ANÁLISE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO DA CAIXA ECÔNOMICA FEDERAL EM COMPARAÇÃO AOS SEUS BENCHMARKS

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "ANÁLISE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO DA CAIXA ECÔNOMICA FEDERAL EM COMPARAÇÃO AOS SEUS BENCHMARKS"

Transcrição

1 DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS COMISSÃO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO Wiliam Biasiabetti da Silva ANÁLISE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO DA CAIXA ECÔNOMICA FEDERAL EM COMPARAÇÃO AOS SEUS BENCHMARKS PORTO ALEGRE 2010

2 2 Wiliam Biasiabetti da Silva ANÁLISE FUNDOS DE INVESTIMENTO DA CAIXA ECÔNOMICA FEDERAL EM COMPARAÇÃO AOS SEUS BENCHMARKS Trabalho de conclusão do Curso de Graduação apresentado ao Departamento de Ciências Administrativas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Administração. Orientador: Professor José Eduardo Zdanowicz PORTO ALEGRE 2010

3 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO COMISSÃ DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS TRABALHO DE COCLUSÃO EM ADMINISTRAÇÃO, ANO/SEMESTRE: _2010_/_02_ AVALIAÇÃO FINAL - FORMULÁRIO MODELO C - ALUNO NOME: WILIAM BIASIABETTI DA SILVA NÄ DO CARTÅO: AREA DE ATUAÇÅO: FINANÇAS. - TRABALHO - TITULO DO TRABALHO: ANÑLISE DE RISCO E RETORNO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO DA CAIXA ECÖNOMICA FEDERAL EM COMPARAÇÅO A POUPANÇA ORGANIZAÇÅO DE REALIZAÇÅO DA PESQUISA PARA O TCC: CAIXA ECÖNOMICA FEDERAL - BANCA EXAMINADORA - NOME PROF. ORIENTADOR JOSá EDUARDO ZDANOWICZ ASSINATURA PROF. CONVIDADO OSCAR CLAUDINO GALLI REPRES. ORGANIZAÇÅO Trabalho apresentado em banca, onde o aluno foi: Comentàrios: - APRECIAÇÃO FINAL - ( ) aprovado com conceito ( ) reprovado OBS: A BANCA EXAMINADORA deverá sempre preencher o tópico COMENTÁRIOS, justificando o CONCEITO que atribui ao aluno.

4 4 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais Jose Carlos Garcia da Silva e Márcia Biasiabetti da Silva, aos quais nutro amor infinito, por terem se dedicado ao máximo para que um dia eu pudesse estar em uma universidade federal pública e de qualidade, oferecendo a mim as oportunidades, o apoio, o amor, carinho e a dedicação necessários para que eu possa estar concluindo a minha graduação, sem os quais nada disso seria possível. Agradeço a minha irmã Nathália Biasiabetti da silva a qual tenho muito amor e que me sinto responsável por orientá-la em suas jornadas em busca de seus sonhos. Espero poder servir de exemplo para que ela possa alcançar vôos maiores que os meus. Agradeço meus avôs que sempre torceram, apoiarão e acreditarão em mim de maneira carinhosa, aos meus tios, primos, padrinhos e familiares que de uma forma ou outra torceram, me deram apóio e estão felizes pela minha formatura na UFRGS. À Tamires Ladivg Solka que esteve ao meu lado durante a minha graduação, de maneira prestativa e carinhosa, e que me auxiliou a superar inúmeros desafios que surgiram durante este caminho. Um especial agradecimento aos professores da Escola de Administração da UFRGS, em especial ao professor Jose Eduardo Zdanowicz o qual me orientou de forma brilhante e prestativa durante o longo percurso entre o início e o fim deste trabalho. Agradeço ao professor Oscar Claudino Galli o qual me auxiliou neste trabalho. À todos o meu sincero obrigado.

5 5 RESUMO Os fundos de investimento estão se tornando com o passar dos anos cada vez mais importantes no mercado financeiro nacional. Isto fica claro com cada vez mais pessoas deixando de aplicar em ativos com retorno livre de risco, como a poupança, e começando a migrar para investimentos que ofereçam um retorno maior para suprir as necessidades de ganhos maiores, mesmo que isso represente um aumento no risco assumido. No mercado existe uma gama enorme de aplicações financeiras para suprir estas necessidades de maiores retornos, sendo as de maior abrangência e de mais fácil acesso pelos investidores os fundos de investimento. Entretanto para a grande maioria dos investidores é difícil definir qual o melhor fundo de investimento, quais os risco assumidos e o retorno que deve ser esperado. Desta forma este trabalho tem como objetivo mensurar os riscos e os retornos dos fundos de investimento da Caixa Econômica Federal através de uma amostra desses com o propósito de facilitar a escolha do melhor fundo de investimento para o investidor que deseja tornar-se cotista.

