SUSTENTABILIDADE NAS EMPRESAS¹
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- Joaquim Bastos Desconhecida
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1 Oliveira, V. da S.²; Valente, V.³ SUSTENTABILIDADE NAS EMPRESAS¹ 1 Trabalho realizado na disciplina de Biogeografia do Curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 2 Acadêmico da disciplina de Biogeografia do Curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 3 Professor da disciplina de Biogeografia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. victorsoliveira@hotmail.com; vvalente@unifra.br RESUMO A problemática ambiental está em pauta em diversos setores da sociedade, entre estes estão às empresas privadas, que observando a efervescência desta questão, buscam adequar-se a realidade. Nesta pesquisa objetivou-se evidenciar como a sustentabilidade ingressa dentro das organizações e como altera alguns paradigmas. Esse processo ocorre no momento em que o modo capitalista começa a dar sinais de esgotamento e dificuldade de sustentabilidade, de forma que, a agressão ao meio ambiente, em prol do capital, vira-se contra o próprio modelo. Além disso, o consumidor está cada vez mais preocupado com a questão ambiental, assim exigindo uma mudança de postura de empresas da qual é cliente. Para analisar o processo mencionado, elaborou-se uma pesquisa bibliográfica, permitindo uma percepção histórica, geográfica e de gestão ambiental sobre a sustentabilidade nas empresas. Esta pesquisa constatou que as empresas buscam a sustentabilidade de seus produtos para garanti-los no mercado, porém altera-se o paradigma da busca apenas por lucro. Palavras-chave: meio ambiente; gestão ambiental; capitalismo. 1. INTRODUÇÃO A partir da Revolução Industrial, ocorrida no final do século XVIII na Inglaterra, mudaram-se diversos conceitos e parâmetros em alguns setores, como na economia e na questão social. A nova forma de produzir, expandiu-se rapidamente pelos países europeus, Estados Unidos, e posteriormente para o restante do mundo. Esta mudança acompanhou a expansão do capitalismo, que havia surgido no século XVI, quando o capital penetrou na produção, segundo Dobb (1963). O mesmo autor relata que a venda com lucro é a base do sistema capitalista até hoje atrelado à produção em massa proporcionada desde os primórdios da Revolução Industrial, gerando colateralmente altos índices de lucros privados, consequências sociais e ambientais. Os reflexos negativos como a segregação social, a desigualdade na distribuição de renda, e os impactos ambientais, estão de alguma forma ligados ao estilo de vida que hoje se tem, porém uma discussão relativamente recente está em pauta com abrangências globais, que é a busca por uma produção lucrativa economicamente e responsável social e ambientalmente. 1
2 O termo em questão é a sustentabilidade, que originou-se de outro, o desenvolvimento sustentável, que seria de acordo com Almeida (2002, p. 56), o desenvolvimento o qual satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades. Esta sustentabilidade começou a ser almejada, pois, notou-se ser evidente o quão mal ao meio ambiente está se fazendo com o consumo desenfreado e irresponsável da população com capacidade de compra. Esta pesquisa contempla a temática ambiental que é um assunto contemporâneo e torna-se relevante à medida em que é abordado e como esta insere-se no contexto das organizações, tida por muitos como vilã em assuntos referentes ao meio ambiente. Para elaborar este artigo foi realizada uma pesquisa bibliográfica para fundamentação e base das constatações feitas. Desta forma, este trabalho tem por objetivo geral evidenciar como a sustentabilidade está sendo tratada dentro das organizações privadas, além de analisar a mudança de paradigmas que essa inserção está causando. 2. A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL Dobb (1963), relata que o capitalismo é um sistema que tem grande longevidade exigindo que uma mudança de paradigma, seja realizada, assim como um redimensionamento em seus princípios e nas ações de seus atores e, desta forma, compreendemos o porquê que diversas atitudes surgem de empresas privadas para buscar a sustentabilidade, e também redirecionar o lucro, a auto-sustentabilidade e a sobrevivência. Explica-se também a preocupação das empresas em integrar nas suas ações a sustentabilidade pelo fato de que, segundo Becker (2001) é reconhecido que o modelo de desenvolvimento contemporâneo não é auto-sustentável, havendo distorções econômicas, sociais e ambientais, causando repercussões negativas nas três esferas em praticamente todo o globo, no qual predomina este modelo de desenvolvimento. Assim, não por acaso a Educação Ambiental está presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o que subentende-se que os jovens estão saindo da Educação Básica com noções da gravidade dos problemas ambientais presentes a nível global. Brasil (1998, p. 187), aborda que: 2
