Programa de RN Modelo Holístico. Reabilitação Neuropsicológica. Um programa de dia. Centro de Reabilitação Profissional de Gaia 1/7
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- Luzia di Castro Bardini
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1 Reabilitação Neuropsicológica Um programa de dia 1/7
2 Este programa de reabilitação é dirigido a pessoas lesão cerebral adquirida, em idade activa e constitui-se como um programa de transição entre a reabilitação clínica e a reabilitação profissional. Centrado na reabilitação neuropsicológica combina diversas valências de intervenção: a) psicoterapêutica, b) treino e remediação cognitiva; c) físicofuncional. Objectivos do programa Objectivo geral: apoiar o sujeito na adaptação a uma nova forma de funcionamento; procurando desenvolver até ao nível mais elevado possível a sua autonomia e funcionalidade. Objectivos específicos: a) promover a consciência de si e a compreensão das consequências da lesão cerebral; 1) desenvolver flexibilidade e adesão à intervenção remediativa, através do treino sistemático de utilização de estratégias de compensação; c) promoção da definição de objectivos realistas e atingíveis; d) promoção da autonomia nas AVD s; e) reconstrução de um projecto de vida activa. O programa desenrola-se em 3 fases, após a avaliação inicia-se a 1ª fase - remediativa intensiva - a primeira fase é dedicada à reabilitação intensiva desenhada para ajudar os clientes a compensar os défices cognitivos e comportamentais causados pela lesão cerebral. As modalidades de intervenção são: (i) Grupo (8 elementos); (ii) individualizada (2 a 4 elementos); (iii) individual (1 elemento). A intervenção comporta a construção de um grupo como condição primeira para trabalhar o desenvolvimento do self, o desenvolvimento de competências de relacionamento interpessoal, o desenvolvimento das dimensões de autonomia e individuação, a gestão de sentimentos, o relacionamento interpessoal, o desenvolvimento de estratégias de coping, aumentando o nível de ajustamento psicossocial do paciente. Esta fase terá a duração de 20 semanas. Realiza-se 4 dias por semana, com duração de 5/6 horas diárias. 2/7
3 A 2ª 2 ª fase desenvolvimento vocacional ocorre após a concretização da fase anterior, e se o cliente tiver atingido os objectivos previstos, passará para a fase de desenvolvimento de um projecto profissional. Que terá uma duração prevista de 4 semanas. Passará por uma série de experiências de trabalho ajustadas às suas capacidades actuais. Este percurso vocacional é desenhado para desenvolver as competências de empregabilidade (assiduidade, pontualidade, receptividade à supervisão, cumprimento de ordens, auto-monitorização da sua performance, competências de relacionamento interpessoal com colegas e chefias, transferência e aplicação das estratégias compensatórias aprendidas) e promover um comportamento ajustado. Gradualmente o paciente passará por tarefas cada vez mais complexas e diversificadas, de forma que no final desta fase se possa fazer a avaliação da capacidade de trabalho de cada participante do programa. A 3ª 3 ª fase projecto profissional,, caracteriza-se c pela definição e implementação do projecto profissional. Este é o momento de (re)integração profissional. Constitui-se, como um período de follow-up e de apoio na manutenção das capacidades desenvolvidas e na gestão das dificuldades que possam ir surgindo, nos vários contextos de vida do paciente. 3/7
4 Descrição dos Componentes onentes do Programa na 1º fase - remediativa intensiva A) Avaliação Inicial O protocolo de avaliação foi desenhado para: a) criar uma imagem compreensiva das consequências da lesão cerebral ao nível da cognição, i.é., saber quais as funções intelectuais que ficaram afectadas pela lesão cerebral; b) avaliar o reportório de competências interpessoais actuais, avaliar a consciência que o sujeito tem dos seus défices, assim como a sua maleabilidade, i.e., a capacidade para responder às intervenções; c) providenciar um diagnóstico/prognóstico fiável sobre a capacidade do cliente aderir a um programa de intervenção remediativa e beneficiar deste tipo de intervenção. O protocolo de avaliação contempla actividades no grupo. A avaliação psicométrica e em contexto de gabinete é complementada por uma avaliação em contexto mais ecológico onde o cliente tem de interagir com os outros elementos do grupo e da equipa técnica. Desta forma a avaliação sobre o ajuste ao modelo preconizado é mais fidedigna. B) Avaliação Tratamento Remediativo Intensivo Durante as 20 semanas de duração desta fase é elaborado um cronograma de actividades diversificadas e ajustadas às necessidades individuais de cada participante. Os grupos iniciam e finalizam o ciclo em conjunto. Podendo, no entanto ocorrer excepções justificadas. Descrição sobre as Actividades e Conteúdos da 1ª Fase Orientação (diário/30 minutos): é realizada uma actividade de grupo para apoiar o paciente: 1) na orientação, criação de um sentido/objectivo para a intervenção 4/7
