USO DO PROGRAMA DO IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA (IRPF) COMO FERRAMENTA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
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1 USO DO PROGRAMA DO IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA (IRPF) COMO FERRAMENTA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO Oscar de Almeida Machado - (oscarmachado@ig.com.br) Alex Duarte Manoel - (duarte.mat@ig.com.br) Wagner Rosa Mano - (wrmano@ig.com.br) Curso de Licenciatura em Matemática Universidade Estadual Paulista Campus de Guaratinguetá-SP Julho 2007 Palavras Chaves: Imposto de Renda, Pessoa Física e Contribuição. Trabalho desenvolvido durante a disciplina de Informática na Educação Duração: 04 horas-aula Aplicabilidade: 3ª série do Ensino Médio Professor Dr José Ricardo de Rezende Zeni
2 2 INTRODUÇÃO Examinando os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) voltados para o Ensino Médio buscamos algo que pudesse contribuir para melhor elucidação da sociedade que cerca, ou cercará, o jovem em sua fase adulta (pós-ensino-médio-mercado-detrabalho).procuraremos apresentar uma abordagem do Programa do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) visando inserir os alunos dentre da realidade que ora poderá acontecer pois para muitos o Ensino Médio é o último degrau antes do mercado de trabalho. Sendo o Imposto de Renda uma obrigação do cidadão conforme preconizado em lei, convém lembrar que não faremos uma abordagem profunda do Programa do Imposto de Renda Pessoa Física, e sim uma mostra superficial da aplicação do Programa. Para maiores esclarecimentos acesse:
3 OBJETIVOS 3 1. Dar conhecimento a todos sobre a obrigação com o Governo gerando cidadania e senso crítico; 2. Facilitar ao aluno a utilização de Tecnologia da Informação; e 3. Propor uma forma de explorar o Imposto de Renda no Ensino Médio com auxílio da Informática na Educação. DESENVOLVIMENTO 1. Para alcançarmos ao objetivo, vamos trilhar o seguinte caminho: 1.1. Por que declarar? 1.2. Quem e até quando deve declarar? 1.3. Para que serve o Programa? 1.4. Qual a diferença entre declaração simplificada e declaração completa? 1.5. Como é feito o cálculo? 1.6. Por que utilizar o programa IRPF no Ensino Médio? 1.7. Algumas aplicações em sala de aula: 1.1. Por que declarar? Deve-se declarar pois é uma obrigação Quem e até quando deve declarar? Antes de respondermos quando e quem deve declarar é necessário estarmos a par de alguns esclarecimentos, a saber: Não há limite de idade para declaração do Imposto, mesmo estando fora do seu domicílio (até no exterior) é imperativa a declaração e caso a pessoa não declare por 2 anos consecutivas perderá seu Cadastro de Pessoa Física (CPF), o que gera várias sanções, como por exemplo, a proibição de prestar concurso público ou abrir uma empresa, etc.. Sem mais, vamos as condições básicas para os declarantes: a. Recebeu rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual na declaração superiores a R$ ,28, tais como: rendimentos do trabalho assalariado (mesmo que seja mais de uma fonte pagadora, o que importa é o somatório valor bruto), proventos de aposentadoria, pensões, aluguéis e atividade rural; b. Obteve receita bruta em valor superior a R$ ,00 c. caderneta de Poupança com saldo superior a R$ ,00 Essas condições citadas acima são as básicas para que a pessoa venha a fazer a declaração de ajuste anual.