6 6 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1: Rentabilidade Acumulada do FIC Personal RF Longo Prazo...81 Gráfico 2: Rentabilidade Mensal do FIC Personal RF Longo Prazo Gráfico 3: Rentabilidade do FIC Personal RF Lonfo Prazo x Benchmarks Gráfico 4: Rentabilidade Acumulada FIC Executivo RF Longo Prazo Gráfico 5: Rentabilidade FIC EXECUTIVO RF LONGO PRAZO...84 Gráfico 6: Rentabilidade FIC Executivo RF Longo Prazo X Benchmarks...85 Gráfico 7: Rentabilidade Acumulada FI Supremo...87 Gráfico 8: Rentabilidade Mensal FI Supremo Gráfico 9: Rentabilidade FI Supremo X Benchmarks...88 Gráfico 10: Rentabilidade Acumulada FI Supremo X Poupança...89 Gráfico 11: Rentabilidades Acumulada FIC Curto Prazo...90 Gráfico 12: Rentabilidades Mensais do FIC Curto Prazo...90 Gráfico 13: Rentabilidade FIC Curto Prazo X Benchmarks...91 Gráfico 14: Rentabilidades Acumulada FIC Curto Prazo X Poupança Gráfico 15: Rentabilidade Acumulada FIC CAMBIAL DÓLAR Gráfico 16: Rentabilidade Mensal FIC CAMBIAL DÓLAR...93 Gráfico 17: Rentabilidade Acumulada FIC CAMBIAL DÓLAR X Benchmarks Gráfico 18: Rentabilidade Acumulada FIC DI LONGO PRAZO Gráfico 19: Rentabilidade Mensal FIC DI LONGO PRAZO Gráfico 20: Rentabilidade FIC DI LONGO PRAZO X Benchmarks Gráfico 21: Rentabilidade Mensal FIC DI LONGO PRAZO X Taxa CDI Gráfico 22: Rentabilidade FIC DI LONGO PRAZO X Poupança Gráfico 23: Rentabilidade Mensal FIC DI LONGO PRAZO X Poupança Gráfico 24: Rentabilidade Acumulada FI AÇÕES VALE Gráfico 25: Rentabilidade Mensal FI AÇÕES VALE Gráfico 26: Rentabilidade FI AÇÕES VALE X Benchmarks Gráfico 27: Rentabilidade FI AÇÕES VALE X Açõa da Vale Gráfico 28: Rentabilidade Acumulada FI AÇÕES PETROBRAS Gráfico 29: Rentabilidade Mensal FI AÇÕES PETROBRAS Gráfico 30: Rentabilidade FI AÇÕES PETROBRAS X Benchmarks Gráfico 31: Rentabilidade FI AÇÕES PETROBRAS X Benchmarks Gráfico 32: Rentabilidade FI AÇÕES PETROBRAS X Poupança Gráfico 33: FI AÇÕES IBOVESPA ATIVO X IGP-M Gráfico 34: FIAÇÕES IBOVESPA ATIVO X IBOVESPA Gráfico 35: FI AÇÕES IBOVESPA ATIVO X Poupança Gráfico 36: FIC ESTRATÉGICO MULTIMERCADO X Benchmarks Gráfico 37: FIC ESTRATÉGICO MULTIMERCADO X DÓLAR X IGP-M Gráfico 38: Lucro X Prejuízo fundos Gráfico 39: Lucro X Prejuízo FI AÇÕES IBOVESPA ATIVO Gráfico 40: Lucro X Prejuízo FI AÇÕES VALE Gráfico41: Lucro X Prejuízo FI AÇÕES IBOVESPA Gráfico42: Lucro X Prejuízo FI AÇÕES IBOVESPA PETROBRAS...122

7 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Participação de IF no PIB brasileiro...17 Tabela 2: Composição Histórica da CVM...20 Tabela 3: Atribuições BACEN...23 Tabela 4: Tabela de IOF Regressivo...61 Tabela 5: Classificação Anbid de Fundos de Investimento...63 Tabela 6: Tabela de Índice de Sharp Tabela 7: Tabela de Índice de Sharp Descontado Tabela 8: Rentabilidade Acumulada dos Fundos Tabela 9: Rentabilidade Acumulada dos benchmarks Tabela 10: Lucro/Prejuízo dos fundos de Investimento Tabela 11: VAR 12 meses Tabela 12: VAR 36 meses Tabela 13: VAR % 12 meses Tabela 14:VAR % 36 meses Tabela 15: VAR fundos de investimento Tabela 16: VAR 12 MESES...128

8 8 LISTA DE SIGLAS ANBID - Associaâäo Nacional dos Bancos de Investimentos BACEN Banco Central do Brasil BB Banco do Brasil BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econåmico e Social BV Bolsa de Valores CBLC Companhia Brasileira de Liquidaâäo e Custçdia CDB Certificado de Depçsito Bancàrio CDI Certificado de Depçsito Interbancàrio CEF Caixa Econåmica Federal CMN Conselho Monetàrio Nacional CVM Comissäo de Valor Mobiliàrio FIFS Fundos de Investimentos Financeiros FICS Fundos de Investimentos em Cotas HSBC Hong-Kong and Shangai Banking Corporation IOF Imposto sobre Operaâées Financeiras IR Imposto de Renda IS èndice de Sharpe SCFI Sociedades de Crêdito, Financiamento e Investimento SCI Sociedades de Crêdito Imobiliàrio SFH Sistema Financeiro de Habitaâäo SFN Sistema Financeiro Nacional TR Taxa Referencial TRD Taxa Referencial Diària VAR Value at risk

9 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÅO DEFINIÇÅO DO PROBLEMA OBJETIVOS OBJETIVOS ESPECèFICOS A EMPRESA VICë-PRESIDëNCIA DE GESTÅO DE ATIVOS DE TERCEIROS REVISÅO BIBLIOGRÑFICA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL SUBSISTEMA NORMATIVO CONSELHO MONáTARIO NACIONAL BANCO CENTRAL DO BRASIL COMISSÅO DE VALORES MOBILIÑRIOS BANCO DO BRASIL BNDES BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÖMICO E SOCIAL CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL SUPERINTENDëNCIA DE SEGUROS PRIVADOS SUSEP SECRETARIA DE PREVIDëNCIA COMPLEMENTAR SPC SUBSISTEMA OPERATIVO ORIGEM DOS BANCOS INSTITUIÇíES FINANCERIAS MONETÑRIAS BANCOS COMERCIAIS BANCOS COOPERATIVOS BANCOS MìLTIPLOS COOPERATIVAS DE CRáDITO CAIXAS ECONÖMICAS INSTITUIÇíES FINANCEIRAS NÅO MONETÑRIAS BANCOS DE DESENVOLVIMENTO SOCIEDADES DE CRáDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO BANCOS DE INVESTIMENTO COMPANHIAS HIPOTECÑRIAS SOCIEDADES DE CRáDITO IMOBILIÑRIO ASSOCIAÇíES DE POUPANÇA E EMPRáSTIMO INSTITUIÇíES AUXILIARES DO MERCADO FINANCEIRO SOCIEDADES CORRETORA DE TITULOS E VALORES MOBILIÑRIOS SOCIEDADE DISTRIBUIDORA DE TèTULOS E VALORES MOBILIÑRIOS SEGURADORAS SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) AGëNCIAS DE FOMENTO BOLSA DE VALORES SISTEMAS DE LIQUIDAÇÅO E CUSTODIA COMPANHIA BRASILEIRA DE LIQUIDAÇÅO E CUSTîDIA SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÅO E CUSTîDIA CENTRAL DE CUSTîDIA E DE LIQUIDAÇÅO FINANCEIRA DE TèTULOS POUPANÇA èndices... 49

