SISTEMA DE COBERTURA COM MEMBRANA TERMOPLÁSTICA NÃO TENCIONADA. Arquiteto, Msc. Eduardo Munhoz de Lima Castro i eduardomunhoz.castro@gmail.

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1 SISTEMA DE COBERTURA COM MEMBRANA TERMOPLÁSTICA NÃO TENCIONADA Arquiteto, Msc. Eduardo Munhoz de Lima Castro i eduardomunhoz.castro@gmail.com A crescente demanda por produtos industrializados para realização de projetos industriais e comerciais vem acompanhada pelo conceito de construção seca, limpa e sustentável. A busca pela certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) concedida para edifícios sustentáveis propicia mudança nos processos construtivos. Alguns sistemas e processos de coberturas se enquadram nessa realidade. Porém trata-se ainda de um mercado carente de informações, com poucos fabricantes no Brasil que disponibilizam produtos para essa finalidade. Ao projetar-se a cobertura tanto para uma obra nova ou para re-cobertura é preciso entender como integrar os elementos disponíveis para uma real condição de execução. O aço empregado no sistema de cobertura se caracteriza pela qualidade mecânica estrutural permitindo várias aplicações e composições, além da rapidez e facilidade de aplicação. Uma vez aliado ao sistema de membrana não tencionada proporciona flexibilidade ao projeto sem interferir no partido adotado. Este trabalho visa contribuir para informação e divulgação de uma nova tecnologia de cobertura que se disponibilizada no Brasil, visto não haver literatura nacional sobre o tema.

2 1. Introdução Com o advento das lajes de concreto os sistemas e processos de impermeabilização de coberturas antes de 1970 tinham como matéria prima básica produtos asfálticos ou acrílicos, com aplicações na forma de emulsões a frio, laminações a quente em várias camadas com asfalto modificado utiilizando estruturantes como papel kraft, véu de fibra de vidro ou poliéster, mais recentemente sistemas com mantas asfálticas, estes tradicionalmente empregados até os dias de hoje, sistemas conjugados com neoprene e hypalon entre tantos outros. Os novos projetos, as novas edificações, impuseram uma maneira de edificar seus telhados permitindo o surgimento no Brasil de processos e sistemas com membranas não tencionadas. 2. Conceito O sistema de membrana não tencionada caracteriza-se por uma cobertura monocamada, termo isolante ou não, totalmente impermeável, estanque às ações das intempéries e resistente às ações dos ventos [arrancamento por sucção], não possuindo fixações aparentes. Acompanha a dilatação térmica gerada pela ação solar e pela variação climática. Trata-se de um sistema amplamente flexível e adaptável as mais diversas geometrias arquitetônicas. Empregado nos projetos de novas coberturas ou em re-coberturas metálicas possui a capacidade de trabalhar a diminuição da temperatura do ambiente construído [ilha de calor] sendo ainda um sistema de última geração com relação à impermeabilidade podendo ser empregado em coberturas com as mais diversas interferências e elementos passantes. 3. Composição do sistema Muito empregado na Europa, na América do Norte e em países onde a preocupação com a conservação de energia é um aspecto marcante, o sistema se compõe da membrana, que é depositada sobre a superfície. A fixação é mecânica composta por um conjunto de arruela e parafuso auto atarraxante de alto desempenho sobre uma camada de placas de elementos termoisolante onde a espessura varia de acordo com a especificação do projeto. Sobre o termoisolante e entre a manta, estende-se uma

3 camada de um filme separador que poderá ser desde papel Kraft de alta gramatura, um não tecido de poliéster, de polipropileno ou até mesmo filme de polietileno 1. A membrana e o termoisolante são instalados sobre a telha de aço perfil trapezoidal, com espessura recomendada de 0,80mm, altura do trapézio de 40mm e largura útil 980mm formando um deck metálico e uma plataforma de trabalho [figura1]. Por razões comerciais o mercado brasileiro substitui a espessura recomendada por uma inferior, de 0,65mm. Isso é possível, porém se diminuí o espaçamento entre apoios e promove o aumento do número de terças; contudo aumenta-se o peso da estrutura. Na matemática da construção civil deve-se pensar nas boas práticas de engenharia e avaliar as ações, pois assim o resultado valerá o investimento. Figura 1 Corte do sistema com membrana 4. Normas e Condição de Seguro A aplicação do sistema deverá estar de acordo com os procedimentos de instalação e processos de riscos classificados pela seguradora norte-americana FACTORY MUTUAL GLOBAL FM GLOBAL [ garantindo uma condição de risco de incêndio controlada e procedimentos de instalação padronizados. Os produtos empregados deverão ter a classificação UL (Underwriters Laboratory) sobre a segurança contra propagação de fogo [figura2]. 1 Dependendo do tipo de manta que é empregada se faz necessário o uso de uma camada separadora.

