ATA DE REUNIÃO PÚBLICA
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- Giuliana Barroso Guimarães
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1 ATA DE REUNIÃO PÚBLICA Aos 17 dias do mês de maio de 2012, às 19:00 horas, na sede da Escola Estadual São José de Jassém, no distrito de São José do Jassém, Município de Alvorada de Minas-MG, Comarca do Serro, onde se achavam presentes os Promotores de Justiça Dra. Marina Kattah, Promotora de Justiça da Comarca do Serro, como Presidente; Dr. Marcelo Mata Machado Leite Pereira, Promotor de Justiça da Comarca de Conceição do Mato Dentro-MG; Dr. Francisco Chaves Generoso, Coordenador Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos Rios Jequitinhonha e Mucuri; Dr. Paulo César Vicente de Lima, Coordenador da Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais - CIMOS; bem como, a Defensora Pública Dra. Defensora Pública Flávia Marcelle Torres Ferreira de Morais; a Procuradora da República, Dra. Silmara Cristina Goulart, todos como integrantes da Mesa Diretora, teve início a presente Reunião Pública, cujo objetivo é tratar de questões afetas aos atingidos pelo empreendimento minerário Minas-Rio, de responsabilidade da empresa Anglo Ferrous Minas-Rio Mineração S/A, com a oitiva de integrantes da sociedade civil, sobretudo dos próprios atingidos pelo mencionado empreendimento. Dando início aos trabalhos, a Dra, Marina se apresentou a todos e falou sobre o objetivo da Reunião. Dr. Marcelo, agradecendo a presença de todos, se apresentou como novo Promotor de Justiça da Comarca de Conceição do Mato Dentro, dizendo que se coloca a disposição da sociedade, que todas as instituições ali presentes estão engajadas no mesmo espírito de promover melhorias sociais para os atingidos pelo empreendimento e que a participação organizada da sociedade civil é de fundamental importância para alcançarmos os resultados sociais por todos almejados. Dr. Paulo César agradeceu a todos, esclarecendo que esta não é Reunião Pública - 17/05/2012 São José do Jassém Pág.: 1
2 uma audiência pública, mas uma continuidade do trabalho que já foi iniciado, que a prioridade não é ouvir novamente a todos, mas priorizar os moradores de São José do Jassém e demais que não tiveram oportunidade de falar na audiência pública. Ressaltou que várias outras reuniões serão feitas e será apresentado a todos os encaminhamentos até agora desenvolvidas e capitaneadas pelo Ministério Público e instituições parceiras. Foi proposto a criação de um espaço no blog da Cimos ( para servir como um espaço democrático onde serão divulgadas todas as informações, atividades, encaminhamentos, programas, projetos, opiniões, acerca das questões abordadas nas reuniões públicas. Relatou, também, que as instituições (MP/MG, MPF e Defensoria) estariam expedindo 03 recomendações ao empreendedor -Anglo Ferrous abrangendo conteúdos discutidos na audiência pública. Dr. Francisco falou que uma das recomendações objetiva resgatar a qualidade da água em todos rios e mananciais atingidos direta e indiretamente pelo empreendimento, objetivando que seja a mesma situação de antes do empreendedor obter a licença prévia; Dr. Paulo informou que a outra recomendação tem como o foco os problemas narrados na audiência pública referente à Escola Municipal de São José do Arruda, onde diversos alunos estão sofrendo de problemas respiratórios causados pela poeira dos carros leves e pesados do empreendimento que passam em alta velocidade. A recomendação também será expedida para o DER/MG e município de Alvorada de Minas; Dra. Silmara disse que a ultima das três recomendações visa alertar ao empreendedor de que as ameaças e intimidações feitas aos atingidos, a destruição de patrimônio particular (cercas, porteiras, mata-burros), a invasão de propriedades, podem configurar prática criminosa e também gerar consequências cíveis e que quando ocorrerem serão apuradas e as responsabilidades atribuídas. Dr. Paulo César disse que será instaurado na Promotoria do Serro e de Conceição do Mato Dentro Inquéritos Civis para acompanhamento, fiscalização, investigação e tomada de providências sobres as repercussões sócio-ambientais do empreendimento, sem prejuízo dos outros inquéritos e ações judiciais já instaurados ou ajuizadas. Foi explicitada a proposta de criação da Rede de Acompanhamento Sócio-Ambiental Reunião Pública - 17/05/2012 São José do Jassém Pág.: 2