10 èndice DE INFLAÇÅO èndices DE REFERENCIA FUNDOS DE INVESTIMENTO ORIGEM DEFINIÇÅO FUNCIONAMENTO GESTÅO E ADMINISTRAÇÅO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO REGULAMENTO E PROSPECTO ASSEMBLáIA GERAL DOS COTISTAS COTAS DO FUNDO DE INVESTIMENTO TAXAS TAXA DE ADMINISTRAÇÅO TAXA DE PERFORMANCE TAXA DE ENTRADA OU SAèDA TRIBUTAÇÅO CLASSIFICAÇÅO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO FUNDOS DE CURTO PRAZO FUNDOS REFERENCIADOS FUNDOS DE RENDA FIXA FUNDOS CAMBIAIS FUNDO MULTIMERCADO Fundos que adotam estratêgia de investimento que implique em riscos especïficos, tais como commodities, futuro de ïndice. Admitem alavancagem FUNDO DE AÇíES FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS RISCO Risco de Mercado Risco de Crêdito Risco de Liquidez Risco Operacional RISCO DE MODELO RISCO LEGAL VALUE AT RISK Mêtodo de Càlculo do VAR Simulaâäo Futura ou Simulaâäo de Monte Carlo Mêtodo DELTA-NORMAL Stress Test Caudas Grossas BACKTESTING èndice DE SHARPE METODOLOGIA AMOSTRA ANÑLISE DOS RESULTADOS FIC PERSONAL RF LONGO PRAZO FIC EXECUTIVO RF LONGO PRAZO FI SUPREMO TC 30 RF LONGO PRAZO FIC CURTO PRAZO FIC CAMBIAL DîLAR FIC DI LONGO PRAZO FI AÇíES VALE DO RIO DOCE FI AÇíES DA PETROBRAS

11 9.9 FI AÇíES IBOVESPA FI AÇíES IBOVESPA ATIVO Anàlise dos fundos FI AÇíES IBOVESPA e FI AÇíES IBOVESPA ATIVO FIC ESTRATáGICO MULTIMERCADO LP ANÑLISE DO èndice DE SHARP ANÑLISE DO RETORNO LIQUIDO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO DA CEF ANÑLISE DO RISCO ATRÑVES DO VALUE AT RISK CONCLUSíES REFERëNCIAS ANEXO 1 Instruâäo NÄ409 CVM Subseâäo V

12 12 1. INTRODUÇÃO A economia brasileira antes do Plano Real acabou prejudicada com decisões econômicas equivocadas por parte do governo federal, tendo como exemplo os diversos pacotes econômicos lançados nos últimos 30 anos que tiveram como um de seus efeitos mais devastadores a inflação. Este aumento generalizado nos preços assolava o mercado brasileiro, tornando a poupança o investimento mais atrativo e popular da época, já que oferecia boa rentabilidade e um risco quase nulo. Com o inicio do Plano Real e a estabilização da economia o investidor brasileiro passa a ser mais tolerante aos riscos financeiros e inicia a busca por um investimento que lhe traga mais retorno do que a poupança. No Brasil, os fundos de investimento têm apresentado grande expansão com a adesão daqueles investidores que antes optavam pela poupança e agora investem em fundos de investimento. Para este tipo de investidor os fundos de investimento, tipo de condomínio onde vários investidores dividem as receitas e despesas, tem se mostrado muito atraentes, pois possuem vários tipos de opções que se enquadram nos mais variados perfis de investidor desde o conservador até o arrojado. Este trabalho busca consolidar as informações de constituição dos fundos de investimento, bem como formas de análise do mesmo em relação a indicadores econômicos, índices de inflação, benchmarks de forma a atender os investidores que aplicam em fundos de investimento, assim como aqueles que pretender migrar para este tipo de investimento. 2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA Com a crise do Subprime em 2008, os investidores estão cada vez mais preocupados e receosos de realizar seus investimentos em produtos que possuem algum risco. Como conseqüência investidores que procuravam retornos elevados passaram a investir em produtos com retorno garantido e baixíssimo risco. Fato este que fica comprovado com o grande aumento de captação realizado pela poupança em Com o início do ano de 2010 e o retorno da economia a sua estabilidade os bancos passam a oferecer novas alternativas de investimento a seus clientes que começam a voltar a

13 13 ter disposição para correr riscos. Com este novo cenário os fundos de investimento se demonstram como uma grande possibilidade de investimento, visto que ele oferece alternativas que agregam os mais variados tipos de risco, começando com os fundos de renda fixa (baixo risco), indo até os fundos de renda variável (alto risco). Entretanto, o investidor que deseja realizar seus investimentos nos fundos de investimento da Caixa Econômica Federal possui uma gama enorme de possibilidades de fundos que vão desde fundos de renda fixa (baixo risco) até fundos de renda variável (alto risco). Esta grande quantidade de opções que deveria ser um diferencial e uma vantagem acaba tornando o processo de decisão de escolha da aplicação uma tarefa difícil, já que, existe uma grande dificuldade para adequar o fundo ao risco que o investidor deseja assumir. Esta dificuldade de escolha se torna problemática, já que a escolha por muitas vezes ocorre de forma equivocada, levando ao descontentamento do cliente e a mudança dele para outro banco. Como a poupança é um produto de fácil conceito a respeito de risco e retorno a comparação dele com os fundos de investimento facilitaria a compreensão do cliente sobre o risco que está assumindo, assim como o retorno que poderá auferir com a aplicação. Neste trabalho serão utilizadas ferramentas que busquem quantificar o risco e as rentabilidades oferecidas pelos fundos da CEF, pela poupança e pelos títulos públicos federais. Depois será apresentada uma forma de auxiliar o cliente na tomada de decisão, ou seja, oferecer para ele a melhor escolha de acordo com as suas necessidades. Desta forma o trabalho respondera a seguinte questão: Qual o fundo de investimento da CEF que obteve um maior retorno e menos exposição ao risco em comparação a poupança e o seu benchmark?

14 OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é analisar os fundos de investimento da Caixa Econômica Federal através da mensuração do risco ao qual está exposto o fundo, bem como o desempenho apresentado OBJETIVOS ESPECÍFICOS São eles: Analisar o risco a que esta sujeito cada fundo de investimento; Analisar o retorno de cada fundo de investimento; Comparar o desempenho dos fundos de investimento da CEF com a poupança e os benchmarks escolhidos; Compara a rentabilidade acumulada dos fundos com a inflação; Descrever as características dos fundos bem como a sua localização dentro do Sistema Financeiro Nacional A EMPRESA A Caixa Econômica Federal foi idealizada por Dom Pedro II em 12 de janeiro de 1861, através do Decreto nº que criou à Caixa Econômica e Monte Socorro. A sua criação ocorreu para combater as instituições que existiam na época e que cobravam valores abusivos das pessoas que desejassem obter algum tipo de empréstimo e não ofereciam garantias aos depositantes. Com o passar dos anos começou a surgir diversas caixas econômicas em todas as províncias, as quais captavam a poupança da população, inclusive com o diferencial de estar aberta a todas as classes sociais de forma que os escravos depositavam nesta instituição os valores que mais tarde serviriam para a compra de sua carta de alforria. A formação da Caixa Econômica Federal com a estrutura atual ocorreu em 12/08/1969 com o Decreto Lei nº 759 que unificou todas as caixas econômicas federais dos estados. A

