INOVAÇÃO o que há a fazer antes de gastar dinheiro
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- Gustavo de Sousa Álvares
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1 Temática: Dimensão: Imagem: Página (s): Economia 1340 S/Cor 1/2 a 3 INOVAÇÃO o que há a fazer antes de gastar dinheiro
2 PORTUGAL QUE FUTURO EDUCAÇÃO EMPREGO E EMPREENDEDORISMO Há muito a fazer pela inovação antes de gastar dinheiro Quatro gestores e um responsável académico partilham opiniões e expectativas sobre o Estado da inovação em Portugal e o que é preciso mudar para fazer de Portugal um país mais competitivo A inovação esteve no centro da mesaredondaque esteanolevouao SAS Fórumgestores dealgumasdas maiores empresas nacionais e re presentantes do sistema nacional deinovação Asmedidasdereestru turaçãoqueoambienteeconómico temimposto amuitas empresase o queépossível fazerparatomarpor tugal mais competitivoe maisopti mizado nacapacidade de tirarpar tidodos seus recursos foram temas centrais numdebatemoderadopor PedroGuerreiro directordojornal de Negócios A falta de rigor na gestão não é umdiagnóstico novo naanálise dos factores que conduziramempresas e Estado a fortes medidas de con tenção mas é incontornável como defendeu Maria Cândida Rocha e Silva Para a presidente do banco Carregosa essatem de serumadas grandes lições aretirarda crise e ele mento fundamental em qualquer estratégia medida ou plano de re cuperação seja ele público oupri vado Maior rigor deveriater sido também areceitaaplicadapelaban canaconcessãode crédito ao longo dos últimos anos Análises mais ri gorosas e menos risco podiam ter ajudado a evitar uma situação que culminou na falta de capacidade parafazerchegardinheiro àecono mia admitiu a responsável Menos dinheiro para investir traduz se em menos dinheiro para inovar mas os participantes neste Portugal que Futuro Educação Emprego e Empreendedorismo acreditamqueachaveparacriarum
3 mantém país mais inovador não está só na capacidade para investir Passa so bretudo pela forma de organizar processos e articularestratégias Mudanças na burocracia e nas obrigações fiscais Na inovação há muito para fazer antes de gastardinheiro defendeu Diogo da Silveira presidente da Açoreana que aponta a prioridade à organização de processos uma opinião que Luís Portela comple mentou com outros argumentos Para o presidente da Bial além de umamelhororganização asempre sas portuguesas precisam que haja mudanças ao nível da burocracia e das obrigações fiscais cargas pesa das que as colocam em desvanta gem competitiva face às congéne res europeias Os efeitosdestasfalhas internas e externas às organizações acabam por reflectir se nos números A Volkswagen Autoeuropa um dos pilares das exportações nacionais conta a nívelglobalcom600forne cedores Em Portugal relaciona se com 400 dos quais apenassetesão empresastotalmenteportuguesas Isto dá uma ideiadoque é o nosso tecido empresarial 20 anos depois da indústria automóvel chegar a Portugal notaantóniodemelo Pi res director geral AoEstado nãocaberáintervirdi rectamente no mercado para mu daresta situação mas pede se que crie as condições ideias para que a economiafuncione OEstado deve sairda economia e deixá lapara os agentes económicos mas interce derao níveldoapoiosocial defen deu ainda António de Melo Pires que voltou ao exemplo daautoeu ropa Para formarrecursos adapta dos às necessidadesdasuaindústria a empresa criou uma academia A estruturaveiosuprimir a inexistên cia de formação na área em toda a rede de escolas públicas e hoje ab sorvequasetodas asoportunidades de emprego criadas pelo grupo Mas se noscursostécnicosespe cializadososoradores concordaram que Portugal compara mal com o restodaeuropae temum longo ca minho a percorrer também houve consensoem relaçãoàenormeevo lução no nível médio de formação no país Os oradores concordam que a actual geração é a mais bem preparadade sempre mascolocam a questão principal a outro nível o que conseguimos fazercom ela O fosso quese Ao longodos últimos anos ganhá mos posições em termos deeduca ção e ciência e fomos descendo na áreadacompetitividade recordou LuísPortela dabial O responsável nota que número de licenciados mestres e doutores cresceu expo nencialmente mas defende que a maioria continua fora das empre sas a investigar em universidades O fosso entre empresas universi dades mantém se Em Portugal e de acordo com dadosquecitou 78 dosinvestiga dores estarão ainda ao serviço das universidades Só 22 estãoaoser viço deempresas NosEstadosUni dos uma referência mundial pelo número de patentes e inovações 80 da investigação está nas em presas e apenas 20 está nas uni versidades Pedro Coelho director do ISE GI Instituto SuperiordeEstatísti ca e Gestão da Informação da Uni versidade Novade Lisboatemuma visão diferente e diz que a grande maioriados doutorados pelo ISEGI trabalham em empresas que pa gam essa formação O responsável também defende que inverterten dênciasnãorequersó mudanças de mentalidade dos investigadores Também é preciso mais arrojo nas empresas e uma aposta mais ex pressiva em investigação e desen volvimento
