar os educadores e as escolas na ressignificação do trabalho pedagógico em termos de currículo, de métodos, de conteúdos, de avaliação e nas formas de organização dos ambientes para a aprendizagem. Sendo assim, a presente investigação teve como intuito de desvendar a inclusão educacional das pessoas com deficiência ou superdotação no ensino regular, bem como a inserção dos mesmos na Sala de Recursos Multifuncionais do Colégio Estadual de Dois Vizinhos - PR, a qual por meio da interdisciplinaridade realiza um trabalho diferenciado e especializado busca a qualificação profissional, o direito à igualdade, à equiparação de oportunidades, efetivando assim a educação inclusiva e uma vida de qualidade a esses indivíduos expostos ao preconceito e/ou exclusão. Passada algumas décadas muito se ouve falar sobre inclusão, porém poucos sabem o significado real da palavra. De acordo com Forest & Pearpoint (1997): Inclusão significa convidar aqueles que (de alguma forma) têm esperado para entrar e pedir-lhes para 3

4 ajudar a desenhar o nosso sistema e que encorajem todas as pessoas a participar da completude de suas capacidades como companheiros e como e membros. Enfatiza-se, também, que incluir não significa apenas inserir crianças na sala de aula, e sim adaptar currículos, provas e/ou atividades, ou seja, é preciso ter um trabalho diferenciado, além de uma maior dedicação de tempo e esforços para que a criança consiga de fato assimilar o conhecimento, isto é, aprender. Durante a observação e pesquisa participante surgiram algumas indagações na condução do processo de inclusão no ensino, especialmente público e com qualidade, uma vez que este processo depende não somente dos profissionais que ali estão como também dos governantes, através de investimentos, sejam materiais e/ou profissionais e da sociedade como um todo. Ao iniciarmos a investigação logo fomos surpreendidas, pois ao encontrar com a professora responsável pela Sala de Recursos Multifuncionais ela relatou como está o processo inclusivo do referido Colégio, o qual está em grande avanço, uma vez que conta com materiais didáticos diferenciados e adaptados aos estudantes com deficiência, como teclado, softwares, vídeos, uma gama de jogos didáticos adquiridos com recursos próprios ou desenvolvidos pelos próprios alunos, além de possuírem computadores e notebook. É também na Sala de Recursos Multifuncionais em determinados horários do contraturno que os alunos, com a dedicação exclusiva de duas professoras (manhã e tarde), são estimulados individualmente e em grupos, de acordo com suas dificuldades, a assimilar conhecimentos; as professoras estimulam os alunos a fazer apresentações culturais tanto no Colégio como nas Escolas Municipais, visando à valorização de cada indivíduo, bem como a demonstração das atividades desenvolvidas neste ambiente de aprendizagem. Já ao acompanharmos inclusão dos alunos com deficiência no ensino regular a surpresa foi maior ainda, pois o Colégio possui acompanhamento especializado aos alunos com deficiência auditiva, através de interprete; aos alunos com deficiência física, possui uma auxiliar operacional individual que os acompanha em momentos extraclasses, como ir ao banheiro, transporte, alimentação e demais locomoções. O Colégio conta ainda com a inclusão de um aluno, (o qual acompanhei durante a investigação), que possui deficiências múltiplas (física, motora e fala), que, além da auxiliar operacional acima citada, conta com uma professora auxiliar (Pedagoga), que passa às 20 horas semanais ao seu lado em sala de aula e tem como objetivo único sua aprendizagem de forma integral. Vale ressaltar que para melhorar o processo inclusivo na Instituição de Ensino, durante os conselhos de classe, é realizada a exposição das legislações que amparam as pessoas com deficiências e solicitado aos professores que façam as adaptações curriculares necessárias para que a inclusão seja realizada de fato, salientando que caso o professor não as realize ele é responsável pelos seus atos e poderá responder judicialmente por isso. Hoje, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação garante o direito de inclusão das 4