15 15 prçxima grande mudanâa ocorreu no ano de 1986 onde o Banco Nacional Habitaâäo, atê entäo gestor do Sistema Nacional da Habitaâäo, foi extinto e suas operaâées (Ativos e Passivos) e funcionàrios incorporados pela Caixa Econåmica Federal, tornando esta instituiâäo a maior agente nacional de financiamento da casa prçpria, posiâäo que ocupa desde entäo. Neste mesmo ano, a Caixa assumiu o papel de gestora do Fundo de Garantia por Tempo de Serviâo (FGTS), iniciando o trabalho de centralizaâäo das contas vinculadas de FGTS no ano de 1990, jà que, na êpoca as empresas possuïam a opâäo de escolha de qual banco receberia os seus depçsitos de FGTS, fazendo com que mais de 70 instituiâées bancàrias fossem administradoras destas contas. Esta descentralizaâäo encerrou com a centralizaâäo das contas e dos depçsitos na CEF que passou a administrar o arrecadamento e o pagamento dos valores aos trabalhadores. Segundo o site da CEF, a Caixa ê uma instituiâäo Financeira constituïda sob a forma de empresa pñblica, vinculada ao Ministêrio da Fazenda, atuando como principal agente das polïticas publicas do governo federal. Possuï o monopçlio dos emprêstimos sobre penhor e da Administraâäo das Loterias. Esta sujeita a fiscalizaâäo do BACEN, assim como das demais instituiâées participantes do Sistema Financeiro Nacional. A Caixa atende alêm de seus clientes bancàrios, todos os trabalhadores formais do Brasil, por meio do Fundo de Garantia por Tempo de Serviâo, do Programa de Integraâäo Social (PIS) e seguro desemprego, bem como os beneficiàrios de programas sociais (Ex: Bolsa Famïlia) e os sonhos de riqueza dos apostadores da Loteria Federal, este um monopçlio da Caixa desde Como banco pñblico e principalmente por estar direcionada a atender todos os brasileiros, a Caixa possui como missäo Atuar na promoâäo da cidadania e do desenvolvimento sustentàvel do Païs, como instituiâäo financeira, agente de polïticas pñblicas e parceira estratêgica do Estado tendo como valores: Sustentabilidade econåmica, financeira e socioambiental. Valorizaâäo do ser humano. Respeito ó diversidade. Transparòncia e êtica com o cliente. Reconhecimento e valorizaâäo das pessoas que fazem a CAIXA. Eficiòncia e inovaâäo nos serviâos, produtos e processos.

16 16 Com os seus 148 anos de existência a Caixa Econômica Federal atravessou os fatos mais importantes da historia brasileira, sendo criada em um Brasil imperial e, hoje atuante em um país republicano, momentos como o Estado Novo de Getúlio Vargas, a Ditadura Militar, Diretas Já entre outros tantos fatos marcantes da nossa história. Durante esta trajetória a CEF se tornou fundamental para o processo de urbanização e industrialização do Brasil. A Caixa, segundo a o site da Anbima, ocupa o quarto lugar no ranking dos fundos de investimento. O Patrimônio Líquido dos fundos de investimento da CEF alcançou o valor de R$ 109,04 bilhões em abril de 2010 e 7,31% da participação no mercado. Neste ano (2010), pela sétima vez consecutiva, a CEF recebeu o prêmio da revista Exame como a melhor gestora de Fundos de Renda Fixa e de Varejo do país entre os mais de 1000 fundos de investimento analisados pela Revista, prêmio este que leva em consideração o desempenho dos fundos voltados para pessoas físicas e tem como responsável pela pesquisa e analise a Fundação Getúlio Vargas (FGV) VICÊ-PRESIDÊNCIA DE GESTÃO DE ATIVOS DE TERCEIROS Na CEF os fundos de investimento ficam sobre responsabilidade da vice-presidência de gestão de ativos de terceiros (VITER), este um órgão segregado do conselho diretor, responsável pela gestão de ativos de terceiro. A estrutura da VITER é composta de duas superintendências nacionais (sediadas em Brasília e São Paulo), seis gerencias nacionais, além de uma gerencia nacional com subordinação direta à vice-presidência.

17 17 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL No início, o Sistema Financeiro Nacional era extremamente limitado pelas diversas restrições existentes, como a Lei da Usura de 1933 que fixava a taxa de juros nominal a 12% ao ano, que, somada com uma inflação elevada, desestimulava a poupança e a intermediação financeira. Desta forma, o SFN necessitava de uma estruturação racional adequada às necessidades e carências da sociedade brasileira. O grande ponto de mudança no SFN foi às reformas da economia no período entre 1964 e Nesta época, ocorreu o fim da Lei da Usura e a criação da correção monetária, que permitiu a utilização de taxas reais de juros, de forma a incentivar as aplicações financeiras. Segundo Patrick (1995), o crescimento ocorrido após 1964 pode ser visto na tabela abaixo que mostra a participação das instituições financeiras no PIB brasileiro. P a r t i c i p a ç ã o d a s I n s t i t u i ç õ e s F i n a n c e i r a s n o P I B , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 5 1 F o n t e : I B G E ANO % PIB ANO % PIB ANO % PIB ANO %PIB Tabela 1: Participação de IF no PIB brasileiro Fonte: Economia Brasileira e Contemporânea