4 No Brasil ainda não há uma norma de processos tal qual se identifica nos órgãos citados e dessa forma, por se tratar de segurança, busca-se orientar-se pelos mesmos. Figura 2 Selos dos órgãos certificadores 5. Ecoeficiência Algumas iniciativas sobre ecoeficiência energética nas edificações brasileiras são uma realidade cada vez mais freqüente. Essas ações se destacam em obras de cunho industrial, comercial e governamental. No cenário global e nacional se destacam alguns programas para diminuição do efeito de ilha de calor urbana buscando o melhor desempenho de seus materiais e sistemas de cobertura para um melhor aproveitamento e eficiência energética das edificações: LEED [Estados Unidos] SUSTENTAX [Brasil] CTE [Brasil] GBC [Estados Unidos] CRRC [Estados Unidos] ENERGY STAR [Estados Unidos] 5.1 LEED - Leadership in Energy and Environmental Design Trata-se de um protocolo de avaliação e certificação de edificações conhecido e aceito internacionalmente. No Brasil ele vem sendo chamado de Selo Verde. Foi inicialmente concebido por um comitê, ligado ao USA Green Building Council, visando encorajar e acelerar a adoção de práticas sustentáveis de edificações ecologicamente corretas, criando e implementando padrões, ferramentas e procedimentos aceitos e entendidos internacionalmente [figura3]. Figura 3 Logo padrão LEED

5 5.2 CRRC - Cool Roof Rating Council Criado em 1998 para desenvolver métodos confiáveis de avaliação e classificação dos índices de refletância e emitância térmica solar [propriedades radiativas] de produtos para cobertura, divulgando a informação a todos interessados [figura 4]. Figura 4 Logo padrão CRRC 5.3 ENERGY STAR Trata-se de um programa governamental norte americano que se mobiliza em campanha a promover a proteção ambiental através do uso racional de energia, com o uso de produtos de eficiência energética. Este programa incentiva e promove produtos que visam reduzir a poluição do ar e o impacto de ilha de calor em regiões urbanas. O selo Energy Star foi criado para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e outros poluentes causados pelo uso ineficiente de energia e identificar os produtos energeticamente eficientes que proporcionam uma economia nas contas de energia sem sacrificar o desempenho e conforto [figura 5]. Figura 5 Logo padrão ENERGY STAR

6 5.4 SUSTENTAX Trata-se de um selo cujo propósito visa orientar os consumidores na identificação de produtos, materiais, equipamentos e serviços sustentáveis. Os critérios analisados pelo selo Sustentax se referem a: salubridade, qualidade, responsabilidade social, responsabilidade ambiental, economia, segurança, comunicação com o consumidor e a regularização jurídico-fiscal da empresa fornecedora [figura 6]. Figura 6 Logo padrão SUSTENTAX 5.5 CTE - Centro de Tecnologia de Edificações Empresa privada de consultoria da área de engenharia, com foco no desenvolvimento de empreendimentos e empresas sustentáveis, visando gerar valor para os negócios, equilibrando os aspectos econômicos, ambientais e sociais. Desenvolve consultorias na área de sustentabilidade e na preparação de empreendimentos imobiliários para a certificação LEED e a certificação AQUA entre outras competências. 6. Processo de Montagem do Sistema Sobre as terças da estrutura, inicia-se a instalação pela telha de aço com a onda mais larga para cima (invertida) para oferecer o máximo de apoio a camada isolante, criando-se uma maior área de ancoragem e aderência ao sistema [figura 7]. Figura 7 Posicionamento do deck metálico