3 (REASA), consistente num grupo de representantes de instituições públicas e sociedade civil organizada, que irá reunir-se mensalmente para desenvolvimento das questões tratadas na audiência pública (impactos sócioambientais do empreendimento minerário), com um espaço virtual de discussões, acompanhamento, troca de informações, pauta e local das reuniões, entre outras, a ser hospedado no blog da Cimos. Solicitou a aprovação de todos, sendo a proposta aprovada por unanimidade. Foi sugerida a composição da Rede com os seguintes integrantes: representante do grupo Gesta/UFMG, Professora falou sobre o Gesta e seus objetivos; Representante do grupo de estudos da PUC/MINAS, que se manifestou favoravelmente; Participação dos secretários de Meio Ambiente dos 4 municípios envolvidos; representantes do CODEMA e do CMDRS de cada um dos 4 municípios; representantes de cada uma das comunidades atingidas pelo empreendimento; participação das organizações da sociedade civil urbanas através dos Codemas Municipais; participação da SEMAD, participação do MPE, MPF e DP. Foi questionado se alguém teria alguma objeção ou sugestão. Foi sugerida a participação da EMATER e da empresa empreendedora. Foi aceita a participação da EMATER e da Anglo, apenas sendo sugerido que os representantes da Anglo tenham poder de decisão ou pelo menos atribuição para levar aos superiores, diretamente, as demandas levantadas e discutidas pela REDE. Foi ressaltado ainda pelo Dr. Paulo César que o grupo estará aberto para todos aqueles cidadãos que não se sentirem representados. Foi aprovada a composição da rede. Para fins de divulgação das informações da rede, foi sugerido, principalmente para aqueles que não tem acesso à internet, que as pautas de reunião e outras informações importantes sejam fixadas nas escolas públicas, prefeitura e estabelecimentos públicos das cidades e distritos. Foi tudo aprovado por todos, ficando criada a Rede de Acompanhamento Sócio-Ambiental (REASA). Dada a palavra a Sra. Dalvinha esta falou que era necessário a participação de algum representante da comunidade da Mumbuca, além dela mesmo. Foi sugerido que a próxima reunião fosse realizada na Mumbuca, mas foi dito que o local não oferece condições, em razão do grau de intervenção antrópica do empreendedor. Foi sugerido, então, que a reunião fosse realizada na Escola do Arruda Reunião Pública - 17/05/2012 São José do Jassém Pág.: 3
4 justamente objeto de uma das recomendações a serem expedidas, ficando a reunião agendada para 11 de junho, as 17:00 horas, com pauta a ser publicada no blog da Cimos no espaço da REASA. Ficou acertado, por fim, que as reuniões serão realizadas mensalmente, em locais diversos (itinerante), a ser decidido na reunião anterior. Ficou decidido que as reuniões serão realizadas nas segundas-feiras da segunda semana de cada mês, sempre às 17:00 horas, salvo motivo de força maior comunicado com antecedência. Foi aberta inscrições para manifestação dos presentes e dito pelo Luiz, sociólogo da CIMOS-MP/MG, que todos divulgassem a reunião, levando as informações a pessoas de outras comunidades que não puderam estar aqui, principalmente sobre as recomendações elaboradas pelas instituições parceiras. Fez uma breve conferência sobre representantes das comunidades e colocou-se a disposição de todos. Fizeram uso da palavra: Dalva Gaeta comunidade do Mumbuca Cidadã relatou com detalhes o andamento das ações judiciais que litiga contra a Anglo, das decisões exaradas nos processos, das consequências da intervenção da empresa para sua propriedade. Dr. Paulo Cesar esclareceu que o MP vem empreendendo esforços, mas que é comum também sofrer com derrotas em alguns expedientes judiciais importantes e que esta situação faz parte do processo democrático. A senhora Dalva disse também que em 2010, ocorreu reunião com a Supram/Jequitinhonha Dr. Ilmar Bastos sobre a situação da Mumbuca, sendo considerada área de desocupação emergencial, em razão da situação dos riachos e ferrugem. Que nada ocorreu. Apresentou também documentos referentes aos acordos feitos com a Anglo para sair do terreno e que não foram cumpridos (Termo de Irapé). Disse que tem pessoas que assinaram o termo e não receberam sequer os 30%. Disse que as condicionantes da LP não estão sendo cumpridas e perguntou qual providência pode ser tomada pelas autoridades presentes. Questionou se o MP pode tomar alguma medida para fazer cumprir o seu termo de Irapé. Paulo César disse que ao MP não cabe intervir em assuntos patrimoniais individuais, que essa atribuição cabe aos advogados, ou a Defensoria Pública para aqueles que não tem condições financeiras de pagar por um advogado. Filipe Gaeta comunidade da Mumbuca - cidadão enfatizou a questão das condicionantes e das licenças deferidas, questionando se o MP não pode fazer alguma coisa Reunião Pública - 17/05/2012 São José do Jassém Pág.: 4
