BANCO DE DADOS E MAPAS ATUALIZADOS SOBRE POPULAÇÕES DE PRIMATAS BRASILEIROS CRITICAMENTE EM PERIGO DE EXTINÇÃO
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1 BANCO DE DADOS E MAPAS ATUALIZADOS SOBRE POPULAÇÕES DE PRIMATAS BRASILEIROS CRITICAMENTE EM PERIGO DE EXTINÇÃO LIMA, A. B. de 1 ; ALFONSO-SILVA, S. P. 2 ; ASSIS, A. B. de 3 & JERUSALINSKY, L. 4 RESUMO: Os sistemas de informações geográficas (SIG) são atualmente uma ferramenta fundamental de diagnóstico, planejamento e monitoramento, sendo, por conseqüência, amplamente utilizados para pesquisas aplicadas à conservação da natureza. Para primatas brasileiros, há carência de SIG s que sintetizem os registros de ocorrência existentes e que contextualizem estes dados na paisagem. O Centro de Proteção de Primatas Brasileiros (CPB/Ibama) estruturou um banco de dados geográficos um dos principais componentes do SIG sobre populações de primatas brasileiros ameaçados de extinção, para permitir a realização de análises espaciais. Foram compilados 430 registros de ocorrência de populações dos dez primatas brasileiros considerados Criticamente em Perigo de extinção, a partir da análise de 55 publicações selecionadas e dos dados coletados em expedições científicas do CPB/Ibama. Com as informações deste banco de dados foram elaborados mapas temáticos atualizados sobre a distribuição destes primatas. Com estes produtos gráficos, e seu banco de dados associado, pretende-se contribuir para elaboração de estratégias de pesquisa e conservação destas espécies a partir de: a) identificação de áreas prioritárias para desenvolvimento de pesquisas; b) identificação de áreas prioritárias para a conservação; c) subsídio à implementação de ações de manejo; e d) difusão de conhecimento sobre estas espécies. Palavras chaves: Sistema de Informações Geográficas; Banco de Dados Geográficos; Mapas temáticos; Primatas; Espécies ameaçadas. DATA BANK AND MAPS ABOUT POPULATIONS OF CRITICALLY ENDANGERED BRAZILIAN PRIMATES ABSTRACT: The Geographic Information Systems (GIS) are nowadays a basic tool for planning and monitoring, being widely used to nature conservation applied researches. Currently, there is a lack of available GIS to synthesize the data about endangered Brazilian primate populations. The Center for Protection of Brazilian Primates (CPB/Ibama) developed a data bank one of the main components of 1 Geógrafa e geotecnóloga. Bolsista PIBIC/CNPq no Centro de Proteção de Primatas Brasileiros (CPB/Ibama) entre agosto/2005 e maio/2006. Praça Anthenor Navarro, 05; João Pessoa, Paraíba; CEP (83) <primatas.sede@ibama.gov.br> 2 Graduanda em Geoprocessamento (CEFET/PB) e Ciências Biológicas (UFPB). Bolsista PIBIC/CNPq no CPB/Ibama desde junho de Graduanda em Ciências Biológicas (UFPB). Estagiária pelo convênio CIEE-Ibama-UFPB no CPB/Ibama desde outubro de Biólogo, Mestre em Genética. Analista Ambiental e Coordenador do Setor de Biologia da Conservação do CPB/Ibama.