5 e com isso promover a sua motivação para o tratamento; 2) promover a consciência de si e a aceitação dos seus défices, mantendo um sentimento de esperança; 3) promover o desenvolvimento e o uso das ajudas compensatórias; e 4) desenvolver o hábito de uma avaliação objectiva do seu progresso diário, na presença dos seus pares e dos técnicos. A actividade centra-se na apresentação e análise dos Posters onde é identificado o problema central a trabalhar para cada ciclo de reabilitação. As primeiras sessões serão em grande grupo e passado a fase de entrega dos posters o grupo será dividido em dois para uma exploração mais exaustiva e proveitosa dos problema, estratégias e resultados a alcançar. Competências de Comunicação Interpessoal (2 vezes por semana / 90 minutos): este é um exercício individualizado. Está desenhado para promover o desenvolvimento de competências cognitivas, de relacionamento interpessoal, maleabilidade, e autoaceitação. Cada paciente, na sua vez, realiza um exercício de comunicação sendo orientado por um orientador na forma como deve organizar factos, e ou ideias. O orientador vai monitorizar a sua aderência a um plano de apresentação previamente estabelecido, apoiar na formulação de ideias e na forma como as comunica, a projecção de voz, a postura corporal. No final da sua apresentação o paciente recebe feedback organizado de todos os membros do grupo terapêutico. Enquanto observador e ouvinte o paciente é ensinado a analisar de forma crítica a apresentação dos seus pares assim como a comunicar a sua crítica construtiva numa forma apropriada. Treino Cognitivo Remediativo (2 vezes por semana, 90 minutos): de acordo com um currículo previamente desenhado, os treinos decorram em contexto individual ou individualizado. O treino é desenvolvido em áreas como: 1) atenção, concentração e tempo de resposta psicomotora; 2) coordenação olho-mão e motricidade fina; 3) habilidades visuo-constructivas, 4) processamento de informação visual (análise preceptiva, organização espacial, assim como resolução de problemas visuais); e 5) pensamento lógico. O treino cognitivo é individualizado de forma a responder à constelação idiossincrática de défices. As duas sessões semanais ocorrem em pequeno grupo ( 2/4 elementos) e são organizados em função das necessidades avaliadas. Poderá haver sessões individuais extra a marcar em função das disponibilidades de agenda. 5/7
6 Grupo de Familiares (mensal/ 90 minutos): este grupo de trabalho é dirigido aos familiares ou outros significativos, com a presença da equipa técnica. Foi desenhado para providenciar: 1) linhas mestras orientadoras para os familiares; 2) promover uma compreensão dos objectivos, das estratégias e dos resultados do programa; assim como 3) promover o apoio mútuo entre familiares. Aconselhamento Individual do familiar / Outro Significativo (mensal 1-2 horas): o número de sessões por ciclo varia em função das necessidades. Aconselhamento Individual do Paciente (semanal 1 hora): o acompanhamento individual nestas sessões está centrado na análise do seu percurso no programa, progressos e necessidades. Critérios de inclusão: 1) Idade superior ou igual a 15 anos 2) Reconhecimento (pelo próprio ou pelos familiares) de consequências ao nível das funções mentais superiores (por ex. memória, atenção e concentração); maior vulnerabilidade emocional (irritabilidade, agressividade ou apatia) 3) Lesão cerebral adquirida há pelo menos um ano 4) Possuir potencial de aprendizagem; 5) Ausência de afasia ou disartria graves que impeçam a integração no grupo terapêutico; a comunicação oral é o canal privilegiado no trabalho em grupo. 6) Ser independente nas AVD (ou ter suporte de um significativo); 7) Ausência de comportamentos impulsivos de risco, para o próprio e para os outros (Ex. comportamentos de suicídio, para-sucicídio) 8) Participação voluntária no programa; 9) Ausência de consumos de drogas e/ou álcool; 10) Ausência de doença mental (Ex. psicose). 6/7
7 Intervenção individual Em algumas situações o cliente necessitará de uma intervenção exclusivamente individual: - quando os seus ritmos de trabalho são significativamente distintos dos do grupo, de tal forma que possam prejudicar a intervenção; - nos casos de afasia ou disartria graves que dificultem demasiado a comunicação, quer a via da compreensão quer a via da expressão; - casos de lesões focais com consequências muito definidas que exijam um trabalho muito específico (sem interesse para os restantes membros do grupo); - situações em que a diferenciação de um dos elementos em relação ao restantes claramente dificulte ou impossibilite o sentimento de pertença ao grupo. - no caso do cliente ter outras actividades exteriores ao Centro que não lhe permita a disponibilidade para uma intervenção intensiva e de tempo inteiro; Em determinados casos, a intervenção individual poderá ter por objectivo criar condições para a integração em grupo, por exemplo nos casos de afasia ou disartria, desenvolvendo as competências que lhe permitam essa integração. Noutros casos a intervenção individual constitui-se como o programa de reabilitação que precede a sua integração nos seus contextos habituais de vida, não havendo necessidades de uma intervenção de grupo. A metodologia adaptada do modelo Holistico utilizado no NYU Medical Center Rusk Institute of Rehabilitation Medicine 1 1 Ben-Yishay, Y., Rattok, J., Lakin, P., Piasetsky, E.B., Ross, B., Silver, S., Zide, E. & Ezrachi, O. (1985). Neuropsychological rehabilitation: Quest for a holistic approach. Seminars in Neurology, 5 (3), Ben-Yishay, Y. (2000). Postacute neuropsychological rehabilitation A holistic perspective. In Christensen, A-L. & Uzzell.B.P (Eds.), International Handbook of Neuropsychological Rehabilitation (pp ). New York: Kluwer Academic /Plenum Publishers. Ben-Yishay, Y., & Prigatano G. (1990). Cognitive Remediation. In Rosenthal M, Griffith, E.R., Bond, M.R., Miller J. D. (eds.). Rehabilitation of the adult and child with traumatic brain injury (2ª ed., pp ). Philadelphia: FA Davis. 7/7
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