5 crianças na rede regular de ensino e demais legislações as quais visão a inclusão como um todo, tornando-os cidadãos participativos, agora devemos aplicá-las em nosso cotidiano seja ele escolar ou social. Ao tratarmos da interação da escola com os pais dos alunos com deficiência, a professora relatou que as crianças que têm incentivos em casa possuem um desenvolvimento de aprendizagem maior e mais acelerado, enquanto as crianças que não são estimuladas apresentam maior dificuldade de aprendizagem. Destacamos ainda, que a coordenação pedagógica dialoga com os pais e familiares visando compreender os alunos desde a gravidez até os dias de hoje, tentando identificar as causas das dificuldades ou deficiências; além de expor o amparo legal às pessoas com deficiências, seus direitos como cidadãos, visando uma melhoria na educação e na qualidade de vida destes indivíduos e seus familiares. Corroboro assim com Luiz e colaboradores (2008) que a boa interação dos pais com a escola é primordial fator positivo, pois eles têm experiências e habilidades para ensinar o próprio filho. É somente através da participação dos pais na escola e no processo de ensino-aprendizagem que o desenvolvimento e desempenho escolar do aluno torna-se efetivo de fato, uma vez que eles são os facilitadores e os instrumentos dos educadores escolares. Percebe-se que passos importantes para a inclusão escolar já foram dados, e que o Colégio está buscando o desenvolvimento integral desses indivíduos, porém durante a investigação em sala de aula tive a oportunidade de observar que alguns docentes estão preparados e capacitados para desempenhar seu papel no processo de inclusão, trabalhando de forma diferenciada, voltando-se para os alunos com deficiência, ajoelhando-se em frente às carteiras e demonstrando em seu caderno ou livro como se faz determinado conteúdo, facilitando assim a aprendizagem; enquanto alguns ignoram a presença deste aluno, nem ao menos percebem que o mesmo está copiando o conteúdo exposto no quadro e fazendo as atividades solicitadas, não dirigem a palavra a ele, mas sim à professora que está auxiliando-o, tornando o processo meramente obrigatório e não inclusivo. Oliveira (2012), nos mostra que a partir da premissa de que as escolas são responsáveis pela instrução dessas crianças, os profissionais em educação (em especial os professores) são responsáveis diretos pela promoção de sua aprendizagem nas salas de aula regulares. Salienta-se que estes devem estar capacitados para tal função e dispostos a trabalharem de forma diferenciada, fugindo dos métodos tradicionais de ensino-aprendizagem e focando na aprendizagem de todos os alunos indiferente de suas dificuldades e/ou habilidades. De acordo com Anjos; Andrade e Pereira (2009) os professores veem qualidades em alunos com deficiência auditiva e visual, pois têm expectativas em sua aprendizagem, esperando deles superação, vontade, participação e integração com a turma, pensamento crítica e busca pela independência; porém ao 5

6 atuarem com alunos com deficiência mental ou Síndrome de Down aparecem outras expectativas, mais relacionadas a pouco rendimento e lentidão na realização das tarefas. Esta visão acontece em muitos casos, pois a dificuldade de aprendizagem destes indivíduos com deficiência mental e Down normalmente é maior que as pessoas com outras deficiências, cabendo ao professor adaptar conteúdos e currículos visando dar condições para que os mesmos aprendam como qualquer outro indivíduo. Em conversas com alguns professores do Colégio, alguns ressaltaram que no início do corrente ano tiveram grandes divergências entre eles ao se depararem com um aluno com deficiências mais acentuadas, entre elas destacaram algumas falas como: o que fazer com um ser como este? ele não deveria estar aqui no ensino regular não tem capacidade para estar no ensino regular. Porém com o andamento das atividades e dedicação da maioria dos professores o resultado está sendo demonstrado diariamente, pois ele tem muito