4 Para que serve o Programa? O programa serve para fazer a declaração anual do imposto de renda, que é o ajuste de contas entre a pessoa física e o governo, onde o cidadão declara toda sua renda obtida no ano, seus bens, seus dependentes, suas dívidas e seus pagamentos efetuados, e no final desta prestação de contas chega-se a um valor que pode ser uma dívida restante do cidadão com o governo ou uma restituição a ser recebida pelo cidadão Qual a diferença entre declaração simplificada e declaração completa? Na declaração completa, o contribuinte enumera suas deduções (despesas médicas, despesas com instrução até o limite de R$ 2.373,84, contribuição previdenciária privada até o limite de 12% dos rendimentos brutos, limite anual de R$ 1.516,32 por dependente, dentre outras deduções) pelas quais tem de apresentar comprovantes. Na declaração simplificada, isto não acontece, é adotada uma dedução simplificada no valor de 20% dos rendimentos brutos tributáveis, estando limitada ao valor de R$ ,20. Para esta dedução, não é necessário apresentar comprovante. Então, como decidir por qual modelo de declaração optar? Para quem não tem como comprovar despesas médicas, despesas com instrução, não possui dependentes, ou estas despesas forem muito pequenas, o modelo simplificado é o mais adequado. Para quem tem uma despesa médica elevada e tem como comprová-las, ou possui um número muito grande de dependentes, deve optar pela declaração completa. Há alguns anos, quando não existia o programa IRPF, a declaração era feita utilizando-se os formulários da Receita Federal que eram enviados pelo correio, e os cálculos eram feitos com o auxílio de uma calculadora. Nessa época, o contribuinte tinha que fazer os dois modelos e depois verificar qual era o mais vantajoso. Hoje, o contribuinte ao abrir o programa, escolhe o modelo completo, e se o simplificado for mais vantajoso, o próprio programa considera este último modelo como válido Como é feito o cálculo? O cálculo é feito de uma forma simples. Em primeiro lugar faz-se a soma de todos os rendimentos brutos recebidos pelo cidadão no ano. Deste valor, no caso do modelo completo, pode ser abatido, as deduções descritas na seção anterior. Já no caso simplificado, é deduzido um valor de 20%, limitado a R$ ,20. Este valor obtido é conhecido como base de cálculo do IR, e se enquadra em três faixas tomando-se por base os valores para o ano de 2006, a saber: 1ª faixa: pessoas que tem um rendimento anual inferior a R$ ,32 estas pessoas ficam isentas de apresentar a declaração anual do imposto de renda, ou seja, não pagam o imposto.
5 5 2ª faixa: pessoas que ganham entre R$ ,33 e R$ ,88 Deve-se calcular 15% da base de cálculo do IR, e desse valor deduzir a parcela de 2.248,87. Exemplo: Uma pessoa que tem por base de cálculo o valor de ,00: 15% de ,00 é igual a 2.700,00 Desses 2.700,00 deduz-se a parcela de 2.248,87, logo o imposto devido é de: 2.700, ,87 = 451,13. Deve-se notar que uma pessoa que ganhe exatamente o valor de ,32 anuais estaria pela tabela isenta do IR, logo se enquadrássemos esta pessoa na 2ª faixa, teríamos que calcular 15% deste valor, o que forneceria o valor de 2.248,87, por isso, a parcela a deduzir é exatamente 15% do valor limite da 1ª faixa. 3ª faixa: pessoas que ganham acima de R$ ,88 Deve-se aplicar a alíquota de 27,5% e deste valor deduzir R$ 5.993,73. Exemplo: Suponha uma pessoa que ganhe ,00 anuais, 27,5% deste valor é 8.800,00. Logo o imposto a ser pago no ano é de 8.800, ,73 = 2.806,27. Deve-se notar também que uma pessoa que ganha exatamente R$ ,88 estaria enquadrada na 2ª faixa, o que representaria um imposto devido de R$ 2.244,96. Se fizéssemos o enquadramento na 3ª faixa, ela teria que pagar o mesmo imposto, logo: 27,5% de ,88 = 8.238,69. O Imposto devido nesse caso seria 8.238,69 X que é a parcela a deduzir. Então: 8.238,69 X = 2.244,96, onde tem-se que X = 5.993,73 No entanto, os trabalhadores assalariados e com carteira assinada, descontam mensalmente em folha uma quantia para o Imposto de Renda, como se fosse um parcelamento antecipado do imposto pago no ano. Então deste valor calculado anteriormente, deve-se descontar estes descontos executados na folha durante o ano. A exemplo do cálculo anual, o desconto mensal também é calculado de forma semelhante, e escalonado nas três faixas seguintes, tomando-se por base os meses após Maio de 2007: Rendimentos Mensais Alíquota Deduzir Até R$ 1313,69 Isento Isento De R$ 1313,69 a R$ 2625,12 15% R$ 197,05 Acima de R$ 2625,12 27,5% R$ 525,19 Para entendermos o cálculo completo do Imposto de Renda, acompanhe o exemplo: Vamos supor que uma pessoa ganha R$ 2.000,00 por mês e R$ ,00 anuais. (Recebeu igualmente os 12 meses). Vamos inicialmente calcular o valor do imposto total a ser pago no ano:
6 6 Deve-se aplicar o desconto de 20% dos rendimentos, o que fornece o valor de: R$ ,00. Esta é a base de cálculo do IR. Esta base de cálculo se enquadra na 2ª faixa, logo temos de aplicar o valor de 15% e deduzir a parcela de R$ 2.248,87. O que nos fornece o valor de R$ 631,13, que é o imposto devido. Porém, houve um desconto mensal antecipado na folha de pagamento, que é calculado da seguinte forma: Desconta-se a contribuição previdenciária oficial que no caso, vamos supor ser de 11% do salário, o que nos fornece: R$ 1.780,00. Pela tabela, aplica-se a alíquota de 15% e deduz-se a parcela de R$ 197,05. Fornecendo o valor de R$ 69,95 por mês. Logo no ano foi descontado o valor de: R$ 839,40. Verifica-se que esse valor é superior ao valor devido, logo o governo tem de restituir, isto é devolver o valor de: 839,40 631,13 = 208, Por que utilizar o programa IRPF no Ensino Médio? De acordo com os PCN, (1998, p. 20), o ensino deve ser direcionado para a aquisição de competências básicas necessárias ao cidadão e não apenas voltadas para estudos posteriores. Desta forma devem ser abordados tópicos que tenham alguma relação com a realidade cotidiana do ser humano. Para o Prof. Elon Lages Lima, (2001, p. 189) o Ensino Médio serve basicamente a dois tipos de alunos: Os que pretendem ingressar na Universidade e aqueles que tem no Ensino Médio o ponto terminal de seus estudos formais, ingressando no mercado de trabalho logo após a sua conclusão, ou até mesmo como estudantes. Muitos freqüentam um Ensino Médio técnico e ao se formarem já possuem uma profissão e ingressam no mercado de trabalho. Ao ingressar no mercado de trabalho, estes jovens estarão sujeitos às legislações trabalhistas e também às legislações do imposto de renda, isto é, se ocuparem uma vaga de emprego convencional. Caso recebam uma remuneração superior a R$ 1313,69 mensais, terão o IR debitado na fonte. Ou ainda, se os rendimentos anuais forem superiores a R$ ,28 anuais eles deverão declarar o IR, para o que terão de manusear o programa. Apesar do cálculo de imposto ser bastante simples, a legislação do IR é muito complexa e sua terminologia bastante rebuscada, por isso, é desaconselhável o uso do programa com todos os seus recursos e casos possíveis. No entanto, situações mais simples e mais próximas da realidade que será enfrentada pelos alunos, poderão ser exploradas com o uso do programa IRPF e um resumo das leis do Imposto de Renda, bem como a utilização de uma terminologia mais acessível.
7 7 Para minimizar estes problemas, criou-se uma planilha constante do apêndice A, com o intuito de simplificar o cálculo do imposto de renda e buscar um vocabulário mais acessível sem penetrar profundamente na legislação do IR. Outro óbice que pode ser solucionado pela planilha é que para se utilizar o programa, tem-se que fornecer um CPF, o que não ocorre na utilização da planilha. A utilização do programa em séries do Ensino Fundamental é desaconselhada, tendo em vista a faixa etária dos alunos e por estarem mais distantes de uma situação na qual terão de utilizar o programa. Outro aspecto importante do uso do programa em sala de aula reside na possibilidade de experimentação por parte do aluno do programa. Ao colocar sucessivos valores para os rendimentos auferidos, e verificar o imposto devido, ele pode verificar que não há uma correlação linear entre os rendimentos e o imposto pago.. Basicamente, isto ocorre devido às deduções no modelo simplificado estarem limitadas a 20% dos rendimentos auferidos, o que faz que a partir do valor de R$ ,00 a parcela a deduzir seja sempre constante, ao passo que a tributação de 27,5% continua crescendo Algumas aplicações em sala de aula: 1) João trabalhava como estagiário numa industria do setor aeroespacial em São José dos Campos e ganhava um salário de R$ 350,00. No dia 01/10/2006 João foi admitido no cargo de técnico em mecânica, recebendo uma remuneração mensal (já descontada a contribuição previdenciária oficial) de R$ 1.400,00. Pede-se: a) Calcular o valor da dedução mensal do IR na fonte, sabendo-se que João é solteiro e não possui dependentes. (Use a calculadora e a tabela do IR) Verifica-se que João recebia um rendimento de R$ 350,00 que pela tabela do IR se enquadra na faixa de isento, logo nesse caso, não há desconto. Já com o rendimento de R$ 1.400,00 se enquadra na faixa de 15%, logo se aplica 15% de 1.400,00 que é R$ 210,00 e deduz-se a parcela de R$ 197,05, logo o valor descontado na fonte por mês é de: R$ 12,95. b) Calcular o valor pago por João à receita federal no ano de Como o desconto mensal de João é igual a R$ 12,95 e ele trabalhou 3 meses com o salário de R$ 1.400,00, logo ele descontou, ou seja, pagou R$ 38,85 a Receita. Lembrar que nos demais meses em que ganhava R$ 350,00 não houve desconto. c) Com base na legislação do IR, João pode fazer a declaração anual do IR e conseguir a restituição do IR pago? Justifique.