4 Apoio à inovação com metas e métricas é urgente Rigor na gestão é arma para a eficiência António Melo Pires Director geral da Autoeuropa Maria Cândida Rocha e Silva Presidente do Banco Carregosa Luís Portela Presidente da Bial António Pires defende uma economia assente em modelos de diferenciação salarial pela produtividade e afasta modelos baseados em salários baixos com o exemplo da Autoeuropa que a partir de Portugal assegura lugares cimeiros no ranking das fábricas europeias do grupo A inovação é na sua opinião o caminho para afirmar a economia portuguesa num contexto internacional Os apoios públicos à inovação são por isso essenciais mas não produzirão efeitos enquanto não tiverem estratégia metas e métricas que obriguem quem recebe a produzir resultados Hoje isso não acontece e na sua opinião voltará a não acontecer no próximo programa quadro europeu para apoio à I D António Pires acredita num Estado fora da economia que oriente as medidas adequadas ao seu funcionamento e competitividade A educação é uma das áreas onde acredita que as estratégias endereçam mal as necessidades Defende um sistema de ensino dual que é posto em prático na academia do grupo rigor é para Maria Cândida Rocha e Silva um ingrediente chave para um Portugal mais competitivo A gestora não descarta a culpa dos bancos na oferta exagerada de crédito que contribuiu para endividar famílias aumentar níveis de incumprimento e comprometer a liquidez do sistema bancário Quem tem mais tem mais responsabilidade defendeu No resto da economia diagnostica o mesmo problema e considera que foi a falta de rigor na gestão que agravou uma situação também influenciada pelo contexto internacional um mix que contribuiu para aumentar O despedimentos e outras medidas de contenção Maria Cândida Rocha e Silva sublinha que não acredita em receitas mágicas mas recorda que historicamente esta é uma entre muitas crises que a Europa já teve de gerir Nas anteriores a capacidade para resolver os problemas que se colocam tem prevalecido Para Luís Portela Portugal tem muitos bons exemplos de projectos de sucesso mas é essencial conseguir generalizá los Ter um Estado que promova a inovação com incentivos e pouca burocracia é fundamental mas é também crucial que o país consiga converter a riqueza intelectual conseguida com o aumento dos índices de formação nos últimos anos em riqueza material O gestor preocupa se com o desequilíbrio entre a investigação feita nas universidades e nas empresas mas sublinha que há formas de a compensar A Bial representa hoje uma estrutura de 900 pessoas 120 são
5 Empreendedorismo um efeito colateral positivo da crise Diogo da Silveira CEO da Açoreana Seguros Prioridade deve ser formar pessoas que resolvam problemas Pedro Simões Coelho Director do ISEGI UNL investigadoras um número grande para Portugal pequeno a nível internacional A receita para manter a capacidade de competir globalmente passa no caso da Bial por acordos com mais de 100 universidades Estes acordos permitem à empresa chegar aos melhores do mundo em diversas áreas e reunir as competências necessárias para desenvolver os seus próprios medicamentos mesmo com uma estrutura fixa mais reduzida que a dos concorrentes Luís Portela sustenta que a mesma equação devia ser posta em prática por mais empresas nacionais Diogo da Silveira defende a introdução de estágios em todos os anos do ensino superior como forma de aproximar empresas e academia uma ligação que na sua opinião precisa de ser mais trabalhada O gestor também é defensor de um Estado fora da economia mas considera que isso não significa que o Estado não tenha aí um papel Esse papel deve passar pela definição de estratégias antecipando e definindo medidas que facilitem a acção dos privados Diogo da Silveira deixou ainda no debate uma nota positiva para a evolução da estrutura de apoio ao empreendedorismo que é hoje possível encontrar no mercado português considerando que os empreendedores têm à disposição um conjunto alargado de prémios e iniciativas para apoiar novas iniciativas empresariais E a procura aumenta ou não fosse o desemprego uma espécie de efeito colateral positivo da crise Além destas iniciativas que apoiam o lançamento de novos projectos de várias formas o gestor defende que também não falta capital para ajudar a fazer nascer novaso capital de risco está num ciclo diferente daquele que condiciona hoje a oferta de crédito da banca e está disponível para cumprir a sua missão a este nível Formar resolvedores de problemas tem de ser a prioridade das instituições de ensino hoje em dia É isso que as empresas procuram Pedro Simões Coelho diz que isso faz se combinando hard skills com soft skills e preparando os alunos para as questões reais no dia a dia das empresas sempre numa lógica de proximidade com estas organizações O ISEGI tenta combinar estes ingredientes e não se tem dado mal alguns dos cursos ministrados pelo instituto garantem taxas de empregabilidade próximas dos 100 iniciativas ensino mudou na forma de preparar os alunos para o mercado mas também mudou a forma como estes encaram o mercado de trabalho admite Pedro Coelho Criar o próprio negócio tornou se uma ambição comum com muitos alunos a querer lançar o seu próprio negócio As universidades têm criado estruturas para apoiar estas iniciativas mas vale a pena lembrar que não se transformam pessoas em empreendedores com uma disciplina no fim do curso É também uma questão cultural sublinha Pedro Coelho
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