a aprender e a ensinar a seus colegas e demais servidores, através da sua determinação, superação e vontade de aprender e estar interagindo com os demais alunos. Seu desempenho e raciocínio logico é bom, resolve contas de matemática mentalmente, e como não consegue escrever, devido aos problemas motores, demostra os resultados com auxilio de um notebook ou na calculadora, utilizado também para copiar o conteúdo exposto no quadro. Frisamos ainda, que ao conhecer melhor os alunos, seus anseios e gostos, os professores proporcionam um desenvolvimento completo, participando ativamente das atividades sejam elas apresentações culturais, esportivas ou educacionais. Corroboramos com Ilru (1990) apud Sassaki (1997) quando diz que as oportunidades de tomadas de decisão afetam a própria vida, é viver com independência, ter autodeterminação. E com o direito e a oportunidade para seguir um determinado caminho. E significa ter a liberdade de falhar e aprender das próprias falhas, tal qual fazem as pessoas não-deficientes. Acreditamos que somente a partir do momento que todos usufruírem dos seus direitos de cidadãos, respeitando uns aos outros e aceitando o outro como legítimo teremos efetivamente a inclusão. 2. Procedimentos metodológicos As estratégias utilizadas para a realização da investigação exploratória dos locais já citados foram compostas por observação participante, pesquisa participante (construção e aplicação de questionários semiestruturados), registros de imagens (fotografias e filmagens) e também foram utilizadas as informações anotadas nos diários de campo das mestrandas. É imprescindível esclarecer que anteriormente a investigação foi feito o contato prévio com as Instituições envolvidas, onde foram explanados aos seus responsáveis legais os objetivos do projeto de investigação, bem como a apresentação da equipe executora do projeto. 6

7 Num primeiro momento, foram realizadas reuniões com o diretor do Colégio Estadual de Dois Vizinhos, tendo como objetivo apresentar a proposta tanto da atividade de investigação exploratória como do projeto de pesquisa a ser desenvolvido. Durante as conversas tanto o diretor quanto as coordenadoras pedagógicas foram receptivos à proposta e aceitaram de imediatos. Na sequencia deu-se de forma produtiva o ingresso na supracitada instituição de ensino. Durante a investigação exploratória no Colégio Dois Vizinhos, optou-se por acompanhar a inclusão de um aluno com deficiências múltiplas (física, motora e fala) e alunos com défit de aprendizagem no ensino regular, além da pesquisa participante na Sala de Recursos Multifuncionais, coordenada pela Professora Izaura Maria Ceolato, pedagoga, especialista em Educação Especial e Psicopedagoga; sala esta onde os alunos se reúnem no contraturno do ensino regular com a finalidade de complementação do ensino- aprendizagem. A opção pela observação e pesquisa participante deu-se pela necessidade de primeiramente conhecer a instituição de ensino, visando assim, observar os preconceitos enfrentados pelos alunos inclusos, analisar o processo de inclusão dentro da Instituição de Ensino (dificuldades e concretizações), observar a acessibilidade dos alunos no ensino regular, observar a estrutura arquitetônica, observar a efetividade do processo de inclusão, bem como a didática utilizada pelos profissionais da educação e a aceitação dos alunos com deficiência na rede regular de ensino. Achamos conveniente a forma de abordagem e de coleta dos dados utilizada em nossa investigação, pois acreditamos que nos possibilitou a obtenção dos dados que eram de nosso interesse, sempre respeitando o espaço de trabalho dos profissionais, a rotina dos serviços, bem como os atendimentos dos entrevistados. 