18 18 Na tabela fica acima evidente a participaâäo das instituiâées financeiras no PIB brasileiro, a partir da dêcada de 80, onde elas comeâam a apresentar na maioria dos casos uma participaâäo acima dos 10%, chegando prçximo a representar 20% do PIB em Este aumento na participaâäo decorreu das elevadas taxas de inflaâäo e da existòncia de ativos remunerados com elevada liquidez que foram substituindo a moeda. O sistema financeiro ê formado por uma sêrie de instituiâées que tem como funâäo fazer a ligaâäo entre os poupadores e os tomadores de crêdito. Neste sistema, seräo realizadas as transaâées que permitem que um agente superavitàrio, sem perspectiva de utilizaâäo da poupanâa que gera, entre em contato com um agente deficitàrio que necessita de uma disponibilidade maior do que a poupanâa que consegue gerar. O Sistema Financeiro Nacional com os seus regulamentos, leis e resoluâées se mostra como um dos mais confiàveis do mundo, o que leva a uma maior confianâa, ocasionando um aumento das taxas de poupanâa e emprêstimo. A Lei da Reforma Bancaria (Nô 4.595/64), em seu Art. 17 caracteriza as instituiâées financeiras da seguinte forma: Consideram-se instituiäåes financeiras, para os efeitos da legislaäço em vigor, as pessoas jurédicas pñblicas e privadas, que tenham como atividade principal ou acessöria a coleta, a intermediaäço ou a aplicaäço de recursos financeiros pröprios ou de terceiros em moeda nacional ou estrangeira, e a custödia de valor de propriedade de terceiros. Desta forma as instituiâées podem ser separadas em dois grupos: a) intermediàrios financeiros; b) instituiâées auxiliares. Os intermediàrios financeiros säo responsàveis pela emissäo de seus prçprios passivos, isto ê, captam poupanâa diretamente dos agentes superavitàrios por sua iniciativa e risco e, posteriormente, aplicam estes recursos nos agentes deficitàrios atravês de emprêstimos e financiamentos. As instituiâées que tòm permissäo para atuar desta forma säo: os bancos que possuem a carteira comercial, ou investimento, ou desenvolvimento e bancos mñltiplos. Excluindo os bancos tambêm possuem permissäo a Caixa Econåmica Federal, as sociedades de crêdito, financiamento e investimento. As instituiâées auxiliares tòm como finalidade realizar a ligaâäo entre os agentes poupadores com os investidores de forma a facilitar a negociaâäo entre as partes. Um exemplo ê a Bm&fBovespa que facilitada ó compra e venda de aâées, dando liquidez ao mercado, fato

19 19 este que não ocorreria sem a Bolsa de Valores devido à dificuldade de colocação dos papéis da empresa junto ao público de forma descentralizada. O sistema financeiro é formado por um subsistema normativo e por um subsistema operativo. O subsistema normativo é formado pelas instituições responsáveis por regular e controlar o subsistema operativo, sendo membros desse subsistema o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central do Brasil (BACEN) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O subsistema normativo tem como finalidade criar e fiscalizar as normas que orientarão o funcionamento do SFN, disciplinar as modalidades de crédito e emitir títulos e valores mobiliários. O subsistema operativo é constituído por instituições públicas ou privadas autorizadas a atuar no mercado financeiro. Conforme o site da FEBRABAN estas instituições atuam na intermediação financeira e têm como função operacionalizar a transferência de recursos entre os agentes superavitários e os agentes deficitários a partir das regras, diretrizes e parâmetros definidos no subsistema normativo SUBSISTEMA NORMATIVO O subsistema normativo é composto pelas autoridades monetárias, reguladoras e fiscalizadoras do sistema financeiro nacional. Este subsistema possui um papel de grande importância no SFN, já que, as instituições participantes são partes integrantes de um conjunto único, estruturadas de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país, através da formulação da política de moeda e crédito, objetivando o progresso econômico e social do país. Este subsistema é o principal elo de ligação entre o Congresso Nacional (Constituição e Leis) e o mercado financeiro, ou seja, esta estrutura é responsável por garantir que o mercado financeiro brasileiro se posicione dentro dos padrões definidos pelo Governo, através das leis aprovados no Congresso Nacional, resoluções emitidas pelo Conselho Monetário Nacional, circulares e cartas Circulares publicadas pelo Banco Central e as instruções e deliberações do Conselho de Valores Mobiliários CONSELHO MONÉTARIO NACIONAL

20 20 O Conselho Monetário Nacional - CMN é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional, sendo em sua origem um órgão normativo não cabem a ele funções executivas, assim ele tem como principal preocupação fixar as diretrizes das políticas monetárias, creditícia e cambial do Brasil. Estas diretrizes sobre responsabilidade do CMN atuam de forma direta na economia do país o que acaba transformando o este órgão, olhando de forma global, em um conselho de política econômica. O CMN desde a sua criação, ocorrida com a Lei nº 4595 de 31/12/1964, teve diversas formações e quantidade de membros, conforme a tabela abaixo. G O V E R N O N º D E M E M B R O S C V M C a s t e l o B r a n c o 6 C o s t a e S i l v a 4 M é d i c i 1 0 G e i s e l 8 F i g u e i r e d o 8 S a r n e y 1 5 C o l l o r 1 1 I t a m a r 1 3 A p ó s P l a n o R e a l 3 F o n t e : F o r t u n a, p g 1 9 Tabela 2: Composição Histórica da CVM Fonte: Economia Brasileira e Contemporânea A composição, apesar de ser variada sempre manteve como Presidente o Ministro da Fazenda ou do Planejamento. O CMN na sua trajetória teve outros ministros e representantes de estatais como participantes, como o da Agricultura, Trabalho, além do Presidente do BACEN e Caixa Econômica Federal. Além destes membros ainda existia dois representantes das classes trabalhadoras e dois membros indicados pelo Presidente da República. Esta composição histórica demonstra à grande influencia que o Presidente da República possuí sobre o CMN, visto que os membros sempre foram compostos por cargos demissíveis ad nutum de acordo com a vontade do Presidente brasileiro. Com a Medida Provisória Nº 542 de 06\94, que criou o Plano Real, foi definida a composição do CMN que vigora, atualmente, que passou a ter como membros: Ministro da

21 21 Fazenda (Presidente), Ministro do Planejamento, orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central. Os principais objetivos do CMN são: a) Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional; b) Regular o valor interno da moeda, corrigindo os surtos inflacionários e deflacionários; c) Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio da balança de pagamentos d) Orientar a aplicação de recursos das instituições financeiras públicas e privadas; e) Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras f) Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e a dívida pública, interna e externa. Segundo Jorge Ribeiro (2006), os três primeiros itens recebem destaque já que estão relacionados entre si e demonstram o controle do CMN sobre os meios de pagamento, controle este fundamental para regular o valor interno da moeda. Fora o valor da moeda este controle também é ferramenta fundamental para combater a inflação e auxiliar a Balança Comercial brasileira através do aumento ou diminuição aos incentivos a importação e exportação, estes que são afetados pela valorização ou desvalorização da moeda. Segundo Fortuna (2009), em consonância com os seus objetivos, o CMN fica responsável por um conjunto de atribuições, dentre as quais cabe ressaltar: a) Autorizar as emissões de papel moeda; b) Aprovar os orçamentos monetários preparados pelo Banco Central; c) Fixar diretrizes e normas de política cambial; d) Disciplinar o credito em suas modalidades e as formas das operações creditícias; e) Estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancários ou financeiros; f) Determinar as taxas de recolhimento compulsório das instituições financeiras; g) Regulamentar as operações de redesconto de liquidez; h) Outorgar ao Banco Central o monopólio de operações de cambio quando o balanço de pagamento o exigir; i) Estabelecer normas a serem seguidas pelo Banco Central nas transações com títulos públicos;