8 8 Deve-se calcular os rendimentos auferidos por João no ano de 2006 e enquadrá-los na tabela anual do IR. Como trabalhou 9 meses ganhando R$ 350,00 e 3 meses ganhando R$ 1.400,00, recebeu no ano o valor de R$ 7.350,00 que é inferior ao valor de R$ ,32, logo estaria isento do pagamento do Imposto de Renda. Assim, teria direito à restituição do valor pago. d) Utilize o programa para verificar qual seria o imposto devido por João, se tivesse ganho R$ ,00 anuais. (Considere rendimentos iguais os 12 meses do ano). Abrindo-se a tela do programa, clique em Fechar Animação para ir a tela do menu principal, em seguida, selecione Declaração, no sub-menu apresentado, Nova aparecerá uma mensagem perguntando se deseja importar dados da declaração de 2006, clique em Não, e então aparecerá a seguinte tela, onde deve-se entrar com um CPF e um Nome: Fig 1. Tela de abertura de Nova Declaração Após inserir estes dados, aparecerá uma mensagem explicando a diferença entre declaração completa e simplificada. Clique em Declaração Simplificada, então aparecerá a seguinte tela:
9 9 Fig 2 Tela da Identificação do contribuinte Nesta tela clique em Rendimentos Tributáveis recebidos de Pessoa Jurídica, aparecerá uma tela e no campo Rendimentos recebidos de pessoa jurídica digite R$ ,00 (não esquecer de digitar os centavos). Esse valor é o total de rendimentos recebidos no ano. No segundo campo Imposto Retido na Fonte, deve-se calcular o valor descontado por mês. Verifica-se que o salário mensal seria de R$ 1.500,00, que pela tabela do IR mensal, geraria um desconto mensal na fonte no valor de: R$ 27,95, que no ano seria de R$ 335,40 que é o valor a ser lançado neste campo. Clique então em Resumo da Declaração e aparecerá a tela seguinte: Fig 3. Tela de Resumo da Declaração
10 10 Verifica-se então que o desconto simplificado é de R$ 3.600,00 (20% do rendimento recebido) e a base de cálculo é de R$ ,00, estando portanto isento do imposto, o que geraria uma restituição de R$ 335,40 que foi o valor pago. 2) Gil é militar do Exército Brasileiro e não possui dependentes. No início de 2007, recebeu do Exército uma declaração com os rendimentos brutos recebidos, a contribuição previdenciária oficial e o imposto de renda retido na fonte como se segue: Rendimentos Brutos: R$ ,00 Contribuição Previdenciária Oficial: R$ 1.710,00 Imposto de Renda Retido na Fonte: R$ 2.580,00 a) Considerando-se que Gil recebeu o mesmo salário os 12 meses do ano, calcule o salário bruto mensal, e a contribuição previdenciária oficial mensal e o desconto mensal do Imposto de Renda na fonte. O salário bruto é obtido dividindo-se por 12 os Rendimentos brutos, o que fornece um salário bruto mensal de R$ 1.900,00. De forma análoga se procede com a contribuição previdenciária oficial, obtendo-se o valor de R$ 142,50. O cálculo do IR descontado na fonte por mês seria o seguinte: Salário Bruto mensal: R$ 1.900,00 Contribuição previdenciária Oficial: R$ 142,50 Base de Cálculo do IR: 1.757,50 (Se enquadra na 1ª faixa) 15% de 1757,50 = 263,62 197,05 (parcela a deduzir)= que seria o desconto mensal efetuado. No ano, o desconto na fonte seria de R$ 798,84. b) O IR retido na fonte estava correto? Por que? Sim, pois pelos cálculos do item a), chega-se à conclusão que o desconto anual deveria ter sido de R$ 798,84. Logo, já se sabe que Gil terá de receber de volta uma parte do valor pago. c) Qual o valor que J. Gil terá a restituir ou a pagar? (Pode-se usar o programa para isso, adote o modelo simplificado) O valor a ser restituído é o valor pago menos o valor devido: R$ 2.580,00 798,84 = 1.781,16.
11 11 REFERÊNCIAS: BRASIL. Secretaria da Receita Federal. Legislação do Imposto de Renda. Brasília, disponível em < acesso em 21/05/ :50. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, LIMA, Elon Lages. Matemática e Ensino. Rio de Janeiro, Coleção Prof de Matemática. Ed SBEM.
12 APÊNDICE A : PLANILHA PARA CÁLCULO DO IR DESENVOLVIDA 12
13 FÓRMULAS UTILIZADAS NA PLANILHA: 13
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