3. Justificativa do eixo Salientamos ainda que na perspectiva da educação, a interdisciplinaridade busca unir as disciplinas curriculares com a finalidade de compreender o mesmo fenômeno sob diferentes olhares/perspectivas, de modo a superar a construção de conhecimento tradicional, implicando em um novo pensar, podendo aliar os contextos socioculturais vivenciados pelos envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Para Gadotti (2004), a interdisciplinaridade visa romper as fronteiras disciplinares e sim garantir a construção de um conhecimento global. Neste sentido a interdisciplinaridade deve ser entendida como um processo de construção de conhecimento, envolvendo dialogo, troca de experiências e saberes, respeito mútuo e principalmente como anteriormente citado a aceitação dos diferentes olhares sobre o mesmo objeto. Sendo assim, justificamos a escolha do eixo Teoria e Prática da Interdisciplinaridade por se tratar de um projeto prático, que é a sala de recursos multifuncionais, que engloba diariamente a interdisciplinaridade, ou seja, a troca de saberes entre duas ou mais disciplinas curriculares, que segundo Morin (2003) interdisciplinaridade pode significar também troca e cooperação. 7

8 4. Considerações finais O presente trabalho nos mostrou que através da interdisciplinaridade podemos desenvolver um excelente trabalho na educação escolarizada, o qual busca através da sala de recursos multifuncionais um ensino-aprendizagem integral às pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais, inclusas na rede regular de ensino. Frisamos ainda que a sala de recursos multifuncionais é uma ambiente de aprendizagem que busca a flexibilização do processo pedagógico, adaptando currículos, criando novas metodologias, trabalhando os conteúdos de acordo com as potencialidades e ritmos de aprendizagem de cada indivíduo, conscientizando tanto os alunos quanto seus familiares sobre os direitos enquanto pessoas com necessidades educacionais especiais, o direito à igualdade, à equiparação de oportunidades, efetivando assim a educação inclusiva e uma vida de qualidade a esses indivíduos expostos ao preconceito e/ou exclusão. É também na sala de recursos multifuncionais que são elaborados e organizados mecanismos pedagógicos e de acessibilidade, quebrando as barreiras de participação dos indivíduos nas atividades, buscando a compreensão do conhecimento como um todo, considerando suas necessidades especiais. Acreditamos que no momento em que todos os indivíduos tiverem seus direitos respeitados e viverem socialmente de acordo com seus desejos, seja ele de trabalho, educação, cultura e que sejam valorizadas as diferenças é que teremos efetivamente realizado o processo de inclusão. Referências ANJOS H. P.; ANDRADE E. P.; PEREIRA, M. R.. A inclusão escolar do ponto de vista dos professores: o processo de constituição de um discurso. Revista Brasileira de Educação. V. 14 n. 40. P BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB nº 9.394, de 20 de dezembro de Diário Oficial da União, 23 de dezembro de Congresso Nacional. Câmara de Educação Básica. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Resolução CNE/CEB n. 2, de 11 de setembro de Brasília, 2001b. Decreto n. nº 6.094, de 24 de abril de Disponível em Acessado em 28 de junho de FOREST, M. & PEARPOINT, J. Inclusão: um panorama maior. In: Mantoan, M.T. E.(org.) A integração de pessoas com deficiência. São Paulo, Memnon/Senai, p GADOTTI, M. A organização do trabalho na escola: alguns pressupostos. São Paulo: Ática,

9 JUARES da S. T. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensinoaprendizagem. Rev. Bras. Educ. vol.13 n.39. Rio de Janeiro Sept./Dec LUIZ, F. M. R. et al. Inclusão da criança com Síndrome de Down na rede regular de ensino: desafios e possibilidades. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.14, n.3, p , MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª Edição. Bertrand Brasil, (Texto original publicado em 1999). OLIVEIRA, A. D. Condições de formação continuada do programa Educação inclusiva: direito à diversidade. Disponível em Acessado em 10 de julho de Portaria Normativa n. 13, de 24 de abril de Disponível em Acessado em 28 de junho de SASSAKI, R. K. Construindo uma sociedade inclusiva. Rio de Janeiro: Ed W.V.A, SASSAKI, R. K. Inclusão: o paradigma do século XXI. In: Revista da Educação Especial. Brasília. Secretaria de Educação Especial, 2005, v.1, n.1, outubro, p