3 a principal função do trabalho com o tema meio ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Desse modo, acredita-se que temos uma geração mais sintonizada com as questões ambientais, forçando assim muitas empresas a se adequarem ao novo consumidor. Savitz (2007, p. 59), relata que é natural que os jovens de hoje, que nasceram e cresceram num mundo cuja sustentabilidade tem sido questionada desde que se entendem por gente, estejam muito conscientes a respeito dessas questões. A velocidade de informações hoje transitando pelo globo é imensa, assim como a transparência é muito maior do que em épocas passadas e, desta forma, as empresas são mais visadas. Segundo Savitz (2007, p. 57), a transparência é cada vez maior à medida que a reputação, as marcas e outros ativos intangíveis das empresas se transformam em importantes vetores de valor, pois o valorizado hoje em um produto deixou de ser apenas ele propriamente dito, mas inclui grife e assim a responsabilidade sustentável da empresa, tornando-se uma oportunidade para o lucro, pois de acordo com Savitz (2007, p. 39), a sustentabilidade está se transformando rapidamente em tendência dominante. Há considerável tempo já estão ocorrendo ações sustentáveis, que, apesar de serem muito pontuais, geram algum tipo de resultado os quais podem servir de exemplo para demais atitudes. Ressaltando tais ideias Savitz (2007, p. 47) afirma que: algumas empresas notáveis sempre procuram comportar-se de maneira responsável em relação a seus recursos e impactos. Mas as áreas que hoje caracterizam o movimento da sustentabilidade (...) sempre foram encaradas de maneira isolada umas em relação às outras. Um dos problemas sobre sustentabilidade é abordar a questão de forma fragmentada, porém a essência deste tema é a visão holística e interdisciplinar, assim considera-se errônea toda a sustentabilidade pensada de outra forma, como relata Almeida (2002, p.54): para ser compreendida, pede um novo paradigma: orgânico, holístico, integrador. Demanda uma estrutura de pensamento que não mais divida o universo em disciplinas, na esperança de que cada uma lhe explique um pedaço, e sim um modelo transdisciplinar, mais sintético do que analítico, capaz de desvendar e explicar as relações entre as partes. 3
4 Outro questionamento que se pode fazer sobre a inserção de empresas na questão da sustentabilidade é: por que agora? Como já foi relatado não é de recente data que os distúrbios ambientais então sendo notados. Savitz (2007), explica que hoje notam-se os seguintes aspectos: um mundo em perigo (catástrofes naturais e futuras), um mundo socialmente consciente (já abordado), um mundo de empresas (migração do poder para o setor privado), um mundo de investidores ativistas (envolvidos em temas sociais e ambientais) e um mundo de stakeholders partes interessadas - (afetam diretamente qualquer negócio). Com tantas variáveis, que em outrora não eram tão efervescentes ou não existiam, torna-se praticamente inevitável ser omisso à problemática ambiental, até porque envolve a manutenção do sistema atual vigente. De acordo com Lutzenberger (2001), a natureza é considerada um bem divino que demorou diversos milênios para tornar-se o quão maravilhosa era em seu clímax antes do homem agredi-la fortemente, transformando-a e destruindo-a em um curto espaço de tempo. Dessa forma, é importante ter a consciência de que projetos visando à sustentabilidade devem ser feitos em longo prazo, especialmente por empresas que dependem de inúmeros fatores até atingirem seus objetivos, como relata Almeida (2002, p. 77): a adesão à busca da sustentabilidade pressupõe, portanto, uma noção clara da complexidade e das sutilezas do fator tempo. Sobretudo, exige uma postura não imediatista, uma visão de planejamento e de operação capaz de contemplar o curto, o médio e o longo prazo. Além disto, diversos fatores podem interferir no sucesso de um plano de sustentabilidade devido ao longo prazo necessário para a sua aplicação. Bursztyn (2002, p. 182) afirma que a sustentabilidade exige assumir perspectivas de longo prazo, numa visão de futuro em que a incerteza e a surpresa se fazem presentes. Contudo, vide a necessidade de inserir-se no contexto da sustentabilidade, as empresas estão investindo nestas