EMENTA: PENHORA BEM DE FAMÍLIA EXCEÇÕES LEGAIS À IMPENHORABILIDADE INTERPRETAÇÃO RESTRITA.

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1 EMENTA: PENHORA BEM DE FAMÍLIA EXCEÇÕES LEGAIS À IMPENHORABILIDADE INTERPRETAÇÃO RESTRITA. - As exceções à impenhorabilidade do imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, elencadas no art. 3º da Lei 8.009/90, têm caráter estritamente objetivo, pelo que devem ser interpretadas de forma restrita. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº , da Comarca de SÃO LOURENÇO, sendo Agravante (s): MARIA ANGÉLICA RODRIGUES e Agravado (a) (os) (as): JOSÉ JOAQUIM FERREIRA, ACORDA, em Turma, a Sexta Câmara Civil do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais DAR PARCIAL PROVIMENTO. Presidiu o julgamento o Juiz BELIZÁRIO DE LACERDA e dele participaram os Juízes DÁRCIO LOPARDI MENDES (Relator), VALDEZ LEITE MACHADO (1º Vogal) e BEATRIZ PINHEIRO CAIRES (2º Vogal).

2 -2- O voto proferido pelo Juiz Relator foi acompanhado na íntegra pelos demais componentes da Turma Julgadora. Belo Horizonte, 09 de agosto de JUIZ DÁRCIO LOPARDI MENDES Relator

3 -3- V O T O O SR. JUIZ DÁRCIO LOPARDI MENDES: Conheço do recurso. Na originária execução por quantia certa, a devedora formulou duplo requerimento, a saber. a) citação de seu ex-marido, ao isolado fundamento de que a dívida foi constituída quando ainda vigorava a sociedade conjugal b) nulidade da penhora, pois que, em ofensa aberta à Lei 8.009/90, a constrição judicial recaiu no imóvel residencial de sua unidade familiar. Solucionando a espécie, o MM. Juiz indeferiu liminarmente a postulação da executada. Primus, porque, extinto o casamento, torna-se desnecessário o chamamento do ex-marido ao processo de execução. Secundus, porque a penhora incidiu sobre moradia que, anteriormente, foi dada em hipoteca a terceiro, disso se concluindo, então, que a impenhorabilidade deixa de subsistir (verbis). Com referência à citação do ex-marido, a decisão guerreada merece subsistir, seja por não figurar o mesmo como co-devedor dos títulos exeqüendos, seja pela omissão de qualquer fato ou relação jurídica que o vincule a dívidas da executada, seja pelo cediço fato de que o divórcio, dissolvendo o casamento, acarreta a ruptura de todos os laços que vinculavam os cônjuges.

4 -4- Concernentemente, entretanto, à impenhorabilidade do imóvel residencial, a insurgência da executada tem razão de ser. Indiscrepantemente, a penhora recaiu em imóvel residencial próprio da devedora. E a moradia própria do casal, ou da entidade familiar, é absolutamente impenhorável e não responde por qualquer tipo de dívida contraída pelos cônjuges, pelos pais ou filhos, ao teor do art. 1 da LBF. Certo é que, relativizando a impenhorabilidade do bem de família, o referido diploma legal, ante a relevância jurídica de determinados créditos, excluiu a garantia nos casos previstos em seu art. 3º, aí se incluindo a execução de hipoteca sobre o imóvel, oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar. (inciso V). Trata-se, entretanto, de enumeração fechada, exaustiva, que não admite interpretação extensiva. Noutros termos, as exceções à impenhorabilidade, elencadas nos incisos I a VII da LBF, têm caráter estritamente objetivo, pelo que devem ser interpretadas de forma restrita. Neste sentido, RT 770/38. Pois bem, no caso presente, a execução não está sendo movida pela credora hipotecária Fundação dos Economiários Federais -, senão por pessoa física, credor quirografário. Logo, a espécie não se mete a rol das exceções à impenhorabilidade do bem de família, pela óbvia razão de que somente a excussão de hipoteca, pelo titular da garantia real, foi ressalvada pelo legislador. Em virtude do que dou provimento parcial ao agravo, a fim de que, afastada a exceção legal em apreço, seja a argüição de impenhorabilidade enfrentada e decidida pelo MM. Juiz a quo, como lhe parecer de bem e de direito.

5 -5- Custas recursais, por agravante e agravado, na mesma proporção. JUIZ DÁRCIO LOPARDI MENDES Ac/