7 As placas termoisolante são instaladas em um processo de amarração fixa-ás a telha através de arruelas e fixadores apropriados [figura 8]. A densidade de fixadores é definida em função da resistência ao vento e característica do projeto. Figura 8 Posicionamento das placas termoisolantes e indicação de seus fixadores Os rolos são abertos no sentido perpendicular às ondas das telhas. As mantas são posicionadas sobre as placas com uma sobreposição de no mínimo 100mm nas emendas. Após fixação e cada lado, cobre-se e solda-se um painel ao outro por termofusão, encapsulando os elementos de fixação, garantindo-se total estanqueidade á cobertura [figura 9].. Figura 9 Fixação da manta na região das emendas

8 Assim como nas emendas, as regiões periféricas e os detalhamentos são completamente cobertos, criando uma barreira impermeável. O produto final da cobertura é um pano único. Possíveis vibrações e forças de dilatação ocasionadas pelo diferencial térmico não afetam a estabilidade do sistema. Sua flexibilidade permite absorver as oscilações que ocorrem constantemente. Todos os detalhes e arremates (domos, bordas, calhas, cantos, tubos) e outros tipos de interferências são executadas conforme os procedimentos padrões determinados [figura 10]. Figura 10 Detalhe de execução de calha interna A obra deve tomar as providências para receber e estocar todos os produtos do sistema numa área protegida e segura, evitando contato com o solo e umidade. O depósito de colas, adesivos, fixadores, mastiques e outros acessórios requerem um local seco e seguro. Com a flexibilidade do sistema é possivel efetuar a completa vedação de áreas complexas. O material molda-se em superficies de difícil acomodação [figura 11], o que não ocorre com um material rígido. As eventuais vibrações geradas, caso ocorram, não afetam o sistema devido à flexibilidade da membrana.

9 Figuras 11 Detalhe de uma cobertura e suas interferências Nota-se o revestimento por completo respeitando-se o conceito da monocapa na figura 12 da calha interna com borda dupla. O resultado é uma superfície contínua e uniformemente revestida. A flexibilidade do material permite que se empreguem pequenas partes dele mesmo para cobrir cantos e arremates de difícil execução. Todos os cortes efetuados na manta são facilmente soldados uma vez que o sistema permite a fusão com o próprio material. Figura 12 Calha interna com borda dupla

10 Flexibilidade, estabilidade dimensional, estanqueidade, adaptável as mais diversas geometrias. O sistema de membrana possui grandes vantagens aliando-se ao aço. É um produto que deve ser utilizado em conjunto com sistemas metálicos de cobertura pois alivia o peso das fundações, viabilizando economicamente a criatividade do partido arquitetônico mais arrojado [figura 13]. Figura 13 Aeroporto Internacional de Carrasco Fonte: Rafael Viñoly Architects

11 7. Referências COOL ROOF RATING COUNCIL. Disponível em < Acesso em 3 mar CTE. Disponível em < Acesso em 3 mar ENERGY STAR. Disponível em < Acesso em 3 mar FACTORY MUTUAL. Disponível em < Acesso em 3 mar LEED. Disponível em < Acesso em 3 mar RAFAEL VIÑOLY ARCHITECTS. Disponível em < Acesso em 3 mar SUSTENTAX. Disponível em < Acesso em 3 mar i Arquiteto MSc. Eduardo Munhoz de Lima Castro; Mestre em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie SP; Arquiteto e Urbanista pelo Unicentro BELAS ARTES de São Paulo; especialista em Marketing pela FAAP SP; Profissional com mais de 20 anos de experiência na indústria da construção civil e metálica, onde colaborou em cargos executivos para empresas do setor de impermeabilização de alto desempenho, coberturas e sistemas industrializados em aço, desenvolvendo projetos e consultoria de coberturas industriais e comerciais. Contribuiu para o desenvolvimento da fôrma laje metálica steel deck e sistemas com membrana. Atua no segmento de obras industriais e comerciais, com consultoria, projeto e execução de coberturas [telhados] de alto desempenho, empregando sistemas com membrana. Professor convidado da ABCEM (Associação Brasileira da Construção Metálica) e YCON Cursos de formação continuada. Profere palestras sobre o emprego do aço e membranas. Consultor de negócios para empresa multinacional. ii Crédito das fotos: Soludimper [exceto Aeroporto de Carrasco]. iii Imagens de logos de sustentabilidade retiradas de cada site correspondente.