ações. Savitz (2007), acrescenta que para a sobrevivência da empresa neste quadro, tanto em nível de tempo, quanto em margens de lucro, deve-se planejar e agir com visão integrada a médio e longo prazo. A discussão sobre a gestão ambiental de empresas, dentro da comunidade científica, é relativamente recente, assim alguns conceitos se reformulam ou ainda surgem novos, como a ecoeficiência, definida por Almeida (2002, p. 101) como, uma filosofia de gestão empresarial que incorpora a gestão ambiental. Pode ser considerada uma forma de responsabilidade ambiental corporativa. Complementa o conceito o seu objetivo que almeja fazer a economia crescer qualitativamente e não quantitativamente, ou seja, mostrando o 4
5 valor da sustentabilidade no meio empresarial, de modo que acrescenta qualidade a quantidade de capital. Na sociedade da era do conhecimento que estamos hoje, Almeida (2002), complementa que a ecoeficiência se enquadra perfeitamente, uma vez que busca-se substituir fluxos de material por conhecimento. Um exemplo é a grande valorização das empresas de informação, que customizam os seus produtos ao interesse de seus clientes reduzindo assim o desperdício, indo então além da simples redução da poluição, criando valores de excelência ambiental. A abrangência da problemática ambiental atingiu líderes mundiais há algum tempo, como exemplo a Conferência de Estocolmo em A cultura da sustentabilidade chega também aos gestores empresariais que de alguma forma estão mudando sua visão de meio ambiente, como aborda Savitz (2007, p. 227): o movimento da sustentabilidade está transformando o modo como os gestores se relacionam com o meio ambiente e com outras pessoas, dentro e fora da organização, e dele advirão consequências ainda mais abrangentes. 3. CONCLUSÕES Os gestores têm bons exemplos de que hoje de nada adianta colocar o econômico em detrimento do social e do ambiental, pois o ideal é balancear suas ações de maneira que torne mais equilibrado estes três eixos, enfatizando o que está nas premissas da sustentabilidade, ou seja, garantir a manutenção no mercado e assegurar que sua marca seja vista como uma marca responsável ambientalmente e consequentemente adequandose aos novos consumidores, com visão ambiental, que determinam este selo como imprescindível. Podemos concluir ainda que empresas resistentes à inserção no contexto sustentável de gestão, estão fadada a falência, pois é fato que cada vez mais as pessoas têm consciência ambiental e social. Portanto, resta aos gestores adequarem-se à sustentabilidade de forma correta, respeitando o tempo natural e tendo como fim ações de longo prazo que contemplem as ações de cunho econômico e ambiental comprometendo-se com uma responsabilidade ambiental cada vez mais exigida pelo mercado consumidor. Um cuidado deve-se ter quando se aborda sustentabilidade no meio capitalista, já que o conceito pode ser encarado de modo distinto dependendo da intenção, principalmente 5
6 em um meio que o lucro é visto, muitas vezes, como única forma de sucesso, este cuidado é quanto às reais intenções sobre as ações sustentáveis, se são realmente para preservar o meio ambiente e o social, ou apenas uma jogada para continuar inserido no mercado. Os próprios gestores não negam ser vantajoso agregar a sustentabilidade à sua marca, tanto que, a sustentabilidade já está no planejamento das empresas, pois a busca apenas pelo lucro começa a ser questionada. Conclui-se ainda que está havendo uma mudança de paradigma do capitalismo; que realmente está se integrando a sustentabilidade com fins que vão além do lucro; que as empresas não mais pensam apenas em lucros, pois agregam outros valores. E portanto com inúmeras possibilidades e interpretações, o certo é que a lucratividade é, e sempre será um dos objetivos mais almejados no capitalismo, porém hoje agrega-se a este um grande sentido, uma responsabilidade ambiental e social. 4. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, BECKER, Dinizar Fermiano (org.). Desenvolvimento Sustentável: Necessidade e/ou possibilidade?. 3.ed. Santa Cruz do Sul: UDUNISC, BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais Temas Transversais. Brasília: MEC/SEF, BURSZTYN, Marcel (org.). Ciência, Ética e Sustentabilidade. 3.ed. São Paulo: UNESCO, DOBB, Maurice. A evolução do capitalismo. Londres: LTC, LUTZENBERGER, José. Ecologia: do Jardim ao Poder. Porto Alegre: L&PM Editores, SAVITZ, Andrew W. A empresa sustentável: O verdadeiro sucesso é o lucro com responsabilidade social e ambiental. Boston: Campus/Elsevier,
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