22 22 j) Regulamentar a constituições, o funcionamento e a fiscalização de todas as instituições financeiras que operam no país. Com base em seus objetivos e atribuições, o CMN será o principal órgão regulador do Sistema Financeiro Nacional, tendo como principal executor das suas diretrizes e normas o Banco Central do Brasil BANCO CENTRAL DO BRASIL O Banco Central do Brasil (BACEN) é uma autarquia federal integrante do sistema financeiro nacional, criado pela Lei nº 4595 de 31/12/1964. O BACEN foi criado para atuar como órgão executivo central do sistema financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo CMN. No mercado financeiro é debatida a grande importância de o BACEN ser uma autarquia com um alto grau de independência, entretanto existe uma grande dificuldade em definir este grau de independência do BACEN em relação às políticas de crescimento econômico do país e às necessidades de financiamento do governo federal em seus campos de atuação. Esta independência tão desejada acaba sendo colocada em xeque, já que o objetivo de controle monetário pode cair em detrimento a outros objetivos desejados pelo Governo. Segundo Amaury Patrick (2005, pg. 600), a chamada independência do BACEN não existe por vários motivos: em primeiro lugar por ter que financiar o tesouro (quando necessário), em segundo por ser o garantidor da estabilidade do sistema financeiro, em terceiro por estar politicamente sujeito ao CMN e, ao fato principal, de seu presidente e seus diretores não possuírem mandatos fixos e serem indicados pelo Presidente da República, que tem poderes para destituí-los. Conforme descrito, fica evidente que o andamento do sistema financeiro brasileiro está muito ligado ao sistema político, sendo afetado cada vez que um novo tipo de ideologia partidária passa a governar o país, como exemplo pode-se citar a tensão ocorrida antes da eleição do Lula em Isso ocorre devido à grande influência política que ocorre no CMN, principal órgão regulador do sistema financeiro, e no BACEN, órgão executor das decisões do CMN, onde os seus membros são escolhidos pelo Presidente da República, sem mandado fixo, tornando-os reféns das decisões políticas do governo federal. Para que isso não corra

23 23 seria de grande importância o Brasil seguir o modelo de países como Alemanha, Japão e EUA (principais integrantes do G7) e criar um Banco Central totalmente independente com os seus diretores sendo designados pelo congresso e eleitos com mandato fixo, renovável por um período pré-fixado, o que impediria em quase a sua totalidade a influencia política sobre estes órgãos. O BACEN tem como missão assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do Sistema Financeiro Nacional. Segundo Juliano Pinheiro (2009) para que esta missão ocorra o BACEN adota os seguintes objetivos: a) zelar pela adequada liquidez da economia; b) manter as reservas internacionais do país em nível satisfatório; c) assegurar a formação de poupança em níveis apropriados; d) garantir a estabilidade e o aperfeiçoamento do Sistema Financeiro Nacional. O BACEN tem como competência privativa as seguintes atribuições: a) emitir papel moeda e moeda metálica nas condições e limites autorizados pelo CMN; b) receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os depósitos voluntários das instituições financeiras e realizar operações de redesconto; c) regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; d) efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais; e) emitir títulos de responsabilidade própria; f) exercer o controle e fiscalização do credito; g) exercer a fiscalização das instituições financeiras; h) efetuar o controle do capital estrangeiro; i) aplicar penalidades previstas. O BACEN também se apresenta de cinco formas diversas ao mercado financeiro, todas elas representando funções de básicas de um banco central, conforme tabela abaixo: ATRIBUIÇÕES INSTRUMENTOS\CARACTERÍSTICAS Banco dos Bancos Deposito compulsório; e Redesconto de liquidez. Gestor do Sistema Financeiro Normas\autorizações; e Nacional Fiscalizações\intervenções.

24 24 Executor da Política Monetária Controle dos meios de pagamento; Orçamento monetário; Instrumentos de política monetária Banco Emissor Emissão de meio circulante; e Saneamento do meio circulante Banqueiro do Governo Financiamento do Tesouro Nacional; Tabela 3: Atribuições Bacen Fonte: Mercado de Capitais, Juliano Lima, 2009 p. 62 Administração da dívida pública; Com a reforma ocorrida em 1964, estas atribuições foram colocados sobre cuidado do BACEN para que o Estado possuísse a capacidade de intervir diretamente no sistema financeiro e indiretamente na economia COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é um órgão integrante do subsistema normativo do mercado de valores mobiliários. É uma autarquia especial vinculada ao Ministério da Fazenda, sob orientação do CMN, tendo sido criado nos moldes da Securities & Exchange Commision (SEC) dos Estados Unidos. Apesar da utilização do modelo existe uma diferença importante entre a CVM e a SEC, já que a SEC é subordinada ao Congresso Norte- Americano, enquanto a CVM se subordina ao Poder Executivo. A sua criação ocorreu com a Lei nº 6385, tendo assumido plenamente as suas funções em 06/04/78, com a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar, coibir irregularidades, promover a expansão, o desenvolvimento e o funcionamento eficiente do mercado de valores mobiliários, sob a orientação do Conselho Monetário Nacional. A CVM é administrada por um presidente e quatro diretores nomeados pelo Presidente da República, com mandato de cinco anos, renovando um quinto por ano de acordo com a Medida provisória Nº8, de A Lei nº 6385 garante para a CVM as seguintes atribuições: a) registrar e fiscalizar as companhias abertas; b) registrar a emissão de valores mobiliários; c) credenciar os auditores independentes, administradores de carteiras, analistas e consultores de valores mobiliários;