5 para barrar as licenças. Foi respondido pelo Dr. Paulo César que havia duas liminares vigentes, obtidas pelo MP/MG, a respeito da preservação dos sítios arqueológicos e da construção da linha de transmissão. Dr. Marcelo esclareceu que o MP vem agindo desde antes a concessão da licença prévia, com o ajuizamento de ações civis públicas, mas que também sofreu algumas derrotas no Judiciário. Ana Maria Simões comunidade de São José do Jassém - falou dos problemas que está tendo com a empresa que não se refere a cumprimento de acordo. Luiz Bento da Conceição comunidade de São José do Jassém - falou sobre o não cumprimento de condicionante, disse que seu filho não teve emprego aqui e teve que mudar da região. Djanira Oliveira Simões - comunidade de Água Quente, vizinha de Zé Pepino - falou do problema da água. Disse que em razão da contaminação do córrego, a população está usando a agua de um poço construído pela Anglo em sua propriedade. Que a Anglo não vem a remunerando pela utilização de sua propriedade, conforme prometido. Pede providências e disse que depois irá procurar o Ministério Público pessoalmente para explicitar o problema de forma detalhada. José Adilson de Miranda Silva, vulgo Zé Pepino - disse que a Anglo Ferrous não pagou nada a Joaozinho. Falou do problema da água. O que vai fazer sem ela. Falou do problema da empresa Borba Gato. Falou do sofrimento que esta tendo sem a água. Não tem agua nem para as galinhas. Não é contra a empresa, por causa do progresso, mas pergunta como as pessoas vão viver se não tiverem água. Quer que a empresa seja correta com as pessoas e cumpra os acordos e promessas firmadas. Alair Miranda município de Alvorada de Minas - falou das promessas não cumpridas e da falta de emprego para a população local atingida. Sebastião Anselmo da Silva município de Alvorada de Minas - falou sobre as associações, pedindo maior apoio a elas. Irineu Saldanha comunidade do Gondó - falou a respeito de negociações com a Anglo. Disse não ser considerado como impactado pelo empreendimento, embora esteja a curta distância da cava da mina. Requer uma vistoria no local para saber se o Gondó e seus moradores são ou não impactados. Mônica Betânia Santos comunidade de Itapanhocanga: Falou do incidente da última audiência, no que se refere à falta de transporte que não teria sido disponibilizado pela Prefeitura de Alvorada de Reunião Pública - 17/05/2012 São José do Jassém Pág.: 5
6 Minas. Disse que houve deturpação do assunto e que se fosse enviado um ofício para a Prefeitura solicitando o transporte não teria ocorrido o que ocorreu. Questionou ao Ministério Público perguntando se era possível utilizar o transporte escolar para esse fim. Joana Saldanha comunidade do Gondó: indagou a respeito da criação da rede, sobre o poder de negociação e de questões que tem urgência para serem resolvidas. Dra. Silmara tomou a palavra e disse que o poder de negociação em casos como esse deve ser coletivo e não individual. Que apenas o empreendedor ganha negociando individualmente. Pede que evitem negociação individual e que haja interveniência dos órgãos públicos ou de advogados de confiança. Sugere a criação de fóruns de negociação coletivos e transparentes. Marcio Pacifico - comunidade do Água Quente - disse que população vive do poço artesiano e se a agua acabar como vai ficar. Istanislau Saldanha comunidade do Gondó - Relatou que há barulhos insuportáveis por causa das explosões e que a comunidade está sendo impactada. Disse que fica vendo as máquinas trabalhando e questionou se isso não é impacto. Gostaria que autoridades atentassem para isto. Disse também que o Rio Santo Antônio fica bem próximo da mineração e que provavelmente suas águas já estão completamente comprometidas. Carlos Eduardo da Cruz comunidade de São José do Jassém - Iniciou a fala referenciando a Martin Luther King. Disse que é Morador do Jassém, diretor da escola, mas que estava ali como cidadão, para rebater as críticas que recebeu por disponibilizar a escola para a reunião. Falou da preocupação com um possível rompimento da barragem de rejeitos a ser construída pela Anglo. Disse que o Jassém possui uma topografia muito complicada e não teria como as pessoas e crianças evacuarem o local em uma possível emergência. Disse que não há alarmes e nem treinamento para evacuação da área. Disse que é uma catástrofe anunciada. Dr. Paulo César disse que há muito queria conhecer a realidade do Jassém e que a razão desta reunião ter sido aqui agendada foi em razão do pronunciamento na audiência pública sobre a impossibilidade de muitas pessoas ali estarem por falta de transporte. Disse resumidamente das ações concretas que o Ministério Público fez até agora, inclusive das recomendações referidas no inicio. Disse que todos podem e devem procurar a Promotoria de Conceição do Mato Dentro e Reunião Pública - 17/05/2012 São José do Jassém Pág.: 6
7 de Serro para levar suas considerações. Dra Silmara disse que qualquer intimidação que as pessoas sofrerem pode ter consequências jurídicas e o Ministério Público poderá agir para apurar responsabilidades. Neste momento, às 21:36 horas, foi declarada encerrada a sessão, lavrando-se a presente ata, que segue assinada pelos componentes da mesa diretora, bem como, por mim,, José Carlos do Santos, Oficial do Ministério Público, que a digitei. Reunião Pública - 17/05/2012 São José do Jassém Pág.: 7
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