2 GIS - about endangered Brazilian primate populations to allow geographic analysis. We compiled 430 registries of critically endangered Brazilian primate populations by the analysis of 55 selected publications and the field data collected in scientific expeditions coordinated by CPB/Ibama. With the information contained at this data bank we elaborated maps about the distribution of these primates taxa. With these maps and data bank, we pretend to contribute to identify priority areas for research and conservation, and to generate information for management activities, besides making accessible these information for students and the society. Keywords: Geographic Information Systems; Geographic Data Bank; Maps; Brazilian primates; Endangered species INTRODUÇÃO: Os Sistemas de Informação Geográfica SIG vêm sendo amplamente utilizados em pesquisas aplicadas à conservação, pois, ao permitirem armazenar em banco de dados geográficos atributos georreferenciados i.e. localizados na superfície terrestre através de uma projeção cartográfica, caracterizam-se como uma excelente ferramenta de diagnóstico, planejamento e monitoramento (CÂMARA & MEDEIROS 1996). O banco de dados geográficos, um dos principais componentes do SIG, facilita a organização e espacialização das informações, permitindo a realização de análises espaciais das mesmas (MEDEIROS 2006). As informações e os mapas publicados sobre a distribuição geográfica ou áreas de ocorrência de primatas geralmente enfocam os dados de um conjunto limitado de projetos de pesquisa, não englobando a totalidade de informações existentes ou a total distribuição das espécies. Com isso, há uma carência de mapas atualizados que apresentem sínteses dos registros de ocorrência dos primatas brasileiros, contextualizando estes dados na paisagem regional e global. Mais além, não há fácil acesso a bancos de dados sobre as populações de primatas ameaçados de extinção, que permitam manter as informações disponíveis ordenadas e acessíveis para posterior análise. A compilação, ordenamento e disponibilização desses dados são fundamentais para orientar o desenvolvimento de investigações científicas, de ações de manejo e conservação, e para disseminar o conhecimento sobre os primatas brasileiros (COWLISHAW & DUNBAR 2000). O objetivo deste trabalho é estruturar um banco de dados geográficos e utilizá-lo para gerar mapas temáticos, visando facilitar a análise dos registros de ocorrência de populações de primatas brasileiros criticamente em perigo de extinção. Disponibilizando este material espera-se subsidiar qualificadamente a gestores, pesquisadores, estudantes e o público em geral. MATERIAL E MÉTODOS: Procedeu-se uma ampla revisão bibliográfica tendo como alvo as dez espécies de primatas brasileiros considerados Criticamente em Perigo de extinção (MMA 2003; IUCN 2006): Alouatta belzebul ululata, Alouatta guariba guariba, Brachyteles hypoxanthus, Callicebus coimbrai, Callicebus barbarabrownae, Cebus kaapori, Cebus xanthosternos, Leontopithecus caissara,
3 Leontopithcus chrysopygus, Saguinus bicolor. Para tal, inicialmente, foi realizada uma consulta ao PrimateLit (2006), principal base de dados bibliográficos para primatologia na internet, para selecionar as referências bibliográficas a serem utilizadas, priorizando-se aquelas que abordavam levantamentos populacionais, distribuição geográfica e outros tipos de estudos com citação de localização de populações das espécies enfocadas. Após esta etapa, foi analisada a literatura disponível na Biblioteca do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros (CPB/Ibama), Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Biblioteca Setorial do Departamento de Sistemática e Ecologia da UFPB, além de acervos pessoais de pesquisadores. Foram coletadas informações disponíveis sobre as populações registradas dos táxons enfocados, procurando-se detalhar ao máximo tais registros quanto à localização, tamanho populacional, autores e ano do registro, entre outros, num total de 23 campos de informação para cada registro. Estes dados foram armazenados em planilha do programa Excel 2002, onde cada linha da tabela corresponde a um registro de ocorrência de certo táxon em determinada localização. Posteriormente esta tabela foi convertida ao formato dbaseiii e adicionada como evento à base cartográfica do projeto criado. Para a elaboração dos mapas temáticos foi utilizada a Base Cartográfica Integrada do Brasil ao Milionésimo Digital - bcimd, produto cartográfico do IBGE, que retrata a situação vigente do território nacional na escala de 1: , através da representação vetorial das linhas definidoras dos elementos cartográficos de referência, agregados em categorias de informação, constantes das 46 folhas que compõe a coletânea da Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo CIM. A sua elaboração utilizou como fonte de referência os fotolitos que originaram a 3 a edição atualizada das Cartas CIM (1999) dos quais foram extraídos todos os elementos representados (BRASIL 2006). Foi utilizado o programa Arcgis 8.0 para criar um projeto com a base cartográfica da referida carta ao milionésimo do IBGE. A partir do projeto criado, foram determinadas as camadas temáticas necessárias para a elaboração dos mapas. Após a plotagem dos pontos, realizou-se a verificação dos mesmos, que consiste em checar se os atributos do ponto conferem com a localização na base cartográfica. Este processo se fez necessário uma vez que os artigos que trazem informações detalhadas com coordenadas geográficas, geralmente não identificam o sistema de projeção utilizado. Foram freqüentes os registros de ocorrência de populações sem coordenadas geográficas. Estes registros foram plotados nos mapas com auxílio das informações constantes no banco de dados geográficos, como município, estado, localidade, por meio de consultas às camadas da base cartográfica, realizadas utilizando a ferramenta selecionar por atributos do programa Arcgis. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram coletadas informações de 55 publicações para compor o banco de dados geográficos. Além desses dados, foram computadas informações coletadas durante