25 25 d) autorizar a constituição de bolsas de valores, sociedades corretoras e distribuidoras; e) suspender ou cancelar registros; f) suspender a emissão, distribuição e negociação de valores mobiliários. A CVM é o grande responsável pelo fortalecimento do mercado de ações no Brasil se apresentando como um órgão regulador e fiscalizador de grande eficácia ela traz confiança ao mercado o que acaba estimulando a aplicação de valores por parte de investidores que antes aplicavam na poupança ou em renda fixa BANCO DO BRASIL O Banco do Brasil - BB teve a sua origem em 12 de outubro de 1808 com a vinda da família real ao Brasil. Com esta chegada ocorreu no país um grande aumento na atividade comercial que passou a demandar um meio circulante adequado. Com isso surge o Banco do Brasil com a função de ser o emissor de moeda no Brasil. Em 1829, o Banco do Brasil foi extinto e recriado em 1833 sem a responsabilidade de ser o emissor de moeda. O BB manteve-se como uma autoridade monetária até 1986, quando por decisão do CMN teve retirada a conta movimento do Governo Federal. O Banco do Brasil possui as mesmas funções de um banco comercial, porém executa uma série de outros serviços que são de sua competência, como ser o responsável por executar as políticas de credito rural estipuladas pelo governo e a exclusividade de compensação de cheques e outros documentos em que seja necessário realizar este tipo de serviço. Fora os serviços citados, o BB possui outros que o colocam como o principal parceiro do Governo Federal na prestação de serviços bancários, sendo os principais a execução do Orçamento Geral da União e o papel executor dos serviços bancários referente as autarquias do Governo Federal. O Banco do Brasil como uma empresa de economia mista é formado por uma série de acionistas que fazem parte da constituição de seu capital social, sendo o Governo Federal o acionista majoritário, mantendo o Banco do Brasil uma empresa pública.

26 BNDES BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÅMICO E SOCIAL O BNDES é uma empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior. Criado pela Lei nº 1628 de 20\06\1952 para a administração do Programa de Reaparelhamento Econômico, fundo este criado em 1951 constituído por empréstimo compulsório de 10% sobre o Imposto de Renda mais os recursos externos adicionais. Este programa que ocasionou a criação do BNDE tinha como finalidade concentrar recursos para o incentivo do processo de industrialização que se iniciava no Brasil. Na década de 1950 devido ao escasso capital existente eles foram aplicados em obras de infra estrutura, energia elétrica e outras que promovessem o crescimento da industrialização no país. Em 1960, o BNDE passa a ampliar a captação de recursos e começa a financiar empresas privadas nacionais, onde mais tarde, em 1964, seria criado o Finame (Agência Especial de Financiamento Industrial) que oferece financiamento de longo prazo até hoje. Em 1982, o Governo Federal cria o Fundo de Investimento Social e entrega a sua gestão para o BNDE que passa a se chamar BNDES. Atualmente, o BNDES é um dos principais executores da política de financiamento do Governo Federal, sendo responsável pelos investimentos de longo prazo. Segundo Fortuna (2009), é a principal instituição financeira de fomento no País e tem como objetivos básicos: a) impulsionar o desenvolvimento econômico e social do País; b) fortalecer o setor empresarial nacional; c) atenuar os desequilíbrios regionais, criando novos pólos de produção; d) promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, industriais e de serviços; e e) promover o crescimento e a diversificação das exportações. Para que ocorra o alcance destes objetivos o BNDES utiliza uma estrutura chamada Sistema BNDES, composta pelo BNDES, pela Finame e pela BNDESPAR. O BNDES, que controla as demais, tem como objetivo o desenvolvimento do país por meio de várias modalidades de financiamento, ou seja, todos os setores da economia são financiados, exceto algumas exceções como a indústria do fumo, compra de animais para revenda, etc. Ele se apresenta ao mercado como um banco de segunda linha que opera através dos bancos comerciais, investimento e financeiras. Estes agentes encaminham ao BNDES as solicitações de financiamento, tendo como retorno uma comissão que gira por volta de 2% do valor do contrato.

27 27 O FINAME é uma subsidiária do BNDES, que detém 100% de seu capital, tendo como finalidade realizar o financiamento de máquinas e equipamentos. Para isso, o FINAME possuí uma série de modalidade, sendo as principais: a) Finame Automático, para equipamentos novos fabricados no país; b) Finame agrícola, para equipamentos novos nacionais para a agricultura; c) Finamin, para importação de maquinas e equipamentos; d) Finame especial, para operações de longo prazo (96 meses); e e) Finame construção naval, para o setor de embarcações. O BNDESPAR é uma sociedade por ações, que possui como objetivo social a capitalização da empresa nacional por meio de participação acionaria. Segundo Jorge Ribeiro (2006), a BNDESPAR adquire ações de uma empresa, injetando recursos não exigíveis. Passando a fase de maturação do investimento, ela vende os títulos no mercado, pois seu objetivo não é participar eternamente na empresa. Ele tem um funcionamento semelhante às companhias de participações que se utilizam do conceito Private Equity e Venture Capital, onde se investe recursos em uma empresa com grandes perspectivas de crescimento esperando o prazo de maturação para que ocorra o retorno do valor investido. O BNDES após o governo Collor se tornou gestora do Plano Nacional de Desestatização (PND), plano que tem como objetivo diminuir a influência do estado na economia, privatizar suas empresas e concentrar a atuação da administração pública nas suas áreas afins como educação, saúde, segurança, etc. Este processo se realiza através de leilões nas bolsas de valores. Para conseguir realizar a sua função de principal agente de fomento do Brasil, o BNDES possuí uma grande variedade de fontes de recursos, tendo como principais: a) Fundo de Amparo do Trabalhador; b) Captações externas; c) Patrimônio líquido; d) Programa de Integração Social; e e) PASEP CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

28 28 O CRSFN é um órgão integrante do Ministério de Fazenda, criado em 15/03/1985 pelo Decreto Nº , para julgar em segunda e última instancia os recursos das punições impostas pelo BACEN e CVM aos participantes do mercado financeiro brasileiro. Este Conselho possui a seguinte composição: Um representante do Ministério da Fazenda; Um representante do Banco Central; Um representante da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Um representante da Comissão de Valores Mobiliários; Quatro representantes das entidades de classe, dos mercados financeiros e de capitais, por elas indicados em lista tríplice, por solicitação do Ministro da Fazenda. O Conselho tem como presidente o representante do Ministério da Fazenda, e como Vice- Presidente a pessoa designada pelo Ministério da Fazenda entre os representantes de classe. Cada membro do conselho e seus suplentes possuem mandato de dois anos, podendo ser reeleitos SUPERINTENDÇNCIA DE SEGUROS PRIVADOS SUSEP A SUSEP foi criada pelo Decreto Lei Nº 73/66 em conjunto com o Sistema Nacional de Seguros Privados do qual fazem parte a SUSEP, o Conselho Nacional de Seguros Privado e o Instituto de Resseguros do Brasil. Segundo Fortuna (2009), as atribuições da SUSEP são as seguintes: a) Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização; b) Proteger a captação de poupança popular; c) Zelar pelo interesse dos consumidores; d) Promover o aperfeiçoamento das instituições; e) Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição; f) Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado; g) Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP exercer as atividades que por este forem delegadas; e h) Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP.