4 expedições científicas coordenadas pelo CPB/Ibama. Ao final da compilação de dados, obteve-se dados de 430 registros de ocorrência de primatas brasileiros criticamente em perigo de extinção (Tabela 1). TABELA 1: Número de registros de ocorrência de populações para cada táxon de primatas brasileiro Criticamente em Perigo de Extinção e número de publicações com registros de ocorência. Espécie Nome popular No. Registros No. Publicações Alouatta belzebul ululata Guariba 65 3 Alouatta guariba guariba Guariba 26 4 Brachyteles hypoxanthus Muriqui Callicebus barbarabrownae Guigó 46 4 Callicebus coimbrai Guigó 44 5 Cebus kaapori Caiarara 19 4 Cebus xanthosternos Macaco-prego-do-peito-amarelo Leontopithecus caissara Mico-leão-de-cara-preta 5 4 Leontopithecus chrysopygus Mico-leão-preto 40 9 Saguinus bicolor Sagüi-de-coleira 9 4 TOTAL Foi encontrada uma ampla variação no número de registros de ocorrência por táxon. Enquanto alguns possuem um elevado numero de registros, como Cebus xanthosternos com 160 registros, outros foram infimamente registrados, como Leontopithecus caissara com cinco registros. Esta variação no número de registros de ocorrência, entretanto, não está relacionada com o número de publicações analisadas para cada táxon. Para Alouatta belzebul ululata, por exemplo, foi encontrado o menor número de publicações, apenas três, com registros de populações, ao mesmo tempo em que houve 65 registros de ocorrência, caracterizando-o como o segundo táxon com mais registros. No extremo oposto, para Brachyteles hypoxanthus foi encontrado o maior número de publicações com registros de populações, 12, enquanto este táxon é o terceiro com menor número de registros, 16. Isto provavelmente decorre do caráter diverso das publicações analisadas e do próprio foco das investigações realizadas com cada táxon. A partir das informações ordenadas no banco de dados, foram elaborados mapas mostrando a espacialização das populações registradas das dez espécies de primatas brasileiros criticamente em perigo de extinção. Nos casos em que havia poucos registros para o táxon, foi confeccionando apenas
5 um mapa, como no caso de Saguinus bicolor. Porém, nos casos com acentuada concentração ou dispersão espacial dos registros, foi elaborado mais de um mapa para melhorar a visualização dos pontos e facilitar a associação do mesmo ao seu registro na tabela correspondente do banco de dados, como ocorreu com Cebus xanthosternos, para o qual foram elaborados seis mapas. No total, foram elaborados 22 mapas sobre a distribuição geográficas das populações dos táxons enfocados. Cada mapa temático possui uma tabela associada contendo as seguintes informações: Número, Localidade, Município, UF, Tipo de Registro, Coordenada longitudinal, Coordenada latitudinal, Autor da Publicação, Ano. Cada registro na tabela corresponde a um ponto no mapa. Dentre as dificuldades encontradas, para estruturação do banco de dados geográficos e elaboração dos mapas temáticos, pode-se destacar a ausência de informações detalhadas sobre dados georreferenciados na bibliografia consultada, tais como coordenadas e datum de referência, este último ausente em todas as publicações analisadas. CONCLUSÃO: O aplicativo SIG desenvolvido possibilita um ágil processo de busca, permitindo a fácil localização das populações registradas dos primatas em questão por meio dos atributos constantes no banco de dados, como localidade, município, tipo de propriedade, dentre outros. Os diversos mapas temáticos gerados por este SIG associados às tabelas passíveis de serem geradas a partir do banco de dados estruturado possibilitam diversas análises sobre a localização e caracterização das populações registradas destas espécies. Estes mapas e tabelas também podem orientar o planejamento de pesquisas científicas, subsidiar a elaboração de estratégias de conservação e a implementação de ações de manejo que tenham como alvo estes táxons e/ou seus habitats de ocorrência. Além disso, a disponibilização de mapas atualizados sobre a distribuição de populações destes primatas facilita o acesso, compreensão e disseminação dessas informações por estudantes e pela sociedade em geral. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (Org.). Carta Internacional ao Milionésimo. Disponível em: < Acesso em: 15 ago CÂMARA, G. & MEDEIROS, J. S. Geoprocessamento para projetos ambientais. São José dos Campos: INPE, COWLISHAW, G. & DUNBAR, R. Primate Conservation Biology. Chicago, Estados Unidos: The University of Chicago Press, IUCN IUCN Red List of threatened species. Gland, Suíça: The World Conservation Union. Disponível em: < Acesso em: 15 de ago MEDEIROS, M. Banco de Dados para Sistemas de Informação. Florianópolis: Visual Books, 2006.
6 MMA. Instrução Normativa N 03, de 27 de maio de 2003: Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, Brasil. Diário Oficial da União Seção 1, 101: PRIMATELIT. Bibliographic database for primatology. Desenvolvido por Wisconsin Primate Research Center. Disponível em: < Acesso em: 15 ago
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