29 SECRETARIA DE PREVIDÇNCIA COMPLEMENTAR SPC A Secretaria de Previdência Complementar - SPC é responsável pela fiscalização das entidades de previdência privada sendo de sua responsabilidade o controle dos planos e benefícios e das atividades destas organizações. Estas entidades têm como finalidade ser um complemento ao sistema oficial de previdência e assistência social (INSS) tendo as suas atividades enquadradas na área de atuação do Ministério de Previdência e Assistência Social. Estas entidades não podem ter fins lucrativos. Entretanto se vêem obrigadas a aplicar a reserva de capital que possuem para conseguir manter a benefícios sociais para os quais foram criadas, como a aposentadoria. Desta forma, elas se transformam em grandes investidores institucionais, como os fundos de pensão da Caixa Econômica Federal (FUNCEF), da Petrobras (FUNPETRO) e do Banco do Brasil (PREVI). Segundo Fortuna (2009) as principais atribuições do SPC são: a) Baixar instruções e expedir circulares para a implementação de normas estabelecidas; b) Fiscalizar as atividades das entidades fechadas; c) Fiscalizar a execução das normas gerais de contabilidade, atuária e estatística; d) Proceder à liquidação das entidades fechadas que tiverem cassada a autorização de funcionamento SUBSISTEMA OPERATIVO O subsistema operativo é composto pelas instituições que atuam na intermediação financeira de recursos e tem como função principal operacionalizar a transferência de recursos entre fornecedores de fundos e os tomadores de recursos, a partir das regras, diretrizes e parâmetros definidos pelo subsistema normativo. Segundo o site da FEBRABAN estão incluídos nesta categoria as instituições financeiras bancarias e não-bancárias, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, além das instituições não financeiras e auxiliares ORIGEM DOS BANCOS

30 30 O início das atividades que dariam origem aos bancos remonta a Mesopotâmia de 3400 anos antes de cristo. Estas operações ocorriam nos templos, sendo administradas pelos sacerdotes locais, e incluíam a transação de mercadorias e financiamentos com altas taxas de juros, apesar da inexistência de moeda corrente. A moeda, nos moldes que conhecemos hoje, teve seu inicio por volta do ano 500 a.c, antes se utilizava o escambo, uma forma de troca de um tipo de mercadoria por outra. Esta pratica trazia grande dificuldade para o comercio devido à impossibilidade em equiparar o valor dos bens que estavam sendo negociados. Trezentos anos mais tarde (200 a.c.) devido aos roubos ocorridos nas caravanas que levavam mercadorias os gregos, como forma de combater estes delitos, criaram a figura do cheque como o intuito de proteger os viajantes. Segundo Jorge Ribeiro (2006), os bancos começaram a assumir a forma que existem hoje a partir do fim do século XVI nas cidades estados da Europa, Gênova, Florença, Veneza, sendo que todas estas possuíam grandes famílias de banqueiros. Posteriormente apareceram bancos na Suécia, na Inglaterra, na França e em diversos países. Nos EUA em 1913, é criado o sistema dos bancos da reserva federal. A atividade bancária no Brasil tem início com a fundação do Banco do Brasil em INSTITUIÇÕES FINANCERIAS MONETÁRIAS As instituições financeiras monetárias são formadas pelos integrantes do sistema financeiro nacional autorizado pelo Banco Central a receber depósitos à vista, criando o multiplicador bancário. As instituições integrantes são as seguintes: Bancos Comerciais e múltiplos com carteira comercial; Caixa Econômica Federal; Banco do Brasil; Bancos Cooperativos; Cooperativas de Crédito. Os depósitos á vista representam os recursos captados pelas instituições monetárias que podem ser sacados a qualquer momento pelo titular da conta, podendo este saque ocorrer através de cheque, cash atm (auto atendimento), transferência bancaria, cartão de débito, etc. Esta conta de deposito à vista, mais conhecida como conta corrente, é uma forma de captação

31 31 de recursos na qual a instituição não realiza nenhum pagamento sobre o capital depositado, ou seja, é uma forma de captação a custo zero. Este tipo de deposito de livre movimentação força a criação do multiplicador bancário, este que é controlado pelo Banco Central através do Depósito Compulsório um instrumento clássico de política monetária. Por ser um instrumento de política monetária o depósito compulsório pode ter a sua alíquota alterada de acordo com a necessidade de alteração do estoque de moeda definido pelo Conselho Monetário Nacional BANCOS COMERCIAIS Os bancos comerciais são a base do sistema monetário devido a sua capacidade de criar moeda escritural que surge através dos depósitos à vista realizados nestas instituições. Estes depósitos são a principal fonte de recursos que o banco utiliza para financiar a curto e médio prazo as pessoas físicas e as empresas que necessitam realizar a captação de recursos. Para as empresas estes empréstimos se destinam a equilibrar o capital de giro da organização devido ao descompasso ocorrido de o prazo médio de pagamento ser menor do que o prazo médio de recebimento dentre outras situações. Os financiamentos dos bancos comerciais também podem ser utilizados para investimento, porém não são os mais indicados devido ao mercado oferecer linha de crédito mais atrativas como, por exemplo, as linhas de crédito do BNDES. Para a pessoa física estes empréstimos são utilizados em diversas situações, sendo as principais na compra de bens de consumo e bens imóveis. Apesar do depósito à vista ser a principal forma de captação de recurso, os bancos comerciais possuem outras formas de captação que em conjunto com os depósitos à vista se denomina operações passivas, ou seja, as operações que originam os recursos que, posteriormente, serão aplicados no mercado através das operações ativas. Para realizar estas operações de captação e aplicação cada banco comercial irá atuar de uma forma diferente no mercado, fazendo com que ocorra uma dualidade de estruturas bancárias que segundo Juliano Lima (2009) se classifica da seguinte forma: a) bancos varejistas: captam recursos de clientes em geral, sem especificar um nicho de atuação, e operam com baixa margem operacional de risco; e b) bancos atacadistas: atendem a uma demanda especifica de clientes, assumindo assim maiores riscos e maior agilidade operacional.